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Vincenzo Lunardi

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Vincenzo Lunardi (Lucca, 11 de janeiro de 1759 - Lisboa, 1 de agosto de
1806) foi um balonista, inventor e oficial italiano, pioneiro da aeronáutica, Vincenzo Lunardi
chamado por Lourenço Henrique Henriques-Mateus de "o Mozart da
aerostação".

Índice
Biografia
As primeiras ascensões na Grã-Bretanha
As primeiras ascensões na Itália
As primeiras ascensões na Espanha
As primeiras ascensões em Portugal
Morte
Referências
Nascimento 11 de janeiro de 1759
Lucca
Biografia Morte 1806 (47 anos)
Lisboa
Vincenzo Lunardi nasceu numa família de pequena fidalguia, desprovida Ocupação inventor, diplomata
de meios de fortuna ou de rendimento. O pai, que se casara tarde, morreu
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quando ele e as irmãs, Margherita e Chiara, ainda eram crianças, deixando-
as numa situação pouco auspiciosa, a qual se agravou, substancialmente,
com a morte da mãe. Nessa altura, os três órfãos foram acolhidos por Gherardo Compagni, um parente remoto que vivia no
distante reino de Nápoles, onde se ocupava de assuntos diplomáticos e ostentava o título de cavaleiro. Graças aos seu auxílio,
Vincenzo foi educado de acordo com a sua condição, revelando-se, com o desabrochar da idade, tão sagaz e inteligente quanto
arguto e cortês; qualidades que, aliadas à capacidade de trabalho e determinação, o talharam desde cedo para a vida diplomática.

Temperamental e alegre, senhor de uma fisionomia charmosa e de apurado gosto no trajar, Vincenzo Lunardi era um sedutor
apaixonado pela vida que atraía sobre si a atenção dos homens de sociedade e a simpatia das mulheres; características que lhe
terão permitido destacar-se naturalmente no meio social londrino, onde exercia, com apenas 24 anos de idade, as funções de
secretário da embaixada do minúsculo reino de Nápoles.

As primeiras ascensões na Grã-Bretanha


Quando em Londres de soube da notícia da primeira ascensão de um ser humano a bordo de um balão, Lunardi ficou fascinado
pela façanha e começou, desde logo, a perspectivá-la no seu futuro, de modo que, também ele, pudesse um dia vir a ser aeronauta.
Desprovido de meios de fortuna, mas não de poder de persuasão, o jovem não tardou muito até conseguir obter as condições
necessárias para poder levar o seu intento por diante, que se concretizaria no dia 15 de setembro de 1784. Esta proeza, que se
tornou histórica por ter sido a primeira vez que um homem ascendeu na Grã-Bretanha a bordo de um balão aerostático, foi
realizada com recurso a um globo volante de hidrogênio, cujo invólucro tinha 10,10m de diâmetro e 515m³ de volume. Durante a
fase de enchimento do globo, Lunardi contou com a ajuda do Dr. George Fordyce, um químico amigo do jovem balonista, que
projetara todo o equipamento para a manufatura do hidrogênio e que dirigiu, pessoalmente, aquela operação.

Quando tudo já estava pronto para a largada do balão, Lunardi surpreendeu os circunstantes ao fazer-se acompanhar de dois
animais, um gato e um pombo, que a ele se juntaram, no interior da barquinha, ao equipamento e às provisões que entendera levar
consigo. Solto o globo, o aeronauta e a bicharada ascenderam livremente pelo céu da Inglaterra, e por aquele vogaram, ao sabor
do vento, durante 2h15min - ao que parece, sem grande poder ascensional, posto que não ultrapassaram os 305m de altura - tendo
retornado ao solo em Stanton, perto de Ware, no Hertfordshire. Nesta localidade existe, desde então, uma lápide a assinalar este
feito. Como curiosidade, conta-se que, depois de o balão se ter imobilizado no solo, as gentes de Stanton não se atreveram a
aproximar-se da máquina aerostática nem do seu tripulante, só o tendo feito depois de uma rapariga se ter chegado ao local do
descenso, fascinada pela figura de Lunardi e pela elegância do seu trajar.

Esta proeza, que rendeu a Lunardi fama e proveito, valeu-lhe ser apresentado ao rei Jorge III e ao príncipe de Gales, pessoa que,
para além da admiração, lhe devotou ainda a estima bastante para que lhe fosse artibuído, a título simbólico, o posto de capitão da
Artillery Company (com o direito de envergar o uniforme azul e escarlata daquele regimento), razão que explica daí em diante o
aeronauta se apresentasse como capitão Vincenzo Lunardi.

Aproveitando o sucesso obtido no Reino Unido, Lunardi realizou, durante aquele ano de 1785, várias ascensões noutras
localidades da Grã-Bretanha, tendo-se então apresentado em Liverpool, Kelso Edimburgo, e Glasgow. Durante as doze viagens
aéreas que Lunardi realizou no Reino Unido, transportou, por vezes, alguns objetos de sua invenção, como, por exemplo, um
interessante colete salva-vidas que lhe permitiria flutuar em caso de amaragem forçada.

Embalado pelo muito sucesso das suas proezas como aeronauta, Vincenzo Lunardi escreveu durante este período um livro
intitulado Account of five aerial voyages in Scotland, o qual foi publicado em Londres, no ano de 1786.

As primeiras ascensões na Itália


Da Grã-Bretanha, Lunardi partiu então para Palermo e Nápoles, a sua terra de adoção, e por lá repetiu o êxito das viagens
aeronáuticas precedentes, que tão conhecido o tinham tornado dentro e fora do Reino Unido, realizando então uma viagem aérea
em Palermo e duas em Nápoles. E tal como já acontecera em Inglaterra, também em Nápoles ascendeu perante a família real,
recebendo pela sua magnífica proeza a simpatia e o favor daquela Casa Real.

As primeiras ascensões na Espanha


Da Itália, Vincenzo Lunardi partiu para a Espanha, dirigindo-se então a Madrid, onde já havia chegado a fama das suas proezas, e
naquela capital o aeronauta beneficiou largamente da hospitalidade da Corte espanhola, ficando então alojado no Coliseo del
Buen Retiro, onde ascenderia num domingo, 12 de agosto de 1792, tornando-se a primeira pessoa a ascender em toda a Espanha.
Uma nova ascensão só ocorreu quase cinco meses depois, em 8 de janeiro de 1793.

As primeiras ascensões em Portugal


Algum tempo depois desta ascensão, Lunardi encaminhou-se para Portugal, onde ascendeu em 24 de agosto de 1794. Sobre a
aventura, ele escreveu um relato publicado em folheto, intitulado A viagem aérea do capitão Vicente Lunardi - por ele escrita.
Este relato em língua portuguesa não foi seguramente escrito por Lunardi nesse idioma, posto que o italiano o falava muito mal.
Lunardi fez uma nova ascensão em Portugal, na cidade do Porto, em 10 de maio de 1795.

Morte
Depois desta última proeza, a existência do capitão Lunardi parece ter-se eclipsado numa penumbra de incógnitas. A sua morte
foi noticiada nestes termos pela Gazeta de Lisboa de 15 de agosto de 1806: "O cavaleiro Lunardi, famigerado pelas suas viagens
aerostáticas, feitas nas suas admiráveis máquinas, faleceu no Hospício dos Capuchinhos Italianos de Lisboa, no 1o do corrente,
dando demonstrações extraordinárias de uma edificante piedade e compunção, que encheram de júbilo aquela comunidade, a
qual pelo espaço de três meses espiritual e temporalmente lhe assistiu com zelo e caridade." [1]

Referências
1. HENRIQUES-MATEUS, Lourenço Henrique. O capitão Vincenzo Lunardi, Portugal na aventura de voar I.
Lisboa: Público, p. 89-114.

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