2019 CENTRO UNIVERSITÁRIO BRAZ CUBAS TECNOLOGIA EM ÓPTICA E OPTOMETRIA
WALDENIR JOSÉ DE BARROS
RGM 297347
DERMATOMIOSITE
MOGI DAS CRUZES
2019 DERMATOMIOSITE
DEFINIÇÃO
A dermatomiosite, conhecida também como dermatopoliomiosite é uma
doença autoimune (doença onde o sistema imune sofre uma desregulação e ataca os músculos provocando inflamação), classificada como miopatia inflamatória idiopática crônica do tecido conjuntivo que afeta a pele, a musculatura estriada e outros órgãos. É caracterizada por causar fraqueza muscular e por rash cutâneo (vermelhidão na pele) que pode surgir junto ao pescoço, no rosto, nariz, cotovelos e principalmente nas articulações dos dedos e joelhos. Além de inchaço, uma coloração arrocheada da pele, característica da doença, pode aparecer nas pálpebras e sobre algumas articulações dos dedos das mãos. Normalmente, a inflamação acontece nos músculos que estão relacionados ao tronco, comprometendo o pescoço, quadril, costas, coxas e ombros. Segundo Bohan & Peter, a dermatomiosite é classificada em cinco grupos: dermatomiosite juvenil (quando se inicia antes dos 16 anos de idade); dermatomiosite primária idiopática; dermatomiosite amiopática (somente com acometimento cutâneo); dermatomiosite associada a neoplasias, como câncer de mama, próstata e pele; e dermatomiosite associada a outras doenças do tecido conjuntivo. A dermatomiosite pode afetar pessoas de todas as idades, até mesmo crianças, e é mais comum em mulheres que nos homens, proporção de 2:1, com idade média de diagnóstico aos 40 anos. Esta é a miosite mais fácil de se diagnosticar, pois as erupções cutâneas características da doença normalmente são notadas antes de ocorrer a fraqueza muscular. ETIOLOGIA
As causas da dermatomiosite são desconhecidas, mas podem estar ligadas a
uma reação autoimune, onde o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do próprio organismo. Pode ser causada por uma inflamação nos vasos sanguíneos (vasculite) e nos músculos, levando à sua degeneração. A dermatomiosite também pode estar relacionada à hereditariedade em pessoas geneticamente predispostas, induzida por drogas, infecções virais, associação com protozoários, como o Toxoplasma gondii, e são agravadas pelo sol, através da radiação ultravioleta B. A dermatomiosite também pode ser desencadeada pelo câncer, pois uma reação imune contra o câncer pode ser dirigida contra uma substância nos músculos. Os distúrbios tendem a ocorrer em famílias. Infecções por vírus ou bactérias podem preceder o aparecimento dos sintomas. O diagnóstico inicial é feito a partir da avaliação dos sintomas da pessoa e do histórico familiar.
SINAIS/SINTOMAS
Fraqueza muscular simétrica (pode começar lenta ou repentinamente) na
região superior dos braços, quadris e coxas, dor muscular, dificuldade para engolir, febre, cansaço, perda de peso, dificuldade para levantar da cadeira, subir escadas e levantar os braços acima dos ombros ou trazer uma xícara até a boca. A fraqueza ocorre, principalmente, nos músculos mais próximos do corpo, como o pescoço, os braços e as coxas Se a musculatura do pescoço for afetada, levantar a cabeça de um travesseiro pode ser impossível A lesão muscular na parte superior do esôfago pode causar dificuldades para engolir alimentos e provocar vômito Erupções cutâneas podem aparecer junto com a fraqueza muscular e outros sintomas Um eritema escuro ou arroxeado (heliótropo) pode aparecer ao redor dos olhos. O eritema também pode ser levantado, escamoso e aparecer em qualquer lugar do corpo, mais comum nas articulações dos dedos, cotovelos, joelhos e nas superfícies extensoras das pequenas articulações das mãos e pés (sinais e pápulas de Gottron) Dor e inchaço das articulações Vermelhidão generalizada na face Dores no estômago Pessoas com dermatomiosite podem apresentar dificuldades para fazer as atividades diárias como pentear os cabelos e andar. Além disso, os sintomas da pele podem piorar com a exposição ao sol. Nos casos mais graves, ou se a dermatomiosite surge em associação com outras doenças autoimunes, outros órgãos como coração, pulmões ou rins podem ser atingidos, afetando o seu funcionamento e causando complicações graves. A inflamação normalmente ocorre nos dois lados do corpo e, se não tratada, pode causar a atrofia dos músculos.
Diagnóstico
O diagnóstico de dermatomiosite é realizado de acordo com o histórico
familiar e avaliação dos sinais/sintomas apresentados pela pessoa em uma avaliação física. Para confirmação do diagnóstico podem ser realizados exames de sangue para avaliar a função muscular, como o exame da mioglobina, creatinofosfoquinase (CPK), a desidrogenase láctica (DHL), a aldolase e as transaminases (TGO e TGP).
Eletromiografia
Esse exame avalia a atividade do músculo a partir da aplicação de correntes
elétricas. Uma agulha fina com eletrodos é inserida através da pele até o músculo a ser testado. A função é medida conforme o paciente relaxa ou tenciona o músculo, e as mudanças no padrão de atividade elétrica podem confirmar uma doença muscular.
Ressonância magnética
Conseguem mostrar, de forma mais clara, as inflamações em grandes áreas
musculares.
Biópsia
Um pequeno pedaço de músculo ou pele é coletado para análise laboratorial.
O material pode confirmar o diagnóstico de algum tipo de miosite e descartar outras doenças.
TRATAMENTO
O tratamento da dermatomiosite tem como objetivo aliviar os sintomas, já que
essa doença crônica degenerativa não tem cura. Corticóides – aliviam as dores e reduzem a inflamação muscular Imunossupressores - diminuem a resposta imune contra o próprio organismo Hidroxicloroquina - aliviam sintomas dermatológicos, como a sensibilidade à luz. Estes medicamentos têm como ação diminuir o processo inflamatório e reduzir os sintomas da doença, são administrados em doses elevadas e por longos períodos. Quando estes remédios não funcionam, outra opção é a administração de gamaglobulina. Fisioterapia, com exercícios de reabilitação, ajudam a aliviar os sintomas e evitar a atrofia muscular. Uso de protetores solares, para evitar a piora das lesões de pele também é indicado. Quando a dermatomiosite está associada ao câncer, o mais adequado é tratar o câncer, pois muitas vezes os sinais e sintomas da doença são aliviados. Especialistas que podem diagnosticar a dermatomiosite são: Clínico geral Reumatologista Neurologista Pediatra
MANIFESTAÇÕES OCULARES
Por conta das alterações vasculares, podem ocorrer afecções na retina e na
conjuntiva. Dentre as manifestações oculares temos: Descoloração típica das pálpebras superiores - Edema periorbital - Edema da conjuntiva - Conjuntivite - Nistagmo - Exoftalmia – Alterações nos músculos extraoculares – Uveíte – Glaucoma – Atrofia do Nervo Óptico – Exantema – Heliótropo Retinopatia: Exsudados superficiais no polo posterior - Manchas algodonosas - Hemorragias em chama de vela. Devido a essas manifestações oculares, são recomendadas avaliações periódicas com oftalmologistas para que se monitore as consequências do uso de corticoides, pois podem desenvolver catarata e glaucoma, além da impregnação por cloroquina, se esta for utilizada.
Conduta do Optometrista nos casos de Dermatomiosite
Em nosso gabinete optométrico, ao atendermos um paciente com
vermelhidão generalizada na face e erupções cutâneas no corpo, já podemos pensar em alguma doença autoimune, e devemos fazer uma boa anamnese, ficar atento aos sinais e sintomas reportados por ele. Durante a anamnese, devemos investigar se este paciente tem fraqueza muscular, dores, dificuldades para subir escadas e levantar os braços, se faz algum tratamento médico, se toma alguma medicação, pois pode estar com dermatomiosite. Após a anamnese, devemos fazer a refração, todos os testes oculomotores e uma boa oftalmoscopia, para verificar se tem alguma alteração de fundo de olho. Ao identificar qualquer manifestação ocular, é importante encaminhar ao oftalmologista para que possa ser feito o diagnóstico e o tratamento ser iniciado.
REFERÊNCIAS
Dermatomiosite. Anais Brasileiros de Dermatologia. Fonte: www.scielo.br.