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I.

INTRODUÇÃO

O tema que nos propomos investigar intitula – se «Relações interpessoais


entre zelador e idoso. Um estudo junto dos idosos do internato no Lar da 3ª
idade sita no Bairro do Tchioco/Lubango visa compreender as relações que se
estabelecem entre o zelador e o idoso do internato acima descrito bem como a
obtenção do grau de licenciado em Ciências da Educação, na especialidade de
Ensino da Psicologia.

Contrariamente aos países mais desenvolvidos caracterizados por possuírem


uma população envelhecida, Angola apresenta uma população
maioritariamente jovem. Entretanto, tal constatação não leva a que se tenha
alguma percentagem de idosos que em virtude dos interesses próprios da
idade, acabam, não raras vezes, por entrar em divergência com os familiares
que os albergam.

Tal como referido por Gameiro (s/d) «o velho tem razão mais não diz porquê,
pois o tempo em que vive é o tempo que lhe traz muitas frustrações e poucas
satisfações […] porque os interesses também são poucos se é que ainda tem
alguns, além dos biológicos». Esta fase da vida é muitas vezes incompreendida
pelos familiares e estas as vezes não encontram outra saída senão internar o
idoso num asilo, também conhecido como lares da 3ª idade.

Aqui depositado e, praticamente abandonado, o consolo que lhe resta é a


companhia dos contemporâneos em igual situação, com os quais estabelece
relações. Mais, além disso vai também encontrar uma zeladora ou zelador
encarregue de cuidá – lo, com quem terá de estabelecer uma relação de
convivência quase que permanente. Entretanto, este zelador ou zeladora é
ainda relativamente mais jovem que provavelmente não partilhará dos mesmos
interesses do idoso internado.

Assim sendo, consideramos ser pertinente investigar a forma como se poderá


revestir a relação entre um velho que precisa de assistência, ajuda social e
económica que mitigue o seu isolamento e compense a sua incapacidade para
o trabalho (Gameiro, s/d: 49) e um zelador ou zeladora que apenas se mantém
ou cumpre as suas obrigações por necessidade de emprego.

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II – OBJECTO DE ESTUDO

O objecto de estudo assenta nas relações interpessoais entre o zelador e


idosos do internato no lar da 3ª idade do Bairro do Tchioco/Lubango

III - OBJECTIVOS

III.I. Objectivo geral

A abordagem do tema proposto tem como objectivo geral:


Analisar as relações interpessoais que se estabelecem entre zelador e idosos
do internato no lar da 3ª idade do bairro do Tchioco/Lubango.

III.II. Objectivos específicos

Os objectivos específicos a que o presente estudo prossegue são os seguintes:


 Caracterizar o percurso multifacetado do desenvolvimento humano;
 Destrinçar o significado de idoso e velho;
 Caracterizar os interesses e frustrações da terceira idade;
 Identificar os aspectos divergentes e convergentes nas relações
interpessoais entre zelador e idoso no internato;
 Despertar a sensibilidade das famílias e da sociedade para dignidade
dos idosos internados e nas famílias;
 Tecer sugestões que possam ajudar a dirimir eventuais conflitos
decorrentes das relações interpessoais entre zelador e idosos no
internato do Lar da 3ª Idade do Bairro do Tchioco/Lubango.

IV. MOTIVAÇÃO DA ESCOLHA DO TEMA

A motivação pela escolha do tema partiu da conversa que privamos com um


amigo que convive com um parente idoso, no caso, seu avó. O nosso
interlocutor queixou – se em como, com o avançar da idade, nota no seu
parente alterações de comportamento. É menos paciente, irrita – se com
facilidade, não aceita reparos dos seus filhos, as vezes não quer comer,
situação que, não raras vezes, provoca tensão nas relações com o resto dos
familiares.

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A partir daquela conversa fomos buscando opiniões entre colegas e amigos
sobre as formas de se ultrapassar aquele estado de tensão. As opiniões que
colhemos variaram muito. Alguns pedem mais compreensão nesta fase da
vida, mais afecto e que o lugar do idoso é no seio da família, outros têm uma
posição mais radical, o de internar o idoso num asilo.

Entretanto, a última opinião motivou - nos a considerar a possibilidade de


investigar, uma vez internado no asilo, como podem se revestir as relações
interpessoais que se vão estabelecer entre o zelador e o idoso. Foi assim que
escolhemos o tema proposto. Igualmente, outra motivação tem a ver com o
nosso desejo de elaborarmos uma monografia como requisito parcial para
obtenção do grau de licenciatura em Ciências da Educação na especialidade
de ensino da Psicologia.

V. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Uma das principais causas que levam as famílias a colocarem no asilo os seus
membros com alguma idade já avançada, idosos, é a incompatibilidade no
relacionamento que supostamente aquele cria, resultante da mudança de
comportamento próprio da idade e que muitas vezes não encontra
compreensão dos seus parentes.

Mas, ao tomarem tal posição, as famílias esquecem que as pessoas admitidas


no asilo geralmente vivenciam uma radical rotura de seus vínculos relacionais
afectivos convivendo quotidianamente com pessoas que não possuam
qualquer vínculo afectivo e que independentemente da qualidade da instituição
ocorre normalmente o afastamento da vida normal (Freitas e Ribeiro, 2006: 7).

Se ao colocar – se o idoso no asilo rompe – se imediatamente o vinculo


afectivo com os seus parentes mais próximo para passar a conviver
diariamente com outras pessoas, mormente, zeladores. Formula – se a
seguinte questão, identificada como problema da presente investigação:

De que forma se revestem as relações interpessoais que se estabelecem entre


zelador e idosos no internato do Lar da 3ª Idade do Bairro do Tchioco/Lubango.

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VI. IMPORTÂNCIA DO TRABALHO

A presente investigação reveste-se de importância teórica e prática, tal como


se pode examinar abaixo:

VI.I. Importância teórica

Sistematizar os conhecimentos existentes sobre o tema e procurar aprofundá -


los com base nos novos elementos a serem introduzidos após investigação.

VI.II. Importância prática

O presente estudo pode ajudar as famílias a tomarem decisões mais


ponderadas sobre a questão do internamento dos idosos nos asilos; despertar
a sociedade e as famílias para a causa dos idosos e das condições existentes
nos asilos.

VII. DELIMITAÇÃO DO TEMA

O âmbito de abordagem se circunscreve na analisar as relações interpessoais


que se estabelecem entre zelador e idosos do internato no lar da 3ª idade do
bairro do Tchioco/Lubango. Será desenvolvido num período de tempo estimado
de um ano e no município do Lubango onde se localiza o lar da 3ª Idade.

VIII. DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS

Para a pesquisa serão utilizados métodos de abordagem e procedimentos:

VIII.I. Métodos de abordagem

Os métodos de abordagem a serem empregues durante a pesquisa são:

Método dedutivo, de acordo a acepção clássica, é o método que parte do


geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, reconhecidos como
verdadeiros e indiscutíveis, e possibilita chegar a conclusões de maneira
puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica (Gil, 1999: 27).

Método indutivo, de acordo com Gil (1999) neste método parte – se da


observação de factos ou fenómenos cujas causas se deseja conhecer, a seguir
procura – se compará – los com a finalidade de descobrir as relações

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existentes entre eles. Por fim procede – se a generalização, com base na
relação verificada entre os factos ou fenómenos (p. 28 a 29).

VIII.I. Métodos de procedimentos

Os métodos de abordagem seleccionados para o estudo que se pretende


desenvolver são os seguintes:

Pesquisa bibliográfica: este método, levanta o conhecimento disponível na


área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando a sua
contribuição para compreender ou explicar o problema que constitui o objecto
da investigação (Malheiros, 2000: 1).

Método estatístico, Conforme Gil (2002) este método se fundamenta na


aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio
para a investigação em ciências sociais. Com base na utilização de testes
estatísticos, possibilita-se determinar, em termos numéricos, a probabilidade de
acerto de determinada conclusão, bem como a margem de erro de um valor
obtido.
Método de História de Vida. Este método se insere dentro de metodologias
qualitativas (Abordagens Biográficas) e objectiva apreender as articulações
entre a historia individual e a historia colectiva, uma ponte entre a trajetória
individual e a trajetória social ( Silva et. Alt., 2007: 25).

IX. TÉCNICAS DE PESQUISA

Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência


ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática
(Marconi e Lakatos, 2003: 173), ou então a instrumentação específica de
colecta de dados.

Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos, para o


caso concreto do estudo que nos propusemos desenvolver, iremos nos
socorrer das seguintes técnicas:
Entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para

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a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social (Marconi e Lakatos, 2003: 195).

Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série


ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao
informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o
pesquisado devolve-o do mesmo modo (Marconi e Lakatos, 2003: 201).

X. DESIGN

O modelo de investigação será descritivo sem formulação de hipóteses.

XI. DEFINIÇÃO DOS TERMOS - CHAVE

Nesta investigação serão utilizados os seguintes conceitos fundamentais:

Conflito, o conceito que mais se ajusta para este estudo é o formulado por
Pruitt e Rubin (1986 referidos por McINTYRE 2007) que definem o conflito
como «uma divergência de interesses ou da crença em que as aspirações das
partes não podem ser atingidas simultaneamente»

Desenvolvimento humano, pode entender – se por desenvolvimento humano,


o processo pelo qual o individuo constrói activamente, através da relacção que
estabelece com o ambiente físico e social, as suas características (Dévis e
Oliveira, 1994: 19).
Família «[…] é um grupo de pessoas unidas directamente por laços de
parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das
crianças» (Giddens, 2001: 175).
Relacionamento interpessoal é um conceito do âmbito da sociologia e
psicologia que significa uma relação entre duas ou mais pessoas. Este tipo de
relacionamento é marcado pelo contexto onde ele está inserido, podendo ser
um contexto familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade1

XI. CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES


1 Vide http://www.significados.com.br/relacionamento-interpessoal/
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Actividades Participantes TEMPO
D J F M A M J
Escolha e discussão do Estudantes e X
tema Tutor
Elaboração e Estudantes X
apresentação do projecto
Reelaboração do X X
Projecto
Recolha de dados Estudantes X X X
Análise e tratamento de Estudantes X X X
dados
Redacção do Trabalho Estudantes X X X
Revisão do trabalho Tutor X
Entrega do trabalho Estudantes X
Defesa do Trabalho Estudantes X

XIII. ESTIMATIVA ORÇAMENTAL

XIII.I. Recursos humanos:


-Autores;
-Estudantes;

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-Professores;
-Operador de informática.
- Colegas Recém – licenciados

XIII.II. Recursos materiais:


- Computador--------------------------------------------------------------------------75.000.00
- Impressora e tinteiros--------------------------------------------------------------50.000.00
-Pen-drive--------------------------------------------------------------------------------5.000.00
-Resmas de papel----------------------------------------------------------------------3.000.00
-Tinteiro----------------------------------------------------------------------------------25.000.00
-Aluguer de uma viatura para deslocações------------------------------------30.000.00
- outros despesas-------------------------------------------------------------------150.000.00
-Pagamento ao operador de Informática---------------------------------------15.000.00
Total Geral---------------------------------------------------------------------------353.000.00

XIV. ESTRUTURA PROVISÓRIA DO TRABALHO

O estudo que pretendemos desenvolver apresenta a seguinte estrutura


provisória:

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AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
RESUMO
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Caracterização dos estádios do desenvolvimento humano;


1.2. Noção de terceira Idade;
1.3. Ser idoso e ser velho
1.4. As frustrações na terceira idade e a resposta da família
1.5. A entrada para o asilo;
1.6. As novas relações interpessoais do idoso no asilo~
1.6.1. A relação com outros idosos
1.6.2. A Relação com os zeladores
1.7. O lugar do idoso: em casa ou no asilo

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA


2.1. Descrição do perfil dos inquiridos
2.1.1. População
2.1.2. Amostra
2.2. Instrumentos de pesquisa
2.2.1. Entrevista aplicada aos idosos
2.2.2. Questionário aplicado aos zeladores
2.2.0. Apresentação, análise e discussão dos resultados

CONCLUSÕES
SUGESTÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
XV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITO, Luís de. (2012). Pequeno Guia de Inquérito por Questionário, Ed. IESE
– Instituto de Estudos Sociais e Económicos. Moçambique;

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DAVÍS, Cláudia e OLIVEIRA, Zilma de Morais Ramos de. (1994). Psicologia na
Educação. São Paulo. 2ª Edição revista. Cortez Editora.

GIDDENS, Anthony. (2008). Sociologia. 6.a Edição. Tradução de Alexandra


Figueiredo, Ana Patrícia Duarte Baltazar, Catarina Lorga da Silva, Patrícia
Matos e Vasco Gil. Ed.Fundação Calouste Gulbenkian.

GAMEIRO, Aires. (s/d). Noções de Psicologia e Relações Humanas. Porto.


Edições Salesianas.

GIL, A. C. (2002) Técnicas de pesquisa em economia e elaboração de


monografias, 4ª Edição. São Paulo: Editora Atlas.

MALHEIROS, Márcia R. T. L. (2000). O Processo de Pesquisa na Graduação in


http://www.profwilliancom/diversos/download/ prof/marciarita. Acessado aos
17/03/2012;

MARCONI, A. & LAKATOS, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia


científica. 5. Ed. Atlas - São Paulo.

SILVA et alt. (2007). “Conte-me sua História”: Reflexões sobre o Método de


História de Vida in Mosaico: estudos em psicologia. Vol. I, nº 1, p. 25-35.

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