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Astronomia

Prêmio Nobel

Edição Especial: Buracos negros

O que Diabos são Buracos Negros?


O Primeiro Registro Direto de um Buraco Negro
Stephen Hawking: Principais Obras e Algumas Curiosidades
Breve Fundamentação sobre a Biofotônica
Coleção 1 - Prêmio Nobel

Edição nº 04

Junho de 2019
SUMÁRIO
Coleção 1 | Edição nº 04 | 2019

Prêmio Nobel
Prêmio Nobel de Física 1901 5
5
Astronomia
Uma Aventura na História da 9
Astronomia

Buracos Negros
Edição Especial: Buracos Negros 13

O que Diabos são Buracos Negros? 13


O Primeiro Registro Direto de um 19
Buracos Negro
Stephen Hawking: principais obras e 26
algumas curiosidades
Uma Breve Fundamentação sobre 29
a Biofotônica

Acadêmico, Cultural e 32
Astronômico
Alexandre Alabora Mariana Casaroto
2º ano de Física Mestranda da
UEM Pós Graduação
em Física
UEM
alexandre.alabora@gmail.com mariana.fcasaroto@gmail.com

Milena Fernandes Milena Chierrito


Mestranda da 1º ano de
Pós Graduação Arquitatura e
em Física Urbanismo
UEM UEM
milenaffernandes@outlook.com milenachierrito@gmail.com
Nádia Isabeli Victoria Gonzaga
1º ano de Física 2º ano de Física
UEM UEM

nadiaisabeli47@gmail.com victoriahsgonzaga@gmail.com
Luiz Felipe Demétrio Lara Lampugnani
3º ano de Física 1º ano de Física UEM
Bacharel 4º ano de Engenharia
UEM Química
UNICESUMAR
ra96459@uem.br laralampugnani@outlook.com
PRÊMIO NOBEL

O Primeiro Prêmio Nobel (1901)

Uma Breve História do Prêmio posto extremamente perigoso e instá-


vel, quando, nalmente, em 1867, in-
ventou a dinamite, um explosivo mais
seguro e controlável que a nitrogli-
cerina sozinha. Muito rapidamente,
Nobel cou conhecido mundialmente
e sua invenção foi extensamente apli-
cada na construção civil e na indús-
tria bélica. Nesse momento, ele cons-
truiu sua fama e fortuna, sendo que,
na época de sua morte, possuía mais
Figura 1: Frente de uma das medalhas do Prê-
mio. de 350 patentes em vários países e uma
rede que superava 90 fábricas por toda
Alfred Nobel, o homem por trás do a Europa produzindo explosivos e mu-
prêmio, foi um inventor, cientista, es- nição.
critor e empresário sueco, que nasceu Nobel morreu aos 63 anos, em 1896,
em 21 de outubro de 1933, em Esto- e, quando abriram seu testamento
colmo. Durante sua infância, Nobel já (que foi escrito em 1895), houve sur-
demonstrava propensão para a intelec- presa entre todos seus familiares, ami-
tualidade tendo, desde pequeno inte- gos e público geral, pois ele deixou 94%
resse em explosivos. Com 16 anos, ele da sua fortuna (o que, hoje, equivale
era um competente químico e falava algo em torno de 472 milhões de dóla-
cinco línguas, por inuencia de seu pai res) para criação de um prêmio anual,
que era um industrial que se estabele- sem distinção de nacionalidade, laure-
ceu na indústria bélica. ando pessoas que zeram os maiores
Em 1850, passou um ano estudando desenvolvimentos para a humanidade,
Química em Paris e, logo após, foi aos nas seguintes áreas: Química, Física,
EUA passar quatro anos trabalhando Medicina, Literatura (atribuídos por
para John Ericsson, proeminente in- especialistas suecos) e Paz (atribuído
ventor e engenheiro naval com espe- por uma comissão do parlamento no-
cialidades militares da época. Então, rueguês).
voltou para trabalhar com seu pai até Nobel era muito recluso, então
a falência da empresa em 1859, e, a pode-se somente especular suas moti-
partir daí, começou a trabalhar inde- vações para a criação do prêmio. Sua
pendentemente. fama era péssima devido a sua atua-
Ele iniciou sua carreira na indústria ção no mercado da guerra, e, por isso,
produzindo nitroglicerina, um com- muitos veem a criação do prêmio como

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PRÊMIO NOBEL

uma tentativa de limpar seu nome na 1845, mas logo cedo mudou-se para a
história. Holanda, onde cresceu. Ele não de-
No entanto, é inegável que, durante monstrava aptidão especial na escola,
sua carreira, ele foi um idealista na ci- porém era notável seu apreço pela na-
ência e literatura, apoiando lantro- tureza e sua habilidade em criar apa-
picamente essas áreas, e, na área da ratos mecânicos, características que
paz, tinha uma grande amiga, Bertha seriam importantes para sua carreira.
von Suttner, pacista austríaca que Começou estudando Física na Univer-
lhe passou esses ideais. É provável que sidade de Utretch (Holanda), entre-
o evento gatilho para Nobel foi a publi- tanto conseguiu entrar na Universi-
cação do seu obituário erroneamente dade de Zurich (Suíça) como estudante
por um jornal francês, que confundiu de Engenharia Mecânica. Durante sua
sua morte com a de seu irmão em 1888. carreira, ele adquiriu a fama de ser um
O título era O Mercador da Morte experimental criterioso com muita ex-
está morto onde se lia Dr. Alfred periencia no laboratório. Sua jornada
Nobel, que cou rico encontrando ma- acadêmica foi bastante movimentada:
neiras para matar mais pessoas mais lecionou em diversos lugares da Eu-
rápido do que nunca antes, morreu on- ropa até o m de sua vida, mas a sua
tem, isso, supostamente, abalou a mo- descoberta mais importante, a qual lhe
ral e a imagem do inventor. garantiu a fama, foi feita na Univer-
Nobel é uma gura controversa e sidade de Würzburg, Bavária, em um
brilhante que inventou poderosas ar- quarto escuro no entardecer de 8 de
mas de guerra mas também fundou Novembro de 1895.
e nanciou o prêmio mais prestigi-
oso concedido àqueles que prestaram
grandes serviços à humanidade, cuja
a medalha estampa seu rosto até hoje
(Figura 1).

O Primeiro Laureado na Física


Após disputas jurídicas, o prêmio foi
de fato criado e, nalmente, em 1901,
as primeiras laúreas foram concedidas.
Wilhelm Conrad Röntgen (Figura 2)
Figura 2: Roentgen frente a um Raio X de uma
foi laureado com o Nobel de Física de mão.
1901 em reconhecimento a seus extra-
ordinários serviços prestados através Um Incidente Iluminador
da descoberta dos notáveis raios sub- Röntgen, interessado pelo trabalho
sequentemente nomeados em sua ho- de Hertz e seu assistente Lenard sobre
menagem. raios catódicos, produziu vários expe-
Röntgen nasceu na Alemanha em erimentos com tubos desses raios (Fi-

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PRÊMIO NOBEL

gura 3) para analisar tal fenômeno. O em uma das extremidades do tubo e a


tubo consiste em uma câmara fechada sala estava completamente escura.
com vácuo parcial onde, em cada ex- Frente a esse estranho fenômeno,
tremidade, há um eletrodo (um cátodo Röntgen cou recluso por meses, dor-
e um ânodo, respectivamente os pólos mindo e até fazendo suas refeições den-
positivos e negativos do sistema), po- tro do laboratório para estudar, anal,
dendo ser colocada uma amostra de ao que tudo indicava, ele havia desco-
prova no meio. Quando o sistema é berto um tipo de raio invisível que era
exposto à altas voltagens, são observa- capaz de ultrapassar certos materiais.
dos os raios catódicos como se estives- Devido ao mistério envolvido, chamou-
sem sendo disparados do cátodo para o se de Raios X  o X como em uma
ânodo. Tal princípio seria usado mais incógnita matemática.
tarde para a reprodução de imagens, Meses depois ele publicaria, num ar-
culminando nos primeiros monitores tigo, seus achados, caracterizando essa
de TV. misteriosa nova forma de energia, ga-
rantindo sua fama. De fato, ele foi
a primeira pessoa a observar e estu-
dar extensamente a parte do espectro
eletromagnético (como seria caracteri-
zada mais tarde) que chamamos hoje
de Raios X, consagrando seu nome na
história da ciência.

Sobre um Novo Tipo de Raios


Em seu artigo, Röntgen relata uma
grande variedade de materiais em que
os graus de penetração desses raios te-
riam diferentes intensidades: ultrapas-
savam papel e madeira com facilidade,
mas eram completamente bloqueados

Figura 3: Tubo de Crookes, modelo com o qual


por chumbo, por exemplo. Isso era
Röntgen relata ter feito a descoberta. notado quando se colocava a mão em
frente à fonte: os ossos projetavam

Em um dos experimentos, o tubo foi uma sombra escura e o resto da mão

tampado com uma camada de pape- uma penumbra muito mais clara.

lão escura e Röntgen então notou que Outra observação providencial feita

uma das placas que estava preparada por ele foi a de que os raios afetavam

ao lado do tubo começou a uores- placas fotográcas da mesma forma

cer como se estivesse sendo iluminada, que a luz, podendo registrar seus acha-

algo que não era possível, uma vez que dos, ele chamou sua esposa e fê-la car,

os raios catódicos estavam connados por 15 minutos, parada em frente ao

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PRÊMIO NOBEL

tubo. O resultado foi o primeiro raio trabalhos explicando os mecanismos fí-


X médico (Figura 4), eu vi a morte! sicos foram temas de seus próprios No-
exclamou Bertha. Até então, ossos só bel.
eram vistos em esqueletos. Röntgen teve sorte, pois foi um dos
As aplicações comerciais da inven- primeiros a experimentar com elemen-
ção de Röntgen foram logo notadas tos um pouco mais pesados, os quais,
mas, frente à possibilidade de paten- naquelas condições, são muito mais
tear a ideia, ele disse "meus achados e ecazes na produção de Raios X de-
descobertas pertencem à comunidade, vido a seu elevado número atômico.
e não devem pertencer a um proprietá-
rio através de uma patente e licença." Os Raios X
É de conhecimento geral a revolução
que os Raios X foram na área médica:
a partir daquele momento era possível
ver dentro do corpo humano sem a ne-
cessidade de uma cirurgia. Logo após
a publicação do artigo, aoraram, por
todo o mundo, criações de máquinas
de Raio X.
Hoje, sabe-se que os Raios X são
radiação eletromagnética com compri-
mento de onda entre 0, 01 e 10 nanô-
metros, um comprimento mais curto
que os raios UV, mas ainda mais longo
que os raios gama, e, apesar de se-
Figura 4: A mão de Anna Bertha Ludwig, o pri- rem menos energéticos que a radiação
meiro raio-X médico.
gama, a longa exposição é nociva de
formas semelhantes.
Além dos usos médicos, os Raios X
têm outras aplicações, como a Cris-
A partir do trabalho de Röntgen,
talograa, método que consegue de-
com os mesmos tubos de raios catódi-
terminar com precisão a estrutura de
cos Thomson descobriria que os os fei-
cristais. Atualmente, existem diversos
xes são formados por elétrons (pois o
telescópios espaciais e terrestres var-
feixe se curva quando exposto a ímãs),
rendo o céu em busca de sinais de
sendo a iridescência causada pela coli-
Raios X, pois estes são liberados em
são dessas subpartículas, o que produ-
eventos muito energéticos, como as su-
ziria luz em uma variedade de espec-
pernovas estelares.
tros incluindo o de Raios X, esse fenô-
meno seria mais tarde explicado com o
avanço do modelo atômico, todos esses Escrito por: Alexandre Alabora

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ASTRONOMIA

Uma Aventura na História


da Astronomia: Antigui-
dade Clássica
Os pilares da Astronomia
consolidaram-se na Grécia e Roma
Antigas, quando buscava-se explicar
os fenômenos celestes a partir de
um ângulo losóco da ciência e da
natureza.

Desenvolvimento da Astronomia
na Grécia Antiga: uma nova vi-
são de estudo
Com o passar do tempo, a percepção
do céu tornou-se mais complexa. Não
bastava conhecer o movimento apa-
rente dos objetos, era preciso enten-
der melhor como isso acontecia. Fo-
ram criados, então, novos equipamen-
tos que facilitariam a observação (ver
Figura 5) e também a possibilidade de
novas descobertas. Assim surgia a as-
tronomia antiga, que evoluiu por meio
dos babilônios e egípcios e, posterior-
mente, pelos antigos gregos.
Mesmo depois dos conhecimentos
conquistados na antiga Grécia, a Terra
era considerada o centro do universo
e o sistema astronômico aceito era o
Geocêntrico. Alguns lósofos gregos
não consideravam mais que a natureza
fosse regida por deuses e sim que ela
obedecia suas próprias leis.

9
ASTRONOMIA

Claudius Ptolemaeus, ou, somente,


Ptolomeu (85-165 d.e.C.), foi o último
astrônomo de relevância da Antigui-
dade Clássica. Ele produziu uma co-
letânea de treze livros, os quais foram
compilados em uma única obra poste-
riormente: a mundialmente famosa e

Figura 5: Retrato de Hiparco. Representação conhecida Almagesto (ver Figura 6).


ilustrada de Hiparco observando o céu de Ale-
xandria.

Os astrônomos que se destacaram


na Grécia Antiga
Tales de Mileto (624-546 a.e.C.) foi
o precursor da geometria e da astro-
nomia na Grécia e seus conhecimen-
tos foram fundamentados em escritos
Figura 6: Foto de uma passagem da tradução
trazidos do Egito. Mileto supôs que
latina de George Trebizond (1451 d.e.C) da co-
a Terra fosse um disco plano em uma letânea do Almagesto.
vasta extensão de água.
Pitágoras de Samos (572-497 a.e.C.) Esse compilado é denominado, na
é um dos matemáticos mais conhecidos Grécia, a maior fonte de saber de As-
até hoje. Sua contribuição para astro- tronomia.
nomia foi ser o primeiro a apontar a Hiparco de Nicéia (160-125 a.e.C.),
existência da esfericidade da Terra, da evidenciado na Figura 7 (ao lado), é
Lua e também dos outros corpos celes- considerado o maior astrônomo da era
tes. Pitágoras foi o primeiro a denomi- pré-cristã e o destaque entre todos os
nar o céu como cosmos. astrônomos da Grécia Antiga. Cons-
Aristóteles de Estagira (384-322 truiu um observatório na Ilha de Ro-
a.e.C.) é um dos grandes nomes da des, onde passou sua vida inteira pes-
matemática, astronomia, losoa e al- quisando.
gumas outras áreas do conhecimento.
Ele esclareceu sobre as fases da lua de-
penderem de quanto a face da lua es-
taria sendo iluminada pelo Sol. Ade-
mais, elucidou sobre os eclipses, dife-
renciando o que ocorre em eclipses so-
lares e lunares. Aristóteles usou de
experimentos e observações para ar-
gumentar a favor da esfericidade da
Figura 7: Busto de Hiparco.
Terra.

10
ASTRONOMIA

O fruto desse trabalho foi a compi-


lação de um catálogo com a posição
no céu e a magnitude de mais de 850
estrelas. Tal magnitude especicava
o brilho das estrelas, o qual era divi-
dido em seis categorias sendo 1 a mais
brilhante e 6 a mais fraca aparente a
olho nu. Algo que, atualmente, o es-
tudo da Fotometria, mostrado na Fi-
Figura 9: Equipamentos astronômicos rudimen-
gura 8, consegue categorizar e explicar tares. À esquerda a Esfera Armilar e à direita o

com mais exatidão. Astrolábio.

Os caminhos da Astronomia no
Império Romano
Em contraste com a Grécia, onde o
anseio pelo saber era mais abstrato e
tinha seu próprio direito à existência,
os romanos apresentavam uma dispo-
sição mais prática do uso da ciência.
Muitas áreas nas quais os roma-
Figura 8: Comparação do brilho da estrela Si-
nos executaram considerável realiza-
rius a partir de dois processos distintos. Imagens
obtidas com o telescópio de raio-X do satélite ções foram na parte de arquitetura ou
Chandra. arte da engenharia, como por exem-
plo. No entanto, não signica que os
pensadores do Império Romano não
demonstravam nenhum interesse pela
Hiparco inferiu corretamente a dire- astronomia. Mas, com esse enfoque na
ção dos pólos celestes e até mesmo a parte arquitetônica, os romanos aca-
precessão luni-solar  variação da dire- baram acrescentando pouco a ela. Seu
ção do eixo de rotação da Terra devido saber se apoiava, comumente, nos en-
à inuência gravitacional da Lua e do sinamentos dos gregos e egípcios.
Sol, um movimento que leva vinte e Os sábios romanos escreviam poe-
seis mil anos para completar um ciclo. mas muito didáticos, que transmitiam
Hiparco também determinou a dura- o saber das ciências naturais com pa-
ção do ano e com uma pequena mar- lavras simples, ao invés de escritos re-
gem de erro de apenas 6 minutos. buscados, o que era muito apreciado.
Curiosidade: Hiparco foi o primeiro
astrônomo ocidental a compilar um ca- O Calendário Romano
tálogo de estrelas. Ele parece ter sido A mitologia romana é responsável
o inventor do astrolábio e da popular por dar nome à maior parte dos oito
esfera armilar, expostos na Figura 9. planetas no Sistema Solar. Eles conce-

11
ASTRONOMIA

deram os nomes de deuses e deusas ro- nagem ao deus da guerra, que era
manos aos cinco planetas que podem Marte, o mês de março era conhecido
ser vistos no céu noturno a olho nu. Os como Martius.
conhecimentos astronômicos permiti- Por abril ser caracterizado como um
ram que, no tempo de César (em 46 despertar da natureza, daí vem sua
a.e.C.), fosse elaborado um novo ca- relação entre abril e abrir/despertar.
lendário  o calendário Juliano  (ver O mês era denominado Aprillis.
Figura 10) que sobreviveu até os ns O mês de maio foi nomeado as-
do século 16. sim em consagração ao deus do cres-
cimento Jupiter Maius. Seu nome foi
simplicado apenas para Maius. O
mês de junho foi assim agraciado por
representar o deus Juno. Seu nome no
antigo calendário era designado como
Junius.
Em prestígio ao imperador, Caio Jú-
lio César, que instaurou o calendário,
Figura 10: O Calendário Juliano continha 365
dias e era dividido em 12 meses, mas com uma o mês de julho foi assim denominado.
variação desigual em dias para cada mês. Apesar disso, o mesmo tinha um nome
um pouco diferente, era chamado de

Posteriormente, o calendário juliano Quintilis.


foi substituído pelo gregoriano. Este Já o último mês com signicado es-

calendário não é muito diferente do pecial, agosto, foi nomeado em home-

Juliano, mas foi adotado depois de nagem a um segundo imperador, Caio

astrônomos descobrirem algumas in- Otávio Augustus. O mês era conhe-

certezas no calendário romano. cido como Sextilis.


Os demais, ou seja, setembro, ou-

Atribuição dos nomes dos meses tubro, novembro e dezembro, não ti-

e seus signicados nham um signicado especial aparente

A partir da implementação do ca- e também não eram associados a al-

lendário Juliano, o ano começou a da- guma divindade como os outros.

tar de 1 de Janeiro. Esse nome para


janeiro se originou a partir do antigo
Aqueles que têm alguma coisa para
deus itálico Janus ou Januarius
vender, aqueles que desejam inuen-
O mês de fevereiro é considerado o
ciar a opinião pública, aqueles que es-
Mês de Puricação e era, original-
tão no poder, diria um cético, têm um
mente, o último mês do calendário ro-
interesse pessoal em desencorajar o ce-
mano. Era denominado como Februa-
ticismo - Carl Sagan.
rius.
Batizado com esse nome em home- Escrito por: Victoria Gonzaga

12
BURACOS NEGROS

O Que Diabos são Buracos Negros?


A recente fotograa de um suposto
buraco negro foi um grande passo para
a ciência e atiçou ainda mais a curi-
osidade dos entusiastas sobre tal tó-
pico. Com tanta repercussão, o News-
ton simplesmente não poderia deixar
de falar a respeito do tema. Aqui serão
introduzidos alguns conceitos de rela-
tividade para entender melhor do que
Figura 11: Na Relatividade Restrita, um obser-
se trata um buraco negro, enquanto a
vador O0 em movimento em relação a um obser-
forma como foi feita a fotograa será
vador O parado com relação a barra discordam
descrita no texto "O Primeiro Registro de suas medidas. Tal resultado não se aplica
para uma barra perpendicular ao movimento de
Direto de um Buraco Negro".
O0 , apenas na mesma direção.
Os objetos conhecidos como bura-
cos negros foram previstos pela Teo-
ria da Relatividade de Albert Einstein, Os referenciais da Relatividade Res-
a qual é dividida em duas: Relativi- trita, são chamados de inerciais.
dade Restrita e Relatividade Geral. A Einstein desejava construir uma teo-
primeira apenas descreve mudanças de ria válida para qualquer referencial, e
referenciais (formas de se medir algo) para o próximo passo seria necessário
que se movem a uma velocidade cons- incluir os acelerados, com velocidade
tante uns dos outros, enquanto a outra variante. Em um primeiro momento,
inclui referenciais mais gerais e tam- isto não parece ter nada a ver com gra-
bém descreve a gravidade. vidade, não é mesmo?
Aqui não temos espaço para de- No artigo onde desenvolve tais
monstrar com detalhes (ver [37], caso ideias, Einstein enuncia o que é co-
tenha maior interesse), mas uma das nhecido como Princípio da Equiva-
implicações da Relatividade Restrita é lência. Para entendê-lo, imagine que
que intervalos de tempo e espaço têm você se encontra dentro de um ele-
suas medidas alteradas quando ocorre vador. Quando ele sobe, já reparou
uma mudança de referencial. Ima- que sentimos um "puxão"para baixo?
gine um observador que se desloca com Tal sensação é um efeito do referen-
certa velocidade de na mesma dire- cial acelerado que nos encontramos,
ção de uma barra de comprimento L sendo chamado de "força ctícia", pois
quando medida por um observador pa- não é possível detectar o agente cau-
rado em relação a ela. Se o segundo sador desta. Quem causa tal puxão?
observador medir a barra enquanto em Quando um carro para bruscamente,
movimento, obterá um resultado L0 quem exerce a força que "joga"os pas-
menor que o original. sageiros para frente? Onde estão as

13
BURACOS NEGROS

o
reações de tais forças, como diz a 3
Lei de Newton? Fp = −mg.
A existência de forças ctícias foi
Observe que, se a aceleração a do re-
um grande problema para a Mecânica
ferencial for exatamente a mesma da
o
Newtoniana, pois realmente viola a 3
o
aceleração da gravidade g , as duas for-
Lei. Além disso a 1 Lei não é válida
ças seriam exatamente iguais. Dessa
em um referencial acelerado, que é cha-
forma, se estivermos em um elevador
mado de não-inercial. Tais efeitos de
fechado e sentirmos uma força F =
"puxão", quando vistos de fora, por
−mg , não é possível dizer se estamos
um referencial inercial, podem ser ex-
em um referencial acelerado, ou em
plicados com inércia, a tendência dos
queda livre sob efeito da força peso.
corpos de manterem seu movimento,
Assim, o Princípio da Equivalência de
mas permanece a dúvida: por que os
Einstein pode ser enunciado como:
referenciais inerciais deveriam ser es-
peciais? Por que as leis da física deve-
"É impossível distinguir um re-
riam ser válidas somente para estes?
ferencial acelerado de um campo
Se um referencial possuir uma ace-
gravitacional uniforme."
Uma vez que não podemos diferen-
leração a com relação a um outro,
ciar as duas situações, não é possível
a força ctícia sobre um objeto será
3 diferenciar a gravidade de uma força
dada por :
ctícia. Segue que as duas possuem
mesma natureza, e pode-se concluir
Ff = −ma,
que a gravidade, na verdade, é tam-
bém uma força ctícia, algo que senti-
sendo proporcional à massa inercial
mos como se fosse uma força de inte-
deste. Tal característica por si só é es-
ração entre objetos, mas não é.
tranha para a Mecânica Newtoniana,
pois a massa atua como uma resistên-
cia ao movimento por parte dos cor-
pos. Como pode algo que causa o mo-
vimento (uma força) ser proporcional
à característica que o inibe?
Um fato experimental bem conhe-
cido é que os valores das massas iner-
ciais (resistência ao movimento) e das
gravitacionais (que causa a força gra-
vitacional) são os mesmos, com exce- Figura 12: Dois observadores posicionados em
elevadores. O da esquerda se encontra acelerado
lente precisão. Dessa forma, a carac-
para cima, enquanto o outro está em queda livre.
terística de ser proporcional à massa
Não há experimento que possa ser feito dentro
inercial pertence também à força peso do elevador capaz de diferenciar as duas situa-
ções. (retirado de [39]).
de nosso cotidiano:

14
BURACOS NEGROS

No artigo em que desenvolve a Re- circunferência, bem conhecido da Geo-


latividade Geral, para analisar os efei- metria Euclidiana (a que costumamos
tos que a Relatividade Restrita teria usar), enquanto o observador em movi-
em um referencial não-inercial, Eins- mento mede uma circunferência de di-
tein sugere imaginar um objeto reali- âmetro menor que tal valor, mas com
zando um movimento sobre uma cir- o mesmo raio. Ou seja, a relação para
cunferência (ver Figura 13). o diâmetro da circunferência já não é
mais válida!
Como tal relação é uma das con-
sequências fundamentais da Geome-
tria Euclidiana, Einstein supõe que,
para trabalhar com referenciais acele-
rados (e com campos gravitacionais),
terá de utilizar uma geometria dife-
rente da Euclidiana. Por sorte, cerca
de 50 anos antes, Riemann já havia cri-
ado a base matemática necessária para
tal, a qual Einstein estudou para for-
Figura 13: Imagine um objeto se movendo so- malizar sua teoria.
bre a circunferência com velocidade constante.
Como é a forma que ele vê o espaço segundo a
relatividade?

Neste caso, como a direção da ve-


locidade muda durante o movimento,
este é classicado como acelerado,
e consequentemente seu referencial é
não-inercial.
Como já foi citado, se o observador
Figura 14: À esquerda Albert Einstein, criador
em movimento tentar medir o tama-
da teoria da relatividade, e a direita Bernhard
nho da circunferência, o resultado será Riemann, o qual deniu a geometria para espa-
menor que o obtido por um parado em ços curvos. Fonte: Wikipédia

relação a ela. Entretanto, a contração


do espaço não se aplica a comprimen- Os espaços imaginados por Riemann
tos perpendiculares ao movimento, e eram curvos, e tal curvatura é repre-
o raio da circunferência é perpendicu- sentada por um objeto chamado Ten-
lar a ela em todos os pontos, ou seja, sor de Riemann . Com tal objeto,
os observadores concordarão no valor é possível construir um outro, conhe-
do raio, mas discordarão a respeito do cido como Tensor de Einstein (Gµν ),
comprimento. que fornece a curvatura, mas de forma
O observador parado medirá 2πr, mais simplicada. Entenda por "ten-
que é o valor do comprimento de uma sor"um objeto que resume mais de

15
BURACOS NEGROS

uma informação. Um número possui vendo sobre uma esfera. Ao andar so-
apenas uma informação, a de quanti- bre tal superfície, o percurso realizado
dade, enquanto um vetor possui tama- certamente não foi uma linha reta, e
nho, sentido e direção, totalizando três o cálculo da distância percorrida será
informações. Um tensor seria um ob- feito de forma diferente da que esta-
jeto com mais informações do que um mos acostumados, exigindo uma mé-
vetor, as quais também podem por ve- trica diferente da nossa. O ser em
zes ser ainda mais abstratas. questão não consegue enxergar a cur-
Einstein então formulou sua teoria vatura de seu espaço, por ser muito pe-
igualando o tensor Gµν a um outro queno. O que Einstein propõe é que o
tensor(Tµν ) que resume as informa- mesmo ocorre conosco: nosso mundo
ções das coisas que podem gerar um é curvo em 4D (três dimensões de es-
campo gravitacional ou uma acelera- paço e uma de tempo), mas não con-
ção, que são: massa, energia, mo- seguimos enxergar a curvatura, apenas
mento, momento angular, campos elé- podemos medir seus efeitos, que são o
tricos e magnéticos, sendo estas todas que denominamos por gravidade.
propriedades da matéria. A equação
nal ca:

Gµν = KTµν ,

com K sendo um número constante


dependente de parâmetros da natu-
reza, como a velocidade da luz. A
equação anterior deve ser entendida
como "O que varia o campo gravitaci-
Figura 15: Trajetórias sobre uma superfície es-
onal são as propriedades da matéria". férica. Perceba como as linhas são curvas, não
A forma mais comum de se traba- permitindo aplicar o Teorema de Pitágoras para
calcular distâncias. Além disso, sobre uma es-
lhar, entretanto, é reescrevendo a ex-
fera, a soma dos ângulos internos de um triân-
pressão em função de um objeto gµν o
gulo é maior que 180 , pois a geometria é dife-
conhecido como uma "métrica", a qual rente da nossa.

é uma forma de calcular distância para


dimensões com propriedades diferen- Se forem dadas as propriedades da
tes das nossas. Deve-se notar que matéria (Tµν ) em uma região, as equa-
a métrica depende de um sistema de ções de campo de Einstein possuem
coordenadas: podemos calcular uma como soluções as métricas do espaço-
mesma distância de diferentes formas tempo em um dado sistema de coorde-
em nosso mundo "plano", mas o resul- nadas. Em seguida, tais métricas po-
tado nal deve ser o mesmo, indepen- dem ser aplicadas em outra a uma ou-
dente das coordenadas escolhidas. tra relação chamada Equação da Geo-
Imagine, por exemplo, um ser se mo- désica, que fornece a curva (geodésica)

16
BURACOS NEGROS

no espaço curvo que o objeto irá seguir


por inuência do campo gravitacional.
Os pontos conhecidos como singu-
laridades são os locais onde há algum
"problema"com a métrica. Aqui "pro-
blema"signica uma operação mate-
mática que não faz sentido. Como Figura 16: Gráco para a relação entre um nú-
1
mero x(eixo horizontal) e seu inverso x (eixo ver-
exemplo, temos a divisão por 0 de um
tical). Observe que a função tem um "pro-
x não nulo: blema"no ponto x = 0, possuindo um compor-
tamento estranho ao redor de tal ponto.

x Os buracos negros podem ser enten-


=?
0 didos como as regiões próximas a sin-
gularidades da métrica. Vamos ana-
lisar a solução métrica para o campo
Isso ocorre porque não há número gravitacional de uma estrela simples,
que y , se multiplicado por zero, resulte a qual já é capaz de prever as equa-
em um número diferente de zero, pois ções de movimento dos planetas do sis-
y×0 = 0 para todo número y . Quando tema solar. Quando usada para calcu-
um gráco se aproxima de um ponto lar uma distância muito pequena ds,
com um "problema"desses, seu com- ela possui a forma
portamento normalmente é estranho.
2GM
Tome por exemplo a uma relação ds2 = (1 − 2 )c2 dt2 +
que fornece o inverso de um número x, cr
r
1 1 +( )dr2 + r2 gΩ .
x . Sabemos que 0 não existe, mas va- 2GM
r − c2
mos analisar o comportamento perto
desse ponto. Perceba que, se o número Aqui s é a distância estudada, t é o
cresce, o valor se torna cada vez me- tempo, r é a distância ao centro do
nor, aproximando-se de 0. Porém, se corpo que gera o campo gravitacional
o número diminui, o valor do inverso e gΩ apenas simplica uma parte que
cresce cada vez mais, aproximando-se não estamos interessados no momento.
do innito. O oposto ocorre para si- Deve-se observar que o campo gravi-
nais negativos, e vê-se que, em torno tacional de uma estrela só ocorre fora
do ponto 0, o gráco ca desconectado, dela, portanto, para astros de tama-
e aparentemente dá um pulo do in- nho r maior que os valores analisados a
nito negativo até o innito positivo. seguir, não são observadas singularida-
Além disso, se imaginarmos um ser des. O problema ocorre quando uma
que se move na curva da direita, pode- estrela perde muita energia e encolhe
se observar que ele nunca atingirá a para tais comprimentos, tornando pos-
parte esquerda da curva, pois as duas sível observar os fenômenos clássicos
partes não se conectam em x = 0. de um buraco negro.

17
BURACOS NEGROS

Prosseguindo a análise, repare que, ocorre porque a geometria da região


2GM
se r = rs = c2 , temos uma divisão é alterada de tal forma que todas as
por zero no segundo termo, algo que curvas possíveis para um objeto seguir
não existe, o que torna tal ponto um resultam na singularidade do centro,
candidato a uma singularidade. En- sendo impossível tomar uma curva que
tretanto, na verdade, o problema apa- o leve para "fora".
rente do segundo termo ocorre apenas Dessa forma, um buraco negro não
para tal sistema de coordenadas, po- é apenas a singularidade em seu cen-
dendo ser "consertado"ao mudar o re- tro, mas sim a região com compor-
ferencial. Isso se encontra relacionado tamento "estranho"observada em seus
ao seguinte fato: um observador pa- entornos, devido ao "problema"com o
rado que vê um objeto se aproximar espaço-tempo no centro. Tal conceito
de um ponto para o qual r = rs ob- é realmente estranho, e difícil de en-
serva que ele leva um tempo innito tender e se aceitar. Como pode o pró-
para atravessar tal ponto. Porém, mu- prio espaço-tempo se comportar dessa
dando para o referencial do objeto em maneira, e o que signica ele "não es-
questão, o tempo previsto é nito, o tar denido"no centro? Foram per-
que por si só já é algo estranhíssimo guntas como esta que levaram o pró-
para nosso senso comum. prio Einstein a duvidar da existência
A situação já é diferente para o cen- de buracos negros quando apareceram
tro do corpo(onde r = 0), que gera nas soluções de suas equações, acredi-
uma divisão por 0 no primeiro termo. tando se tratar apenas de ideias mate-
Pode-se demonstrar que tal singulari- máticas que não representariam fenô-
dade independe do sistema de coorde- menos físicos verdadeiros.
nadas, e espera-se um comportamento Independente do quão estranho isso
estranho para a métrica (e portanto tudo possa parecer, a natureza não
a geometria do espaço-tempo) nas re- tem a obrigação de fazer sentido para
giões próximas a ela. nossas mentes, que talvez não sejam
Para um buraco negro, ocorre um complexas o suciente para compreen-
1
fenômeno parecido com o da função : der todo o universo. A fotograa reti-
x
duas partes do espaço-tempo se encon- rada é mais um passo no entendimento
tram "desconectadas"entre si e o que dos buracos negros, objetos que ainda
dene a região de desonexão são os se encontram extremamente distantes
pontos onde r = rs , sendo tal conjunto de nós, e portanto difíceis de ser estu-
chamado de horizonte de eventos. dados. A teoria por si só é complicada,
Entretanto, a situação é um pouco mas igualmente complexo é o método
mais bizarra: na verdade, um objeto utilizado para obter a fotograa, que
pode de fato entrar no buraco negro, se encontra descrito no texto "O Pri-
passando do horizonte de evento. Po- meiro Registro Direto de um Buraco
rém, um objeto contido na parte "de Negro".
dentro"jamais poderá sair de lá. Isso Escrito por: Luiz Felipe Demétrio

18
BURACOS NEGROS

O Primeiro Registro Direto de um Buraco Negro

Figura 17: O buraco negro Gargantua do lme Interestelar (2014), feito por simulações de computador,
com ajuda do físico Kip Thorne é considerada uma das mais dedignas representações de um buraco
negro segundo a teoria.

Buracos negros são objetos bizarros Frente a essa importância, cientistas


e misteriosos que, por muito tempo, do mundo todo têm procurado estudar
foram considerados somente uma con- tal fenômeno físico de diversas manei-
sequência esdrúxula de certas equa- ras. Os teóricos tentam imaginar como
ções, a ideia de um ponto innita- o espaço se comporta dentro e fora dos
mente denso no espaço (a chamada buracos, inclusive criando extensivas
singularidade) de onde nem a luz es- simulações, já os astrônomos detectam
caparia seria uma impossibilidade fí- pistas da existência deles por todo o
sica. Na medida que a física e a as- Universo e os experimentais criam os
tronomia avançaram, tornou-se difícil métodos e as ferramentas para detec-
excluir essa ideia, uma vez que a teo- tar a presença desses corpos celestes.
ria e os dados observacionais apontam Apesar disso tudo, um Buraco Ne-
para a existência de tais entidades. gro nunca foi registrado diretamente,
Na singularidade de um buraco ne- uma ideia contraintuitiva, pois uma
gro, a Relatividade Geral  teoria vi- das características do buraco negro é
gente para a gravidade  a física como não emitir nenhuma luz, mas a sua
a conhecemos deixa de funcionar e inuência em sua vizinhança imediata
muitos especulam com razão que, pro- poderia ser observada revelando a si-
tegidos pelo horizonte de eventos, es- lhueta escura do horizonte de even-
tão os fatos que revelariam os segredos tos. A teoria os prevê e a observa-
da realidade, como a unicação da fí- ção aponta fortemente que eles estão
sica e a origem e evolução do Universo. lá, mas até então não tínhamos reso-

19
BURACOS NEGROS

lução suciente para olhar e registrar


diretamente um buraco negro, pois, A Física Teórica dos Buracos
mesmo sendo tão massivos e energéti- A especulação sobre os buracos ne-
cos, eles estão muito longe de nós, até gros se iniciou em 1784 com John Mi-
que chegou o 10 de Abril de 2019.. chell, sua ideia era a de uma estrela
Em um dia histórico para a ciên- tão grande cuja a velocidade de es-
cia, 7 artigos foram publicados na re- cape (velocidade necessária para sair
vista The Astrophysical Journal Let- da órbita de um corpo, como um fo-
ters mostrando a primeira foto de um guete saindo da órbita da Terra) seria
buraco negro e relatando todos os as- maior ou igual a da velocidade da luz,
pectos técnicos para tal observação. dessa forma os raios de luz emitidos
Foram assinados pela The Event Ho- pela estrela diminuiriam de velocidade
rizon Telescope Collaboration (EHT) até que "cairiam"em queda livre nova-
([47, 48, 49, 50, 51, 52]), instituição mente para a superfície da estrela. Mi-
fruto da colaboração de várias insti- chell chamou o objeto de Estrela Ne-
tuições e centenas de cientistas pelo gra. A ideia entusiasmou cientistas da
mundo, que, num esforço global con- época, mas logo caiu por terra com o
seguiram capturar essa imagem e, no desenvolvimento do eletromagnetismo,
mesmo dia da publicação, zeram uma já que a natureza de onda sem massa
conferência para o mundo todo deta- da luz não indicava que ela seria afe-
lhando os trabalhos, revelando o até tada pela gravidade.
então nunca visto. Em 1915, Albert Einstein desenvol-
A especulação sobre os buracos ne- veu a teoria da Relatividade Geral,
gros se iniciou em 1784 com John Mi- armando que a luz é afetada pela gra-
chell, sua ideia era a de uma estrela vidade, não como uma atração entre
tão grande cuja a velocidade de es- massas, mas sim como um desvio cau-
cape (velocidade necessária para sair sado por uma deformação no próprio
da órbita de um corpo, como um fo- espaço, ou seja, o caminho pelo qual
guete saindo da órbita da Terra) seria o raio de luz passaria em linha reta
maior ou igual a da velocidade da luz, agora está curvo. Einstein nunca con-
dessa forma os raios de luz emitidos siderou os buracos negros como uma
pela estrela diminuiriam de velocidade ideia válida, ele via as singularidades
até que "cairiam"em queda livre no- que apareciam em suas equações como
vamente para a superfície da estrela. impossibilidades e que haveriam meca-
Michell chamou o objeto de Estrela nismos físicos desconhecidos que impe-
Negra. A ideia entusiasmou cientis- diriam tais eventos.
tas da época, mas logo caiu por terra Logo após a publicação da Relati-
com o desenvolvimento do eletromag- vidade Geral, Karl Schwarzschild pro-
netismo, já que a natureza de onda duziu a primeira solução exata das
sem massa da luz não indicava que ela equações para um corpo esférico muito
seria afetada pela gravidade. denso. Um de seus resultados é o agora

20
BURACOS NEGROS

chamado "Raio de Schwarzschild", o Devido à sua própria natureza, bu-


qual descreve precisamente onde ca o racos negros não emitem nenhum tipo
horizonte de eventos para um corpo in- de radiação, de forma que sua detecção
nitamente denso, sendo esse a região normalmente é feita de maneira indi-
de onde nem a luz conseguiria escapar. reta. Os astrônomos usam de várias
As equações permitiam a existência aproximações para encontrar os sinais
de buracos negros, mas haveria a ocor- desses objetos.
rência deles naturalmente? Eles se-
riam criados por algum evento pode-
roso o suciente ou existiriam desde
os primórdios do Universo? Essas per-
guntas foram respondidas com a evolu-
ção das teorias sobre síntese e evolução
estelar.
Estudando as estrelas, foi entendido
que estas mantêm sua forma por meio
de um equilíbrio causado pela gra- Figura 18: Representação da órbita das estrelas
mais próximas a Sagittarius A*, o buraco negro
vidade em contraponto à energia li-
no centro da nossa galáxia, ao centro em azul a
berada pela fusão nuclear que ocorre
sua localização.
graças à extrema pressão, sendo isso
o que a impede de colapsar. Durante
No centro de nossa própria galá-
esse processo, são produzidos elemen-
xia, a Via Láctea, um conjunto de es-
tos cada vez mais pesados, até que se
trelas foi observado durante décadas
chega em um elemento pesado o suci-
(desde 1995) e seu movimento indica
ente para que não ocorra mais a fusão
que elas estão em órbita de alguma
nuclear (via de regra o Ferro). Nesse
coisa, mas no centro das órbitas não
ponto, o equilíbrio é quebrado e, de-
é possível identicar nada no espec-
pendendo da massa da estrela, ela terá
tro visível. Tal observação também in-
diferentes destinos: para as estrelas
dica que, para por essas estrelas em ór-
supermassivas, seria supostamente o
bita, seria necessário um objeto absur-
m, pois as camadas exteriores não se-
damente massivo (2,6 milhões de mas-
riam mais sustentadas pela energia da
sas solares), comprimido em um vo-
fusão e colapsariam energeticamente
lume pequeno, condizente com um bu-
comprimindo o núcleo, sendo o resul-
raco negro. Esse corpo misterioso é
tado uma supernova deixando para
chamado de Sagittarius A* pelos cien-
trás uma estrela de nêutrons; ou, se
tistas (Figura 18).
a estrela for grande o suciente, um
Outro fenômeno que acontece e é
buraco negro.
captado são os chamados "raios re-
lativísticos"(Figura 19). Às vezes,
Astronomia e Astrofísica, em detectam-se intensos jatos de raios x
busca dos sinais partindo do centro das galáxias, tais

21
BURACOS NEGROS

eventos são tão energéticos que bri- cos e observacionais, sempre foi grande
lham mais que a própria galáxia. o interesse de registrar um buraco ne-
Acredita-se que esses raios são resulta- gro diretamente, já que isso não só
dos da grande energia produzida nos mostraria indubitavelmente sua exis-
discos de acreção (matéria extrema- tência, como também traria luz sobre o
mente quente rotacionando à velocida- que acontece nas proximidades do ho-
des muito altas) dos buracos negros su- rizonte de eventos. O registro era sim-
permassivos presentes nos centros das plesmente uma impossibilidade tecno-
galáxias. Os mecanismos que resul- lógica, até o planejamento do EHT,
tam no disparo dos raios ainda são des- que tentaria usar uma técnica de in-
conhecidos. As hipóteses são muitas, terferometria para mapear a pequena
mas ainda há poucos dados para con- parte do céu onde está um buraco ne-
rmar uma ou outra. gro.

Figura 20: A rede de estações de radiotelescópios

Figura 19: Raio relativístico saindo da galáxia que compõem o EHT.

elíptica supergigante M87.

A Interferometria de Base Muito


Outra forma de detectar os buracos Longa (VLBI da sigla em inglês) con-
é através das ondas gravitacionais, em siste em utilizar vários telescópios ali-
que dois buracos negros colidindo cau- nhados para cada um observar uma
sariam uma perturbação no próprio parte da região pretendida, dessa
espaço-tempo que poderia ser detec- forma a imagem nal seria a combina-
tada aqui na Terra. A segunda edição ção da imagem captada por todos os
do Newston cobriu o Nobel de 2017 telescópios, como peças montando um
sobre o LIGO e a primeira detecção quebra cabeça, onde a potência virtual
de ondas gravitacionais e aborda esse de todos os telescópios seria a soma
assunto com muito mais detalhes. de todos eles. O objetivo foi reunir
uma rede de radiotelescópios por todo
Event Horizon Telescope o mundo de forma que virtualmente o
Frente a todos esses indícios teóri- EHT equivaleria a um telescópio do ta-

22
BURACOS NEGROS

manho da Terra em si. O esforço resul- camente ele foi usado para desbancar
tou em uma rede com observatórios em a teoria do éter, hoje o LIGO possui
6 pontos do planeta (Arizona e Havaí um de quilômetros para detectar ondas
nos EUA, no próprio Polo Sul, Deserto gravitacionais; ele consiste em um se-
do Atacama no Chile, na Espanha e no parador que separa um feixe de luz em
México) (Figura 20) com uma grande dois braços iguais, esses feixes vão ao
quantidade de radiotelescópios (Figura m do braço e são reetidos à origem
21). novamente, quando recebidos são so-
brepostos e dá interferência resultante
é possível identicar se houve uma mu-
dança no caminho dos feixes, visto que
se os braços tem o mesmo tamanho o
resultado nal deve ser igual ao ini-
cial, uma divergência no caso do LIGO
indicaria uma deformação no espaço.
No caso da VLBI não existe um sepa-
rador de feixe mas existe uma única
fonte de luz sendo detectada por dois
Figura 21: Radiotelescópios no Deserto do Ata-
cama telescópios diferentes, nesse caso a in-
terferência indicaria as correções que
O alvo escolhido foi o centro galá- devem ser feitas tendo em vista que a
tico da Galáxia M87, onde se acredi- luz não atinge todos os telescópios com
tava haver um buraco negro supermas- o mesmo ângulo e no mesmo tempo.
sivo que, devido à direção do raio re- Na astronomia já é uma técnica co-
lativístico na Figura 19, indicaria que nhecida há muito, é prática comum
o disco de acreção estaria paralelo à combinar alguns telescópios em uma
nossa perspectiva. A faixa de espectro distância não muito grande, a inovação
escolhida foi a do rádio, pois seria ca- está justamente na escala em que foi
paz de ultrapassar toda a interferência aplicada (dessa vez global). Ela só não
ao redor do próprio buraco negro e nas é muito utilizada por dois motivos: um
nuvens de poeira no caminho para cá. é o de que para captar uma imagem a
A interferometria é uma técnica calibração e o alinhamento dos teles-
usada em uma ampla variedade cópios devem ser extremamente preci-
de áreas com incontáveis aplicações sos de forma se possa ter certeza que
(desde sismologia até bras ópticas), os resultados captados são reais e se-
ela consiste em sobrepor duas ondas rão montados corretamente, e o ou-
recebidas causando uma interferência, tro é que a quantidade de dados pro-
a partir dessa interferência é possível duzidos em um observação é absurda-
então extrair uma gama enorme de in- mente grande, numa observação com
formações. O uso mais conhecido é um único telescópio o resultado ca
o interferômetro de Michelson, histori- pronto em no máximo algumas noites,

23
BURACOS NEGROS

já em uma observação com vários teles- guinte forma: os cientistas criaram um


cópios combinados são levados meses algorítimo para receber os dados de
e até anos; por um lado a interferome- cada telescópio e designar a que parte
tria trás um aumento enorme na reso- do céu eles pertencem para então cons-
lução, mas por outro demanda muito truir a imagem tapando eventuais bu-
tempo e recursos, sendo a calibração e racos. Basicamente, o algoritmo se-
o tratamento dos dados o verdadeiro ria a máquina que montaria o quebra-
desao. cabeça e saberia se as peças estão posi-
cionadas corretamente. Esse processo
Um Esforço Global de Física é extremamente difícil, com uma in-
Computacional nidade de variáveis envolvidas, como o
Durante quatro noites (a partir do tempo e outros aspectos atmosféricos
dia 11 de abril de 2017), o EHT foi na região de cada observatório a cada
posto para funcionar e, nesse tempo, momento, o tempo que os dados de-
ele produziu uma quantidade de da- moram para percorrer toda a circuita-
dos maior do que o LHC produz em gem das antenas (processo que ocorre
um ano. Tratando-se de uma quanti- próximo da velocidade da luz), toda a
dade gigantesca de informação ela não poeira estelar no caminho da luz até
poderia ser passada através da internet a Terra e até o movimento as placas
da forma usual, os discos rígidos foram tectônicas deveria ser levado em consi-
transportados sicamente de avião e, deração.
no caso da base no Polo Sul, foi um de-
sao devido à chegada do inverno. Du-
rante os próximos dois anos, sem saber
qual seria o resultado ou se os dados
estariam corrompidos, a equipe se de-
bruçou sobre a base de dados de forma
que nalmente foi revelada a primeira
foto de um buraco negro (Figura 22).

Figura 23: As simulações (primeira linha) e vá-


rios métodos de interpretação (linhas subsequen-
tes) feitas pelo time do EHT, nas colunas o
GMRHD é a simulação mais elaborada baseada
na Relatividade Geral, nas linhas o eht-imaging
é o algoritmo nal usado para as medições na
Terra dados os ruídos
Figura 22: A primeira foto de um buraco negro.

Mas como saber se o algoritmo não


O processamento foi feito da se- está enviesado pelo que os pesquisado-

24
BURACOS NEGROS

res esperam dos resultados? Para isso, são esses raios que escapam que pode-
foram feitas muitas e precisas simu- mos ver. Outro aspecto interessante é
lações sobre as condições encontradas notar a irregularidade no brilho desse
nesse buraco negro especíco seguindo anel: a alta velocidade da rotação faz
vários modelos, inclusive o proposto com que a luz sofra efeitos relativísti-
pela Relatividade Geral (que era o es- cos e a parte do anel que gira na nossa
perado), feito isso foram realizados ex- direção aparece mais brilhante.
tensivos testes vericando se o resul- Foram feitas detalhadas simulações
tado dado pelo algoritmo correspondia sobre a aparência de um buraco negro
ao construído na simulação (Figura utilizando a teoria de Einstein, e agora
23). Basicamente foi visto que o al- pode-se conrmar observacionalmente
gorítimo representava a imagem que que essas simulações conferem precisa-
ele estava "vendo"corretamente inde- mente com o visto, sendo esse mais um
pendentemente do modelo e, ao nal teste da teoria em um dos ambientes
dos testes o algoritmo se mostrou al- mais extremos conhecidos.
tamente conável. O trabalho foi demorado e envol-
veu centenas de pessoas e instituições
A Relatividade Geral se Sagra no mundo todo, mas foi o primeiro
Novamente de muitos planejados. As inovações
Somente nessa imagem (Figura 22) nas técnicas de interferometria aumen-
há vários efeitos relativísticos que po- tam exponencialmente a resolução dos
dem ser observados  o próprio fato nossos telescópios, de forma que po-
do anel de luz ao redor do horizonte deríamos enxergar muito mais, não só
de eventos é efeito da curva feita pela no que diz respeito a buracos negros,
luz. Os raios que não são capturados avançando cada vez mais as fronteiras
pelo buraco negro orbitam o horizonte da física.
de eventos e acabam sendo ejetados, e
Escrito por: Alexandre Alabora

25
STEPHEN HAWKING

Stephen Hawking: Principais Obras e Algumas


Curiosidades
Nascido 300 anos depois da morte quisa do Departamento de Matemá-
de Galileu Galilei e morto na data de tica Aplicada e Física Teórica e fun-
aniversário de Isaac Newton, Stephen dou o Centro de Cosmologia Teórica
Hawking foi um físico especializado em da instituição. Considerado um dos
cosmologia teórica e gravidade quân- físicos mais importantes da história,
tica. Aos 17 anos, ganhou uma bolsa recebeu inúmeros prêmios e honrarias,
para estudar Física na Universidade incluindo a Medalha Presidencial da
de Oxford, ao nal da graduação foi Liberdade, a maior condecoração civil
aceito no mestrado na Universidade de dos Estados Unidos. Hawking morreu
Cambridge onde posteriormente tam- em 2018, aos 76 anos, em Cambridge.
bém realizou seu doutorado. Com ape-
nas 21 anos, no início de sua carreira Principais obras
em Cambridge, Hawking foi diagnosti- Em 1973, juntamente com George
cado com Esclerose Lateral Amiotró- Ellis, seu primeiro livro acadêmico foi
ca (ELA), doença degenerativa que lançado: A Estrutura em grande es-
progressivamente enfraquece e paralisa cala do espaço-tempo, que discute
os músculos do corpo porém, ele não a Teoria Geral da Relatividade de
permitiu que a doença fosse um obs- Einstein e suas previsões sobre bura-
táculo e continuou seus estudos. Em cos negros e singularidades no próprio
2014 foi lançado um lme baseado na espaço-tempo.
história de vida de Stephen Hawking, Três anos depois de perder a fala, em
chamado A teoria de tudo, o qual re- 1988, Hawking publicou o livro Uma
trata a sua jornada desde a universi- breve história do tempo, o qual teve
dade até o descobrimento de sua do- mais de 10 milhões de cópias vendidas.
ença e é recomendado para quem quer A obra não é voltada especialmente
saber um pouco mais sobre a vida do para físicos, mas também para leigos
cientista. interessados em ciência. O livro se ini-
Passados alguns anos da descoberta cia com uma explanação sobre a per-
da doença, Hawking contraiu pneumo- cepção que a humanidade tem sobre o
nia e teve que passar por uma traque- universo e como ela foi mudando com
ostomia, perdendo também a fala e, o passar dos séculos. Nele, Hawking
desde então, passou a se comunicar por explica algumas ideias importantes da
um sintetizador de voz. ciência: o que é uma teoria cientíca e
Na Universidade de Cambridge, quais são as duas grandes teorias que
ocupou o cargo de professor lucasi- descrevem o universo hoje  Relativi-
ano emérito durante 30 anos ˘ cargo dade Geral e Mecânica Quântica  de-
que já foi de Isaac Newton ˘ exerceu monstrando o que elas atestam e como
também, o cargo de diretor de pes- os cientistas chegaram em sua formu-

26
STEPHEN HAWKING

lação atual. série de livros infantis que apresentam


Em 1994, Hawking publicou o li- para as crianças as principais ideias
vro Buracos negros, universos bebês da física por meio das aventuras do
e outros ensaios. Segundo o físico, cientista George. Ademais, Hawking
qualquer partícula que entre num bu- foi chamado para participar de al-
raco negro acabará no que chamou de guns programas de TV, como o epi-
universo-bebê. Ou seja, para o nosso sódio Descent, da sexta temporada
espaço-tempo, a partícula deixaria de de Star Trek: The Next Generation,
existir, entraria no domínio de um interpretando seu próprio holograma e
tempo imaginário. Em 2001, Stephen a série The Big Bang Theory, que rece-
Hawking publicou O universo numa beu o astrofísico nos sets de lmagem
casca de noz, um livro cheio de ilus- várias vezes. As animações dos Simp-
trações,fotos e esquemas detalhados sons (Figura 25, a seguir), Family Guy
para mostrar ao leitor comum algu- e Futurama também incluíram o ídolo
mas das grandes descobertas no campo em suas histórias.
da física teórica, como as que apare-
cem na Figura 24. Hawking elucida
temas complexos por meio de concei-
tos e ideias do dia a dia. A frase "O
universo numa casca de noz"vem de
uma frase de Shakespeare: "Eu po-
deria car encerrado numa casca de
noz e considerar-me rei do espaço in-
nito"(Hamlet, ato 2, cena 2).

Figura 25: Homenagem feita a Stephen Hawking


pelo desenho dos Simpsons.

Stephen Hawking foi um eminente


pesquisador com contribuições impor-
tantíssimas em Física Teórica e Ma-
temática Aplicada, além disso contri-
buiu grandemente com a divulgação
cientíca.
Se você pular em um buraco negro,
Figura 24: Páginas do livro O Universo numa
casca de noz. a sua energia de massa vai retornar
para o nosso universo, mas num for-
Fatos curiosos sobre Stephen mato distorcido que contém a infor-
Hawking mação sobre qual era sua aparência,
Hawking escreveu junto com a sua mas em um estado no qual não pode
lha, a jornalista Lucy Hawking, uma ser reconhecido facilmente. É como

27
STEPHEN HAWKING

queimar uma enciclopédia. A infor- oi


mação não se perde, se você mantiver
a fumaça e as cinzas. Mas é difícil de
ler. - Stephen Hawking.

Escrito por: Lara Lampugnani

28
BIOFOTÔNICA

Uma Breve Fundamentação sobre a Biofotônica


No princípio, quando ainda não ha- de protozoários causadores da malá-
via formas de vida, os raios e a luz ul- ria, Raab percebeu que, quando com-
travioleta provenientes do Sol quebra- binada com luz, a acridina era letal
vam as moléculas ricas em hidrogênio para os protozoários. Assim, tendo
presentes na atmosfera da Terra pri- em vista que toda a cultura era des-
mitiva. Consequentemente, seus frag- truída apenas por exposição da acri-
mentos se recombinavam em molécu- dina junto a luz por um determinado
las cada vez mais complexas. A par- tempo, Raab associou, de forma aná-
tir disto, a vida começou a surgir de loga, este fenômeno ao que ocorre no
maneira sutil, ainda frágil, para algo processo de fotossíntese, quando uma
muito mais complexo e estruturado fonte de luz transfere energia ao com-
como nós, seres humanos. Foi exata- posto. Do mesmo modo, quando a luz
mente por ter dado origem à vida que interage com as células do tecido bi-
a luz foi considerada sagrada para os ológico por meio de excitação eletrô-
antigos egípcios, os quais que a associ- nica (fenômeno que será explicado adi-
aram ao deus Rá, deus do sol, além de ante), é possível diagnosticar e tratar
ter sido estudada desde as escolas gre- doenças, além de reduzir a carga viral
gas, passando pelo mundo árabe (en- em órgãos que serão usados em trans-
quanto a Europa era dominada pela plantes [71]. Esta técnica é denomi-
Idade das Trevas), até o presente mo- nada biofotônica e discutiremos breve-
mento. mente sobre ela a seguir.
Não é de hoje que os seres humanos A excitação eletrônica explica em ní-
utilizam a luz como forma de terapia. vel atômico como a luz  que é com-
Há relatos de várias culturas antigas postas por campos elétricos e magné-
que praticavam curas por exposição ao ticos  interage com a matéria  a qual
sol. No entanto, as primeiras observa- é composta por átomos, os quais, por
ções combinando luz visível (pequena sua vez, são constituídos por nuvens de
parte do espectro eletromagnético e a cargas negativas que orbitam seu nú-
mais importante para vida, já que o cleo. Durante a interação entre luz e
sol emite grande parte de sua radiação matéria, o campo elétrico pode pertur-
em luz visível) com substâncias (sendo bar as nuvens eletrônicas, deslocando-
esta técnica denominada terapia foto- as. No processo, as cargas que são
dinâmica) foram realizadas por Oscar deslocadas oscilam e, ao oscilarem, são
Raab, estudante do Pharmacological capazes de retirar energia proveniente
Instituteofthe Ludwig Maximilian Uni- da luz e espalhar por todo o espaço.
versity em Munique,  Alemanha, en- Às vezes, essa energia que é transferida
tre as anos 1897 e 1898. Em suas para a nuvem de cargas é tão intensa
observações sobre o efeito da acridina que muda por completo seu estado ele-
(composto químico) em uma cultura trônico. Este fenômeno é conhecido

29
BIOFOTÔNICA

como espalhamento ressonante. Neste em uma mutação. Por este motivo,


caso, a energia eletromagnética ca ar- devemos evitar exposição diante de ra-
mazenada nessa nova distribuição de diações ionizantes.
cargas. Assim, dizemos que a maté- Ao depositar luz no tecido bioló-
ria está excitada. No entanto, como gico, não apenas deixamos as molé-
essa nova conguração é instável, por culas mais reativas como também po-
mínima que seja a perturbação, ela po- demos diagnosticar doenças por meio
derá voltar ao seu estado inicial, emi- da luz reemitida pelo tecido, retardar
tindo radiação e, por meio, dessa luz ou acelerar processos como cicatriza-
emitida, é possível caracterizar a ma- ção e estimulação da regeneração ós-
téria. Este processo é chamado de u- sea e otimizar a perda de peso da-
orescência e podemos ver uma ilustra- queles que já praticam exercícios fí-
ção dele e de mais alguns outros fenô- sicos, entre outros benefícios, sendo
menos na Figura 26. os dois primeiros processos realizados
pela chamada fototerapia e o último
pela moto-fototerapia, ou seja, o redi-
recionamento do metabolismo celular.
O diagnóstico de doenças feito a
partir da análise da luz emitida pelo
tecido biológico consiste no chamado
fotodiagnóstico. O corpo humano é
formado por vários sistemas, que por
sua vez são formados por órgãos, teci-
dos biológicos, células, açúcares e pro-
Figura 26: Desenho esquemático de alguns pro-
teínas que mantêm as células unidas.
cessos da interação luz-tecido biológico.
Dentro dessas células, há várias orga-

Ao combinar luz e matéria, a ra- nelas que são constituídas por molé-

diação poderá ser absorvida ou espa- culas e átomos que possuem diferen-

lhada, virar calor ou emitir luz nova- tes funções. Quando se inicia o desen-

mente, promover uma variação estru- volvimento de alguma doença, surgem

tural entre as moléculas, entre outros. alterações tanto no tecido biológico

Em um caso especíco, quando trans- quanto na estrutura bioquímica. Se

ferimos muita energia para uma nu- aplicarmos luz antes e depois do surgi-

vem eletrônica, as forças do campo so- mento da doença, perceberemos alte-

bre as cargas vencem a força que man- rações na interação luz-matéria. Isto

tém as cargas na matéria. Assim, elé- se deve ao fato de que as proprieda-

trons são arrancados num processo de- des ópticas (absorção, espalhamento,

nominado fotoionização. Quando isto uorescência, etc) do tecido são alte-

ocorre numa molécula responsável pela radas pelo desenvolvimento da doença.

reprodução da vida, seu balanço estru- Desse modo, ao avaliarmos esta intera-

tural ca comprometido, acarretando ção, saberemos o que ocorre em nosso

30
BIOFOTÔNICA

organismo. Há também uma técnica oi


denominada terapia fotodinâmi-ca que
consiste na adição de alguma substân-
cia no tecido biológico, seja por via
oral, tópica ou injeção, para, logo em
seguida, aplicar luz de um determi-
nado comprimento de onda em uma
molécula presente na substância. As-
sim, ela acumula energia, criando uma
distribuição de cargas que transfere
essaenergia às moléculas de oxigênio,
deixando-a muito reativa. Como suas
moléculas são instáveis, elas oxidam e
destroem tudo ao seu redor, levando
aquele tecido a morte. A técnica é
ótima para matar tumores e micror-
ganismos. Como pudemos ver, a luz
é um dos fenômenos mais fascinantes,
a razão de toda vida no planeta. Após
séculos e mais séculos de estudos so-
bre sua natureza, hoje podemos apli-
car todo o conhecimento acerca dela,
com o intuito de tratar doenças, e isso
faz da biofotônica uma técnica mara-
vilhosa.

Escrito por: Nádia Isabeli

31
CALENDÁRIO

Eventos Acadêmicos
I Colóquio Internacional de Direitos Humanos e Políticas de Memória

O colóquio reunirá pesquisadores, professores Realização: Grupo de Pesquisa Sobre Direi-


e alunos das áreas de história e ciências humanas tos Humanos e Políticas de Memória (DIH-
de sociais em uma reexão acerca dos reexos da POM/UFPR/UEM) e Programas de Pós-
violência praticada por governos autoritários em Graduação em História da UEM (Universidade
segmentos vulneráveis da sociedade. Estadual de Maringá) e da UFPR (Universidade
Data: 13 e 14 de junho. Federal do Paraná).
Horário: o dia todo. Inscrições: http://bit.ly/2PJ3vKy
Local: Universidade Estadual de Maringá Valor: R$ 60,00.
(UEM)  Campus Sede. Mais informações em: http://bit.ly/2GQeTQV

XXII Encontro de Economia da Região Sul  ANPEC SUL 2019

O congresso, que conta com o apoio de di- (UEM)  Campus Sede.


versos programas de pós-graduação do país, é o Realização: Associação Nacional dos Centros de
principal regional da área de Economia e reúne Pós-Graduação em Economia (Anpec) e Pro-
alunos, pesquisadores e prossionais em debates grama de Pós-Graduação em Ciências Econômi-
e discussões sobre os estudos e pesquisas mais cas (PCE-UEM).
recentes. Inscrições: http://bit.ly/2K7EcSz
Data: 3 a 5 de julho. Valor: a partir de R$ 60,00.
Programação: http://bit.ly/2F3KsGR Mais informações em: http://bit.ly/2H1YIl0
Local: Universidade Estadual de Maringá

VI Colóquio Feminismo Negro

O evento, considerado o maior sobre Femi- Local: bloco I-12 da UEM (Campus Sede).
nismo Negro do sul do Brasil, reunirá docentes, Realização: Núcleo de Estudos Interdisciplina-
estudantes e interessados na discussão sobre a res Afro-brasileiros (NEIAB) da UEM.
visibilidade e o protagonismo da mulher negra. Valor: entrada franca.
Data: 23 a 25 de julho. Mais informações em: http://bit.ly/2Vay8OZ
Horário: 19h30.

Eventos Culturais
Leia Mulheres  Maringá

O projeto # leiamulheres2014 (#readwo- Horário e local: serão divulgados em breve.


men2014), criado por Joanna Walsh, visa incen- Livros: Precisamos falar sobre Kevin, de Lio-
tivar a leitura de escritoras pelo mundo e, em nel Shriver.
Maringá, conta com um grupo de discussão que Realização: Grupo Leia Mulheres - Maringá.
se reúne mensalmente para debater um livro pre- Valor: entrada franca.
viamente escolhido e confraternizar. Mais informações em: http://bit.ly/2Y5pqic e
Data: 15 de junho. http://bit.ly/2DLBOMu.

32
CALENDÁRIO

Concerto Clássicos Disney

A Orquestra Filarmônica UniCesumar levará Regente: Davi Oliveira.


o público em uma viagem pela infância com a Apoio: OFUC, Departamento de Cultura e Ar-
apresentação de músicas clássicas dos estúdios tes da UniCesumar, CampuStore e Secretaria
Walt Disney. Municipal de Cultura de Maringá.
Data: 16 e 17 de junho. Valor: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-
Horário: 20h. entrada).
Local: Teatro Regional Calil Haddad. Mais informações em: http://bit.ly/2DLWt3a
Realização: UniCesumar.

Ray Conni in Concert

A Orquestra Filarmônica UniCesumar Regente: Davi Oliveira.


(OFUC), como de costume, trará mais um es- Apoio: OFUC, Departamento de Cultura e Ar-
petáculo a Maringá e, desta vez, apresentarão tes da UniCesumar, CampuStore e Secretaria
músicas do americano Ray Conni. Municipal de Cultura de Maringá.
Data: 28 de julho. Valor: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-
Horário: 20h. entrada).
Local: Teatro Regional Calil Haddad. Mais informações em: http://bit.ly/2H2JgF5
Realização: UniCesumar.

Pesquisa do Eventos Acadêmicos e Culturais realizada por: Milena Chierrito

33
CALENDÁRIO

Eventos Astronômicos
Fases da Lua
Junho

Lua Nova: 03 (segunda-feira)


Lua Crescente: 10 (segunda-feira)
Lua Cheia: 17 (segunda-feira)
Lua Minguante: 25 (terça-feira)

Julho

Lua Nova: 02 (terça-feira)


Lua Crescente: 06 (sábado)
Lua Cheia: 16 (terça-feira)
Lua Minguante: 24 (quarta-feira)

Chuva de Meteoros
Chuva de meteoros Delta Aquaridas Austrais  28/29 de julho. Durante o pico desta chuva de meteoros,
que ocorrerá na madrugada do dia 29, observar-se-á, em média, 15 meteoros por hora. Essa chuva
favorece o hemisfério sul e chamará olhares para a Constelação de Aquário.
Dica: O melhor momento para observação é por volta das 02h, considerando-se o horário local de onde
você está. Neste período será quando a constelação de Aquário encontrar-se-á mais próxima do ponto
mais alto do céu. Mesmo assim, a constelação estará visível a partir das 22h00, olhando na direção
leste.
Planetas Visíveis
Junho
Oposição a Júpiter: Isso é quando a Terra e também Júpiter estarão alinhados com o Sol. Será a
melhor data de observação do planeta, que cará visível durante a noite toda e poderá ser observado
no mundo inteiro. Estará com aproximação maior com a Terra no dia 10 de Junho, com face 100%
iluminada para cá.
Marte e Mercúrio: Será possível observar esses dois planetas bem próximos no dia 18. Com um tom
avermelhado, não é difícil localizar Marte e, consequentemente, Mercúrio no céu. O horário mais
propício para observação é pouco antes do amanhecer, por volta das 05h20.
Julho
Oposição a Saturno: Essa época do ano que se destaca como de melhor observação de Saturno e seus
anéis, se você possuir um equipamento telescópico. O planeta cará visível durante toda a madrugada
no céu noturno do dia 9. Se não possuir um equipamento apropriado, ainda poderá identicar o
planeta, mas não será possível uma observação dos anéis.
Oposição de Plutão: Em 2006 o planeta foi rebaixado a planeta-anão por possuir órbita, massa e
o tamanho em si muito inferior que os restantes. Se possuir um telescópio, o dia 14 será um bom
momento para observá-lo.

Eclipse

• Eclipse Total Solar: O eclipse está previsto para o dia 2 de julho e poderá ser visto em alguns
países da América do Sul, sendo o único eclipse solar que acontecerá no ano de 2019. Não será
possível observá-lo do Brasil, mas existem transmissões gratuitas do evento pela internet.

34
CALENDÁRIO

• Eclipse Lunar Parcial: Neste evento especial, o eclipse escurecerá mais da metade do disco lunar,
o que acontece em razão da sombra da Terra projetada. Os lugares de onde será visível são Ásia,
Austrália, África, Europa e também algumas partes da América do Sul.

Lançamentos de Foguetes

• SPACEX: Se não acontecer atraso, no mês de junho, a empresa entrará em outro patamar. Eles
tem como objetivo enviar parte da tripulação para a Estação Espacial, assim poderia conseguir
a certicação para operar lançamentos tripulados. Esse lançamento do foguete Falcon 9 é em
parceria com a Nasa. Nos meses de junho e julho, a empresa fará por volta de 6 lançamentos de
foguete, com possíveis datas: 1 e 22 de junho, dois lançamentos no 1 de julho, 8 e 25 de julho.

• ARIANESPACE: Próximo dos dias 12 de junho e 24 de julho, terá o lançamento do foguete


Ariane 5 ECA pela ArianeSpace. O lançamento não tem horário denido até o momento, mas
qualquer pessoa poderá ver o evento por meio do site da empresa ArianeSpace.

Eventos Importantes

• Encontro Paranaense de Astronomia (EPAST): O Encontro nasceu em 2004, com o intuito de


reunir os grupos de astronomia amadora que existiam no estado no Paraná e com o passar
dos anos o evento só vem crescendo, já tendo se tornado uma referência nacional. O Gedal
(Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina), que é o responsável deste ano pela
organização do Epast, também está comemorando 20 anos de atividade. O evento acontecerá
nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2019, com participações conjuntas do Gedal, do MCTL (Museu
de Ciência e Tecnologia de Londrina-UEL) e também da Universidade Estadual de Londrina
(UEL), que sediará o evento. O primeiro e segundo lote de inscrições já está esgotado, mas
o terceiro lote do evento já começou a ser comercializado. O site contém mais informações
acerca do evento e, para quem tem interesse em ir ao Epast, participar do tradicional evento de
Astrofotograas ou submeter um trabalho para ser apresentado durante o evento, os sites do
EPAST 2019 e do GEDAL têm mais informações.

Pesquisa dos Eventos Astronômicos realizada por: Victoria Gonzaga

35
APOIO

Apoio de:

Página no Facebook: CAFIN- Centro Acadêmico de Física Isaac Newton


Instagram: canuem

N
NEWSTON
Página no Facebook do Jornal: Newston Jornal
Instragram: newstonjornal

36
REFERÊNCIAS

Referências
Capa
[1] Figura Principal da Capa: <https://www.shutterstock.com/pt/video/clip-1010081021-background-
black-hole-gargantua-interstellar-space-yellow>.

Prêmio Nobel de Física de 1901


[2] Figura 1: <en.wikipedia.org/wiki/Alfred_Nobel#/media/File:Nobel_Prize.png>.
[3] Figura 2: <https://www.famousscientists.org/images1/wilhelm-roentgen.jpg>.
[4] Figura 3: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tubo_de_Crookes#/media/File:Crookes_tube_two_views.jpg>.
[5] Figura 4: <en.wikipedia.org/wiki/X-ray#/media/File:First_medical_X-
ray_by_Wilhelm_R%C3%B6ntgen_of_his_wife_Anna_Bertha_Ludwig%27s_hand_-
_18951222.gif>.
[6] Alfred Nobel's Will. Nobel Media AB 2019. Disponível em:
<https://www.nobelprize.org/alfred-nobel/alfred-nobels-will-2/>.
[7] Alfred Nobel. Encyclopædia Britannica. Disponível em: <britannica.com/biography/Alfred-
Nobel>.
[8] Alfred Nobel was also known as The Merchant of Death . Daven Hiskey. Disponível em:
<todayifoundout.com/index.php/2011/01/alfred-nobel-was-also-known-as-the-merchant-of-death/>.
[9] The Nobel Priza in Physics 1901. Nobel Media AB 2019. Disponível em: <nobel-
prize.org/prizes/physics/1901/summary/>.
[10] RÖNTGEN, W. C. On a New Kind of Rays. Nature volume 53, pages 274276 (1896).
Disponível em : <https://www.nature.com/articles/053274b0.pdf>.
[11] ARRUDA, W. O. Wilhelm Röntgen: 100 anos da descoberta dos Raios X. Arq. Neuro-Psiquiatr.,
São Paulo , v. 54, n. 3, p. 525-531, Sept. 1996.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anp/v54n3/27.pdf>.
[12] X Rays. Science Mission NASA. Disponível em:
<https://web.archive.org/web/20121122024930/http://missionscience.nasa.gov/ems/11_xrays.html>.

Astronomia
[13] Figura 5: Retrato de Hiparco. Representação ilustrada de Hiparco observando o céu de Alexan-
dria. Disponível em: <http://darkskystudies.org/night-sky-traditions>.
[14] Figura 6: Fotograa de uma passagem da tradução latina de George Trebizond (1451 d.e.C) da
coletânea do Almagesto. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Almagest_1.jpeg>.
[15] Figura 7: Imagem ilustrativa do Busto de Hiparco. Disponível em:
<http://www.wikiwand.com/en/Hipparchus>.
[16] Figura 8: Comparação do brilho da estrela Sirius a partir de dois processos distin-
tos. Imagens obtidas com o telescópio de raio-X do satélite Chandra. Disponível em:
<http://www.if.ufrgs.br/ fatima/s2010/Aula15-132.pdf>.
[17] Figura 9: Equipamentos astronômicos rudimentares. À esquerda a Esfera Armilar e à
direita o Astrolábio. (Retirei de dois sites e z uma junção de ambas as imagens. Dis-
ponível em: <http://site.astrofoto.com.pt/welcome/produto/esfera-armilar-grande-2/>.e no site
<https://www.aixalonjadeartesania.com/Articulo x Astrolabio-nautico IDArticulo 2867 lang PT.html.
[18] Figura 10: Calendário Juliano, continha 365 dias e era dividido em 12 meses, mas com uma
variação desigual em dias para cada mês. Disponível em: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/linha-
do-tempo/inicio-do-calendario-juliano/>.
[19] KEPLER, S. O. F. SARAIVA, M. F. O. Astronomia Antiga. Departamento de Fí-
sica, Insitiuto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2016. Disponível em:
<http://astro.if.ufrgs.br/antiga/antiga.htm>.
[20] KOUVELIOTOU, C. Greek Astronomers. The Universty of Chicago Library. 2009 Disponível
em: <http://ecuip.lib.uchicago.edu/multiwavelength-astronomy/gamma-ray/impact/02.html>.
[21] História da Física  Pitágoras: O Maestro. Departamento de Física, Universidade Estadual de
Maringá. Prof. Dr. Daniel Gardelli, 2019.

37
REFERÊNCIAS

Referências
[22] Geometria Descritiva e Desenho Geométrico  A Geometria e a Astronomia na Grécia Antiga.
Instituto de Matemática, Estatística e Computação Cientica. Universidade Estadual de Campinas.
2006. Disponível em: <https://www.ime.unicamp.br/ eliane/ma241/trabalhos/astronomia.pdf>.
[23] LOPES M. H. O., LOPES W. Revista Integração. Aplicações da Astronomia e da
Geometria na Grécia Antiga. Universidade São Judas Tadeu. 2014. Disponível em:
<https://www.usjt.br/prppg/revista/integracao/assets/pdf/66/ri-2014-art8-lopes.pdf>.
[24] História da Física  O Universo ordenado de Aristóteles. Departamento de Física, Universidade
Estadual de Maringá. Prof. Dr. Daniel Gardelli, 2019.
[25] Ptolemy's Earliest Work From Ancient Omens to Statistical Mechanics. In Berggren and Golds-
tein, eds. Copenhagen, University Library, 1987.
[26] Hiparco de Niceia. Adaptação e Tradução de The Noon Day Project do CIESE.
Stevens Institute of Technology. 2008. Disponível em: <http://homes.dcc.ufba.br/ fri-
eda/mat061/projetomeiodia/hiparco.html>.
[27] O'Connor J.J, Robertson E.F. Hipparchus of Rhodes. University of St Andrews, School
of Mathematics and Statistics.1999. Disponível em: <http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/ his-
tory/Biographies/Hipparchus.html>.
[28] RIBEIRO JR., W.A. Hiparco de Niceia. Portal Graecia Antiqua, São Carlos. 2014. Disponível
em: <greciantiga.org/arquivo.asp?num=0997>.
[29] Fundamentos da Astronomia e Astrofísica  Fotometria. Departamento de Astronomia, Instituto
de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Prof .Dr
a a Maria de Fátima Oliveira Saraiva.

2010. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/ fatima/s2010/Aula15-132.pdf>.


[30] História da Física  Deferentes, Epiciclos, Excêntricos e Equantes: Contribuições astronômicas
de Hiparco de Niceia. Departamento de Física, Universidade Estadual de Maringá. Prof. Dr. Daniel
Gardelli, 2019.
[31] Astronomia Geodésica  Variação de Coordenadas Equatoriais. Observatória Educativo Itine-
rante, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Prof.Dr. Basilio Santiago. 2005. Disponível em:
<https://www.if.ufrgs.br/oei/santiago/s2005/textos/precess.htm>.
[32] Ocina de Astronomia  Experimentos. Instituto de Física, Universidade Esta-
dual do Rio de Janeiro. Prof. Dr. João Batista Garcia Canalle. Disponível em:
<http://telescopiosnaescola.pro.br/ocina.pdf>.
[33] SILVEIRA, F. L. da. As Primeiras medidas das dimensões do Sistema Solar. 2013. Disponível
em: <http://telescopiosnaescola.pro.br/ocina.pdf>.
[34] BERNARDES, A. O. Revista Ensino de Física e Engenharia  Coluna Innitum: divulgação de
astronomia no blog UenfCiência. Universidade do Norte Fluminense. 2013.

O que Diabos são Buracos Negros?


[35] Figura 14:
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Georg_Friedrich_Bernhard_Riemann.jpeg>.
e <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d3/Albert_Einstein_Head.jpg>.
[36] Einstein, A.; The Foundation of the Generalised Theory of Relativity, Anna-
len der Physik 354
o
(n 7), 769-822 (1916) tradutor: Satyendra Nath Bose, disponível em
https://en.wikisource.org/wiki/The Foundation of the Generalised Theory of Relativity, acessado em
02/05/2019, às 1:11.
[37] Eisberg R. e Resnick R., Física quântica: átomos, moléculas, sólidos, núcleos e partículas,
Editora Campus, Rio de Janeiro, 1988.
[38] H. Moysés Nussenzveig, Curso de Física Básica 1: Mecânica, 4 a edição, Editora. Edgard
Blücher, 2002. - Capítulo 13: Forças da Inércia.
[39]<https://astarmathsandphysics.com/ib-physics-notes/relativity/1443-the-principle-of-
equivalence.html>- acessado em 01/05/2019, às 22:23.

O Primeiro Registro Direto de um Buraco Negro


[40] Figura 17: <https://interstellarlm.fandom.com/wiki/Gargantua>.

38
REFERÊNCIAS

Referências
[41] Figura 18: <https://www.eso.org/public/images/ann17051a/>.
[42 Figura 19: <https://www.spacetelescope.org/images/opo0020a/>.
[43] Figura 20: Referência [3] página 2.
[44] Figura 21: <https://www.jpl.nasa.gov/edu/news/2019/4/19/how-scientists-captured-the-rst-
image-of-a-black-hole/>.
[45] Figura 22: Referência [1] página 5.
[46] Figura 23: Referência [4] página 16.
The Event Horizon Telescope Collaboration. First M87 Event Horizon Telescope Results.
The Astrophysical Journal Letters. Volume 875, n. 10, 10 de abril de 2019. Disponível em:
<https://iopscience.iop.org/issue/2041-8205/875/1>
[47] I. The Shadow of the Supermassive Black Hole.
[48] II. Array and Instrumentation.
[49] III. Data Processing and Calibration.
[50] IV. Imaging the Central Supermassive Black Hole.
[51] V. Physical Origin of the Asymmetric Ring.
[52] VI. The Shadow and Mass of the Central Black Hole.
[53] Kip Thorne. The Physics of Interstellar. Nova Iorque, W. W. Norton & Company, 2014.
[54] Stephen Hawking. Buracos Negros. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2017.

Stephen Hawking: Principais Obras e Algumas Curiosidades


[55] Figura 24: <https://clubedolivrojf.wordpress.com/2016/04/08/ucn-stephen-hawking/#jp-
carousel-1449>.
[56] Figura 25: <https://s2.glbimg.com/
Gul6sz0XqtmJXFYILk3dCJYq9t8=/620x430/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2017/02/13/simpsonssh.jpg>.
[57] Disponível em: <https://biograaresumida.com.br/biograa-de-stephen-hawking/>.
[58] Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/03/8-fatos-sobre-vida-de-
stephen-hawking-e-sua-importancia-para-ciencia.html>.
[59] Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/biograas/stephen-hawking.htm>.
[60] Disponível em: <https://www.bertrand.pt/livro/large-scale-structure-of-space-time-george-
ellis/227978>.
[61] Disponível em: <http://www.rte.com.br/blog/conheca-notavel-historia-do-sico-stephen-
hawking/>.
[62] Disponível em: <https://www.intrinseca.com.br/livro/456/>.
[63] Disponível em: <https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/ciencias-
exatas/astronomia/buracos-negros-universos-bebes-e-outros-ensaios-60902>.
[64] Disponível em: <https://marketup-cdn.s3.amazonaws.com/les/658485/products/1b8c3a2b-f7aa-
4329-8a9d-92ddfb9ea66e.jpeg>.
[65] Disponível em: <https://www.pensador.com/melhores_frases_stephen_hawking_reetir/.
[66] Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-
arte/2018/03/19/interna_diversao_arte,667145/os-simpsons-stephen-hawking.shtml>.

Breve Fundamentação sobre a Biofotônica


[67] Figura 26: PRATAVIEIRA, Sebastião; ANDRADE, Cintia; KURACHI, Cristina. Fotodiagnóstico.
[68] PRATAVIEIRA, Sebastião; BAGNATO, Vanderlei S. Luz para o progresso do conhecimento e
suporte da vida. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 37, n. 4, 4206 (2015).
[69] PRATAVIEIRA, Sebastião; ANDRADE, Cintia Teles de; KURACHI, Cristina. Fotodiagnóstico.
In: Terapia fotodinâmica dermatológica: programa TFD Brasil[S.l: s.n.], (2015).
[70] PRATAVIEIRA, Sebastião; CORRÊA, Thaila Quatrini; ONO, Bruno; KURACHI, Cristina. Prin-
cípios Gerais da Terapia Fotodinâmica.
[71] BAGNATO, Vanderlei; KURACHI, Cristina; CYPEL, Marcelo; INADA, Natália. Terapia bio-
fotônica elimina vírus e bactérias de órgãos para transplante.

39
Corrigido por: Milena Chierrito e Luiz Felipe Demétrio

Editado por: Mariana Casaroto e Milena Fernandes


O Newston Jornal foi criado pelos acadêmicos do curso

de Física da Universidade Estadual de Maringá e tem

por finalidade a divulgação científica e cultural visando

a integração de diversas áreas do conhecimento.

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