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UNIDADE

1 Correção das Fichas


Sermão de Santo António [1654], do Padre António Vieira

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 1

GRUPO I
A

1 1
.1 O defeito dos peixes que é apresentado no excerto é o seu canibalismo (ictiofagia), o facto de se
devorarem uns aos outros. Além de se comerem uns aos outros, os maiores comem os pequenos:
«[…] é que vos comeis uns aos outros» (linha 1); «Não só vos comeis uns aos outros, senão que
os grandes comem os pequenos» (linhas 2 e 3).
1.2 O canibalismo dos peixes é um símbolo da antropofagia dos homens. Tal como os peixes, os homens
tentam dominar‑se uns aos outros, oprimem e exploram os seus semelhantes, funcionando assim
como um espelho dos peixes.

2 2.1 Na primeira ocorrência, a forma verbal «comem» é utilizada no seu significado literal e restrito, isto é,
significa «alimentar» e refere‑se ao ato de canibalismo praticado pelos índios Tapuias. Na segunda
ocorrência, a forma verbal «comem» é utilizada no seu sentido figurado (alegórico ou metafórico)
e refere‑se ao facto de os cidadãos da cidade (os colonos) viverem numa sociedade em que os seres
humanos se exploravam uns aos outros, se aproveitavam das fraquezas de alguns para os oprimir
e retirar sempre lucro de qualquer circunstância.

3 Nas linhas 14‑15 podemos observar uma repetição da forma verbal «vedes» que acentua a insistência
do orador na sua chamada de atenção: é importante que os peixes visualizem os colonos no seu
quotidiano atarefado, no seu constante movimento, para perceberem as origens da exploração
e das injustiças sociais que existem na cidade.
A repetição da forma verbal é uma estratégia retórica para convocar a atenção da audiência.

1 Nas estâncias apresentadas, podemos verificar que o Poeta se recusa a louvar aqueles que têm
comportamentos indignos, em termos sociais, centrando o seu comportamento no seu próprio interesse
e não no bem comum.
O Poeta não cantará: aqueles que apenas se centram no seu próprio interesse, esquecendo o respeito
ao seu rei e ao seu país (estância 84, vv. 2‑3); aqueles que são ambiciosos e desejam atingir cargos
elevados para se tornarem ditadores (estância 84, vv. 5‑7); aqueles que são corruptos, manipuladores
e falsos (estância 85, vv. 1‑4); aqueles que são dissimulados e usurpam o povo dos seus meios de
subsistência (estância 85, vv. 6‑8); aqueles que aplicam a lei conforme a classe social dos destinatários
(estância 86, vv. 1‑4); aqueles que não pagam ao povo trabalhador (estância 86, vv. 1‑4); aqueles que
não têm experiência e julgam os trabalhos dos outros de forma injusta (estância 86, vv. 5‑8).

2 O Poeta utiliza duas expressões para se referir à camada da sociedade que é explorada pelos ambiciosos
e exploradores: «pobre povo» (estância 85, v. 8) e «servil gente» (estância 86, v. 4). Os adjetivos utilizados
nestas expressões («pobre» e «servil») caracterizam, claramente, o Povo como um grupo sem poder
económico e prisioneiro da sua condição de servo das classes mais abastadas, sendo alvo das injustiças
cometidas. Os adjetivos realçam a sua miséria e a sua condição de servo.

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UNIDADE

GRUPO II
1
1 1
.1 (B); 1.2 (B); 1.3 (D); 1.4 (A); 1.5 (C); 1.6 (C); 1.7 (D).

Sermão de Santo António [1654], do Padre António Vieira


2 a) Modificador do grupo verbal.
b) Complemento do nome.
c) Modificador da frase.
3 a) Palatalização de li em lh›.
b) Apócope de m.

4 a
) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
b) Oração subordinada adverbial causal.

GRUPO III
Construção de uma exposição que respeite o tema, a estrutura e os limites propostos. O aluno deve fazer
referência aos seguintes tópicos, entre outros:
• associação de conceitos através de metáforas e imagens (linguagem figurativa);
• construção frásica complexa;
• vocabulário cuidado;
• jogos de palavras;
• função apelativa da linguagem;
• interrogações retóricas;
• apóstrofes ao auditório.

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 2

GRUPO I
A

1 A expressão que apresenta o conceito predicável do sermão é «Vós […] sois o sal da terra» (linha 1),
retirada de Mateus, 5: 13. A metáfora que o orador recupera apresenta‑nos o sal como símbolo dos
apóstolos, dos pregadores (isto é, dos representantes da Igreja e da sua doutrina), e mostra‑nos que
a terra representa os fiéis, ou seja, aqueles que ouvem a mensagem dos apóstolos. Desta forma, uma vez
que o papel do sal é preservar os alimentos das bactérias que contribuem para o seu apodrecimento,
evitando a putrefação, podemos afirmar que os apóstolos e os pregadores são, assim, metaforicamente
referenciados como aqueles que preservam os fiéis, aqueles que impedem que os fiéis se corrompam,
aqueles que contribuem para a sua pureza.

2 2
.1 Ao apresentar os motivos para a existência simultânea de apóstolos/pregadores e corrupção na terra,
o orador recorre a uma estrutura paralelística ao utilizar a conjunção disjuntiva «ou», que tem um valor de
alternativa e que marca o ritmo binário das frases do sermão. A identificação das causas para a corrupção
em que a terra se encontra vai oscilando entre a responsabilidade que se atribui ao sal que não salga
(ou seja, aos pregadores que cumprem mal a sua função) e o falhanço da terra que não se deixa salgar
(ou seja, os fiéis que não cumprem os preceitos e normas cristãs). Assim, o orador vai intercalando
as imputações: ou os pregadores não pregam a verdadeira doutrina ou os fiéis não a recebem;
ou os pregadores dão um mau exemplo ou os fiéis imitam os maus exemplos dos pregadores;
ou os pregadores defendem os seus próprios interesses ao pregar ou os próprios fiéis preferem defender
os seus próprios apetites, a sua própria vontade. Como solução para o problema apresentado, o orador
utiliza um argumento de autoridade citando Jesus Cristo e a Sagrada Escritura, mostrando que a solução
para o sal que não salga é deitá‑lo fora porque é inútil, é afastar os maus pregadores. A solução para
a terra que não se deixa salgar é indicada por um argumento de exemplificação: relata‑se a atitude
de Santo António face a uma situação que comprova a atitude a tomar, mudar de auditório (linha 24).

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1
3 Nas linhas 22 a 26, podemos encontrar alguns recursos expressivos que são característicos do discurso
retórico e conferem dinamismo e vivacidade ao Sermão:
— as interrogações retóricas, curtas — «Que faria logo? Retirar‑se‑ia? Calar‑se‑ia? Dissimularia? Daria
Sermão de Santo António [1654], do Padre António Vieira

tempo ao tempo?» (linha 22) — conjugadas com a utilização das formas verbais no modo condicional
criam um momento de incerteza e apresentam as várias hipóteses para a atitude de Santo António,
mantendo os ouvintes num estado de expectativa face à resposta final, acabando por cativar
facilmente a atenção da assembleia;
— a metáfora «o zelo da glória divina, que ardia naquele peito» (linha 23) estabelece, através de
uma imagem — algo que arde —, uma relação entre a dedicação, a paixão, o entusiasmo ao trabalho
evangélico de Santo António e um fogo que alastra e tudo domina (a metáfora do «fogo que arde
no peito» era comum na poesia barroca como símbolo do amor, da paixão);
— a repetição paralelística e a aliteração em «pra‑», «Deixa as praças, vai‑se às praias, deixa a terra, vai‑se
ao mar» (linha 25), reforçam a ideia de movimento do santo, conferem vivacidade ao discurso, além
de constituírem um excelente exemplo de ritmo, muito semelhante às estratégias métricas utilizadas
no texto poético.

1 Nos versos 2 e 3, Lianor Vaz e a mãe de Inês Pereira iniciam o seu diálogo, focando‑se na cor das faces
de Lianor. Lianor pergunta se vem «amarela», o que significará que pensa estar pálida devido ao pânico
que teria sentido ao ser perseguida por um clérigo enquanto se dirigia até casa de Inês. Todavia, a mãe
de Inês explica‑lhe que se encontra «mais ruiva que uma panela», ou seja, na realidade, a alcoviteira estaria
bastante vermelha, corada, ou por ter feito esforço para se libertar do clérigo importuno ou por se ter
deixado envolver por ele. A situação acaba por ser irónica: o amarelo significa o desejo que Lianor tem de
parecer frágil e apavorada e o vermelho simboliza a força que terá feito para se soltar ou o envolvimento
que terá, de facto, acontecido entre as duas personagens.

2 O excerto apresentado pode constituir uma crítica à corrupção dos costumes na Lisboa quinhentista,
uma vez que é narrado o ataque de que Lianor Vaz é «vítima»: a personagem feminina é alvo do assédio
por um membro do clero — que, claramente, viola o seu voto de castidade —, mostrando que
o dramaturgo Gil Vicente pretende censurar ou denunciar a duplicidade e a corrupção moral que
grassavam na Igreja e na sociedade lisboeta. A descrição do ataque é feita com bastante dramatismo
e vivacidade, com exemplos das falas do clérigo na discussão que tem com Lianor. A denúncia
é intensificada com a indicação que a interlocutora de Lianor Vaz (a mãe de Inês Pereira) nos dá sobre
um ataque de um clérigo que também ela teria sofrido enquanto jovem, mostrando que este tipo
de comportamento reprovável era comum na época.

GRUPO II

1 1
.1 (D); 1.2 (B); 1.3 (A); 1.4 (D); 1.5 (A); 1.6 (C); 1.7 (B).

2 «marketing»: Empréstimo (da língua inglesa); «BD»: Sigla (para «Banda Desenhada»).

3 a) Complemento do nome.
b) Predicativo do sujeito.
c) Modificador apositivo do nome.

4 a) Oração subordinada adverbial causal.


b) Oração subordinada substantiva completiva.

GRUPO III
Construção de um texto de opinião que considere a temática proposta e apresente os argumentos
necessários, que revele uma estrutura correta e respeite os limites de palavras indicados.

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UNIDADE

FICHA DE COMPREENSÃO DO ORAL

Transcrição (discurso político):


1

Sermão de Santo António [1654], do Padre António Vieira


Intervenção da deputada do Partido Socialista, Maria de Belém Roseira, no encerramento
do debate da interpelação n.º 16/XII (3.ª) — «Sobre pobreza e desigualdades sociais»
(11 de abril de 2014)

A Sr.ª Maria de Belém Roseira (PS):


— Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sras. e Srs. Deputados:
Na semana em que mais um duro golpe de captura dos rendimentos que lhes são devidos se abate
sobre os pensionistas portugueses, é ajustado discutir a situação social a que chegámos e o que mais
será necessário acontecer para que as militantes políticas de empobrecimento vejam o seu fim.
Foram hoje, aqui, abundantemente citadas as estatísticas que nos interpelam, sejam elas a nível da
pobreza, do seu alargamento e do seu aprofundamento, a nível do desemprego e do subemprego ou
a nível da taxa de desencorajados, ou seja, aqueles que já desistiram e a quem a política seguida tem
deixado cada vez mais para trás.
Mas, perante a intervenção de abertura do Governo neste debate, é caso para perguntar: quanto mais
têm de crescer a pobreza e as desigualdades para que as taxas de juro baixem?
A pobreza e as desigualdades, em Portugal, mais do que uma interpelação à nossa sensibilidade, constituem
um desafio à nossa racionalidade, na medida em que tudo indica que prosseguir neste caminho agravará as
condições trágicas de que os Portugueses já estão a sofrer as consequências. A política está a falhar naquilo
que lhe compete, ou seja, na elaboração de programas coletivos de ação que promovam o bem e a justiça,
princípios universais e imutáveis inerentes ao direito natural e, portanto, existentes antes de o direito ser. Por
isso, o bem, em política, só pode ser justiça, ou seja, o interesse comum. E o que está a ser feito não pode ser
interpretado, em circunstância alguma, como defensor ou promotor do interesse comum.
A pobreza e as desigualdades são sempre um mal em si mesmas, mas também são geradoras de
outros males. Não podem ser combatidas através de medidas isoladas, imediatistas e avulsas pois,
sendo um fenómeno multidimensional, requerem uma intervenção multidimensional também,
coerente e integrada, para serem eficazes.
Aplausos do PS
A noção da gravidade do que se passa é‑nos transmitida por contactos diretos quer com as pessoas
atingidas quer com as organizações que atuam no terreno.
Ainda recentemente, a Caritas chamava a atenção para a gravidade da situação social no País, dizendo
que as estatísticas pecam por defeito e por desatualização, porque a periodicidade da recolha de dados
sobre a pobreza é muito desfasada temporalmente, o que significará que a situação real é bem pior do
que a retratada pelos dados que têm vindo a ser divulgados.
Também ainda esta semana, o novo Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, dizia: «Cuidar é agir
sem demora, sem arrastar ou atrasar respostas sociais, porque os pobres não podem esperar!». Vieram‑me
à memória as palavras do Bispo do Porto da minha infância, D. António Ferreira Gomes, que, em carta
dirigida a Salazar há mais de cinquenta anos, escrevia: «Um financismo à outrance invertido num
economismo despótico, atuando dentro de uma socialidade cujos erros venho procurando apontar, não
podia deixar de resultar e resultou efetivamente […] em benefício dos grandes contra os pequenos e
finalmente na opressão dos pobres.» Dolorosa atualidade para uma dolorosa realidade.

1 (A) F — O discurso de Maria de Belém Roseira é de carácter persuasivo.


(B) V
(C) F — Este discurso tenta divulgar a ideia de que as políticas de empobrecimento contribuem para
a redução de rendimento dos pensionistas portugueses.
(D) F — Ao ouvir o seu discurso, a audiência é levada a acreditar que a deputada Maria de Belém Roseira
discursa contra as políticas governamentais.

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UNIDADE

1
(E) V
(F) V
(G) V
Sermão de Santo António [1654], do Padre António Vieira

(H) F — O registo utilizado pela deputada é formal, em nível de língua cuidado.


(I) V
(J) V
2 2.1 Este discurso político foi proferido por Maria de Belém Roseira, deputada do Partido Socialista,
a 11 de abril de 2014, na Assembleia da República, no fim de um debate parlamentar sobre
a pobreza e as desigualdades sociais.
O seu público‑alvo é o conjunto de deputados, membros do Governo e da Assembleia e ainda
o público que assiste às sessões na Galeria do Parlamento. Uma vez que os debates são emitidos
no Canal Parlamento e são, com muita frequência, difundidos pelos serviços noticiosos dos diversos
canais de televisão e rádio, podemos afirmar que, com o seu discurso, a deputada pretendia também
chegar à opinião pública em geral, já que o principal objetivo consiste em levar o ouvinte
a aderir à visão do mundo do locutor, ou seja, conquistar o apoio para o seu partido, derrubando
a influência dos que se opõem. Neste caso, é importante salientar que esta deputada se encontrava
num partido de oposição ao Governo em exercício de funções (coligação PSD — PP), logo, o discurso
centra‑se na crítica às políticas governamentais.
2.2 P
odemos afirmar que o esquema apresentado corresponde à estrutura do discurso de Maria
de Belém Roseira, pois encontramos evidências que comprovam esta divisão.

PARTE 1 — Introdução ao tema discutido


a) Saudação: identificação dos destinatários imediatos do discurso
b) Constatação da legitimidade da discussão; delimitação do problema: «é ajustado
discutir a situação social a que chegámos», ou seja, tendo em conta o contexto
de cortes no rendimento, é legítimo que se discuta a temática do empobrecimento
c) Formulação da tese inicial: o Governo é responsável pela situação de pobreza
e desigualdade social porque segue uma política de empobrecimento da população
que reduz os seus rendimentos
d) Interpelação ao auditório: problematização do tema em discussão através de uma
Interrogação retórica
PARTE 2 — Desenvolvimento
a) Defesa da tese: apresentação de dois argumentos que apoiam a tese inicial
1. A política governamental falha as suas competências porque não defende
o interesse comum;
2. A política governamental falha as suas competências porque a pobreza
e a desigualdade geram novos problemas sociais.
b) Confirmação através do recurso a citações/referência a autoridades:
1. Citação de informações da Caritas Portuguesa (organização da sociedade civil);
2. Citação de D. António Francisco dos Santos (bispo do Porto);
3. Citação de D. António Ferreira Gomes (bispo do Porto, exilado durante
o Estado Novo);
4. Referência à Organização Mundial de Saúde;
5. Citação de Kenneth Rogoff;
6. Referência à rede de médicos Sentinela.
c) Síntese da defesa da tese: crítica à atuação do Governo por causa da resposta
desadequada que dá ao problema da pobreza
PARTE 3 — Conclusão
a) Proposta diferenciadora; solução para o problema: aposta no capital humano e recusa
dos cortes no rendimento
b) Exortação final: desfecho vibrante para emocionar o auditório

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UNIDADE

1
2.3 O
primeiro argumento consiste na afirmação de que o Governo não cumpre a sua função política.
Este argumento prende‑se com o facto de a deputada afirmar que a missão da política é defender
o interesse comum, o bem e a justiça. No seu raciocínio, a deputada critica a política governamental

Sermão de Santo António [1654], do Padre António Vieira


porque esta falha ao não defender o bem, a justiça e o interesse comum, sendo então mal sucedida
a missão de que o Governo foi incumbido quando foi eleito.
O segundo argumento da deputada relaciona‑se com a incapacidade que o Governo tem de parar
com o ciclo de empobrecimento da população. Segundo a deputada, a política governamental falha
porque, ao reduzir os rendimentos dos cidadãos através dos cortes, gera novos problemas sociais que
perpetuarão o ciclo da pobreza e das desigualdades.
2.4 N
o que diz respeito à sua postura corporal, podemos reparar que a deputada mantém uma posição
algo rígida, uma vez que está a ler e não a proferir um discurso espontâneo, mexendo várias vezes no
microfone, segurando na tribuna ou colocando as mãos atrás das costas. A articulação do discurso é,
geralmente, nítida, apenas sendo algo confusa quando a deputada cita a frase atribuída a D. António
Ferreira Gomes ou Kenneth Rogoff.
A sua entoação é natural, tornando‑se enfática quando há interrogações, quando cita autoridades
ou dados de organizações que comprovam a sua tese. Note‑se a forma como pronuncia a frase
«A pobreza vai direita ao cérebro» ou como insiste na ideia de mudança nas frases finais. O ritmo
começa por ser lento na Introdução (até à Interrogação que interpela o auditório), e a partir daí, vai‑se
tornando mais rápido, mais entusiástico, sobretudo quando se verificam enumerações
ou repetições ou quando a deputada se refere às consequências da pobreza para a saúde dos
indivíduos.
2.5 A
referência que Maria de Belém Roseira faz a D. António Francisco dos Santos e a D. António Ferreira
Gomes, bispos católicos portugueses, corresponde à utilização de um argumento de autoridade,
uma vez que estas entidades religiosas têm na sociedade portuguesa uma importância fulcral por
conhecerem muito bem a realidade e por se posicionarem, habitualmente, do lado dos que não têm
privilégios. D. António Ferreira Gomes foi um forte crítico do Estado Novo e manifestou‑se sempre
contra as políticas de opressão.
2.6 « Urge inverter o caminho que tem vindo a ser seguido, que ofende a invocação da social‑democracia
e a nobre tradição da democracia cristã.» Esta afirmação constitui uma crítica aos oponentes políticos
da deputada porque é uma referência direta às ideologias que estão na base da fundação dos dois
partidos da coligação do Governo que está a ser criticada por Maria de Belém Roseira. O PSD
é o Partido Social‑Democrata (social‑democracia) e o PP (Partido Popular) corresponde ao anterior
CDS (Centro Democrático e Social), que foi fundado segundo os princípios dos movimentos
democráticos orientados por ensinamentos cristãos.

FICHA DE COMPREENSÃO DA LEITURA 1

Apreciação crítica

1 1
.1 (D); 1.2 (C); 1.3 (A); 1.4 (D); 1.5 (B); 1.6 (A); 1.7 (D); 1.8 (C); 1.9 (B); 1.10 (C).

FICHA DE COMPREENSÃO DA LEITURA 2

Discurso político

1 1
.1 (B); 1.2 (C); 1.3 (A); 1.4 (C); 1.5 (D); 1.6 (B); 1.7 (B); 1.8 (A); 1.9 (A); 1.10 (A).

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