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D O R A L I C E A P A R E C I D A F A V A R O SOARESa
PODALYRO A M A R A L DE SOUZAb
SOARES, D.A.F. & SOUZA, P.A. de Um bombeamento hidráulico não convencional: elevador Cherepnov. Semina, v. 12,
n. 4, p.214-223, dez. 1991.
RESUMO
Este trabalho trata do estudo de um dispostivo alternativo para elevação de água que não necessita de combustível ou
energia elétrica. O dispositivo estudado foi o elevador Cherepnov, que é de origem russa e data de 1962. O elevador proposto
pelos russos foi estudado por engenheiros americanos. Este continha controladores automáticos que necessitavam de algum ti-
po de energia que não fosse a disponível no escoamento. O escoamento através do elevador é descrito por uma grande quanti-
dade de equações de considerável complexidade. Neste estudo foram feitas modificações no elevador de forma a automati-
zar os ciclos, utilizando somente a água e a energia disponível no escoamento. Estas modificações levaram a alterações no
equacionamento do escoamento através do elevador, aumentando ainda mais o número de equações e sua complexidade,
pois cada estágio foi teoricamente descrito com bastante rigor. Um total de 93 equações algébricas e diferenciais foram ne-
cessárias para descrever todo o funcionamento do ciclo de equilíbrio do elevador e para se resolver estas equações foi elabo-
rado um programa computacional. Para ajustes e validação do modelo teórico foi construído um modelo físico nas depen-
dências do Centro Tecnológico de Hidráulica. Apôs validado o modelo teórico, escoamentos foram simulados para se estudar
vários aspectos do elevador.
a Departamento de Construção Civil - CTU/Universidade Estadual de Londrina, Caixa Postal 6 0 0 1 , CEP 8 6 0 5 1 - 9 7 0 . Londrina - Paraná -
Brasil.
b Departamento de Hidráulica e Saneamento/Escola Politética da Universidade de São Paulo/USP.
214
FIGURA 1 — Elevador Cherepnov
Estágio 1
4.1 — Descrição dos estágios
Sub-estágio 1.0
Estágio 3
Condições iniciais:
Condições iniciais: • o nível da água no sifão atinge sua crista Z8l
• o nível da água no tanque 1 atinge a entrada do = hd + hp);
t u b o 5 ( Z 1 =h15); • a vazão elevada é nula (Q7 = 0);
• o nível d'água no tanque 2 atinge sua cota máxi- • o nível da água no tanque 1 está acima da entrada
ma (Z2 = Z 2 m á x ) ; do tubo 5 (Z1 > h15);
• o tanque 3 está completamente vazio; • p > po + g (Z1 + h 1 2 - Z 2 ) .
• a pressão no interior dos tanques 2 e 3 é igual à
pressão atmosférica (p = po). Condições finais:
•
o nível da água no tanque 1 baixa até a entrada
Condição final: do tubo 5, (Z1 = h15L ou;
• a pressão no interior dos tanques 2 e 3 atinge a • o sifão fica completamente cheio, (Z8I = 0), o u ;
pressão gerada pela coluna líquida do tubo 7 • p < po + g{Z1 + h 1 2 - Z 2 ) .
(p = p o + g ( h 7 - Z 2 ) ) . Durante este estágio é drenada a parte da água do
Durante este estágio a água do tanque 1 começa a tanque 1 que está acima da entrada do tubo 5 e é preenchi-
passar para o tanque 3 através do tubo 5, o nível da água no do parte ou todo o ramo descendente do sifão.
tanque 3 e nos tubos 5 e 8 sobem, a pressão nos tanques
2 e 3 aumenta. Sub-estágio 1.0.1.1
Condições iniciais:
• o nível da água no ramo ascedente do sifão atinge Sub-estágio 2.2
sua crista, ( Z 8 I = hd + h p ) ;
• p < po + g (Z1 + h12 - Z 2 ) ; Sub-estágio 2.2.1
• o nível da água no tanque 1 atinge sua cota m á x i -
ma, (Z1 = Z 1 m á x ) . Condições iniciais:
• o tanque 3 está c o m p l e t a m e n t e vazio;
Condição final: • o sifão está c o m p l e t a m e n t e cheio.
•
o ramo descedente do sifão está c o m p l e t a m e n t e
cheio. Condições finais:
Durante este estágio é enchido o ramo descendente •o ramo ascendente do sifão está c o m p l e t a m e n t e
do sifão, o nível da água nos tanques 1 e 3 desce e no tan- vazio;
que 2 sobe. • o ramo descendente do sifão está c o m p l e t a m e n t e
cheio.
Sub-estágio 1.2.1 Durante este sub-estágio é drenada a água do ramo
ascendente do sifão e o nível da água no tanque 2 c o n t i -
Condições iniciais: nua s u b i n d o .
• o sifão está c o m p l e t a m e n t e cheio (Z8l = 0 ) ;
• o nível da água no t a n q u e 1 esta acima da entrada Sub-estágio 2.2.2
do t u b o 5, ( Z 1 > h 1 5 ) .
Condições iniciais:
Condição final: • ramo ascedente do sifão está t o t a l m e n t e d r e n a d o :
• o nível da água no t a n q u e 1 atinge a entrada do • o ramo descendente do sifão está c o m p l e t a m e n t e
t u b o 5 {Z1 = h 1 5 ) . cheio.
218
Condição final:
• ramo descendente do sifão está completamente
drenado. onde:
Durante este sub-estágio a água continua a subir
nos tanques 1 e 2 enquanto o ramo descendente do sifão
é drenado. A pressão do ar nos tanques 2 e 3 e no tubo 6
continua igual à pressão atmosférica.
Ao final deste sub-estágio o nível da água no tanque
1 deveria atingir a entrada do tubo 5, (Z1 = h15), e o ní-
vel da água no tanque 2 deveria atingir sua cota máxima,
mas, se caso isto não acontecer, ocorrerá mais um sub-
estágio, o sub-estágio 2.3, que será descrito à frente.
Se o nível da água atingir a entrada do tubo 5 antes
do final deste sub-estágio, a água passará para o tanque 3
e será imediatamente drenada pois o sifão ainda não estará
completamente vazio e drenará a água assim que ela entre
no elevador, quebrando assim o seu ciclo de funciona-
mento. Para que isto não ocorra, deverá ser diminuída a S TRATAMENTO COMPUTACIONAL
vazão de entrada, Qo.
A quantidade e a complexidade das equações que
Se Z1 baixar até zero (Z1 = 0), a vazão Q4 fica igual à
descrevem o comportamento do elevador inviabilizou uma
vazão de entrada Qo.
solução analítica, o que exigiu a elaboração de um progra-
ma computacional para que tal solução fosse obtida.
Sub-estágio 2.3
O objetivo do programa elaborado foi simular o
escoamento através do elevador Cherepnov, e não dimensio-
Condição inicial:
ná-lo. Com o objetivo de se ter algo bastante acessível, o
• o nível da água no tanque 1 está abaixo da entrada
programa foi elaborado em linguagem BASIC,
do tubo 5, (Z1 < h15).
O processo de díscretização das equações diferenciais
origina equações algébricas. Parte das equações obtidas são
Condição final:
não lineares, consequentemente, um método direto de solu-
• o nível da água no tanque 1 atinge a entrada do tu-
ção destas equações não pode ser empregado, devendo ser
bo 5 (Z1 = h 1 5 ) . utilizado um método iteratívo para tanto. O processo uti-
Durante este sub-estágio o nível da água no tanque 2 lizado para se resolver o problema em questão foi o método
sobe até seu nível máximo e no tanque 1 sobe até a en- de Newton-Raphson, que converge quadraticamente
trada do tubo 5. (CONTE, 1971). A dificuldade deste método é que ele ne-
cessita da derivada de cada uma das equações com relação
4.2 — Rendimento
a cada uma das variáveis, mas esta dificuldade foi superada
facilmente por serem pequenos e bastante esparsos os
O rendimento do elevador Cherepnov é dado pela
sistemas de equações (SOARES, 1992).
relação entre as potências hidráulicas dos escoamentos
na entrada do elevador e na saída do recalque, ficando Dos métodos testados, observou-se que o tempo de
representada da seguinte forma: processamento requerido pelo método indireto foi
muito maior que o tempo requerido pelo método direto,
o que fez com que fosse escolhido o método direto para se
resolver o sistema de equações linearizado.
O problema a ser resolvido é um problema de evolu-
ção, ou seja, os resultados posteriores necessitam dos resul-
tados atuais e isto gera a necessidade de que os resultados
atuais sejam realmente muito bons, pois qualquer erro repe-
t i d o pode ser amplificado em cada iteração e isto produzi-
rá uma divergência rápida do resultado real, e portanto,
para se reduzir este erro foi necessária a utilização de um
valor de A t (intervalo de tempo de cálculo) realmente pe-
queno, no caso, Dt = 0,05 segundos.
Como o valor das variáveis envolvidas é muito diferen-
te da unidade, o critério de precisão utilizado foi o teste do
erro relativo ( ( Dxi/xi) < e ).
A figura 2 mostra esquematicamente o ciclo de equi-
líbrio do Elevador Cherepnov.
6.1 Projeto
6.2 Ensaios
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FIGURA 03 - Comparação entre os resultados obtidos através do modelo físico e do modelo
teórico para Cp=2,39m. H 1 =2,42, H 2 =0,50m; Qo=l,022xl0 4 m 3 /s
SOARES, D.A.F. & SOUZA P.A. de A nonconventional hydraulic pumping: the Cheiepnov lifter. Semina, v. 12,
n. 4, p.214-223, Dec. 1991.
ABSTRACT
This work is about the study of an alternative device for water elevation, which does not need any kind of fitei or
electric energy. The device studied was the Cherepnov water lifter, which had its origin in Rússia in 1962. The lifter proposed
by the Russians was studied by American engineers. It had automatic controllers that needed some kind of energy not available
in the water flow. The flow from the lifter is described by means ofa large quantity of equations of high complexity. In this
study, modifications were made in the lifter to automatize the cycles using only the water and the energy available in the
flow. These modifications changed the equation of the lifter's flow, this way, increasing more and more the number of
equations and their complexity, since each stage was theoretically described rigorously. To describe all the cycle of the lifter
equilibrium operation, a total number of 93 algebraic and differential equations were necessary. To resolve all of these
equations computer program was elaborated. In order to adjuste and to validate the theoretical model a physicalmodel was
built in some of the Centro Tecnológico de Hidráulica's rooms. After the validation of the theoretical model the flows were
simulated to study several aspects of the lifter.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS