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MILLER

GUIA PARA """

A DISSECÇAO
. """

DOCAO
TERCEIRA EDiÇÃO

EVANS & de LAHUNTA


ABDOME, PELVE E MEMBRO
PÉLVICO

A anatomia da superfície do abdome está dividida em regiões cra- Os nervos cutâneos do abdome diferem um pouco daqueles do
nial, média e caudal (Fig. 124). Rebata a pele da parede abdominal di- tórax. Os ramos cutâneos laterais dos últimos cinco nervos torácicos não
reita, deixando as papilas mamárias na fêmea, o prepúcio no macho e acompanham a convexidade do arco costal, mas seguem numa direção
os troncos cutâneos. Estenda uma incisão perpendicular da linha medi- caudoventral e inervam a maioria das partes ventral e ventrolaterais da
ana ventral até a metade da superfície medial da coxa direita e daí à sua parede abdominal (Fig. 126). Os ramos cutâneos dos três primeiros ner-
borda cranial. Continue essa incisão dorsalmente ao longo da borda cra- vos lombares pelfuram a parte lateral da parede abdominal e, como pe-
nial da coxa após a crista do ílio, até a linha média dorsa!. Começando quenos nervos, seguem caudoventralmente. Inervam a pele da parede
na superfície medial da coxa, rebata ou remova a pele do lado direito do abdominal lateral caudal e a coxa, na região do joelho. Não disseque es-
abdome. ses nervos cutâneos. Cranialmente à crista ilíaca cranioventral, o nervo
cutâneo lateral da coxa (Fig. 126) e a artéria e a veia circunflexas
profundas do i1íaco (ver Fig. 146) perfuram o músculo oblíquo interno
VASOS E NERVOS DAS REGIÕES do abdome e aparecem superlicialmente. O nervo origina-se do quarto nervo
VENTRAL E IA1ERAL DA PAREDE lombar e é cutâneo às superfícies cranial e lateral da coxa. A artéria origina-se
ABDOMINAL da aorta e irriga a parede abdominal caudodorsal. Disseque esses vasos e acom-
panhe o nervo, até onde permitir o rebatimento da pele aí presente.
Seccione a origem lombar do músculo oblíquo externo do abdo-
me e rebata-o ventralmente.
As artérias que irrigam a parte superficial da parede abdominal
ventral são ramos das artérias epigástricas superficiais (Fig. 125). A Seccione o músculo oblíquo interno do abdome na origem de SU2S
artéria epigástrica cranial superficial origina-se da artéria epigástrica fibras musculares na fáscia toracolombar. Prolongue a incisão caudal-
cranial (Fig. 146). mente até o nível dos vasos circunflexos profundos do ílio e do nervo
O tecido subcutâneo da parede abdominal ventral contém as cutâneo lateral da coxa. Isole o músculo oblíquo interno do abdome
mamas abdominais e inguinais, e os vasos e nervos que as suprem. Na músculo transverso subjacente, e rebata-o ventralmente para expor 05
fêmea, os vasos epigástricos craniais superficiais são vistos subcutane- ramos ventrais dos últimos nervos torácicos e os quatro primeiros ne;:-
amente, junto à papila mamária abdominal crania!. Através de dissec- vos lombares. Esses são paralelos entre si e inervam as partes ventrais e
ção, separe a fileira direita de mamas da fáscia e volte-as lateralmente. laterais das paredes torácica e abdominal. Os quatro primeiros nerv~
Disseque a artéria pudenda externa (Figs. 80, 125, 146), que lombares formam os nervos iIioipogástrico cranial, ilioipogástri
emerge do anel inguinal superficial. Sua origem do tronco caudal, iIioinguinal e cutâneo lateral da coxa, respectivamente. PüC=
pudendoepigástrico, um ramo da artéria profunda da coxa, será vista mais ser difícil diferenciar os ramos ventrais de Tl3 e LI sem acompanM-
tarde. A artéria pudenda externa segue caudoventralmente à borda cra- 10s até os forames intervertebrais, o que não é necessário. De modo ge1"22..
nial do grácil. A artéria epigástrica caudal superficial é grande e apa- o ramo ventral de T13 segue ao longo da face caudal da 13: costela.
rece como um prolongamento direto da artéria pudenda externa, dorsal- Os nervos ilioipogástricos cranial e caudal e o ilioinguinal (Fi~
mente ao linfonodo inguinal superficial. A artéria epigástrica caudal 126) passam através da aponeurose de origem do músculo transve:
superficial (Fig. 125) segue cranialmente à superfície profunda da mama do abdome. Cada um deles possui um ramo medial, que desce entre
inguinal e fornece os ramos mamários. A artéria prossegue, indo irrigar músculos transverso do abdome e oblíquo interno do abdome, até o reu:
a mama abdominal caudal, e faz anastomose com ramos da artéria epi- do abdome. Os ramos mediais inervam esses músculos, o peritônio sut-
gástrica cranial superficial. No macho, supre o prepúcio. Um pequeno jacente e a pele da parede abdominal ventral. Os ramos laterais desses;
ramo da artéria pudenda externa segue caudalmente para suprir os lábi- nervos perfuram o oblíquo interno do abdome, e descem entre os ml~"'"
os pudendos na fêmea e o escroto no macho. culos oblíquos. Podem ser vistos na superfície profunda do músc:
Exponha os linfonodos inguinais superficiais (ver Fig. 153), que oblíquo externo do abdome. Cada ramo lateral supre esses músculn-
ficam adjacentes aos vasos epigástricos caudais e craniais superficiais perfura o oblíquo externo do abdome e termina subcutaneamente co
ramo cutâneo lateral para a parede abdominallatera!.
junto à sua origem dos vasos pudendos externos. Os linfáticos aferentes
desses linfonodos drenam as mamas, o prepúcio, o escroto e a parede
abdominal ventral, cranialmente até o nível do umbigo. Estruturas inguinais
A parede abdominal recebe seu suprimento vascular principal-
mente de quatro vasos (ver Fig. 146); a artéria abdominal cranial (cra- No macho, disseque as estruturas que passam através do
niodorsal), a artéria epigástrica cranial (cranioventral), a artéria epigás- inguinal e do anel inguinal superficial (Fig. 80). Reveja as páginas 1:--
trica caudal (caudoventral) e a artéria circunflexa profunda do ilíaco 115, onde há referência a essa área.
(caudodorsal) .
Rebata a fáscia superficial da parede abdominal lateral. Emergin- Macho
do da parede abdominal dorsolateral, caudalmente à última costela,
encontram-se ramos superficiais da artéria abdominal cranial (ver Fig. A artéria e a veia pudendas externas deixam o anel ino
146). Esta nasce de uma origem comum com a artéria frênica caudal, a superficial caudalrnente às estruturas que suprem o testículo. Seus __
partir da aorta, e perfura a musculatura abdominal para chegar à pele. mos foram dissecados.
ABDOlVIE, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO 101

Região
peitoral

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Reglao xtfolde
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"" . Arco costa!

: "':;-;;1' Região hipocondríaca esq


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Região lateral esq.
Região umbilical
--j"':\\~
+- : /~ - - Região inguinal esq.
''G-- :(: -~ Umbigo

,Y - - - \"'"'" ""-
~'V \ '-
Fig. 124 Regiões topográficas do tórax e do abdome,

o nervo genitofemoral (Figs. 126, 166, 168, 172) origina-se dos O cordão espermático (Figs. 127, 128) é alTastado e desce atra-
ramos ventrais do terceiro e do quarto nervos lombares. É ligado por vés do canal inguinal pelo descenso dos testículos e é composto de duas
fáscia à veia pudenda externa, medialmente ao cordão espermático. 1- partes distintas: o ducto deferente e a artéria e a veia testiculares,
nerva a pele que reveste a região inguinal e a coxa proximal, medial- O dueto deferente transporta os espermatozóides do epidídimo
mente em ambos os sexos, e parte do prepúcio no macho, para a uretra. Origina-se da cauda do epidídimo, na extremidade caudal
A fáscia espermática, um prolongamento das fáscias abdomi- do testículo e une-se ao mesórquio pelo mesoducto deferente. As pe-
nal e transversal, envolve as estruturas emergentes do anel inguinal su- quenas artéria e veia deferenciais acompanham o ducto deferente.
perficiaL Isto inclui o cordão espermático e o músculo cremaster (Figs. A artéria e veia testiculares, assim como os vasos linfáticos
127 e 128), testiculares e o plexo testicular de nervos autônomos, são intimamente
O músculo cremaster é envolto por essa fáscia espermática, à associados entre si. Esses vasos e nervos são revestidos por uma prega
medida que segue ao longo da parte caudal da túnica vaginal. O múscu- da lâmina visceral da túnica vaginal, o mesórquio, que é contínua com
lo cremaster origina-se da borda livre caudal do oblíquo interno do ab- a lâmina parietal da túnica vaginaL A artéria é tortuosa e, entremeados
dome e liga-se à túnica vaginal próximo ao testículo (Fig, 80), Rebata a ao seu redor, ficam o plexo nervoso e o plexo venoso. O plexo venoso
fáscia espermática, para expor a túnica vaginal, que pode ser observada é o plexo pampiniforme. A artéria e a veia testiculares são ramos da
estendendo-se de sua emergência, através do anel inguinal superficial, aorta e da veia cava caudal, respectivamente. Entram no testículo em
até o testículo, sua extremidade craniaL O plexo nervoso é autônomo e contém axôni-
O processo vaginal (Figs, 127, 128) é um divertículo do peri- os simpáticos pós-ganglionares, que se originam do terceiro ao quinto
tônio presente em ambos os sexos, No macho, envolve o testículo e gânglios simpáticos lombares.
as estruturas do cordão espermático e é conhecido como túnica vagi- O testículo e o epidídimo (Figs, 80, 128) são intimamente re-
naL É composto pela túnica vaginal, com suas lâminas parietal e vis- vestidos pela lâmina visceral da túnica vaginaL Na extremidade caudal
ceraL do epidídimo, o peritônio visceral deixa a cauda do epidídimo, num
A lâmina parietal da túnica vaginal, a camada externa do pro- ângulo agudo, e torna-se a lâmina parietaL Portanto, há uma pequena
cesso vaginal, estende-se do anel inguinal profundo à base do escroto, área circunscrita no epidídimo não revesti da por peritônio. O tecido
Corte essa lâmina parietal ao longo da parte mais ventral do testículo e conjuntivo que liga o epidídimo à túnica vaginal e à fáscia espermática,
ao longo da borda cranial da túnica vaginal até o anel inguinal superfi- neste ponto, é o ligamento da cauda do epidídimo. Rahata a pele do
cial, para expor a lâmina visceraL A cavidade atingida é um prolonga- escroto caudalmente para observá-Io.
mento da cavidade peritoneal. O epidídimo (Figs. 80, 128) fica voltado mais para a face lateral
A lâmina visceral da túnica vaginal fica firmemente unida ao do testículo do que para a sua borda dorsaL Para fins descritivos, é divi-
testículo e ao epidídimo, e envolve o ducto deferente e os vasos e ner- dido numa extremidade cranial, ou cabeça, onde o epidídimo se comu-
vos que têm origem ou terminam no testículo e epidídimo. O mesór- nica com o testículo; uma parte intermediária, ou corpo; e uma extre-
quio é parte da lâmina visceral da túnica vaginal e contém os vasos e midade caudal, ou cauda, que é contínua com o ducto deferente. A cau-
nervos do testículo. O mesodueto deferente é a parte da lâmina visce- da epididimária é ligada ao testículo pelo ligamento próprio do testí-
ral que se liga ao ducto deferente. culo e à túnica vaginal e à fáscia espermática pelo ligamento da cauda
102 ABDOlVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

A. e v. epigástricas _
superficiais craniais
__ Papila abdominal
cranial

- - 13' costela

M. obliquo _
externo do abdome

A. e v. epigástncas __
superficiais caudais

Fig. 125 Veias e 311érias superficiais do abdome. Processo vaginal esquerdo exposto.

do epidídimo. O dueto deferente passa cranialmente sobre o testículo, inguinais profundo e superficial. É limitado lateralmente pela aponeu-
medialmente ao epidídimo. rose do oblíquo externo do abdome, cranialmente pela borda caudal do
Coloque novamente a pele, previamente rebatida, sobre a região oblíquo interno do abdome, caudalmente pela borda caudal da aponeu-
inguinal e examine o escroto. O escroto é uma bolsa dividida por uma rase do oblíquo externo do abdome (ligamento inguinal) e medialmen-
rafe externa e um septo mediano interno, em duas cavidades. Cada uma te, em parte, pela face superficial do reto do abdome. A túnica vaginal e
delas é ocupada por um testículo, um epidídimo e a paJ1e distal do cor- o cordão espermático no macho e o processo vaginal e o ligamento re-
dão espermático do mesmo lado. dondo da fêmea passam oblíqua e caudoventralmente através do canal
Em ambos os sexos, os vasos pudendos externos e o nervo genitofemo-
Fêmea ral atravessam o canal. Observe o máximo possível desses limites antes
de abrir o abdome.
Na fêmea, localize os vasos sanguíneos pudendos externos e o
nervo genitofemoral emergindo do anel inguinal superficial. O proces-
so vaginal (Fig. 125) é o divertículo peritoneal que acompanha o liga- Cavidades abdominal e peritoneal
mento redondo do útero. (A origem desse ligamento do mesométrio
no interior do abdome será vista mais tarde.) Essas duas estruturas, en- A cavidade abdominal é fonnada pelos músculos da parede ab-
voltas em fáscia e cercadas por tecido adiposo, podem estender-se até a dominal, pelas costelas e pelo diafragma. É revestida por peritônio, que
vulva. envolve a cavidade peritoneal.
A cavidade peritoneal, como as cavidades pleural e pericárdi
o canal inguinal é um espaço fechado. É revestida por uma membrana serosa. Membra-
nas serosas são finas camadas de tecido conjuntivo frouxo revestidas poc
O canal inguinal (Fig. 128) é uma pequena fissura cheia de teci- uma camada de mesotélio. O peritônio é derivado das camadas somáti
do conjuntivo entre os músculos abdominais. Estende-se entre os anéis e mesodénnica esplâncnica que revestem o celoma embrionário.
ABDmlE, PELVE E NlEMBRO PÉLVICO 103

o peritônio parietal é a camada que reveste a parede corpórea, mado pela reflexão da fáscia transversa para fora do anel vaginal. Em
sendo incisado para abrir a cavidade peritoneal. É contínuo dorsalmente geral, há um depósito de tecido adiposo na fáscia transversa ao redor do
com o peritônio visceral, que suspende e envolve os órgãos da cavidade anel vaginal.
abdominal (Fig. 129). Não existem quaisquer órgãos na cavidade pel1to- No macho, o ducto deferente é ligado às paredes abdominal e
neal, porque todos os órgãos são revestidos por peritônio visceral. pélvica por uma prega de peritônio, o mesoducto deferente. No anel
A fáscia transversa reforça o peritônio e fixa-o aos músculos vaginal, essa prega une-se ao mesórquio, que contém a artéria e a veia
abdominais e diafragma. Faça uma incisão sagital através da parede testiculares e os plexos nervosos testiculares. O ducto deferente segue
abdominal de cada lado dorsal ao reto do abdome, do arco costal até o caudalmente do anel vaginal para a uretra, além do colo da bexiga. Na
nível do canal inguinal. Una as extremidades craniais dessas incisões e fêmea, uma prega de peritônio do mesométrio, que suspende o útero,
rebata a parede abdominal ventral. Observe as seguintes estruturas: entra no anel vaginal. Essa prega contém o ligamento redondo do útero.
O ligamento falciforme é uma prega de peritônio que passa do A artéria e a veia epigástricas caudais seguem cranialmente na
umbigo ao diafragma. Une-se também ao fígado, entre os lobos medial face profunda da parte caudal do reto do abdome. A origem da artéria
esquerdo e quadrado. Em espécimes obesos, encontra-se um grande do tronco pudendoepigástrico da artéria profunda da coxa será disseca-
acúmulo de tecido adiposo nesse remanescente do mesentério ventral da mais tarde (ver Fig. 146).
embrionário. Em animais jovens, o ligamento redondo do fígado ain-
da pode ser visível na borda livre do ligamento falciforme. Caudal ao
umbigo, a prega do peritônio é o ligamento mediano da bexiga. No VÍSCERAS ABDOMINAIS
feto, a veia umbilical segue cranialmente na borda livre do ligamento
falciforme para entrar no fígado, enquanto o úraco e as artéIias umbili- O omento maior (Figs. 129-132) é a primeira estrutura observa-
cais ficam na borda livre do ligamento mediano da bexiga. da após rebater-se a parede abdominal. É um prolongamento caudo-
Examine a face caudoventral do interior da cavidade peritoneal ventral das duas camadas de peritônio visceral que passam da parede
no nível do canal inguinal e observe o anel vaginal. éorpórea dorsal para a curvatura maior do estômago, o mesogástrio
O anel vaginal (Fig. 128) é formado pelo peritônio parietal quan- dorsal. À medida que o estômago se forma e gira para sua posição defi-
do deixa o abdome e entra no canal inguinal para formar o processo ou hitiva no embrião, esse mesogástrio cresce de maneira extensiva e forma
túnica vaginal. Marca a posição do anel inguinal profundo, que é for- uma bolsa de dupla camada, que se estende caudoventralmente sob

13ª costela
Ramo dorsal de T 13
I
Ramo ventral de T 13 I
\ I
\
N. ilioipogástrico cranial (L 1) I
\ \

Ramo cutâneo dorsal


\
I
/ N. ilióipogástric; caudal (L2) \
\ I
\ \
\
\ I
"iocostallombar \ \ \
\ I
\ \ ,
N. ilioinguinal (L3)
\
\ I
\
L5 \
N. genitolemora.!.

~/'-
1/
V
,
I
Ramos para o reto do abdome

Fig. 126 Vista lateral dos quatro primeiros nervos lombares.


104 ABDOME, PELVE E l\1EMBRO PÉLVICO

;\ - - Anel inguinal superficial

\
Oblíquo ext. abd

Túnica vaginal - - -

Fêmea

Fig. 127 Diagrama da transecção do processo vaginal no macho e na fêmea. (As linhas pontilhadas indicam a fáscia espermática. No macho, não estão demonstrados
os conteúdos da túnica vaginal. Ver Fig. 128.)

Anel inguinal profundo


I
Fáscia abdominal superf.
I
e profunda - -

A. e v. testiculares
Túnica par/e tal

Túnica visceral - Corte transversal

Dueto deferente
A. e v. deferentes

Epidídimo
Lâmina parietal da túnica vaginal" "- I
"-
"-
"

Fig. 128 Esquema da túnica vaginal no macho.


ABDOlVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 105

muitos dos órgãos abdominais. O espaço contido no mesogástrio pre- costais; assim, o útero dobra-se sobre si próprio, pois as extremidades
gueado é a bolsa do omento. A prega adjacente à parede corpórea ven- ovárica e vaginal movem-se muito pouco durante a dilatação.
tral é a camada superficial. A camada profunda fica adjacente aos ór- O baço (Figs. 130, 134) fica na camada superficial do omento
gãos abdominais. O omento maior tem um aspecto rendilhado, com maior, ao longo da curvatura maior do estômago. Sua posição, formato
deposições de tecido adiposo ao longo dos vasos. O omento maior re- e grau de distensão são variáveis. Sua superfície lateral fica contra o
veste o jejuno e o íleo, deixando o cólon descendente exposto à direita. peritônio parietal da parede abdominal lateral esquerda e o fígado. Sua
Rebata o omento e, com os dedos em lados opostos, separe suas pare- parte caudal pode atingir um plano transversal através da região lombar
des superficial e profunda para expor sua cavidade, a bolsa do omento. central. Seu limite cranial geralmente é marcado por um plano que pas-
Acompanhe o omento maior de sua fixação ventral na curvatura maior sa entre a 12.' e a 13: vértebras torácicas. Pode atingir o assoalho do
do estômago até sua fixação dorsal à parede corpórea dorsal. O baço está abdome. A parte do omento maior que une o baço ao estômago é o liga-
incluso na porção superficial do omento maior no lado esquerdo, e o lobo mento gastroesplênico. Se seu espécime foi anestesiado com um bar-
esquerdo do pâncreas está incluso na camada profunda. bitúrico, o baço pode estar anormalmente dilatado.
Três órgãos no abdome capazes de considerável variação no ta- O diafragma (Fig. 135), divisão muscular entre as cavidades
manho são o estômago, a bexiga e o útero. Se um ou mais deles estive- torácica e abdominal, é músculo de inspiração. Possui uma extensa pe-
rem dilatados, as relações dos órgãos serão alteradas. riferia muscular e um pequeno centro tendíneo em forma de V. A par-
A bexiga (Figs. 130, 132, 133), quando vazia, contrai-se e fica te muscular do diafragma pode ser dividida em três partes, de acordo
no assoalho da entrada pélvica. Quando dilatada, fica no assoalho do com suas fixações: lombar, costal e esternal. A parte lombar forma os
abdome, e seu formato adapta-se à parte caudal da cavidade abdominal, ramos esquerdo e direito, que se unem aos corpos da terceira e da quar-
uma vez que desloca todas as vísceras livremente móveis. Com freqüên- ta vértebras lombares por fortes tendões. O ramo direito é maior do que
cia, atinge um plano transversal através do umbigo. o esquerdo. A parte costal do diafragma origina-se das superfícies
O útero não-grávido (Figs. 130, 133) é notavelmente pequeno, mediais da oitava à 13: costelas. Interdigita-se com o músculo trans-
mesmo numa cadela que tenha tido várias ninhadas. O útero é constitu- verso do abdome. A parte esternal origina-se da superfície dorsal do
ído por um colo (cérvix), um corpo e dois cornos. O útero grávido fica esterno cranial à cartilagem xifóide. Os prolongamentos do centro ten-
no assoalho do abdome durante o segundo mês ou a última metade da díneo em forma de V seguem dorsalmente entre as partes lombar e cos-
prenhez. À medida que o útero aumenta, as partes intermediárias dos tal de cada lado. O medias tino caudal pode ser rompido para expor a
cornos gravitam cranial e ventralmente e passam a ficar mediais aos arcos parte tendínea do músculo.

Lobo esquerdo
do pâncreas Mesocólon transverso
Omento
menor
Mesentério
Linfonodos I Cólon descendente
Ligamento I I
coronário I
I
I Útero
I r

I
Sínfise
r

r
I
I I Bexiga
I I
I Bolsa omental
Peritônio r

I
parietal Omento maior, camada profunda
I
e camada superlicial
Estômago Cólon transverso
Fígado

Fig. 129 Diagrama das reflexões peritoneais. secção sagitaJ.


1. Fossa pararretal
2. Escavação retogenital
3. Escavação vesicogenital
4. Escavação pubovesical
106 ABDOME, PErVE E l\ffi~ffiRO PÉLVICO

Fig. 130 Vísceras do cão.


A. Vísceras do macho, vista lateral esquerda B. Vísceras da fêmea, aspecto lateral direito
I. Pulmão esquerdo I. Pulmão direito
2. Coração 2. Coração
3. Fígado 3. Fígado
4. Estômago 4. Estômago
5. Rim esquerdo 5. Rim direito
6. Ureter 6. Ureter
7. Bexiga 7. Bexiga
8. Uretra 8. Uretra
9. Reto 9. Reto
10. Omento maior revestindo o intestino delgado 10. Omento maior revestindo o intestino delgado
11. Baço 11. Duodeno descendente
12. Cólon descendente 12. Corno uterino direito
13. Dueto deferente 13. Ovário direito
14. Testículo esquerdo 14. Vagina
15. Próstata
16. Timo
ABDOME, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO
107

Esquerda

Peritônio parietal --

Baço
\
I Cólon descendente
Rim direito

Fig. 131 Mesentérios abdominais. Secção transversal esquemática no nível do baço.

Fígado --

- Estômago

Duodeno descendente - - - - Baço

- - Rim esquerdo
Localização do ceco - -

- - Omento maior revestindo


intestino delgado

~ Ureter

Reto -

A.

e v. epigástricas profundas caudais

Fig. 132 Vísceras abdominais, face ventral no macho.


108 ABDOME, PELVE E MEl\1BRO PÉLVICO

Veia cava caudal I I Aorta


I

Glândula adrenal - -

- Rim esquerdo

Ligamento suspensor
do ovário -- - V.ovárica

A. e v. ováricas -

Ligamento próprio - -
do ovário . - Ovário dentro da bolsa

Ligamento redondo do útero - - -

Como- -
- - - - - - A. uterina

Corpo --

---- Bexiga

Fig. 133 Relações topográficas do rim, da glândula adrenal, do ovário e do útero não grávido, face ventral.

O hiato aórtico é um corredor dorsal entre os ramos para a aor- tremidade cranial do rim direito e contém assim a profunda impressãl
ta, a veia ázigos e o ducto torácico. O hiato esofágico, localizado mais renal. O processo papilar pode ser observado através do omento me-
centralmente, fica na parte muscular do ramo direito e conduz o esôfa- nor, se o fígado for inclinado para a frente. Fica na curvatura menor
go, os troncos nervosos vagais e os vasos esofágicos. O forame da veia estômago.
cava localiza-se na junção das partes tendínea e muscular do lado direi-
to do diafragma. A veia cava caudal o atravessa.
O fígado (Figs. 130, 132, 136) tem seis lobos, e sua superfície Vias biliares
parietal adapta-se à superfície abdominal do diafragma. A superfície
visceral do fígado relaciona-se, à esquerda, com o estômago e, às ve- Grande parte do sistema de dueto biliar no fígado é microscóp,-
zes, com o baço; à direita, com o pâncreas, o rim direito e o duodeno; ca. A bile, que é secretada pelas células hepáticas, é coletada nos cana-
ventralmente com o omento maior e, por meio deste, com o intestino lículos, que drenam nos duetos interlobulares. Os duetos interlobula.re:s
delgado. Sua parte mais caudal cobre a extremidade cranial do rim di- de cada lobo se unem para formar duetos hepáticos (Fig. 137), que
reito e atinge um plano transversal através da 13.a vértebra torácica. O emergem de cada lobo. A disposição dos duetos hepáticos é variáveL
fígado raramente salienta-se caudal ao arco costa!. Sofre leve movimento A vesícula biliar (Fig. 137) localiza-se numa fossa entre os lo-
longitudinal a cada respiração. bos quadrado e medial direito do fígado. A vesícula biliar repleta este;:;-
O lobo medial direito do fígado contém uma fossa para a vesí- de-se através do fígado e fica em contato com o diafragma (que freqüen
cula biliar. O lobo lateral direito, que é menor, situa-se junto ao lobo temente está manchada de verde em espécimes preservados). O colo ê.:.
caudado, que envolve a extremidade cranial do rim direito. O lobo qua- vesícula biliar continua como o dueto cÍstico.
drado é estreito e localiza-se entre os lobos mediais direito e esquerdo. O principal ducto formado pela união dos ductos hepáticos e
Forma o limite esquerdo da fossa da vesícula biliar. O lobo medial es- ducto cístico da vesícula biliar é o dueto biliar (dueto colédoco). Se-
querdo é separado por uma fissura dos lobos medial direito e quadra- gue pela parede do duodeno descendente e termina na papila duodeC:::
do. A veia umbilical penetra no fígado através dessa fissura. O lobo maior, ao lado do ducto pancreático. Não existem quaisquer válvul2s
lateral esquerdo é separado do lobo medial esquerdo por uma fissura. nos ductos biliares, e a bile pode fluir em qualquer direção. Observe -
A borda livre do lobo lateral esquerdo é freqüentemente chanfrada. A sistema de ductos em seu espécime.
superfície visceral do lobo lateral esquerdo é côncava onde fica em con- O estômago (Figs. 130, 134, 138) é dividido em partes que se
tato com o estômago. O lobo caudado é indistintamente separado da misturam imperceptivelmente entre si. A parte cardíaca é a menor pa:--=
massa central do fígado, que é cranial a ele. Fica de modo tranverso, do estômago e localiza-se mais perto do esôfago. O fundo tem foru:::.
mas está principalmente à direita e dorsal à parte principal do órgão. É de cúpula e fica à esquerda do cárdia e dorsal a ele. O corpo do estô~
contraído em seu centro, onde a veia porta entra no fígado ventral a ele go é a grande porção central. Estende-se do fundo à esquerda até a pa=
e a veia caudal cruza-o dorsalmente. Suas extremidades estão na forma pilórica à direita. O corpo une-se à parte pilórica na incisura, que é -
de dois processos. O processo caudado cobre a parte mais alta da ex- ângulo relativamente agudo na pequena curvatura. A parte pilórica -
109
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Camada super!o Omento maior (cortado)


Camada profunda }

Papila duodenal maior

Estômago

Papila duodenal menor

Logo esquerdo do
Lobo dir. do pâncreas pâncreas
cobrindo o rim dir.

Cólon transverso

Cólon ascendente

Linfonodos -
mesentéricos

Cólon descendente

Duodeno

Fig. 134 Duodeno e cólon transverso com relação à raiz do mesentério. Pâncreas in s/tu e posição dos rins indicada por linha pontilhada.

Cartilagem xifóide

Parte esternal do diafragma

Cartilagens costais

Forame da v. cava

Hiato esofágico
(Esôfago e
troncos vagais)
Parte costa I

Hiato aórtico
(Aorta, v. ázigos e
dueto torácico)

1ª vértebra lombar

Ramo esquerdo

Ramo direito Psoas maior

4' vértebra lombar ·fHWL> +~


,.·y1l· .. ·:r···.:..} 713

Fig. 135 Diafragma, face abdominal.


110 ABDOlVIE, PELVE E lVIEMBRO PÉLVICO

terço distal do estômago, quando medido ao longo da curvatura me- O sistema ductal pancreático (Figs. 134, 137) é variável. A maio-
nor. A porção inicial de paredes finas é o antro pilórico, que se es- ria dos cães tem dois duetos, que se abrem separadamente no duodeno,
treita num canal pilórico, antes de se unir ao duodeno no esfíncter, o mas comunicam-se na glândula. O ducto pancreático é o menor dos
piloro. dois duetos e, às vezes, está ausente. Abre-se junto ao dueto biliar na
O estômago é inclinado de tal maneira que sua curvatura maior papila duodenal maior. Faça uma incisão através da borda livre da parte
apresenta-se principalmente à esquerda e sua curvatura menor, prin- descendente do duodeno. Raspe a mucosa com o cabo do bisturi e iden-
cipalmente à direita; sua superfície parietal está voltada ventralmente tifique a papila duodenal maior. Esta encontra-se do lado onde o meso-
para o fígado, e sua superfície visceral dorsalmente faz face à massa duodeno se fixa. O ducto pancreático acessório, maior, abre-se no duo-
intestinal. Sua posição muda, dependendo de sua repleção. deno na papila duodenal menor, cerca de dois ou três centímetros cau-
O estômago vazio é completamente inacessível à palpação e à dal à papila maior. Localize o dueto acessório por dissecção no meso-
observação, devido ao fígado e ao diafragma cranioventralmente e à duodeno, entre o lobo direito do pâncreas e o duodeno descendente.
massa intestinal caudal mente. Fica à esquerda do plano mediano. O As glândulas adrenais (Figs. 133,140, 143) são branco-amare-
estômago vazio é cranial ao arco distal e agudamente curvado, de tal ladas e localizam-se na face cranial de cada rim. Cada glândula é atra-
modo que tem mais o formato de V do que de C. A curvatura maior vessada pelo tronco comum das veias frênica caudal e abdominal crani-
apresenta-se ventralmente, caudalmente e à esquerda. Essa curvatura fica aI, que deixa um sulco profundo em sua superfície ventral.
acima e à esquerda da massa do intestino delgado. A curvatura menor é A glândula adrenal direita fica entre a veia cava caudal e o lobo
fortemente curvada ao redor do processo papilar do fígado e apresenta- caudado do fígado ventralmente e os músculos sublombares dorsalmente.
se craniodorsalmente e à direita. O lobo esquerdo do pâncreas e o cólon Exponha a glândula por dissecção entre a veia cava caudal e o rim cra-
transverso são dorsocaudais a ele. nial à veia renal. A glândula adrenal esquerda fica entre a aorta e o
O estômago cheio fica em contato com a parede abdominal ven- rim esquerdo. Corte cada adrenal e observe o córtex.
tral e projeta-se além dos arcos costais. Desloca a massa intestinal. Abra Os rins (Figs. 130-133, 140, 141) são castanho-escuros. Eles são
o estômago ao longo de sua superfície parietal, remova o conteúdo e parcialmente rodeados por tecido adiposo e cobertos por peritônio em
observe as pregas longitudinais da mucosa. sua superfície ventral. A borda lateral é fortemente convexa, e a medial.
O duodeno (Figs. 130, 132, 134, 138) é a parte mais fixa do in- quase reta. No meio da borda medial, encontra-se uma abertura, o hilo
testino delgado. É suspenso pelo mesoduodeno, que será estudado mais do rim, onde os vasos e nervos renais e o ureter comunicam-se com o
tarde. Rebata o omento maior cranialmente e o jejuno de cada lado para órgão.
expor o duodeno. O duodeno começa no piloro à direita do plano medi- O rim direito fica oposto às três primeiras vértebras lomba-
ano. Após um curto trajeto dorsocranial, volta-se como a flexura duo- res. É mais cranial do que o rim esquerdo pela extensão de metade de
denal cranial. Continua caudalmente à direita como a parte descen- um rim. O rim direito tem uma relação mais extensa com o fígado do
dente, onde fica em contato com o peritônio. Mais caudalmente, o du- que qualquer outro órgão. Seu terço cranial é coberto pelo processo
odeno volta-se, formando a flexura duodenal caudal, e prossegue cra- caudado do lobo caudado do fígado. A superfície ventral restante re-
nialmente como a parte ascendente. A parte ascendente fica à esquer- laciona-se com o duodeno descendente, o lobo direito do pâncreas. o
da da raiz do mesentério, onde forma a flexura duodenojejunal. ceco e o cólon ascendente. A veia cava caudal fica na borda medial do
O jejuno forma as espirais do intestino delgado (Figs. 130, 131, rim direito.
132, 134), que ocupam a parte ventrocaudal da cavidade abdominal. O rim esquerdo fica oposto à segunda, à terceira e à quarta vér-
Recebem sua nutrição da artéria mesentérica cranial, que fica na raiz do tebras lombares. Relaciona-se ventralmente com o cólon descendente e
mesentério. A raiz do mesentério fixa o jejuno e o íleo à parede corpó- o intestino delgado. O baço relaciona-se com a extremidade cranial do
rea dorsal. Os linfonodos mesentéricos ficam ao longo dos vasos no rim. A borda medial fica junto à aorta.
mesentério. O jejuno começa à esquerda da raiz do mesentério e é a A parte dilatada do ureter dentro do rim é a pelve renal. O ure-
porção mais longa do intestino delgado. Acompanha-o a flexura duo- ter segue caudalmente na região sublombar. Abre-se na parte dorsal do
denojejunal à esquerda até o seu final no íleo, no lado direito do abdo- colo da bexiga. Durante todo o trajeto, é envolto por uma prega de peri-
me. O íleo é a porção terminal do intestino delgado. É curto, passa cra- tônio da parede corpórea dorsal. Acompanhe o trajeto do ureter. O seio
nialmente ao lado direito da raiz do mesentério e une-se ao cólon ascen- renal é o espaço cheio de tecido adiposo que contém os vasos renais e
dente no orifício i1eocólico. Não existe qualquer demarcação nítida entre rodeia a pelve renal.
o jejuno e o íleo, desde o ceco até o jejuno. Este aproxima-se do com- Libere o rim esquerdo de seu peritônio e sua fáscia de revesti-
primento do íleo (10 cm). mento. Não corte sua ligação vascular. Faça um corte longitudinal do
O ceco (Figs. 132, 134, 139), uma parte do intestino grosso, é um rim esquerdo desde sua borda lateral até o hilo, dividindo-o em meta-
tubo cego em forma de S, localizado à direita do plano mediano, najun- des dorsal e ventral. Observe o aspecto granuloso da porção periféri
ção do íleo com o cólon. É ventral à extremidade caudal do rim direito, do parênquima renal. Este é o córtex renal, que contém principalmenü:
dorsal ao intestino delgado e medial à parte descendente do duodeno. O os corpúsculos renais e as porções convolutas dos túbulos. O parênqui-
ceco comunica-se com o cólon ascendente no orifício cecocólico. Abra ma situado mais centralmente é a medula. Possui um aspecto estriado.
o ceco, o íleo terminal e o cólon ascendente adjacente e observe os ori- devido aos numerosos duetos coletores. Os vasos aparentes na junçãl
fícios ileocólico e cecocólico. corticomedular são os ramos arqueados dos vasos renais. A saliênci~
O cólon (Figs. 134, 139) localiza-se dorsalmente no abdome, longitudinal que se projeta na pelve renal é a crista renal, através d.::
suspenso por um mesocólon. Divide-se num curto cólon ascendente, qual os túbulos coletores do rim excretam urina na pelve renal. Faça
que fica à direita da raiz do mesentério; um cólon transverso, cranial à segundo corte longitudinal paralelo ao primeiro e observe as pirâmi-
raiz do mesentério; e um longo cólon descendente, em seu início à es- des renais formadas pela medula. Os recessos pélvicos da pelve ren~
querda da raiz do mesentério. O ângulo entre os cólons ascendente e projetam-se para fora entre as pirâmides renais.
transverso é conhecido como a flexura cólica direita, e aquele entre os Libere o rim direito de seu peritônio e sua fáscia e faça um corre
cólons transverso e descendente é conhecido como a flexura cólica transversal através dele. Observe o córtex renal, a medula, a crista e =
esquerda. O cólon descendente termina num plano transversal através pelve.
da entrada pélvica. Continua-se como o reto. Os ovários localizam-se junto ao pólo caudal dos rins. O ovári
O pâncreas (Figs. 134,137) é lobulado e composto de um corpo direito fica cranial ao ovário esquerdo e ~ dorsal ao duodeno desce
e dois lobos. O corpo fica no pilora. O lobo direito fica dorsomedial à dente. O ovário esquerdo fica entre o cólon descendente e a parede ab-
parte descendente do duodeno, envolta pelo mesoduodeno. É ventral ao dominal. Cada ovário está contido numa bolsa peritoneal de parede5
rim direito. O lobo esquerdo do pâncreas fica entre as camadas perito .. finas, a bolsa ovárica (Fig. 142), formada pelo mesovário e mesossalpir
neais que formam o folheto profundo do omento maior. É caudal ao ge. A bolsa ovárica abre-se para a cavidade peritoneal via um orifí ..
estômago e ao fígado, e cranial ao cólon transverso. Rebata o omento semelhante a uma fenda na superfície mediana.
maior cranialmente e o intestino delgado caudalmente, para observar o A tuba uterina segue cranial e depois caudal mente pela paree=
pâncreas. lateral da bolsa em seu trajeto para o corno uterino. Examine a superã-
ABDOME, PELVE E lVIEMBRO PÉLVICO 111

Vesicufa biliar

V. hepática

Lig. falciforme

Processo caudado do
lobo caudado
Veia cava caudal Lig. triangular dir.
Lig. coronário Área nua do figado

Fig. 136a. Fígado, face diafragmática.

cie da bolsa e observe o pequeno espessamento semelhante a um cor- cilitar a remoção do ovário. O ligamento próprio do ovário é curto e
dão em sua parede. Isto é a tuba uterina. Abra a bolsa por uma incisão fixa o ovário à extremidade crania! do como uterino. A partir desse ponto
lateral dorsal à tuba uterina e examine o ovário e o infundíbulo. O in- caudolateralmente ao cana! inguinal, há uma prega da camada lateral
fundíbulo é a extremidade ovariana dilatada da tuba uterina. Tem uma do mesométrio, que contém o ligamento redondo do útero em sua borda
borda fimbriada e funciona para tragar os ovos após a ovulação. Obser- livre (ver Fig. 168). O ligamento redondo, um homólogo do gubemácu-
ve que várias das fímbrias projetam-se na cavidade perioneal a partir da 10 embrionário, não tem função no adulto. Passa pelo canal inguinal e é
abertura da bolsa ovárica. Durante a vida, essas fímbrias funcionam para encoberto pelo processo vaginal e pelo tecido adiposo (Fig. 127).
fechar a abertura para a cavidade peritoneal na época da ovulação e, dessa
maneira, evitam migração transperitoneal de ovos. A entrada do infun- Peritônio
díbulo na tuba uterina é conhecida como o óstio abdominal, e é nesta
região que ocorre a fertilização. A tuba uterina é curta e fina. Abre-se
no corno uterino muito mais largo na junção tubouterina. Esta região O peritônio reveste as cavidades abdominal, pélvica e escrotal, e
tem importância fisiológica, pois é aí que os espermatozóides e os ovos reflete-se ao redor de seus órgãos incluídos. O peritônio parietal cobre
ão regulados em seu trânsito. a superfície interna das paredes das cavidades abdominal, pélvica e es-
Os ligamentos largos do útero (Fig. 142) são as pregas peritone- crotal; o peritônio visceral cobre os órgãos dessas cavidades.
ais de cada lado, que se fixam à região sublombar lateral. Suspendem No embrião, o mesentério comum dorsal é uma camada dupla de
toda a genitália interna, exceto a parte caudal da vagina, que não é re- peritônio, que vai da parede abdominal dorsal ao tubo digestivo. Serve
vestida por peritônio. Cada ligamento divide-se em três partes: o como uma rota pela qual os vasos e nervos atingem os órgãos. No cão,
mesométrio origina-se da parede lateral da pelve e da parte lateral da o mesentério comum dorsal persiste como o omento maior,
região sublombar e fixa-se à parte lateral da extremidade cranial da va- mesoduodeno, mesentério e mesocólon.
gina, ao colo (cérvix) uterino e ao corpo uterino, bem como ao como Um omento (epíplon) fixa o estômago à parede corpórea ou a
uterino correspondente. O mesovário, um prolongamento do outros órgãos:
mesométrio, é a parte cranial do ligamento largo. Começa num plano O omento maior (ver Figs. 129, 131, 132) fixa a curvatura mai-
transversal através da extremidade cranial do como uterino e fixa o ovário or do estômago à parede dorsal do corpo. Da curvatura maior do estô-
e os ligamentos associados com o ovário à parte lateral da região sub- mago, estende-se caudalmente como a camada superficial sobre o asso-
lombar. O mesossalpinge é o peritônio que fixa a tuba uterina ao meso- alho do abdome. Volta-se dorsalmente sobre si próprio, próximo à en-
vário e forma com o mesovário a parede da bolsa ovárica. trada da pelve, e retoma como a camada profunda dorsal ao estômago,
O ligamento suspensor do ovário une-se à fáscia transversa onde contém o lobo esquerdo do pâncreas entre suas camadas peritone-
medial à extremidade dorsal da última costela (Fig. 142). Sua função é ais. Fixa-se à parede dorsal do abdome. Caudal e à esquerda do fundo
manter o ovário numa posição relativamente fixa. Na ovário-histerec- do estômago encontra-se o baço, que fica em grande parte numa evagi-
tomia, esse ligamento é solto de sua união à parede corpórea, para fa- nação da camada superficial do omento maior.
112 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

A. gástrica dir.
Veia cava caudal A. gastroduodenal

Fig. 136b. Fígado, face visceral.

O omento menor estende-se frouxamente sobre a distância en- Os mesocólons ascendente, transverso e descendente ligam os
tre a curvatura menor do estômago e a porta do fígado. Entre o fígado e cólons ascendente, transverso e descendente à parede corpórea dorsal.
o cárdia do estômago, fixa-se por uma curta distância ao diafragma. O São contínuos entre si da direita à esquerda.
I?rocesso papilar do fígado é frouxamente envolto pelo omento menor. Há algumas pequenas pregas peritoneais que servem mais para
A direita da borda livre do omento menor, encontra-se o ligamento manter órgãos em posição do que como canais para vasos sanguíneos.
hepatoduodenal, que une o fígado ao duodeno. Contém a veia porta, a Elas denominam-se ligamentos:
artéria hepática e o ducto biliar. O ligamento triangular direito estende-se do pilar direito do
A bolsa omental é formada pelos omentos e os órgãos adjacen- diafragma acima do centro tendíneo ao lobo lateral direito do fígado.
tes. Possui um forame omental (epiplóico) que se abre na principal O ligamento triangular esquerdo estende-se do pilar esquerdo
cavidade peritoneal. Essa abertura fica dorsalmente à direita do plano do diafragma ao lobo lateral esquerdo do fígado.
mediano, no nível da flexura cranial do duodeno, caudomedial ao lobo O ligamento coronário é uma lâmina de peritônio que passa en-
caudado do fígado. É limitada dorsalmente pela veia cava caudal, ven- tre o diafragma e o fígado, ao redor das veias cava caudal e hepáticas. À
tralmente pela veia porta, caudalmente pela artéria hepática no direita, é contínuo com o ligamento triangular direito, e à esquerda, com
mesoduodeno e cranialmente pelo fígado. Encontre esse foram e e insi- o ligamento triangular esquerdo. Ventralmente, partes direita e esquerda
ra um dedo através dele. do ligamento coronário convergem para formar o ligamento fa1ciforme.
O mesoduodeno origina-se na parede dorsal do abdome e na raiz O ligamento falciforme estende-se do fígado ao diafragma e da
do mesentério, estendendo-se até o duodeno. No lado direito, passa para parede ventral do abdome ao umbigo. O ligamento redondo do fígado.
o duodeno descendente e envolve o lobo direito do pâncreas entre suas que é o resquício da veia umbilical do feto, pode ser encontrado no
camadas. Cranialmente, é contínuo com o omento maior, através da animal jovem como um pequeno cordão fibroso que fica na borda livre
superfície ventral da veia porta. Caudalmente, o mesoduodeno passa da do ligamento fa1ciforme. Entra na fissura para o ligamento redondo do
raiz do mesentério para a flexura caudal do duodeno. À esquerda, fixa- fígado entre os lobos quadrado e medial esquerdo. Em cães adultos, o
se ao duodeno ascendente, e na flexura duodenojejunal é contínuo com ligamento fa1ciforme está cheio de tecido adiposo e persiste apenas do
o mesentério do jejuno. O duodeno ascendente liga-se ao mesocólon do diafragma ao umbigo.
cólon descendente pela prega duodenocólica.
O mesentério (mesojejunoíleo) fixa-se à parede abdominal oposta Vasos e nervos das vísceras abdominais
à segunda vértebra lombar por um pequeno ligamento peritoneal conhe-
cido como a raiz do mesentério. Vasos e nervos passam no mesentério Nervos vagais
para suprir os intestinos grosso e delgado. A borda periférica do mesen-
tério liga-se ao jejuno e ao íleo. Na junção ileocólica, o mesentério é Os nervos vagos (Figs. 105, 143) transportam fibras eferente:
contínuo com o mesocólon ascendente. paras simpáticas pré-ganglionares e aferentes viscerais para todos o
ABDOME, PELVE E MElVIBRO PÉLVICO 113

Vesícula biliar

Dueto cístico

\ -,\
I I
I
I Dueto colédoco
I
Dueto colédoco intramural
~
Papila duodenal maior

Dueto pancreático

Duodeno

Dueto pancreático acessório

Papila duodenal menor

- Esfíncter da papila duodenal maior

Orifício do dueto colédoco

orifício
esfíncter } Dueto pancreático

Fig. 137 Duetos biliares e pancreáticos. A, Relações topográficas, face ventral. B, Interior do duodeno com a túnica mucos a removida para mostrar o músculo
próprio com relação aos duetos e à papila duodenal maior (segundo Eichom e Boyden, [955).

Canal pilórico

Dueto colédoco

Duetos hepáticos

Porção intramural do dueto

Papila duodenal maior

Duetos pancreáticos

Papila duodenal menor

Fig. 138 Secção longitudinal do estômago e do duodeno proximal.


114 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Cólon ascendente

Folículos linfáticos solitários

Orifício cecocólico

Orifício íleocólico e
m. esfíncter

Ceco

Fig. 139 Secção longitudinal através da junção ileocólica mostrando o orifício cecocólico.

órgãos torácicos e a maioria dos abdominais. Os nervos vagos direito e mificação terminal dos respectivos vasos sanguíneos para os intestino~
esquerdo dividem-se caudalmente às raízes dos pulmões em ramos no mínimo tão caudal mente quanto a flexura cólica esquerda. O tronco
dorsais e ventrais. Os ramos dorsais unem-se perto do diafragma para vagal dorsal continua ao longo da curvatura menor do estômago parz
formar o tronco vagal dorsal. Os ramos ventrais unem-se caudalmente suprir a superfície visceral do pilara. ~
às raízes dos pulmões para formar o tronco vagal ventral. Esses troncos
ficam nas superfícies dorsal e ventral da parte terminal do esôfago. Dos
troncos, bem como dos ramos dorsais e ventrais dos vagos, originam-se Tronco simpático
nervos para suprir o esôfago. Os troncos vagais passam pelo hiato esofá-
gico do diafragma e seguem ao longo da curvatura menor do estômago. Para expor as partes torácica caudal e lombar do tronco simpáti-
Seccione o pilar esquerdo do diafragma no hiato esofágico e re- co do lado esquerdo, rebata as paredes abdominal e torácica caudal. tk
bata-o para expor os troncos vagais. Observe o tronco vagal ventral. Este tal modo que o rim e os pilares do diafragma fiquem livremente acessi-
supre o fígado, a superfície parietal do estômago e o pilara. Os ramos veis. Rebata o rim em direção ao plano mediano. A artéria e a veia ilí~-
terminais não precisam ser dissecados. cas circunflexas profundas originam-se da aorta e da veia cava cauch.
O tronco vagal dorsal (Fig. 143) emite um ramo celíaco que passa na parte caudal da região lombar, e podem ser seccionadas e desviadas
dorsocaudalmente e contribui para a formação dos plexos celíaco e Esses vasos serão descritos posteriormente, com os ramos da aorta ar~
mesentérico cranial. Estes plexos são redes nervosas que ficam sobre, dominal e da veia cava caudal.
ao redor e passam ao longo dos três vasos abdominais, em razão dos O músculo psoas menor origina-se da fáscia do músculo dorsa:_
quais são denominados. Os componentes simpáticos dos plexos têm ele, o quadrado lombar, e dos últimos corpos vertebrais torácicos e cir;-
sinapses nos gânglios associados. Axônios parassimpáticos estão sim- co primeiros lombares. É ventral e medial ao músculo quadrado lom~
plesmente atravessando. Os ramos nesses plexos acompanham a ra- e ao músculo psoas maior (Figs. 143, 172). Insere-se no ílio, no tuk-

Veia cava caudal

Tronco comum
A. frênica caudal
A. abdominal cranial
Glândula adrenal

V. renal

A. renal

Ureter

Rim esquerdo
4" vértebra lombar

Fig. 140 Rins e glândulas adrenais, face ventral.


ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 115

Pirâmide renal

A. e v. interlobares V. renal

Cápsula renal

A. e v. arqueadas

Tecido adiposo no seio renal

Pelve renal

Recesso pé/vico
Medula

o
B

Medula

Pelve renal

--- Ureter
"].
N.

c E

Fig. 141 Detalhes da estrutura do rim.


A) Seccionado em plano dorsal, distante do centro.
B) Seccionado em plano dorsal médio.
C) Secção transversa!.
D) Disposição da pelve renal, face dorsal.
E) Disposição da pelve renal, face media!.
116 ABDUME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Lig. suspensor do ovário

Abertura da bolsa ovárica


Mesovário

ástio abd. da tuba uterina

Lig. próprio do ovário

Ovário (rebatido medialmente)


Corno uterino esquerdo

Mesométrio

Fímbrias do
infundíbulo
Abertura da
bolsa ovárica Bolsa ovárica

Tuba uterina ascendo

,~ --
V Ovário

// ~ ~~ Tuba uterina
Mesossalpinge
descendo
O Ligamento largo
(mesovário)

c
Fig. 142 Relações do ovário e da bolsa ovárica esquerdos.
A) Face lateral.
B) Face lateral, bolsa aberta.
C) Face medial.
D) Secção através do ovário e da bolsa.

culo do psoas menor dorsal à eminência iliopúbica. Seccione o tendão lar do diafragma, entra na cavidade abdominal e segue para os gângli
do músculo psoas menor caudal aos vasos circunflexos profundos do e plexos adrenais e celiacomesentéricos.
íleo. Remova o músculo de suas origens vertebrais. Examine o psoas Os nervos esplâncnicos menores (Fig. 143), quase sempre do'
maior e sua união com o ilíaco para formar o músculo iliopsoas. em geral deixam os últimos gânglios simpáticos torácicos e primeir
lombares. Suprem nervos para a glândula, o gânglio e o plexo adren~-
e terminam nos gânglios e plexo celiacomesentéricos. Disseque a
Nervos esplâncnicos gem dos nervos e seu trajeto para a glândula adrenal.
Os nervos esplâncnicos lombares (Fig. 143) originam-se j
Identifique as partes torácica e lombar do tronco simpático ao segundo ao quinto gânglios simpáticos lombares. Em geral, distribue=-
passar ao longo dos corpos vertebrais. Como muitos dos axônios pré- se para os gânglios e plexos aorticorrenais, mesentéricos crania:, •
ganglionares no tronco simpático nos níveis TIO a TI3 seguem no ner- mesentéricos caudais. Observe a origem desses nervos.
vo esplâncnico maior, em vez de na região lombar do tronco, há um
estreitamento distinto do tronco caudal ao nervo esplâncnico maior. O
tronco dilata-se caudalmente, à medida que componentes esplâncnicos
Plexos e glânglios nervosos abdominais
lombares nele penetram. No abdome, ramos dos nervos vagos e esplâncnicos mistur=-
Os nervos esplâncnicos contêm neurônios simpáticos, que se- se ao redor das principais artérias abdominais, para formar plexos ~-
guem entre o tronco simpático e os gânglios autônomos abdominais. vosos, que são denominados de acordo com o vaso onde se encontr=
O nervo esplâncnico maior (Fig. 143) deixa o tronco simpático Os plexos inervam a musculatura da artéria e as vísceras irrigadas
no nível do 12.0 ou 13.0 gânglio simpático torácico. Passa dorsal ao pi- ramos dessa artéria.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 117

12

34 33 32 31

Fig. 143 Exposição do sistema nervoso autônomo abdominal, lado esquerdo.


1. Estômago 18. Psoas menor seccionado
2. Tronco ventral do n. vago 19. A. circunflexa profunda do ilíaco
3. Esôfago 20. A. mesentérica caudal
4. Tronco dorsal do n. vago 21. N. hipogástrico esquerdo
5. Aorta 22. Plexo mesentérico caudal
6. A. e n. intercostais 23. Gânglio mesentérico caudal
7. Ramo comunicante 24. A. e v. testiculares
8. Tronco simpático 25. Cólon descendente
9. A. celíaca 26. A. ureteral cranial
10. Quadrado lombar 27. Jejuno
lI. N. esplâncnico maior 28. Veia cava caudal
12. A. mesentérica cranial 29. Omento maior
13. Gânglio simpático lombar em L2 30. A. e plexo renais
14. N. esplâncnico menor 31. Glândula adrenal
15. Tendão do pilar esquerdo do diafragma 32. Tronco comum para v. frênica caudal e abdominal cranial
16. Psoas maior 33. Plexo adrenal
17. N. esplâncnico lombar 34. Gânglios e plexo celíacos e mesentéricos craniais
118 ABDOME, PELVE E MEJI.'IBRO PÉLVICO

Vários gânglios simpáticos localizam-se no abdome, em íntima 1. As artérias lombares pares (Figs. 144-146) deixam a superfí-
associação com os plexos. Tais gânglios são coleções de corpos celula- cie dorsal da aorta. Cada uma delas estende-se dorsalmente e termina
res de axônios pós-ganglionares. Os axônios pré-ganglionares devem em um ramo espinhal e um dorsal. Os ramos espinhais atravessam os
fazer sinapse em um desses gânglios. Os axônios vagais pré-gangliona- forames intervertebrais e anastomosam-se com a artéria espinhal ven-
res (parassimpáticos) não fazem sinapse aí, porém passam através dos tral, que se encontra no canal vertebral e irriga parte da medula espinal.
plexos para a parede do órgão inervado, onde fazem sinapse num corpo Os ramos dorsais irrigam os músculos e a pele acima das vértebras lom-
celular de um axônio pós-ganglionar. bares.
Os gânglios celíacos (Fig. 143) ficam nas superfícies direita e 2. A artéria celíaca (Figs. 143-145) é curta e origina-se da aor-
esquerda da artéria celíaca, perto de sua origem. Freqüentemente são ta, entre os pilares do diafragma. Possui três ramos: a artéria hepática, a
interligados, e inúmeros nervos dos gânglios acompanham os ramos artéria gástrica esquerda e a artéria esplênica (lienal). O plexo celíaco
terminais da artéria celíaca como um plexo. de nervos cobre a artéria em seu trajeto através do mesentério.
O gânglio mesentérico cranial (Fig. 143) situa-se caudal ao gân- A artéria hepática (Figs. 144, 145) é o primeiro ramo a deixar a
glio celíaco nos lados e na superfície caudal da artéria mesentérica cra- celíaca. Encontre sua origem da celíaca. Acompanhe este vaso dorsal
nial, a qual rodeia parcialmente. Muitos de seus nervos continuam dis- ao piloro, entre a curvatura menor do estômago e o fígado. Um a cinco
talmente na artéria mesentérica cranial, como o plexo mesentérico cra- ramos deixam a artéria hepática e entram no fígado. (Esses ramos são
nial. Devido à íntima relação dos plexos e gânglios celíacos e mesenté- cobertos com nervos.) A artéria cística deixa o último ramo hepático e
ricos craniais, são designados como gânglio e plexo celiacomesen- irriga a vesícula biliar. Não precisa ser dissecada. Após emitir ramos para
téricos. o fígado, a artéria hepática termina como as artérias gástrica direita e
O gânglio mesentérico caudal (Fig. 143) situa-se ventral à a- gastroduodenal. Isto ocorre no omento menor.
orta, ao redor da artéria mesentérica caudal, que é um ramo ímpar da A artéria gástrica direita é uma pequena artéria que se estende
aorta caudal dos rins, que supre o cólon. Nervos esplâncnicos lomba- do piloro em direção ao cárdia, para irrigar a curvatura menor no estô-
res entram no gânglio de cada lado. Os ramos também podem vir dos mago. Anastomosa-se com a artéria gástrica esquerda. Não precisa ser
plexos aórtico e celiacomesentérico. Alguns dos nervos que deixam dissecada.
o gânglio continuam ao longo da artéria como o plexo mesentérico A artéria gastroduodenal irriga o piloro e termina como as ar-
caudal. térias gastroepiplóica direita e pancreaticoduodenal cranial.
Os nervos hipogástricos direito e esquerdo deixam o gânglio e A artéria gastroepiplóica direita entra e segue no omento mai-
seguem caudalmente junto aos ureteres. Seguem no mesocólon, incli- or, ao longo da curvatura maior do estômago. Irriga o estômago e o
nam-se lateralmente e entram no canal pélvico. Suas ligações com os omento maior. A artéria gastroepiplóica direita anastomosa-se com a
plexos pélvicos serão descritas mais tarde. gastroepiplóica esquerda, um ramo da artéria esplênica (lineal).
A artéria pancreaticoduodenal cranial acompanha a bordz
mesentérica do duodeno descendente, onde irriga o duodeno e O lobo
Ramos da aorta abdominal direito adjacente do pâncreas. Anastomosa-se com a artéria
pancreaticoduodenal, que é um ramo da artéria mesentérica cranial.
Aorta abdominal A artéria gástrica esquerda (Figs. 144, 145) segue para a cur-
Tronco comum vatura menor do estômago, próximo ao cárdia, e irriga ambas as super-
A. frênica caudal fícies do estômago. Um ou mais ramos esofágicos passam cranialmen·
A. abdominal cranial te sobre o esôfago. Estende-se em direção ao piloro, onde se anastomo-
Aa. lombares sa com a artéria gástrica direita.
A. celíaca A artéria esplênica (lienal), um dos três principais ramos dz
A. hepática artéria celíaca, cruza a superfície dorsal do lobo esquerdo do pâncreas e
Ramos hepáticos aproxima-se do hilo do baço perto do seu meio. Emite ramos maiores
A. cística para cada extremidade do órgão e ramos menores para o pâncreas e as
A. gástrica direita porções centrais do baço. Ramos gástricos curtos vão do baço para :;:
A. gastroduodenal curvatura maior do estômago no ligamento gastroesplênico (gastrolie-
A. gastroepiplóica (gastroomental) direita nal). A artéria esplênica continua até a curvatura maior do estômago.
A. pancreaticoduodenal cranial como artéria gastroepiplóica esquerda. Esse vaso irriga o omen
A. gástrica esquerda maior e segue em direção à extremidade pilórica do estômago, onde
Ramos esofágicos anastomosa com a gastroepiplóica direita, um ramo da artéria hepáti
A. esplênica (lienal) 3. A artéria mesentérica cranial (Figs. 144, 145) deixa a ao
Aa. gástricas curtas caudal à artéria celíaca. É cercada proximalmente pelo plexo mesenté-
Ramos pancreáticos rico cranial de nervos e, em parte, pelo gânglio mesentérico crani
A. gastroepiplóica (gastroomental) esquerda Periféricos ao gânglio encontram-se os linfonodos mesentéricos e I~
A. mesentérica cranial mos da veia porta. Rebata-os do vaso. Observe os ramos da artéria fi::-
Tronco comum sentérica cranial.
A. cólica média As artérias média, direita e ileocólica originam-se de um tro
A. cólica direita comum da artéria mesentérica cranial. Rebata o intestino delgado
A. ileocólica dalmente e exponha o cólon cranial à raiz do grande mesentério. Disg-
Ramo cólico que sua irrigação sanguínea no mesocólon.
Ramo ileal mesentérico A artéria cólica média, o primeiro ramo de troncos com
A. cecal segue cranialmente no mesocólon até a borda mesentérica da fie
Ramo ileal antimesentérico cólica esquerda e parte descendente do cólon. Bifurca-se junto à fJ
A. pancreaticoduodenal caudal ra cólica esquerda. Um ramo segue distalmente no mesocólon d
Aa. jejunais dente, supre o cólon descendente e depois anastomosa-se com a ar:=
Aa. ileais cólica esquerda, um ramo da artéria mesentérica caudal. O outro IC.::::.
Aa. renais segue para a direita e forma uma arcada com a artéria cólica di:r=
Aa. testiculares e ováricas menor, irrigando o cólon transverso.
A. mesentérica caudal A artéria cólica direita segue no mesocólon direito em di:;:e -
A. cólica esquerda à flexura cólica direita, emitindo ramos para a parte distal do cól
A. retal cranial cendente e o cólon transverso adjacente. Forma arcadas com a
Aa. circunflexas profundas dos ilíacos cólica média e o ramo cólico da artéria ileocólica.
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 119

A. hepática
esplênica

A. cellaca

1 ª vértebra lombar
Vv. hepáticas

A. mesentérica cran.

Tronco comum e v. abdominais craniais


V. abdominal cranial
V. frênica caudal

A. V. renal esq.

A. renal esq.

V. cava caudal

V. testicular
(V. ovárica) Aorta

A. testicular
(A. ovárica)
A. testicular
(A. ovárica)

A. mesentérica caudal

A. circunflexa profunda do ilíaco


V. circunflexa profunda do ilíaco ----

V. illaca comum
A. ilíaca interna
V. illaca interna
A. e v. sacrais medianas
V. illaca externa

Fig. 144 Ramos da aorta abdominal e tributárias da veia cava caudal, aspecto ventral.

A artéria ileocólica (Fig. 147) irriga o íleo, o ceco e o cólon as- 5. As artérias renais (Figs. 140, 144, 145) deixam a aorta em
cendente. O cólon ascendente é irrigado pelo ramo cólico. A artéria níveis diferentes. À direita, origina-se cranial à esquerda, de acordo com
cecal atravessa a superfície da junção ileocólica e irriga o ceco e a face a posição mais cranial do rim direito. É mais longa do que a esquerda e
antimesentérica do íleo. A artéria ileocólica continua como o ramo ileal fica dorsal à veia cava caudal.
mesentérico, para anastomosar-se com artérias ileais da artéria mesen- 6. A artéria ovárica (Figs. 133, 144, 146) da fêmea é homóloga
térica cranial. à artéria testicular do macho. Este vaso par origina-se da aorta aproxi-
A artéria pancreaticoduodenal caudal (Fig. 145) origina-se da madamente a meia distância entre as artérias renal e ilíaca externa. A
artéria mesentérica cranial, próximo ao tronco comum para o cólon. Se- artéria ovárica varia em tamanho, posição e tortuosidade, dependendo
gue para a direita no mesoduodeno até a porção descendente do duodeno, do grau de desenvolvimento do útero. Cada artéria ovárica divide-se em
perto da flexura caudal. Irriga o duodeno descendente e o lobo direito do dois ou mais ramos no mesovário medial aos ovários. Os ramos irrigam
pâncreas, e anastomosa-se com a artéria pancreaticoduodenal cranial. o ovário e sua bolsa, e a tuba e o como uterinos. O ramo para o corno
As artérias jejunais originam-se da face caudal da artéria me- uterino anastomosa-se com a artéria uterina, que segue cranialmente no
sentérica cranial. Formam arcadas no mesentério, junto ao jejuno. mesométrio.
A artéria mesentérica cranial termina pelas artérias ileais, a úl- A artéria testicular (Fig. 143) deixa a aorta na região lombar
tima das quais se anastomosa com um ramo da artéria ileocólica. média e atravessa a superfície ventral do ureter. A artéria testicular, a
4. O tronco comum das altérias frênicas caudal e abdominal cra- veia e o plexo nervoso ficam numa prega peritoneal, o mesórquio, que
nial (Fig. 146) é par e origina-se da aorta entre as artérias mesentérica pode ser acompanhado no nível do anel vaginal. Seu trajeto no cordão
cranial e renal. Este tronco comum atravessa a superfície ventral dos espermático foi dissecado.
músculos psoas, dorsal à glândula adrenal. A artéria frênica caudal se- As veias testicular e ovárica direitas entram na veia cava caudal
gue cranialmente para irrigar o diafragma. A artéria abdominal cranial próximo à origem da artéria oriunda da aorta. Entretanto, as veias testi-
continua na parede abdominal e ramifica-se entre o transverso do abdo- cular e ovárica esquerdas, geralmente, entram na veia renal esquerda.
me e o oblíquo interno do abdome, onde foi dissecada previamente. Isto é importante do ponto de vista cirúrgico.
A glândula adrenal pode receber ramos da aorta ou da artéria frê- 7. A artéria mesentérica caudal (Figs. 144-146) é ímpar e origina-se
nica caudal, renal ou lombar. próximo ao final da aorta. Entra no mesocólon descendente e segue
120 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Gastroduodenal

Ramo ileal -,
antimesentérico

Fig. 145 Ramos das artérias celíaca e mesentérica cranial com suas principais anastomoses.

caudoventralmente para a borda mesentérica do cólon descendente, onde ter- da ventral do forame epiplóico (omental). Rebata o peritônio e o tecirl
mina em dois ramos de tamanho similar. A artéria cólica esquerda acompa- adiposo da superfície da veia tão caudalmente possível, como até a .
nha a borda mesentérica do cólon descendente cranialmente, para se anasto- do mesentério, e exponha os seus ramos.
mosar com a artéria cólica média. A artéria retal cranial desce ao longo do 1. A veia gastroduodenal é um pequeno ramo proximal da \'
reto e anastomosa-se com a artéria retal caudal oriunda da pudenda interna. porta. Entra na veia porta pelo lado direito, próximo ao corpo do pb-
8. A artéria circunflexa profunda do ilíaco (Fig. 146) é par e creas, e drena o pâncreas, o estômago, o duodeno e o omento maior.
origina-se da aorta, junto à origem da artéria ilíaca externa. Atravessa 2. A veia esplênica (lienal) entra na veia porta pelo lado esquero
os músculos sublombares lateralmente, e na borda lateral do psoas mai- exatamente caudal ao ramo gastroduodenal. É um ramo grande, que :;:-
or irriga a musculatura da porção caudodorsal da parede abdominal. A cebe sangue do baço, do estômago, do pâncreas e do omento maior. Rece-
artéria circunflexa profunda do ilíaco perfura a parede abdominal e tor- be a veia gástrica esquerda, que drena a curvatura menor do estômago.
na-se superficial ventral à tuberosidade coxal. Irriga a pele da área ab- 3. As veias mesentéricas cranial e caudal são os ramos tem:::,
dominal caudal, o flanco e a coxa cranial. Esse vaso foi seccionado nais distais da veia porta. A veia mesentérica cranial ramifica-se no ID:'-
quando o músculo psoas menor foi removido. sentério e coleta sangue do jejuno, do íleo, do duodeno caudal e do Iot--
direito do pâncreas. A veia mesentérica caudal drena o ceco e o cólolI..
Sistema venoso porta
A veia porta (Figs. 148, 149) conduz sangue venoso para o fíga- VÍSCERAS PÉLVICAS, VASOS E NERVO~
do, proveniente de vísceras abdominais: o estômago, o intestino delga-
do, o ceco, o cólon, o pâncreas e o baço. Isole o processo caudado do Para rebater o membro pélvico esquerdo, rebata primeirame~
fígado da parte descendente do duodeno e encontre a veia porta na bor- o pênis e o escroto para a direita. Seccione a sínfise pélvica com
ABDOME, PELVE E "MEMBRO PÉLVICO 121

lIíaca interna dir. Circunflexa profunda do ilíaco


Mesentérica caudal
Renal dir.
l'a. lombar
Femoral profunda

Tronco comum
Frênica caudal
Abdominal cranial

li' a. intercostal

Musculofrênica
Epigástrica caudal
Epigástrica superf. caud. Torácica interna

llíaca externa dir.


Pudenda externa

Fig. 146 Parte abdominal da aorta com relação às artérias epigástricas, face lateral.

Cólon ascendente

Ceco

A. ileocólica

Ramo ileal antimesentérico

Fig. 147 Ramos terminais da artéria ileocólica.


122 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

bisturi de cartilagem, serra ou cortadores de osso. Localize a asa do íleo As artérias ilíacas pares (Figs. 144, 146, 150) irrigam a pelve e
esquerdo e rompa todos os músculos que se fixam em suas superfícies o membro pélvico. A ilíaca externa segue ventrocaudalmente e torna-
medial e ventral. Aplique pressão suave, mas constante, ao osso coxal se a artéria femoral ao deixar o abdome através da lacuna vascular. A
esquerdo, abduzindo o membro, e ao mesmo tempo seccione a face cra- ilíaca interna origina-se caudal à ilíaca externa e segue
nioventral da articulação sacroilíaca. Corte o ligamento do pênis ao tú- cauda lateralmente na pelve.
ber isquiático. Deixe o membro imóvel. Todas as estruturas acompa- A artéria ilíaca interna e a artéria sacral mediana, menor e ím-
nhadas mais facilmente pela esquerda devem ser dissecadas por esse par, terminam a aorta. Encontre a origem desses vasos. A artéria ilíaca
lado. interna emite a artéria umbilical rudimentar e termina cranial à articula-
O músculo levantador do ânus (Figs. 150, 157, 159, 172) fica ção sacroilíaca, como as artérias gl útea caudal e pudenda interna. A glú-
medial ao músculo coccígeo. É um músculo delgado e amplo, que se tea caudal irriga principalmente músculos na parte externa da pelve e
origina na borda medial da haste de íleo e na superfície dorsal do púbis na coxa caudal. A pudenda interna distribui-se para as vísceras pélvicas
e na sínfise pélvica. Cobre a parte cranial do músculo obturador inter- e genitália externa no arco isquiático. Disseque os seguintes vasos do
no. O músculo apresenta-se caudal ao coccígeo, onde se insere na ter- lado esquerdo.
ceira à sétima vértebras caudais. Seccione esse músculo do lado esquer- No feto, a artéria umbilical é um grande vaso par, que conduz
do, próximo à sua origem, e rebata-o. sangue da aorta para a placenta através do umbigo. Encontre o resquí-
O músculo coccígeo (Figs. 150, 157, 159) fica lateral ao múscu- cio desse vaso. Origina-se próximo à origem da artéria ilíaca interna e
lo levantador do ânus. É mais curto e mais espesso, origina-se da espi- segue até o ápice da bexiga em seu ligamento lateral. Em alguns espé-
nha isquiática e insere-se nos processos transversos da segunda à quar- cimes, permanece patente até então e supre a bexiga com artérias vesi-
ta vértebras caudais. Seccione o músculo em sua origem e remova o ramo cais craniais. Distal à bexiga, o vaso está obliterado.
pélvico esquerdo. Os músculos levantador do ânus e coccígeo de cada Encontre a origem da artéria pudenda interna (Figs. 150-152),
lado formam um diafragma pélvico, através do qual os tratos genituri- a partir da ilíaca interna e disseque seus ramos. É o ramo menor, mais
nário e digestivo abrem-se para o exterior. ventral, que segue caudalmente no tendão terminal do psoas menor. No
O plexo pélvico (Fig. 150) fica caudal a um plano que passa pela nível da articulação sacroilíaca, a pudenda interna dá origem à artéria
entrada da pelve e dorsal à próstata. Encontra-se firmemente aderido à vaginal ou prostática.
superfície do reto e pode ser identificado acompanhando-se o nervo A artéria vaginal ou prostática forma um ângulo de aproxima-
hipogástrico esquerdo até ele. Às vezes, os gânglios são suficientemen- damente 45" com a pudenda interna. Passa ventralmente num arco e
te grandes para serem identificados no plexo. O plexo pélvico contém termina em ramos cranial e caudal. Na fêmea, o ramo cranial é a arté·
fibras simpáticas do nervo hipogástrico e fibras parassimpáticas do ner- ria uterina. A artéria uterina emite uma artéria vesical caudal para a
vo pélvico. bexiga; esta artéria tem ramos ureteral e uretral. A artéria uterina segue
O nervo pélvico (Fig. 150) é formado por axônios pré-ganglio- cranialmente ao longo do corpo e do corno do útero no ligamento largo
nares que deixam os nervos espinhais sacrais. Encontre o nervo pélvico e anastomosa-se com o ramo uterino da artéria ovárica no mesométrio.
esquerdo na parede lateral da porção distal do reto. Acompanhe-o pro- O ramo caudal da artéria vaginal é a artéria retal média, que emite
ximalmente até a sua origem. Ele emite ramos para os órgãos urogeni- ramos para o reto e a vagina. No macho, a artéria prostática passa
tais, o reto e o cólon descendente. caudoventralmente da pudenda interna para a glândula da próstata. Seu
A extensão da cavidade peritoneal dorsal ao reto de cada lado do ramo cranial é a artéria do dueto deferente, que emite uma artéria
mesorreto é a fossa pararretal (Figs. 129, 154). Caudalmente, esten- vesical caudal para a bexiga, com ramos ureteral e uretral. Continua,
de-se até cerca do plano da segunda vértebra caudal (ver Fig. 154). A em seguida, ao longo do ducto deferente, o qual irriga. O ramo caudal é
fossa pararretal é contínua ventralmente com o espaço peritoneal comum a artéria retal média, que irriga o reto, a próstata e a uretra.
entre o reto e o útero ou a próstata. Esta é a escavação retogenital. Na Rebata a pele e o tecido adiposo da fossa isquion'etal direita. A
fêmea, a escavação retogenital comunica-se ventralmente de cada lado artéria pudenda interna (Figs. 150, 153, 174) passa obliquamente atra-
do útero com a bolsa vesicogenital, entre o útero e a bexiga. A escava- vés da incisura isquiática maior. Continua ao longo da borda dorsal da
ção vesicogenital na fêmea e a retogenital no macho comunicam-se com espinha isquiática, lateral ao músculo coccígeo e medial aos músculos
a pequena escavação pubovesical entre a bexiga e a parede corpórea glúteos e ligamento sacrotuberal. Segue, então, medialmente para a fossa
ventral e o púbis. É dividida pelo ligamento mediano da bexiga. isquiorretal. Termina aí como uma artéria perineal ventral, uma artéria
uretral variável e uma artéria do pênis ou c1itóris. Estes vasos podem
ser dissecados de qualquer lado.
Artérias ilíacas A artéria perineal ventral pode ser vista passando caudalmen-
te. Emite uma artéria retal caudal para o reto e o ânus e termina na pele
do períneo e no escroto ou na vulva.
Artérias ilíacas
A artéria do pênis (Figs. 152, 153) segue caudoventralmente
Ilíaca interna
termina no nível do arco isquiático, como três ramos. A artéria do bulbo
A. umbilical
do pênis ramifica-se no bulbo e continua para irrigar o corpo esponjoso
A. pudenda interna e a uretra peniana. Observe essa artéria ao entrar no bulbo. A artéria
A. vaginal
profunda do pênis origina-se próximo à artéria do bulbo e entra no cOIJXI
A. uterina
cavernoso na raiz, isto é, no nível do arco isquiático lateral ao bulbo do
A. vesical caudal
pênis. A artéria dorsal do pênis segue sobre a superfície dorsal até c
A. retal média
nível do bulbo da glande, onde se divide e emite ramos para o prepúcio
A. prostática
Artéria do ducto deferente e a parte longa da glande. As artérias penianas são acompanhadas po:-
veias que têm um papel importante no mecanismo de ereção (Fig. 153
A. vesical caudal
Na fêmea, a artéria do clitóris segue caudoventralmente parz
A. retal média
ÍlTigar o clitóris e o bulbo vestibular.
A. uretral
A. perineal ventral
A. retal caudal Vísceras pélvicas
A. escrotal ou labial dorsal
Artéria do pênis ou artéria do clitóris A bexiga (Figs. 154-156) tem um ápice, um corpo e um colo. Trés
Artéria do bulbo do pênis pregas peritoneais, ligamentos, refletem-se da bexiga sobre as pared5
Artéria profunda do pênis pélvica e abdominal. O ligamento mediano da bexiga (Fig. 156) deix:.
Artéria dorsal do pênis a superfície ventral da bexiga e fixa-se à parede abdominal tão cr~
A. glútea caudal quanto o umbigo. No feto, contém o úraco e as artérias umbilicais.
ABD01Vrn, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 123

\
\
Gástrica esq.

Pancreaticoduodenal cran.

Cólon ascendente

o Retal cran.

Fig. 148 Tributárias da veia porta, face ventral.

ligamento lateral da bexiga segue para a parede pélvica e freqüente- Observe a entrada dos ureteres na bexiga. Ficam opostas uma a
mente contém um acúmulo de tecido adiposo, junto com o ureter e a outra próximo ao colo do órgão. O trígono da bexiga é a região trian-
artéria umbilical. gular dorsal situada dentro de linhas que ligam as aberturas uretrais na
Observe o tipo dos feixes de músculo liso na superfície da bexi- bexiga e a saída uretral dela.
ga. Passam obliquamente pelo colo da bexiga e pela origem da uretra. O reto (Figs. 154, 162) é a continuação do cólon descendente
O músculo é inervado pelo nervo pélvico (neurônios paras simpáticos através da pelve. Começa na entrada pélvica. O canal anal é um pro-
sacrais). Não existe qualquer esfíncter anatômico na bexiga. longamento do reto até o ânus. É constituído de três zonas e começa com
O músculo uretral é estriado e fica restrito à pelve, onde envol- a zona co1unar, onde a mucos a do reto forma pregas longitudinais. As
ve a uretra pélvica e serve como um esfíncter voluntá.1io para reter a urina. cristas longitudinais denominam-se colunas anais, que terminam na
É inervado pelo nervo pudendo (neurônios aferentes somáticos sacrais). zona intermediária, ou linha anocutânea, onde se formam pequenas
O músculo liso na uretra funciona como um esfíncter e é basicamente bolsas, os seios anais, entre as colunas. Distal a essa linha fica a zona
inervado por neurônios eferentes viscerais simpáticos. Faça uma inci- cutânea maior do canal anal, a qual possui delicados pêlos, glândulas
são ventral média através da parede da bexiga e da uretra. No macho, circum-anais microscópicas e, de cada lado, a proeminente abertura
ela deve incluir a próstata. ventrolatera1 do saco anal (seio parana1). O canal anal é rodeado por
Examine as mucosas da bexiga e da uretra. Se a bexiga estiver um músculo esfíncter interno liso e um externo estriado (Figs. 157,
contraída, sua mucosa irá projetar-se em inúmeras pregas, ou rugas, 158). A abertura externa do canal anal é o ânus. Seccione o esfíncter
como conseqüência de sua inelasticidade. externo à esquerda e rebata-o do saco anal. Esse músculo recebe seu
124 ABDOME, PELVE E JYIEMERO PÉLVICO

Fig. 149 Esquema do sistema venoso, face lateral direila.


1. Veia cava caudal 22. Renal
2. Veia cava cranial 22a. Testicular ou ovárica
3. Ázigos 23. Circunflexa profunda do ilíaco
4. Vertebral 24. Ilíaca comum
5. Jugular interna 25. Ilíaca interna direita
6. Jugular externa 26. Sacra! mediana
7. Linguofacial 27. Vaginal ou prostática
8. Facial 28. Caudal lateral
8a. Angular do olho 29. Glútea caudal
9. Maxilar 30. Pudenda interna
10. Temporal superficial 31. I1íaca externa direita
11. Seio sagital dorsal 32. Profunda da coxa
12. Axilar 33. Tronco pudendoepigástrico
12a. Axilobraquial 34. Femoral
12b.Omobraquial 35. Safena medial
13. Cefálica _~ 36. Tibial cranial
l3a. Cefálica acessória 37. Safena lateral
14. Braquial 38. Porta
15. Mediana 39. Gastroduodenal
16. Ulnar 40. Esplênica
17. Torácica interna 41. Mesentérica caudal
18. Plexo venoso vertebral interno direito 42. Mesentérica cranial
19. Intervertebra! 43. Jejuna!
20. Intercostal
21. Hepática
ABDOIVIE, PELVE E ~1EMBRO PÉLVICO 125

Fig. 150 Nervos autônomos e vasos (artérias) da região pélvica, face lateral esquerda.
1. Plexo mesentérico caudal 22. Nervo cutâneo caudal da coxa
2. Nervos hipogástricos direito e esquerdo 23. Nervo pudendo
3. Artéria mesentérica caudal 24. Coccígeo
4. Gânglio mesentérico caudal 25. Levantador do ânus
5. Aorta 26. Nervo e artéria perineais
6. Psoas menor 27. Plexo pélvico
7. Nervo cutâneo lateral da coxa 28. Artéria e nervo para o clitóris
8. Músculos oblíquos abdominais 29. Uretra
9. Artéria circunflexa profunda do ílio 30. Vagina
10. Artéria ilíaca externa 31. Ramo uretral da artéria vaginal
11. Artéria ilíaca interna 32. Artéria vesical caudal
12. Quadrado lombar 33. Bexiga
13. Iliopsoas 34. Artéria vaginal
14. Nervo femoral 35. Artéria vesical cranial
15. Articulação sacroilíaca 36. Artéria pudenda interna
16. Artéria glútea caudal 37. Ureter e ramo uretral da artéria vaginal
17. Nervos lombares 6 e 7 38. Artéria umbilical
18. Primeiro nervo sacral 39. Artéria uterina
19. Segundo nervo sacral 40. Corno uterino
20. Terceiro nervo sacral 41. Cólon descendente
21. Nervo pélvico

suprimento nervoso do nervo retal caudal (pudendo) e sua irrigação Macho


sanguínea da artéria perineal ventral.
Observe o saco anal (Figs. 157, 158), exponha o seu dueto e en- A próstata (Figs. 154, 155) circunda completamente o colo da
contre a abertura da zona cutânea do canal anal. Na parede desse saco bexiga e o início da uretra. Examine a superfície, a forma, o tamanho e
há glândulas microscópicas, cuja secreção acumula-se na luz do saco. a localização da próstata em vários espécimes. O tamanho e o peso nor-
A secreção é lançada através do dueto do saco anal. Abra o saco e exa- mais da próstata variam muito. O órgão geralmente fica na entrada pél-
mine seu interior. vica. É maior e estende-se mais além no abdome em cães mais velhos.
O músculo esfíncter interno do ânus é uma dilatação do reves- A próstata é achatada dorsalmente e arredondada ventralmente e dos
timento muscular circular liso do canal anal. Não é tão nítido quanto o lados. É fortemente encapsulada. Fibras musculares da bexiga seguem
esfíncter externo. caudalmente em sua superfície dorsal. Um septo longitudinal sai da parte
O músculo retococcígeú (Figs. 157, 159) continua o revestimento ventral da cápsula e atinge a uretra, dividindo, assim, parcialmente, a glân-
longitudinal do reto até a superfície ventral da cauda. Rebata os múscu- dula ventralmente em lobos direito e esquerdo. Isto é indicado na super-
los levantador do ânus e coccígeo do lado esquerdo do reto. Observe o fície ventral por um sulco raso, porém distinto. Observe que a uretra se-
músculo retococcígeo originando-se da superfície dorsal do reto, crani- gue através do centro da glândula. Abra a uretra e examine a sua luz.
ai aos músculos esfíncteres. Acompanhe-o caudalmente até sua inerva- A uretra masculina é composta de uma parte péIvica dentro da
ção nas vértebras caudais. pelve e uma parte esponjosa dentro do pênis. A crista uretraI projeta-
126 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Glútea cran.
lIiolombar
Ramo espinhal sacra I

Caudal ventral
Sacral mediana

llíaca inl. dir.


Caudal mediana

lIíaca ext. dir.


Caudallal. ventral
Aa. lombares
Caudal Ia I. dorsal

Caudal Ia I. Circunflexa profunda do i/íaco

Aorta
Pudenda int.
Mesentérica caud.
Retal caudal

Perineal ventral r Umbilical

-- Ureter

Cólica esquerda
A. do bulbo do vestíbulo

Pudenda interna
A. do clitóris

Vesical cranial

Ramo uretral
Vesical caudal
Retal média
Cérvix

Fig. 151 Artérias das vísceras pélvicas da fêmea, face lateral direita.

se na luz a partir da parede dorsal da parte prostática da uretra pélvica. O músculo retrator do pênis (Figs. 159, 160) origina-se da s
Perto do seu meio, e projetando-se na luz da uretra, há uma pequena sali- perfície ventral do sacro, ou das primeiras duas vértebras caudais, une-
ência, o colículo seminal. De cada lado dessa saliência, abrem-se os due- se com o esfíncter anal externo e estende-se distalmente na superfíciE
tos deferentes. Há muitas aberturas prostáticas em ambos os lados da crista ventral do pênis até o nível da glande, onde se insere. Na região do (:5-
uretral e geralmente podem ser vistas, se a glândula for comprimida. fíncter anal, há uma troca de fibras musculares entre o músculo retraI
do pênis e o esfíncter anal externo. Observe o músculo retratar no ca:--
PÊNIS po do pênis.
O músculo bulboesponjoso (Figs. 159,160) salienta-se entre~
músculos isquiocavernosos, ventral ao esfíncter anal externo. As fib
O pênis é composto de uma raiz, um corpo e uma glande (Figs.
do bulboesponjoso são transversais proximalmente, onde cobrem (l!;
153, 154, 160). A superfície dorsal do pênis faz face à sínfise pélvica e
bulbos do pênis, e longitudinais distalmente, onde passam sobre o coc-
à parede abdominal. No estado não ereto, a glande fica inteiramente con-
po do pênis.
tida no prepúcio .. Entre os ramos, fica o bulbo do pênis, que é um prolongame.
O prepúcio é uma bainha tubular ou prega de tegumento, que é
do corpo esponjoso do pênis que envolve a uretra. Essa expansão cr-=
contínua com a pele da parede abdominal ventral e reflete-se sobre à forma o bulbo peniano localiza-se no arco isquiático. É irrigada pe.::
glande. Tem uma camada interna lisa e uma camada exte.rna peluda, que artéria do bulbo e coberta caudalmente pelo músculo bulboesponj
se encontram no orifício prepucial. Em seu recesso mais profundo, o
Observe o bulbo peniano e sua relação com a uretra na raiz do pênis..
fórnice do prepúcio, a camada interna reflete-se sobre a glande como
O corpo do pênis estende-se da raiz, onde os ramos fundem-=
a pele da glande. No estado ereto, o fórnice é eliminado, uma vez que a
um ao outro, até a glande, que cobre o osso peniano na porção caUl
camada interna do prepúcio fica firmemente aderida ao corpo do pênis. (Fig. 153). Observe que a região no começo do corpo do pênis é Cai::-
Abra o prepúcio por uma incisão ventral média, desde o orifício até o
primida de um lado ao outro e envolta por uma túnica espessa. É c~
fórnice. Continue a incisão cutânea ventral média até o ânus, para ex-
de ser inclinado sem torcer quando o macho desmonta durante o coiro =
por todo o comprimento do pênis.
permanece "travado" por um período variável.
A raiz do pênis é formada pelos ramos direito e esquerdo, que se
O corpo cavernoso do pênis de cada ramo converge para
originam no túber isquiático de cada lado. A raiz termina onde os ra-
equivalente na face dorsal do corpo do pênis, e os dois corpos es
mos fundem-se um ao outro na linha média, para formar o corpo. Cada
dem-se lado a lado por todo o corpo até o osso peniano. Um septo 0;'-
ramo é composto de tecido cavernoso, corpo cavernoso do pênis, irri-
diano separa completamente os dois corpos, e cada um deles é cobe.:=
gado pela artéria profunda do pênis e rodeado por uma espessa túnica
por uma cápsula branca (túnica albugínea) em toda a sua extensão. ~
fibrosa, túnica albugínea. Examine a raiz. O ramo esquerdo foi secci- dois corpos cavernosos formam um sulco ventralmente, que conté:;:. ~
onado quando o membro foi rebatido. As trabéculas e os espaços vas- uretra e o delicado corpo esponjoso circundando a uretra. Efetue y' -
culares podem ser vistos na superfície do corte. Observe a firme fixa- secções transversais pelo corpo do pênis, para estudar essas estru
ção do ramo direito ao túber isquiático. A glande do pênis é composta de duas partes, o bulbo da
O músculo isquiocavernoso (Figs. 159, 160) origina-se do tú- de proximal e a parte longa da glande mais alongada, distal (Figs. ~
ber isquiático, cobre a origem do ramo e insere-se distalmente a ele. 160). O bulbo da glande, rodeando a extremidade proximal do
ABDOME, PELVE E lVffiMBRO PÉLVICO 127

Glútea cran. lfiolombar

Ramo espinhal sacral

/líaca ext. dir.

Aa. lombares
Caudal Ia I. dorsal

Caudallat. Circunflexa profunda do ilíaco

Aorta
Pudendaint.

Mesentérica caudal
Retal caudal
Umbilical
A. do pênis
Ureter
Uretral

Cólica esquerda
Perineal ventral

A. do bulbo
Pudenda interna
A. profunda do pênis

A. dorsal dir. do pênis


Dueto deferente

Vesical caudal

Prostática A. do dueto deferente

Fig. 152 Artérias das vísceras pélvicas do macho, face lateral direita.

peniano, é uma estrutura vascular dilatável, que é responsável, em grande A vagina (Fig. 162) localiza-se entre o colo (cérvix) uterino e o
parte, pela retenção do pênis na vagina durante a cópula. A parte longa vestíbulo. A parte mais cranial da vagina é o fórnice (ou fórnix), que se
da glande é uma estrutura de tecido cavernoso que se sobrepõe à meta- estende cranial ao colo (cérvix), ao longo de sua borda ventral. O reves-
de distal do bulbo da glande e continua até a extremidade distal do pê- timento mucoso da parte restante da vagina projeta-se em pregas longi-
nis, circundando parcialmente o osso peniano e a uretra. A parte longa tudinais, que têm pequenas pregas transversais. São evidências de sua
da glande não tem nenhuma comunicação vascular com o corpo espon- capacidade para aumentar tanto no diâmetro, como no comprimento. As
joso do pênis e fica separada do bulbo da glande por uma camada de pregas longitudinais terminam dorsalmente, no nível do orifício uretral,
tecido conjuntivo. Canais venosos drenam a parte longa da glande para onde a vagina une-se ao vestíbulo. Uma prega longitudinal dorsal sali-
o bulbo da glande através dessa camada. Faça uma incisão longitudinal ente na vagina cranial obscurece o óstio uterino externo e torna difícil o
no dorso do pênis, através da glande, para observar essa estrutura. cateterismo.
O osso do pênis (Figs. 160,161) é um longo osso sulcado ven- O vestíbulo (Fig. 162) é a cavidade que vai da vagina à vulva.
tralmente, que fica quase que inteiramente dentro da glande peniana. A Abra o vestíbulo e a vagina por uma incisão através da parede dorsal. O
base dilatada, áspera e truncada do osso origina-se na túnica albugínea, tubérculo uretral projeta-se do assoalho da parte cranial do vestíbulo.
na extremidade distal dos corpos cavernosos. Desenvolve-se como uma A uretra abre-se nesse tubérculo, que fica no nível do arco isquiático.
ossificação das extremidades distais fundidas dos corpos cavernosos. O Observe sua relação com a vulva, situada mais ventralmente.
corpo do osso peniano estende-se através da glande do pênis. A base e No assoalho do vestíbulo, profundamente à mucosa, encontram-
o corpo são sulcados ventralmente pelo sulco uretral, que rodeia a ure- se duas massas alongadas de tecido erétil, os bulbos vestibulares. São
rra e o corpo esponjoso em três lados. O osso termina como uma fibro- homólogos aos bulbos do pênis do macho e ficam em íntima proximi-
::artilagem longa e pontiaguda na ponta da glande, dorsal à abertura dade com o corpo do clitóris. É difícil distingui-Ios.
uretral. O cIitóris é o homólogo feminino do pênis. É uma pequena es-
No nível do bulbo, em forma de colar da glande do pênis, há uma trutura localizada no assoalho do vestíbulo, perto da vulva. É composto
;::omunicação entre o corpo esponjoso do pênis e o bulbo da glande. de dois ramos, um corpo curto e uma glande clitoriana, difíceis de iden-
.\ artéria dorsal do pênis segue para a glande, onde irriga o prepúcio, o tificar. A glande do clitóris é uma estrutura erétil muito pequena que fica
:orpo esponjoso e a parte longa da glande. na fossa do cIitóris. A fossa é uma depressão no assoalho do vestíbulo
e não deve ser confundida com a abertura uretral. A parede dorsal da
fossa cobre parcialmente a glande do clitóris e corresponde ao prepúcio
Fêmea masculino. Identifique a fossa e a glande do clitóris. Apenas raramente
se encontra presente um osso clitoriano na glande.
O colo (ou cérvix) (Figs. IS I, 162) é a porção caudal comprimi- O músculo retratar do clitóris (Fig. 163), um homólogo do retratar
da do útero. O canal cervical fica numa posição quase vertical, com a do pênis no macho, origina-se nas duas primeiras vértebras caudais. une-
J.bertura uterina (óstio uterino interno) em posição dorsal e a abertura se ao esfíncter anal externo, funde-se com o constritar da vulva e conti-
"aginal (óstio uterino externo) em posição ventral. nua na superfície ventral do clitóris.
128 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Glútea caudal
A. e v. femorais

A.

A. e v. retais caudais

V. dorsal com. do pênis

A. e v. perineais

Artéria do bulbo

Ramo direito do pênis

A.

Corpo do pênis
Ramo superficial da a.
Ramo profunda da a. dorsal
Ramo prepucial da a. dorsal

Região do bulbo da glande

Região da parte longa da glande


Veia superficial da glande

Prepúcio

Fig. 153 Vasos do pênis e do prepúcio (modificado de Christensen, 1954).


ABDOME, PELVE E ~IEMBRO PÉLVICO 129

Fossa pararretal

Sacro

Abertura do saco anal

Escavação retogenital

Uretra
Dueto deferente
Raiz do pênis

Bexiga

Fig. 154 Secção mediana através da região pélvica do macho

A vulva inclui os dois lábios e o orifício urogenital que eles li- mea, O útero não grávido às vezes pode ser sentido entre eles. À medida
mitam, a rima do pudendo. Os lábios fundem-se acima e abaixo da rima que o útero dilata-se com o avanço da gestação, será percebido no ab-
do pudendo, formando as comissuras dorsal e ventral. A comissura dome ventral. Dorsal ao cólon, podem ser sentidos linfonodos lomba-
dorsal é ventral a um plano dorsal através da sínfise pélvica. A comissura res e ilíacos dilatados por enfermidade.
ventral está direcionada caudoventralmente. Fique sobre ou ao lado do cão em estação e palpe os dois lados
Observe o trajeto da uretra feminina, introduzindo uma sonda simultaneamente, começando cranialmente no arco costal e progredin-
flexível através dela. Estende-se da bexiga caudodorsalmente sobre a do caudalmente. O fígado, em geral, não é sentido. Do lado esquerdo, o
borda cranial da sínfise pél vica, até o trato genital caudal à junção estômago vazio não é palpável, mas o estômago cheio será percebido.
vaginovestibular. Termina no orifício uretral externo, no tubérculo ure- O baço deve ser sentido à esquerda, atrás do arco costal. O rim esquer-
traI, que é dorsal à rima do pudendo. do é mais profundo, mas geralmente palpável. Cranialmente, à direita,
nenhum órgão específico é palpável. Se for provocada dor, os órgãos a
Cão vivo serem considerados como uma fonte de irritação incluem o fígado, o
pâncreas, o piloro e o rim direito. Às vezes, o duodeno descendente pode
A palpação abdominal é uma arte que requer considerável expe- ser sentido à direita. O rim direito, em geral, não é sentido. Lembrar-
riência para ser desenvolvida. Depende do seu conhecimento da anato- se de sua íntima relação com o processo caudado do lobo caudado do
mia topográfica dos órgãos abdominais. Nem todos os órgãos são pal- fígado. O cólon descendente pode ser sentido à esquerda. Na região
páveis, e alguns não podem ser sentidos em todos os cães. No cão em abdominal média ventral, é possível sentir as alças do intestino del-
estação, prenda delicadamente o abdome caudal com uma das mãos e gado deslizarem entre os dedos. O íleo e o ceco geralmente não são
palpe a bexiga ventralmente e o cólon descendente acima dela. Na fê- palpáveis. Profundamente na região abdominal média, é possível sen-

Ureter

Dueto deferente

duetos deferentes
{Orifícios dos

Colíeulo seminal

Uretra
B
Fig. 155 Bexiga, próstata e estruturas associadas.
130 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

1ª vértebra caudal

Fossa pararretal

Escavação retogenital
Ligamento largo do útero

Escavaçnao vesicogenital
Í1io

Ligamento lateral da bexiga

Bexiga
Escavação pubovesical
Peritônio visceral
Ligamento mediano da bexiga

Fig. 156 Transecção esquemática da cavidade pélvica da fêmea.

tir linfonodos mesentéricos, mas apenas se estiverem dilatados por en- Estenda delicadamente a cauda e observe a zona cutânea do ca-
fermidade. nal ana!. Encontre as aberturas dos sacos anais de cada lado da parte
No macho, palpe a raiz do pênis. Sinta os músculos isquiocaver- cranial dessa zona.
nosos revestindo os ramos de cada lado do músculo bulboesponjoso que
cobre o bulbo do pênis. Sinta o corpo do pênis, firme e levemente com-
primido, formado pelos dois corpos cavernosos e o sulco ventralmente, VASOS E NERVOS DO MEMBRO
que contém a uretra e o corpo esponjoso do pênis. Incline o corpo e ob- PÉLVICO (QUADRO 3)
serve sua flexibilidade. No cruzamento canino normal, o macho sobe na
fêmea com um membro pélvico e volta-se na direção oposta enquanto
ainda está cobrindo a fêmea. O pênis inclina-se sem torcer no nível do Artéria iliaca interna
corpo peniano. Palpe ajunção dos corpos cavernosos do pênis com o osso
peniano. Às vezes, esse é o local de obstrução da uretra com cálculos. Palpe Artéria ilíaca interna
o comprimento do osso peniano e as duas partes da glande do pênis que A. umbilical
o cobrem. Palpe os linfonodos inguinais superficiais na prega cutânea que A. pudenda interna
suspende o pênis no nível do bulbo da glande. Normalmente, são achata- A. glútea caudal
dos e difíceis de sentir. Palpe o cordão espermático a partir do anel ingui- A. iliolombar
nal superficial até os testículos. Palpe os testículos e o epidídirno no escroto. A. glútea cranial
Na fêmea, abra a vulva e observe a fossa do clitóris. A abertura uretral A. lateral caudal
em seu tubérculo fica dorsal a ela no nível do arco isquiático e não é visível. A. perineal dorsal

Esfíncter anal externo


Reto (rebatido)

Esfíncter anal interno

Saco anal (seio paranal)


Retratar do pênis, parte retal

Retratar do pênis

Bulboesponjoso

Fig. 157 Músculos da região anal, face lateral esquerda.


ABDONIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 131

Quadro 3 VASOS E NERVOS DO MEMBRO PÉLVICO


Áreas Suprimento Arterial Suprimento Nervoso
Músculo Cranial da Coxa
Extensor do joelho:
Quadríceps da coxa Circunflexa lateral da coxa Femoral
Músculos Mediais da Coxa
Adutores do membro pélvico: Profunda da coxa Obturador
Grácil, Adutor, Pectíneo Caudais da coxa
Músculos Caudais da Coxa
Flexores e extensores do joelho: Profunda da coxa Ciático
Bíceps da coxa Glútea caudal
Semimembranáceo Caudais da coxa
Semitendíneo
Músculos Craniais da Perna
Flexores do tarso: Tibial cranial Fibular
Tibial cranial,
Fibular longo
Extensor dos dedos:
Extensor longo dos dedos
Músculos Caudais da Perna
Flexor do joelho: Poplítea Tibial
Poplíteo Caudal distal da coxa
Extensor do tarso:
Gastrocnêmio
Flexores dos dedos:
Flexor superficial dos dedos
Flexores profundos dos dedos
Superfície Dorsal do Pé
Superficial Safena Fibular
Profundo Dorsal do pé
Superfície Plamar do Pé
Superficial Safena Tibial
Profundo Dorsal do pé
(ramo perfurante)

A artéria glútea caudal (Figs. 148, 150-153, 164, 166, 174) é o Acompanhe a artéria glútea caudal ao passar sobre a espinha is-
maior dos dois ramos terminais da artéria ilíaca interna. Origina-se oposta quiática com o nervo ciática ventral ao ligamento sacrotuberal (Fig. 167).
à articulação sacroilíaca e segue caudalmente através da incisura isqui- Aí, a artéria irriga os glúteos superficial e médio, os rotadores do coxa1
ática maior e sobre a espinha isquiática lateral ao músculo coccígeo, e o músculo adutor. Divide-se em diversos ramos, que irrigam os mús-
paralela à artéria pudenda interna. Os ramos da glútea caudal são as ar- culos bíceps da coxa, semitendíneo e semimembranáceo. Volte o bíceps
térias iliolombar, glútea cranial, artérias caudal lateral e perineal dorsal da coxa caudalmente, para expor a artéria glútea caudal, que fica pro-
(Fig. 164). As veias (Fig. 165) não serão dissecadas. Observe a origem funda a ele, perto do ligamento sacrotuberal e do túber isquiático.
da artéria glútea caudal na face medial do ílio direito, na entrada pélvi-
ca. Afaste a artéria glútea caudal do ílio e observe o ramo iliolombar
seguindo cranial à asa do ílio e o ramo glúteo cranial, que segue caudal
Artéria iliaca extema e ramos principais
à asa do ílio, através da incisura isquiática maior (Fig. 164). A. Ilíaca externa
Faça uma incisão cutânea na superfície medial da coxa direita até
A. profunda da coxa
o joelho. Circunde o joelho e rebata a pele lateral da pelve, quadril e
coxa. Tronco pudendoepigástrico
A. epigástrica caudal
Exponha a inserção do glúteo superficial profundamente à borda
A. pudenda externa
proximal do bíceps da coxa. Seccione a inserção nesse nível. Rebata a A. circunflexa medial da coxa
porção proximal do glúteo superficial até sua origem. Seccione o mús- A. femoral
culo glúteo médio a 1 cm da crista do ílio. Comece na borda cranial do
A. circunflexa superficial do ílio
osso e desprenda o músculo da superfície glútea. A. circunflexa lateral da coxa
A artéria e o nervo glúteo craniais (Figs. 164, 166, 167) pas- A. caudal proximal da coxa
sam pela parte cranial da incisura isquiática maior do ílio e entre os A. safena
músculos glúteos médio e profundo, os quais suprem. O nervo glúteo A. genicular descendente
cranial também continua no tensor da fáscia lata e o inerva.
A. caudal média da coxa
A artéria iliolombar (Figs. 151, 166, 174) origina-se próximo à A. caudal distal da coxa
origem da artéria glútea caudal ou diretamente da ilíaca interna. Segue
A. poplítea
pela borda cranioventral do ílio e supre os músculos psoas menor, ili- A. tibial cranial
opsoas, sartório, tensor da fáscia lata e glúteo médio. Na face lateral,
A. dorsal do pé
observe sua distribuição terminal para a superfície profunda da extre-
A. arqueada
midade cranial do glúteo médio. Aa. metatársicas dorsais
Seccione o bíceps da coxa a meia distância entre sua origem e o
Ramo perfurante
joelho. Seccione o semitendíneo I cm dista1 à secção transversal atra- A. tibial caudal
vés do bíceps. Volte ambos os músculos em direcão às suas origens. A
artéria glútea caudal fica na face ventrocranial do ligamento sacrotube- A artéria ilíaca externa direita (Figs. 144, 146, 164, 166) ori-
ral e, nesse local, emite vários pequenos ramos para músculos adjacen- gina-se da aorta, em nível com a sexta e a sétima vértebras lombares.
tes: a artéria caudal lateral para a cauda e a artéria perineal dorsal para o Segue caudoventra1mente e relaciona-se lateralmente, próximo à sua
períneo, que não precisam ser dissecadas. origem, com a veia ilíaca comum e o músculo psoas menor. Bem mais
132 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

ílio

M. glúteo profundo

M. glúteo médio
Prostáticas cJ
Vaginais 9 A. e v.
N. isquiático

A. e v. glúteas caudais

Fáscia glútea

M. glúteo superficial

Tecido adiposo na
fossa isquiorretal
M. levantador do ânus

Esfíncter anal externo

Dueto do saco anal


Abertura do ducto do saco anal
Zona columir do ânus Zona cutânea do ânus

Fig. 158 Secção dorsal através do ânus. (Corte lateral direito em nível inferior através do dueto do saco anal.)

distalmente, fica sobre o músculo iliopsoas. A ilíaca externa" ao passar Exponha a artéria e a veia femorais e o nervo safeno no trígono
pela parede abdominal, torna-se a artéria femoral. A abertura por onde femoral. Este trígono é limitado cranialmente pelo sartório, lateralmente
passa a artéria ilíaca externa é a lacuna vascular, localizada entre o li- pelo vasto medial e pelo reto da coxa, e caudalmente pelo pectíneo e
gamento inguinal e a pelve. pelo adutor da coxa.
A artéria profunda da coxa é o único ramo da artéria ilíaca Após emitir o tronco pudendoepigástrico, a artéria profunda da
externa e origina-se no abdome, perto da lacuna vascular, seguindo cau- coxa continua como a artéria circunflexa medial da coxa (Figs. 166,
dalmente. Dois vasos deixam a superfície ventral da artéria profunda da 168), que deixa o abdome pela lacuna vascular. Prossegue caudalmen-
coxa dentro do abdome, por um pequeno tronco pudendoepigástrico. te entre os músculos quadríceps da coxa e pectíneo e entra no adutor.
São as artérias pudenda externa e epigástrica caudal. A artéria pudenda Seccione o pectíneo em sua origem e rebata-o. Seccione a origem do
externa atravessa o canal inguinal e já foi dissecada. grácil e rebata o músculo caudalmente. Seccione a origem do adutor.
A artéria epigástrica caudal (Fig. 168) origina-se do tronco Poupe os ramos da artéria circunflexa medial da coxa e o nervo obtu-
pudendoepigástrico e segue cranialmente na superfície dorsal do reto rador, que entram em sua face cranial. Remova porções do músculo
do abdome. Irriga a metade caudal do reto do abdome e as partes ven- adutor, para acompanhar a distribuição da artéria circunflexa medial
trais dos músculos oblíquo e transverso. da coxa.

M. coccígeo
M. levantador
do ânus

Túber isquiático

Fig.159 Períneo do macho. A, Músculos superficiais, face caudal. B, Corte dorsal através da cavidade pélvica. O bulbo bilobado do pênis está seccionado e a porção
proximaI, removida.
ABDOi.\'IE, PELVE E MENIBRO PÉLVICO 133

M. bulboesponjoso

Extremidade fibrocartilagmosa
do osso peniano

A
Uretra
Corpo esponjoso

Bulbo da pênis c~...• ~


~Uretra
Túnica albugínea
Corpo cavernoso

M. bulboesponjoso -.t,?,--
.'-...... Corpo esponjoso
M. retrator do pênis M. retratar do pênis

Bulbo do glande

Osso peniano
B Ramo do corpo cavernoso
e corpo doesponjoso
{ Anast. bulbo da glande
M. isquiocavernoso

Uretra

Corpo esponjoso E- E'pite'I'10 escamoso


.••
M. bulboesponjoso Parte longa da glande
M. retratar do pênis Osso peniano

Corpo esponjoso

Fig. 160 Secções mediana e transversal do pênis (de Christensen, 1954).

À medida que a artéria circunflexa medial da coxa aproxima-se A artéria circunflexa lateral da coxa (Figs. 164, 166) é um
do grande músculo adutor, emite um ramo profundo que desce distal- grande ramo, que passa entre o reto da coxa e o vasto media!. Embora a
mente entre os músculos adutor e vasto medial, irrigando ambos. Pe- maior parte do vaso ramifique-se no quadríceps, irriga também o tensor
quenos ramos da circunflexa medial da coxa suprem os músculos obtu- da fáscia lata, os glúteos superficial e médio e a cápsula da articulação
radores e a cápsula da articulação coxofemoral. O ramo transverso coxofemoral.
passa caudalmente pelo músculo adutor, o qual irriga, e termina no A artéria caudal proximal da coxa (Fig. 164) deixa a supetfície
músculo semimembranáceo. caudal da femoral, dista! à origem da circunflexa lateral da coxa na re-
A artéria femoral (Figs. 164, 166-171) é a continuação da arté- gião média da coxa. Estende-se distocauda!mente sobre os músculos pec-
ria ilíaca externa além do nível da lacuna vascular. Os ramos da artéria tíneos e adutor, os quais irriga, e entra na superfície profunda do gráci!.
femoral, na ordem de origem, são: circunflexa superficial do ílio, cir- Faça uma incisão cutânea do joelho até a unha do segundo dedo.
cunflexa lateral da coxa, caudal proximal da coxa, safena, genicular Remova a pele tão distalmente quanto o coxim metatársico. Tente dei-
descendente e caudal média e distal da coxa. xar os vasos subcutâneos no membro.
A artéria circunflexa superficial do ílio é um pequeno ramo que A artéria safena (Figs. 164, 170), a veia e o nervo continuam
se origina da face lateral da artéria femoral, perto ou com a artéria cir- distalmente entre as bordas convergentes da parte caudal do sartório e o
cunflexa lateral da coxa. A artéria circunflexa superficial do ílio segue gráci!. Observe que a artéria safena origina-se da femoral, proximal ao
cranialmente e irriga ambas as partes do sartório, o tensor da fáscia lata joelho. A artéria safena irriga a pele na face medial do joelho e termina
e o reto da coxa. Toma-se superficial na espinha ilíaca ventral cranial num ramo cranial e num caudal.
da tuberosidade coxa!. Seccione ambas as partes do sartório acima do O ramo cranial (Figs. 164, 170, 176) da artéria safena origina-
vaso e observe seus ramos. se oposto à extremidade proximal da tíbia, cuja superfície medial cruza
134 ABDONIE, PELVE E l\IEi\ffiRO PÉLVICO

Base

Ápice

'" ,

-tt"
/

 Sulco uretral i
", '+

Fig. 161 Osso peniano com secções transversais, face lateral esquerda,

obliquamente, e passa distalmente sobre o músculo tibial crania!. Atra- Após a artéria safena originar-se da femaral, a última desaparece
vessa a superfície flexora do tarso com esse músculo. Na parte proxi- lateral ao semimembranáceo. Seccione e vire a extremidade distal do
mal do metatarso, termina como as artérias digitais comuns. semimembranáceo craniomedialmente e acompanhe a artéria femara!
O ramo caudal (Figs. 164, 178) da artéria safena Oligina-se na até o músculo gastrocnêmio.
extremidade proximal da tíbia. Fica entre a cabeça medial do A artéria genicular descendente (Figs. 164, 170) origina-se da
gastrocnêmio e a tíbia. Distalmente, relaciona-se com os flexores dos femoral, distal à origem da safena, e irriga a superfície medial do joelho.
dedos e com o nervo tibial, cruza a superfície plantar medial do tarso A artéria caudal média da coxa (Figs. 164, 170) origina-se dis-
para entrar no metatarso. O vaso emite ramos para o tarso e as estrutu- tal às artérias genicular descendente e safena, ramificando-se nas partes
ras profundas da extremidade proximal do metatarso. No metatarso, ir- distais dos músculos adutor e semimembranáceo.
riga o pé por meio de ramos profundos, que contribuem para um arco A artéria caudal distal da coxa (Figs. 164, 169, 170) é um grande
plantar profundo, do qual se originam as artérias metatársicas planta- vaso que se origina da superfície caudal do último centímetro da femo-
res, e termina nas artérias digitais comuns plantares. Esses ramos não ra!. A femoral continua-se como artéria poplítea ao entrar no
precisam ser dissecados .. gastrocnêmio. Rebata as inserções dos músculos grácil,
Em alguns espécimes, as veias safenas (Fig. 165) podem estar semimembranáceo e semitendíneo, para descobrir a cabeça medial do
suficientemente congestionadas para serem identificadas. A veia safe- gastrocnêmio. Seccione a cabeça medial do gastrocnêmio e rebata-o. Isso
na medial é semelhante à artéria em sua Oligem no pé e terminação na irá expor a artéria caudal distal da coxa e os seus ramos, que irrigam o
veia femora!. A veia safena lateral não tem qualquer artéria correspon- bíceps da coxa, o semimembranáceo, o semitendíneo, o gastrocnêmio e
dente. É formada pelos ramos cranial e caudal na perna, que se origi- os flexores dos dedos.
nam de arcadas venosas na pata. Termina na veia femoral caudal dista!. A artéria poplítea (Figs. 164,169,170), um prolongamento da
O ramo cranial da veia safena lateral é utilizado com freqüência para femoral, passa entre as duas cabeças do músculo gastrocnêmio, cruza a
punção venosa. Origina-se de uma anastomose com o ramo cranial da superfície medial do músculo flexor superficial dos dedos e segue sobre
veia safena medial na face cranial do tarso e segue proximocaudalmente a superfície flexora do joelho e pela incisura poplítea da tíbia. Inclina-se
pela superfície lateral da perna. lateralmente sob o músculo poplíteo e perfura o flexor lateral dos dedos.
Cólon

Colo

Ostio uterino
( ~stio uterino interno
externo
Corpo do útero

Corno dir.
do útero

Uretra

Peritônio visceral
Clitóris

Fossa do clitóris

Fig. 162 Vísceras pélvicas da fêmea, secção mediana, face lateral esquerda.
ABDONlE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 135

M. sacrocaudal ventral/aI.

M. retrator do clitóris

M. esfíncter ana/ ext. M. levantador do ânus

M. constritor do vestíbulo

M. uretral cobrindo a uretra

Sínfise pélvica
M. constritor da vulva

I
Ramo dojtlitóris M. isquiocavernoso

Fig. 163 Músculos do períneo da fêmea, face lateral direita.

para atingir o espaço interósseo. A artéria poplítea irriga o joelho, os Na fossa isquiorretal direita, identifique o músculo coccígeo.
músculos gastrocnêmio e poplíteo, e termina como artérias tibiais crania! Seccione as origens dos músculos glúteos superficial e médio, e rebata-
e cauda!. A artéria tibial caudal é um pequeno vaso que deixa a superfície os para suas fixações, a fim de descobrir a incisura isquiática maior.
cauda! da poplítea no espaço interósseo. Não precisa ser dissecada. Seccione e rebata a fixação sacral do ligamento sacrotubera!. Isso ex-
Seccione o poplíteo onde cobre a artéria poplítea e acompanhe a põe a artéria glútea caudal e o nervo isquiático. Profundamente a eles,
artéria até o espaço interósseo. ficam a artéria pudenda interna e o nervo pudendo, bem como os ramos
A artéria tibial cranial (Figs. 164, 169, 170, 177) passa entre a ventrais dos nervos sacrais. Tais ramos emergem dos dois forames sa-
tíbia e a fíbula. Rebata a fáscia na face cranial do joelho e da perna, onde crais pélvicos e do forame intervertebral sacrocauda!.
serve para a inserção do bíceps da coxa. Separe os músculos tibia1 cra- 3. O nervo pudendo (Figs. 172, 174) origina-se de todos os três
nial e extensor longo dos dedos em toda a sua extensão. Observe a arté- nervos sacrais. Passa caudolateralmente, onde fica lateral aos músculos
ria tibial cranial entre esses dois músculos. Seccione o músculo fibular levantador do ânus e coccígeo, medial ao músculo glúteo superficial, e
longo em sua origem e rebata-o para expor a artéria tibial cranial emer- dorsal aos vasos pudendos internos. Aparece superficialmente na fossa
gindo do espaço interósseo entre a tíbia e a fíbula. Ela irriga os múscu- isquiorretal, após emergir da face medial do músculo glúteo superfici-
los fibular longo, extensor longo dos dedos e tibial crania!. O término al, e segue caudomedialmente para a sínfise pélvica, no arco isquiático.
da artéria será dissecado com os nervos fibulares. Os seguintes ramos originam-se do nervo pudendo:
O plexo lombossacral (Fig. 172) é composto pelos ramos ven- a. O nervo retal caudal pode originar-se de nervos sacrais,
trais dos nervos lombares e sacrais. Dos nervos que se originam desse ou deixar o nervo pudendo na bordacaudal do músculo le-
plexo, os ilioipogástricos cranial e caudal, o i1ioinguinal, o cutâneo la- vantador do ânus. Inerva o esfíncter anal externo. Não pre-
teral da coxa e o genitofemoral foram dissecados. O restante será disse- cisa ser dissecado.
cado segundo sua acessibilidade. b. Os nervos perineais originam-se da superfície dorsal do
1. O nervo obturador (Figs. 168, 172, 173) origina-se do quar- nervo pudendo. Suprem a pele do ânus e o períneo, conti-
o, quinto e sexto nervos lombares. É formado na porção caudomedial nuando até o escroto ou lábio. Pequenos nervos oriundos dos
do músculo iliopsoas. Deixa o músculo dorsomedia1mente, segue cau- nervos pudendo ou perineal suprem os músculos do pênis
doventralmente ao longo do corpo do ílio, penetra na face medial do mús- ou o vestíbulo e a vulva.
culo levantador do ânus e deixa a pelve, atravessando a parte cranial do c. O nervo dorsal do pênis no macho (ou do clitóris na fê-
forame obturador. Supre os músculos adutores do membro: o obturador mea) curva-se ao redor do arco isquiático e atinge a superfí-
externo, o pectíneo, o grácil e o adutor. Localize esse nervo na face me- cie dorsal do pênis, onde segue cranialmente. Prossegue atra-
dial do ílio direito. Observe-o quando emerge ventralmente do forame vés da glande do pênis e termina na pele que cobre o ápice
obturador e se ramifica nos músculos adutores com os ramos da artéria da glande. Emite nervos sensoriais para a pele da glande. Na
::ircunflexa media! da coxa. fêmea, o nervo dorsal menor do clitóris segue ventralmente
2. O nervo femoral (Figs. 172, 173) origina-se fundamentalmente até a comissura ventral da vulva, onde termina no clitóris.
~o quarto, quinto e sexto nervos lombares. Encontre o nervo femoral 4. O nervo cutâneo caudal da coxa (Figs. 172. 174) origina-se
;::om a artéria circunflexa lateral da coxa. Observe sua emergência do do plexo sacral e fica unido ao pudendo durante a maior parte de seu
;núsculo iliopsoas, dentro do qual o nervo safeno se origina da face cra- trajeto intrapélvico. O nervo cutâneo caudal da coxa acompanha a arté-
;:;ia!do nervo femora!. O safeno ou femoral inerva o músculo sartório. ria glútea caudal até o nível do túber isquiático, onde se torna superfici-
A porção cutânea do safeno supre a pele na face medial da coxa, o joe- al junto à fixação do ligamento sacrotuberal, e termina na pele, na me-
:io. a perna, o tarso e o pé. Acompanhe esse nervo tão distalmente quanto tade caudal proximal da coxa.
UU'so. Os ramos ventrais do sexto e do sétimo nervos lombares e os dois
O nervo femoral emite ramos para o músculo iliopsoas, penetra primeiros nervos sacrais unem-se para formar um tronco lombossacral
-- músculo quadríceps, entre o reto da coxa e o vasto media1, e supre adjacente à incisura isquiática maior. Os nervos que se originam desse
as as quatro cabeças do quadríceps da coxa. tronco são: o glúteo caudal, o glúteo cranial e o ciático.
136 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

llíaca int. esquerda e direita

Aorta

llíaca ext. esquerda e direita


ProstáticalVaginal
Profunda da coxa

Tronco pudendoepigástrico Circunflexa med.


da coxa
Circunflexa lat. da coxa

Femoral
Caudal proxima/ da coxa
Safena

Genicular descendente

Poplítea

Tibial cranial
Ramo caudal da safena

Dorsal do pé

Ramo
"""""
perfurante

Fig. 164 Artérias do membro pélvico direito, visão esquemática da face media!.
ABDOME, PELVE E MElVillRO PÉLVICO 137

Sacral mediana
lIíaca comum
esquerda e direita

Veia cava caudal


Glútea caud.

Pudenda int.

Tronco pudendoepigástrico

Circunflexa lal. da coxa

Femoral

Caudal proximal da coxa

Genicular descendente

Tibial caudal
Tibia! cranial

Fibular

Ramos craniais da
safena medo e lal.
Ramos caudais da
safena medo e lal.

Fig. 165 Veias do membro pélvico direito, visão esquemática da face media!.
138 ABDOME, PELVE E :MEMBRO PÉLVICO

Circunflexa profunda do ilíaco

N. genitofemoral

IIlaca externa

llíaca interna

Umbilical
N. femoral
Pudenda interna

Glútea caud.

Obturador lIeolombar

Circunf. superf. do illaco

Glútea cranial
Glúteo cranial

Pélvico Profunda da coxa


Glúteo caudal
Circo lat. da coxa

Circo medo da coxa

Femoral
Ciática

Glúteo
caud.
Obturador

Fig. 166 Nervos (à esquerda) e artérias (à direita) lombossacrais, face ventral.


ABDOME, PELVE E ]VIEMBRO PÉLV1CO 139

N. e a. glúteos caud. Glúteo superficial


Ramo de S2

N. para o obturador interno,


gêmeos e quad. da coxa

Glúteo médio

Biceps da coxa

Glúteo prot.

Tensor da
táscia lata

Sat1ório

Adutor A. cran. da coxa

Semitendíneo

Semimembranáceo

Abd. caudal da coxa

N. cutâneo lal. da sura

N. cutâneo caud. da sura


A. circunflexa lal. da coxa

N. fíbular comum

Glúteo superficial
Bíceps da coxa

Fig. 167 Nervos. artérias e músculos da região coxal direita, face lateral.
140 ABDOME, PELVE E MEl\1BRO PÉLVICO

21 ~
'li
20

19

"'..

Fig. 168 Artéria femoral profunda, face medial, após remoção do músculo pectíneo e secção do músculo adutor.
1. Ureter esquerdo 12. Ramos profundos da a. e v. circunflexas mediais da coxa
2. Artéria ilíaca externa 13. A. e v. pudendas externas
3. A. e v. profundas da coxa 14. Anel inguinal profundo
4. Tronco pudendoepigástrico 15. Artéria epigástrica caudal
5. Lacuna femoral 16. Ligamento redondo do útero
6. Ramo transverso da a. e da v. circunflexas mediais da coxa e n. obturador 17. Nervo genitofemoral
7. Adutor 18. Intestino delgado
8. Grácil 19. Bexiga
9. Parte caudal do sartório 20. Reto
10. Parte cranial do sartório 21. Corno uterino
lI. A. e v. femorais

5. O nervo glúteo caudal (Figs. 166, 167, 172) passa sobre a músculo gastrocnêmio e a fíbula, seguindo entre o músculo flexor late-
incisura isquiática, medial ao músculo glúteo médio, e entra na superfí- ral da coxa caudalmente e o músculo fibular longo cranialmente, para
cie medial do músculo glúteo supelficial. É a única inervação para o entrar nos músculos na face cranial da perna. Aí, o fibular comum divi-
glúteo superficial. Tem uma origem variável do sétimo nervo lombar e de-se em nervos fibulares superficial e profundo, que inervam os mús-
dos dois primeiros sacrais. culos flexores do tarso e extensores dos dedos, que incluem os múscu-
6. O nervo glúteo cranial (Figs. 166,172) passa sobre a incisu- los tibial cranial, fibular longo e extensor longo dos dedos.
ra isquiática maior, cruza a superfície lateral do ílio na origem do mús- O nervo fibular superficial (Figs. 175, 176) deixa a porção do
culo glúteo profundo e inerva os músculos glúteos médio e profundo e nervo original abaixo do joelho, onde fica entre o flexor lateral dos de-
o tensor da fáscia lata. Origina-se do sexto e sétimo nervos lombares e dos caudal mente e o fibular longo cranialmente. Exponha o nervo e
primeiro sacral. Foi dissecado com a artéria glútea cranial. acompanhe-o ao se curvar distalmente, profundo à parte distal do fibu-
7. O nervo ciático (Figs. 166, 167, 170, 172, 174, 175) origina- lar longo. No início do terço distal da perna, torna-se subcutâneo e acom-
se dos dois últimos nervos lombares e dois primeiros sacrais. Isole o panha o ramo cranial da artéria safena. Distal ao tarso, o nervo fibular
nervo ao passar sobre a incisura isquiática maior. Pequenos ramos saem supetficial forma nervos digitais comuns dorsais que inervam o pé (Fig.
de dentro da pelve, para suprir os músculos obturador interno, gêmeos 176) e não serão dissecados.
e quadrado da coxa. Não disseque esses ramos. O nervo ciático passa O nervo fibular profundo (Fig. 175) origina-se da supetfície
caudalmente sobre o coxal, medial ao trocânter maior, e depois distal- cranial do nervo primitivo. Entra nos músculos na parte cranial da per-
mente, caudal ao fêmur na face lateral do músculo adutor da coxa. Um na e segue distalmente, junto com a artéria tibial cranial. Na metade
ramo deixa o nervo no nível do coxal e inerva os músculos bíceps da proximal do tarso, ambos ficam num sulco formado pelos tendões do
coxa, semitendíneo e semimembranáceo. músculo extensor longo dos dedos, lateralmente, e pelo músculo tibial
Existem nervos cutâneos laterais e caudais da coxa (Fig. 167), cranial medialmente. Exponha-os, cortando o retináculo extensor. No
que se originam dos componentes fibular e tibial, respectivamente, do tarso, o nervo divide-se em nervos metatársicos dorsais, que prosseguem
nervo ciático da coxa e suprem a pele nas superfícies lateral e caudal da distalmente para inervar o pé (Fig. 176). Acompanhe o nervo fibular
perna. Não precisam ser dissecados. profundo à medida que o final da artéria tibial cranial é agora disseca-
O nervo ciático termina na coxa, como os nervos fibular comum do. Os nervos metatársicos dorsais terminais não serão dissecados.
e tibial. O nervo fibular comum origina-se basicamente de L6 e L7 A artéria tibial cranial continua oposta à articulação talocrural
(Figs. 169, 174, 175). É menor e passa lateralmente, profundo à parte como a artéria dorsal do pé (Figs. 176, 177). Ramos irrigam o tarso, e
terminal delgada do músculo bíceps da coxa. Cruza a cabeça lateral do a artéria dorsal do pé termina na artéria arqueada. A última segue trans-
ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 141

~- 23
--~\
3
4

21

20

19

18

Fig. 169 Artérias e nervos da coxa e da perna direitas, face lateral.


I. A. glútea caudal 13. Fibular longo
2. A. glútea superficial 14. Tibial cranial
3. Vasto lateral 15. A. tibial cranial
4. Adutar 16. Extensor longo dos dedos
5. Semimembranáceo 17. Fibular longo
6. Semitendíneo ] 8. Extensor lateral dos dedos
7. N. tibial 19. Flexor lateral dos dedos
8. N. fibular 20. Flexor superficial dos dedos
9. A. femoral 21. Gastrocnêmio, cabeça lateral
10. A. caudal distal da coxa 22. Bíceps da coxa (rebatido)
11. A. poplítea 23. Abdutor caudal da coxa
]2. Gastrocnêmio, cabeça medial
142 ABDO~IE, PELVE E ~IEMBRO PÉLVICO

A. e v. femorais
Pectíneo
N. safeno

Sartório Adutor

A. safena

Reto da coxa Grácil

Semimembranáceo
Vastomed. femoral caudal médio

N. isquiático
A. genicular desc.

A. caudal distal da coxa


Semimembranáceo
Bíceps da coxa
N. tibial
Gastrocnêmio medo N. cutâneo caudal da sura

Côndilo medo da tíbia


Flexor superf dos dedos

A. tibial caudal
A. tibial cranial
Flexor lateral dos dedos

Gastrocnêmico med.

N. e a. safenos

Fig. 170 Artérias da região poplítea direita, face media!.

versa e lateralmente através do tecido ligamentoso, na extremidade pro- tibial divide-se em nervos plantares medial e lateral. Cruzam o tarso
ximal do metatarso. Emite artérias metatársicas dorsais, que seguem medial à tuberosidade calcânea e terminam como os nervos digital co-
distalmente para irrigar o pé. Não precisam ser dissecadas. mum plantar e metatársico plantar, que são sensoriais para o pé.
Um ramo perfurante deixa a artéria metatársica dorsal lI, um A irrigação sanguínea e a inervação dos dedos do membro pélvi-
ramo da artéria arqueada, e segue distalmente no espaço entre o segun- co estão resumidas no Quadro 4.
do e o terceiro ossos metatársicos. Esse ramo perfurante vai da superfí-
cie dorsal à superfície plantar do metatarso na extremidade proximal Cão vivo
desse espaço. Anastomosa-se com os ramos do ramo caudal da artéria
safena, para contribuir para as artérias metatársicas que irrigam o pé. Coloque a palma da mão sobre a parte cranial da coxa, com os
Esta é a maior fonte de sangue para os dedos do pé. Exponha a artéria dedos na face medial, e palpe as bordas do trfgono femoral. Sinta o pulso
arqueada e o ramo perfurante. Remova a metade proximal do músculo na artéria femora!. Este é o local mais comum para determinar a freqüên-
interósseo que reveste a face plantar do segundo osso metatársico, para cia e a qualidade do pulso num exame físico. O pulso também pode ser
observar a artéria metatársica perfurante que emerge entre o segundo e sentido em dois outros pontos no membro pélvico. Um fica onde o ramo
o terceiro ossos metatársicos (Fig. 178). cranial da artéria safena cruza a face medial do terço médio da tíbia. Tanto
O nervo tibial origina-se principalmente de L 7 e S 1, e é a por- o osso como a artéria são subcutâneos nesse local. O outro é a artéria
ção caudal do nervo ciático (Figs. 169, 179, 174, 175). Separa-se do nervo dorsal do pé, onde cruza a superfície dorsal do tarso.
fibular comum da coxa. No joelho, passa entre as duas cabeças do mús- Acompanhe o trajeto do nervo isquiático e verifique onde o ner-
culo gastrocnêmio. O nervo tibial supre os músculos caudais à tfbia e à vo fica junto a ossos que podem fraturar e lesá-Ia. O nervo fibular co-
fíbula, que incluem os extensores do tarso e flexores dos dedos, e emite mum é palpável, onde cruza a extremidade proximal da fíbula. Sinta a
ramos para o joelho. Inerva ambas as cabeças do músculo gastrocnêmio cabeça da fíbula e passe a mão sobre a pele em sentido proximal a dis-
e os músculos flexor superficial dos dedos, poplíteo e ambos os flexo- tal, para deslizar o nervo sobre o osso nesse ponto. O nervo tibial pode
res dos dedos. O nervo tibial continua, além desses ramos, no músculo ser sentido proximal ao tarso, entre as camadas subcutâneas craniais ao
flexor lateral dos dedos. Emerge da superfície profunda da cabeça me- tendão calcâneo comum. É acompanhado aí por vasos safenos.
dial do gastrocnêmio e prossegue distalmente ao longo da face medial Estude a Fig. 179 e identifique as zonas autônomas dos nervos
da superfície caudal da tíbia. Proxima1 à articulação talocrural, o nervo no membro pélvico do cão vivo.
ABDO~IE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 143

M. pectíneo
Circunflexa medo
da coxa

Ramo muscular

Circunflexa lal.
da coxa

Ramo profundo, circunflexa


medial da coxa

A. e V. femorais
Ramo obturador

Caudal proximal
da coxa

M. pectíneo

Ramo para músculos e para


a. nutricia do fêmur

Caudal médio
da coxa

Genicular desc.

Fig. 171 Estruturas profundas da coxa direita, face media!.


144 ABDOME, PELVE E lVIElVIBROPÉLVICO

Quadro 4 IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA E INERVAÇÃO DOS DEDOS DO MElVIBRO PÉL VICO


Superucie Dorsal
Vasos
(Superficiais) Ramo cranial da safena Digitais comuns A. e v. digitais dorsais
dorsais axiais ou abaxiais
(Profundos) Tibial cranial Metatársicos
Dorsal do pé - Arqueada dorsais
Nervos
(Superficiais) Fibular superficial Digitais comuns N. digital dorsal
dorsais axial ou abaxial
(Profundos) Fibular profunda Metatársicos
dorsais

Superfície Plantar
Vasos
(Superficiais) Ramo caudal da safena Digitais comuns A. e v. digitais plantares
Plantar media! plantares axiais ou
(Profundos) Arco plantar profundo Metatársicos abaxiais
Ramo perfurante dorsal do plantares
pé; plantar lateral do ramo
cauda] da safena
Nervos
(Superficiais) Tibial - Plantar media] Digitais comuns N. digital plantar
plantares axialou
(Profundos) Tibial - Plantar lateral Metatársicos abaxia]
plantares

N. para m. piriforme N. pélvico

N. glúteo cranial N. para levantador do ânus


Ramo vent., I'n. sacral caudal
Ramo vent., 7' n. lombar
N. obturador

Levantador do ânus

Ramos cutâneos

N. cutâneo caud. da coxa

Levantador do ânus

Ramo para o obturador ext.

Ramo para o quadríceps da coxa Ramo para adutor,


pectíneo, grácil
Grácil

Vasto medo Pectíneo

Fig. 172 Plexo lombossacro, face medial esquerda.


ABDOME, PELVE E JYIEMBRO PÉLVICO 145

N.

Ramo cutâneo

Fig. 173 Distribuição dos nervos safeno, femoral e obturador do membro pélvico direito, esquema da face media!.
Músculos inervados por nervos numerados
Nervo femoral Nervo obturador
1. Iliopsoas 5. Obturador externo
2. Quadríceps da coxa 6. Adutor longo
Nervo safeno 7. Pectíneo
3. Sartório, parte cranial 8. Adutor magno e curto
4. Sartório, parte caudal 9. Grácil
146 ABDOJVIE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

Ligamento, sacrotuberat M. glúteo superficial


A. e v. glúteas caudais
A.
A. e v. glúteas craniais

V. e a. caudais lat.

, M. glúteo medial

N. glúteo cranial
V. e a. retais caud.

A. e n. perineais A. e V. iliolombares

A. do bulbo do vestíbulo

A. e V. do c/itóris
A. e v. circunflexa
lateral da coxa

N. cutâneo caud. da coxa

N. isquiático

M. semimembranáceo

M. cutâneo lat. da sura

M. quadríceps da coxa

N. tibial

N. cutâneo caud. da sura


N. fibular comum

V. safena lat.
M. gastrocnêmio

Fig. 174 Vasos e nervos da coxa e do períneo direitos, face lateral.


ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 147

"

N. fibular comum

Músculos inervados por nervos niimerados


Nervo glúteo cranial
1. Glúteo médio
2. Glúteo profundo
3. Tensor dafáscia lata
N. fibular profundo Nervo glúteo caudal
4. Glúteo superficial
Nervo isquiático
5. Gêmeos, obturador im. e quadrado da coxa
6. Bíceps da coxa
7. Semimembranáceo
8. Semitendíneo
Nervo tibial
9. Gastrocnêmio
10. Flexor superficial dos dedos
lI. Poplíteo
12. Flexores profundos dos dedos
13. Músculos plantares
Nervo fibular superficial
14. Extensor lateral dos dedos
15. Fibular curto
Nervo fibular superficial
16. Fibular longo
Nervo fibular profundo
17. Tibial cranial e extenso r longo dos dedos
18. Extensor longo do dedo
19. Extensor curto dos dedos

Fig. 175 Distribuição dos nervos glúteos cranial e caudal e do nervo ciático do membro pélvico direito, visão esquemática da face lateral.
148 ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO

N. fibular superficial
N. fibular profundo

N. digital dorsal abaxial V -- N. digital dorsal abaxial /I


(Safeno)
Nn. digitais comuns dorsais

Nn. metatársicos dorsais

A. tibial cranial

A. safena, ramo cranial

N. digital dorsal
abaxiall/l

A. dorsal do pé

A. arqueada

Ramo perfurante da a. metatársica dorsal /I

Aa. metatársicas dorsais

Aa. digitais comuns dorsais

A. digital dorsal abaxiallll

A. digital plantar axial /lI

Fig. 176 Artérias e nervos do pé direito, face dorsal.


ABDOlVlE, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 149

Tibia

Ext. longo dos dedos


Tibial cranial

Ext. longo dos dedos

A. tibiaf cran.

Ramo superf. da -
a. tibial cran.

Retinácufo proximaf
Tendão do fibufar longo - de extensores

Anastomose com a. safena,


ramo craniaf

Ext. curto dos dedos


A. dorsal do pé

A. arqueada

Ramo perfurante
Aa. metatársicas dorsais

Anast. com aa. digitais


comuns dorsais

Fig. 177 Artéria tibia! crania! do membro pélvico direito, face crania!.
150 ABDOME, PELVE E lVIEl\1BRO PÉLVICO

N. tibial

-- N. cutâneo caudal
da sura
N. plantar medial
N. plantar lateral

Nn. metatársicos plantares

N. digital plantar
abaxial"

N. digital plantar
abaxiallV

A. plantar lateral

Ramo profundo A. plantar medial

Ramo perfurante,
a. metatársica
dorsal"

Aa. metatársicas plantares

Aa. digitais comuns plantares

A. digital plantar axial "

Fig. 178 Artérias e nervos do pé direito, face plantar.


ABDOME, PELVE E MEMBRO PÉLVICO 151

Fig. 179 Zonas autônomas de inervação cutãnea do membro pélvico. Faces medial, lateral e caudal. Cutãneo caudal da coxa (CCC), genitofemoral (Gf), cutâneo
lateral da coxa (CLC), fibular (Fib), safeno (Sa), ciático (Ci), tibial (Tib). Os asteriscos indicam limites palpáveis dos ossos - côndilos tibiais medial e lateral,
trocânter maior e extremidade lateral do túber isquiático (de R. L. Kitchell). A zona autônoma do nervo ciático é para lesões proximais ao trocânter maior e inclui
as zonas para os nervos fibular e tibial. Para lesões do nervo ciático caudais ao fêmur, a zona autônoma varia, dependendo de quantos de seus ramos cutâneos
encontram-se acometidos.

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