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Ética e da Filosofia

Professor Edir Vieira

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Ética

TEORIAS ÉTICAS

MORAL E ÉTICA

•• O homem é um ser dotado de senso moral.


•• Consciência Moral: implica noção de: bem X mal/ certo X errado/ justo X injusto.
•• Senso moral se manifesta em sentimentos, atitudes, juízos de valor, etc.
•• Moral vem da palavra Mores → do latim – costumes, hábitos.
•• A moral estabelece padrões de conduta e comportamento para os indivíduos de um
determinado agrupamento social. Tem, portanto, um caráter normativo.
•• Moral: conjunto de ideias e normas que regulam as relações sociais.
•• Cada sociedade possui um código moral que está baseado nos valores que são próprios de
sua cultura.
•• Os códigos morais variam no tempo e no espaço.
•• Atenção: o relativismo moral, ou seja, o fato de que cada cultura
possui seus próprios valores não justifica o desrespeito aos
princípios básicos da dignidade humana.
•• Ética vem da palavra ethikos → do grego – Significa modo de ser ou
de agir.
•• Ética é a disciplina ou área do conhecimento (filosófico, científico ou mesmo teológico) que
estuda as origens, os princípios e os fundamentos da moral.
•• A moral tem caráter prático enquanto a ética se constitui num esforço teórico.
•• Moral e ética podem coincidir ou, eventualmente, entrar em contradição.
•• Princípios éticos possuem um significado mais geral ou podem ser aplicados à situações
especificas (ética profissional, ética política, bioética, etc.).

MORAL E DIREITO

•• As relações sociais são reguladas por normas jurídicas e normas morais.

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•• As normas e os regulamentos têm caráter imperativo, porque se impõem a todos os
membros de uma determinada sociedade. São anteriores aos indivíduos.
•• Norma Jurídica: Está vinculada com o Direito e o Estado.
Possui um caráter exterior e coercitivo.
•• Norma Moral: Está vinculada às convicções pessoais de cada indivíduo.
Possui um caráter interior e depende de escolhas subjetivas.

MORAL, JUSTIÇA E DIREITO

•• Moral: é a quilo que está de acordo com o costume predominante.


•• Legal: é aquilo que está acordo com a lei, presente na legislação.
•• Justo: é aquilo que está de acordo com os critérios definidos pela ética.
•• Diferença entre moral e legal – mudança de valores e defasagem da lei.
•• Diferença entre legal e justo – existência de privilégios.
•• Nem sempre o que é legal é, também, justo.

MORAL E LIBERDADE

•• Consciência moral implica na liberdade de escolha (livre arbítrio).


•• Liberdade: condição que permite escolhas e impõem responsabilidades.
•• Virtude: inclinação para a prática do bem/ Vício: liberdade sem responsabilidade
•• As escolhas morais são influenciadas por fatores objetivos e subjetivos.
•• Escolhas morais │ Escolha moralmente boa ou correta.
│ Escolha moralmente má ou incorreta.
│ Recusa em obedecer norma ilegítima e desobediência civil.

Existem três grandes concepções básicas de liberdade


•• Determinismo: no seu extremo afirma que não existe liberdade. O comportamento humano
está sujeito a determinações biológicas, históricas, culturais, etc.
•• Livre arbítrio: na sua versão mais radical nega as determinações ou as reconhece mas
entende que, em última instância, o homem é um ser totalmente livre.
•• Dialética liberdade/determinação: Considera as determinações biológicas e culturais, mas
acredita que, quanto mais se eleva o nível de consciência dessas determinações tanto
mais se amplia o espaço de liberdade do homem. A liberdade, de acordo com a concepção
dialética, teria caráter histórico e seria a consciência da necessidade.

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Ética – Teorias Éticas – Prof. Edir Vieira

TIPOS DE ÉTICA

•• Quanto à determinação das escolhas morais


•• Autonomia: Determinação interna. É uma tarefa de cada indivíduo.
•• Heteronomia: Determinação externa. Como é o caso de uma ética religiosa.
•• Quanto ao conteúdo
•• Relativista: Os valores são totalmente relativos. Não existe um bem absoluto.
•• Utilitária: Considera o Bem aquilo que causa maior benefício para a maioria.
•• Deontológica: O bem é algo universal e pode ser racionalmente determinado.

A ÉTICA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO

SOFISTAS :
Acreditavam num relativismo moral. O ceticismo dos sofistas os levava a
afirmar que, não existindo verdade absoluta, não poderiam existir
valores que fossem validos universalmente. A moral variaria para cada
povo, cada indivíduo e cada circunstancia, tendo um caráter relativo e
subjetivo.

SÓCRATES:
O racionalismo ético, inaugurado por Sócrates acreditava na
possibilidade de construir uma moral universal valida, baseada no
conhecimento da essência humana. Para Sócrates, essencial no ser
humano é a sua alma racional. Portanto, de acordo com a concepção
socrática, é na razão que devem fundamentar as normas e os costumes
morais. O homem que age conforme a razão age de maneira moralmente
correta. Aquele que age mal o faz por ignorância.

PLATÃO
As virtudes não podem ser ensinadas, pois já as trazemos ao nascer. A
principal virtude é a Ideia do Bem, que só se pode alcançar por meio
da razão. O corpo, que pertence ao mundo material e imperfeito desvia
o homem do caminho do Bem Supremo. A alma, que é eterna, traz
consigo o conhecimento das virtudes, que precisam ser recordadas pelo
intelecto.

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ARISTÓTELES
Ética mais realista, sem o dualismo corpo-alma platônico. A finalidade
do homem é a eudaimonia (felicidade). O bem-viver é obtido pelo
bem-agir. A virtude se aprende pelo hábito e é um meio termo (justa
medida) entre dois vícios: a falta e o excesso. A razão nos mostra a
essência da felicidade e permite realizá-la de forma consciente. Agir
corretamente significa praticar as virtudes. Aristóteles entende que a
ética é para o indivíduo o que a política é para a sociedade.

ESTOICISMO
O princípio ético dos estóicos é a apathéia; a atitude de aceitação de tudo
que acontece porque faz parte de um plano superior guiado por uma
razão universal. Prega o distanciamento das questões públicas e políticas
e a busca da paz interior e da tranquilidade da alma. Estimula o
conformismo, a resignação, a moderação, a austeridade e indiferença
frente à dor e ao sofrimento . Liberdade é aceitar a ordem natural.

EPICURISMO
Para os epicuristas, adeptos de uma concepção materialista, a felicidade
consiste na satisfação dos prazeres físicos. Seu princípio ético é a ataraxia,
isso é a atitude de desvio da dor e procura do prazer. O medo da morte é a
principal fonte do sofrimento. Busca da auto-suficiência e da tranquilidade
da alma através dos prazeres que são perenes.

SANTO AGOTINHO
Adaptou o pensamento platônico ao cristianismo. Abandonou o
racionalismo ético e retomou a dicotomia corpo-alma. Centrou a busca
da perfeição moral no amor a Deus. Afirma a necessidade da elevação
ascética pra compreender os desígnios de Deus. Para explicar a origem
do mal, já que Deus é bondade infinita, Agostinho introduziu a ideia de
livre-arbítrio (noção de que cada indivíduo pode escolher aproximar-se ou
afasta-se de Deus).

SÃO TOMÁS DE AQUINO


A ética cristã medieval foi marcada pela subjetividade, pois tratava
a moral como relação entre Deus e o indivíduo, isolando-o de
sua condição social. São Tomás recuperou a noção aristotélica da
felicidade como finalidade última da existência humana sendo Deus a
fonte de tal felicidade.

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Ética – Teorias Éticas – Prof. Edir Vieira

SPINOZA
Na Idade Moderna, o Renascimento e o Iluminismo promoveram uma
retomada do humanismo e do racionalismo que caracterizaram a cultura
clássica. No terreno da ética isso deu origem a uma nova concepção
moral, baseada no principio da autonomia. Para Spinoza Deus é
imanente, isto é, não se distingue da natureza. A conduta ética exigiria
um entendimento da condição humana e a liberdade seria a consciência
da necessidade.

KANT
Abandona os valores religiosos e coloca a razão como único fundamento
para a compreensão da natureza humana e da moral. Para Kant a razão
humana é legisladora e, portanto, capaz de elaborar normas universais
(um imperativo categórico). Para ele as noções de dever e liberdade
se confundem; quando o individuo obedece uma norma moral esta
fazendo que o uso livre da razão determinou. A ética kantiana, formalista,
desconsidera questões objetivas.

HEGEL
As concepções éticas contemporâneas recusam qualquer
fundamentação transcendental, centrando no homem concreto a
origem dos valores e das normas morais. Hegel questionou o formalismo
da ética Kantiana e salientou os elementos históricos-sociais que
determinam o conteúdo da moralidade de cada época.

MARX
Entendia a moral como um produto social cuja finalidade é a regulação
das relações sociais. A moral seria uma forma de consciência própria
de cada momento histórico da existência social. Para Marx não existem,
portanto, valores universais e tem uma fundamentação ideológica,
isto é, difunde valores necessários à manutenção de uma determinada
ordem social.

NIETZSCHE
Critica o racionalismo ético, afirmando que há um elemento repressor
nessa moral, que impede o pleno desenvolvimento da liberdade. Afirma
que o cristianismo criou uma moral de rebanho que valoriza a fraqueza
e o conformismo. Propõe uma ética que valorize forças vitais do homem.

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SARTRE
A liberdade é o fundamento do ser humano. O homem é um ser inacabado,
em permanente construção. O ser humano é “condenado” a ser livre, isto é,
precisa fazer escolhas pelas quais se torna responsável.

HABERMAS
Busca os fundamentos da ética no campo da analise da linguagem. Em
oposição à razão instrumental iluminista, a razão comunicativa, que se
constrói no dialogo deve desenvolver uma ética discursiva fundada no
consenso. Essa razão interpessoal e democrática deve embasar a ética.

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Ética

ÉTICA APLICADA

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO V – O trabalho desenvolvido pelo servidor


público perante a comunidade deve ser
SERVIDOR PÚBLICO
entendido como acréscimo ao seu próprio
bem-estar, já que, como cidadão, integrante
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
da sociedade, o êxito desse trabalho pode
I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia ser considerado como seu maior patrimô-
e a consciência dos princípios morais são nio.
primados maiores que devem nortear o VI – A função pública deve ser tida como
servidor público, seja no exercício do car- exercício profissional e, portanto, se integra
go ou função, ou fora dele, já que refletirá na vida particular de cada servidor público.
o exercício da vocação do próprio poder es- Assim, os fatos e atos verificados na condu-
tatal. Seus atos, comportamentos e atitudes ta do dia-a-dia em sua vida privada poderão
serão direcionados para a preservação da acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
honra e da tradição dos serviços públicos. vida funcional.
II – O servidor público não poderá jamais VII – Salvo os casos de segurança nacional,
desprezar o elemento ético de sua conduta. investigações policiais ou interesse superior
Assim, não terá que decidir somente entre do Estado e da Administração Pública, a se-
o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o con- rem preservados em processo previamente
veniente e o inconveniente, o oportuno e o declarado sigiloso, nos termos da lei, a pu-
inoportuno, mas principalmente entre o ho- blicidade de qualquer ato administrativo
nesto e o desonesto. constitui requisito de eficácia e moralida-
III – A moralidade da Administração Públi- de, sua omissão constitui comprometimen-
ca não se limita à distinção entre o bem e o to ético contra o bem comum, imputável a
mal, devendo ser acrescida da idéia de que quem a negar.
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O
entre a legalidade e a finalidade, na condu- servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ain-
ta do servidor público, é que poderá conso- da que contrária aos interesses da própria
lidar a moralidade do ato administrativo. pessoa interessada ou da Administração Pú-
IV – A remuneração do servidor público é blica. Nenhum Estado pode crescer ou esta-
custeada pelos tributos pagos direta ou in- bilizar-se sobre o hábito do erro, da opres-
diretamente por todos, até por ele próprio, são, ou da mentira, que sempre aniquilam a
e por isso se exige, como contrapartida, que dignidade humana e de uma Nação.
a moralidade administrativa se integre no IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e
Direito, como elemento indissociável de sua o tempo dedicados ao serviço público ca-
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, racterizam o esforço pela disciplina. Tratar
como conseqüência em fator de legalidade. mal uma pessoa que paga seus tributos di-

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reta ou indiretamente significa causar-lhe
dano moral. Da mesma forma, causar dano
a qualquer bem pertencente ao patrimô-
nio público, deteriorando-o, por descuido
ou má vontade, não constitui apenas uma
ofensa ao equipamento e às instalações ou
ao Estado, mas a todos os homens de boa
vontade que dedicaram sua inteligência,
seu tempo, suas esperanças e seus esforços
para construí-los.
X – Deixar o servidor público qualquer pes-
soa à espera de solução que compete ao se-
tor em que exerça suas funções, permitindo
a formação de longas filas, ou qualquer ou-
tra espécie de atraso na prestação do ser-
viço, não caracteriza apenas atitude contra
a ética ou ato de desumanidade, mas prin-
cipalmente grave dano moral aos usuários
dos serviços públicos.
XI – 0 servidor deve prestar toda a sua aten-
ção às ordens legais de seus superiores, ve-
lando atentamente por seu cumprimento,
e, assim, evitando a conduta negligente Os
repetidos erros, o descaso e o acúmulo de
desvios tornam-se, às vezes, difíceis de cor-
rigir e caracterizam até mesmo imprudência
no desempenho da função pública.
XII – Toda ausência injustificada do servidor
de seu local de trabalho é fator de desmo-
ralização do serviço público, o que quase
sempre conduz à desordem nas relações
humanas.
XIII – 0 servidor que trabalha em harmonia
com a estrutura organizacional, respeitando
seus colegas e cada concidadão, colabora
e de todos pode receber colaboração, pois
sua atividade pública é a grande oportuni-
dade para o crescimento e o engrandeci-
mento da Nação.

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Ética

O ESTADO COMO CONTRATO SOCIAL

A POLÍTICA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO

PLATÃO (428-347 a.C.)


Foi o primeiro grande filósofo que elaborou teorias políticas. Na sua obra A República ele
explica que o indivíduo possui três “almas” que correspondem aos princípios: racional, irascível
e passional. A sociedade idealizada por Platão esta organizada como um corpo, em que cada
parte cumpre uma função. O filósofo faz uma analogia entre as três partes que compõe o
indivíduo e a cidade (pólis). Assim os agricultores e artesãos deveriam produzir o sustento da
cidade, os guerreiros seriam responsáveis pela sua defesa e os filósofos deveriam governá-la.
Para Platão os sábios, por conhecerem a essência da justiça deveriam governar a sociedade. É a
teoria do rei-filósofo, isto é, o governo de uma elite que detém o conhecimento.

ARISTÓTELES (384-322 a.C.)


Para Aristóteles o homem é, por natureza, um ser social, pois só consegue sobreviver em
sociedade. Para ele o homem é um “animal político”, pois a existência da pólis (cidade-estado)
era algo natural e a vida digna do homem supunha, então, a participação, como homem livre
e racional, nos assuntos de interesse coletivo. Na sua obra A Política, Aristóteles afirma que a
política é para a cidade aquilo que a ética significa para o indivíduo. Entende, entretanto, que
a sociedade antecede o indivíduo e, assim, boas leis produziriam bons cidadãos e cidadãos
virtuosos criariam boas leis. Foi Aristóteles, também, que elaborou a conhecida classificação
das formas de governo: monarquia, aristocracia e politeia (democracia).

TEORIA DO DIREITO DIVINO DOS REIS


Na passagem da Idade Antiga para a Idade Média o cristianismo se impôs como força ideológica
dominante e a Igreja estabeleceu sua hegemonia sobre a vida cultural na Europa dessa época.
Santo Agostinho e, séculos mais tarde, São Tomas de Aquino procuraram estabelecer a distinção
entre as esferas do poder temporal (reis e príncipes) e do poder espiritual (bispos e papa). A
submissão do primeiro aos desígnios do segundo era um consenso entre os teólogos. Na Idade
Moderna os reis absolutistas tinham, ainda, seu poder justificado pela Teoria do Direito Divino,
que afirmava que o poder real representava a vontade de Deus e, por isso, não poderia ser
contestado. Foram defensores dessa tese pensadores como Bodin e Bossuet.

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NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)
Esse pensador renascentista italiano é considerado o fundador da ciência política moderna.
Na obra intitulada, O Príncipe, ele separa, pela primeira vez, a política das questões morais e
religiosas, dando autonomia para o pensamento político. Maquiavel defende que, em política,
os fins justificam os meios e, para manter o poder, o príncipe deve utilizar todos os meios ao
seu alcance. Seu realismo político o leva a afirmar, também, que o príncipe sábio “deve preferir
ser temido do que ser amado”. É preciso considerar, todavia, o contexto histórico em que a
obra de Maquiavel foi produzida, ou seja, uma Itália fragmentada politicamente, marcada por
conflitos e disputas internas e por pressões e invasões externas.

THOMAS HOBBES (1588-1679)


Hobbes foi um pensador que viveu na Inglaterra do século XVII, período que foi marcado
por guerra civil e instabilidade política. Nesse contexto, concluiu que a natureza humana
é intrinsecamente má (homo homini lupus) e em “estado de natureza”, antes de conhecer a
lei e o governo os homens viviam numa “guerra de todos contra todos”. Para conseguir paz e
segurança os homens teriam, através de um pacto social, criado um poder soberano: o Estado.
A concepção Hobbesiana da origem do Estado influenciou outros filósofos que são, por isso,
denominados “contratualistas”. Na sua obra denominada O Leviatã Hobbes afirma que, quando
criam uma sociedade política, os homens abrem mão da sua liberdade em favor de um poder
absoluto que se estabelece sobre todos eles.

JOHN LOCKE (1770-1831)


John Locke é considerado o pai do liberalismo político e precursor do movimento iluminista. Sua
teoria reflete as transformações políticas ocorridas na Inglaterra, no fim do século XVII, quando
uma revolução burguesa derrubou o absolutismo e implantou uma monarquia parlamentarista.
Foi o primeiro pensador a afirmar os direitos naturais do homem: a vida, a propriedade e a
liberdade. Segundo ele, quando os homens fazem um pacto social que origina o Estado eles
não abrem mão da sua liberdade. O estado liberal teria como função conciliar os interesses dos
indivíduos e proteger seus direitos naturais. Na obra Segundo Tratado do Governo Civil, Locke
afirma que um governo só é legitimo se for representativo e que o povo tem direito a rebelião
contra um governo opressor.

MONTESQUIEU (1689-1755)
Na sua obra O Espírito das Leis, Montesquieu estudou as diversas formas de governo e concluiu
que “todo indivíduo que tem o poder tende a abusar dele”. Para evitar a tirania o pensador
iluminista francês formulou a teoria da divisão dos três poderes: legislativo, executivo e
judiciário. Através do principio dos “freios e contrafreios” Montesquieu propôs autonomia de
cada uma dessas esferas e mecanismos que permitam a cada um dos poderes controlar os
demais. Para ele, a forma ideal de governo seria a monarquia constitucional, isso é, o poder do
rei limitado por uma constituição, e um parlamento com representantes eleitos pelos cidadãos.

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Ética – O Estado Como Contrato Social – Prof. Edir Vieira

JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-78)


Rousseau é considerado o pai da democracia moderna. Na sua obra mais famosa O Contrato
Social, ele defende o princípio da soberania popular como base de um governo legítimo. O
governo deve expressar a vontade geral mas a soberania do povo, segundo ele, não pode ser
representada. Rousseau defende, portanto, uma democracia direta. Para o mais radical dos
pensadores iluministas, as desigualdades sociais, e com elas a opressão e os conflitos, tinham
nascido com a propriedade privada. Para Rousseau, a sociedade perfeita seria formada por
homens livres, pequenos proprietários capazes de prover seu sustento, que decidiriam, em
liberdade e igualdade sobre o seu destino comum. A melhor forma de governo na concepção
rousseauniana seria a república.

GEÖRG W. F. HEGEL (1770-1831)


Para Hegel não existe o homem em “estado de natureza” e o indivíduo isolado é uma abstração.
Na concepção hegeliana o indivíduo esta sempre historicamente situado dentro de um povo
e de uma cultura sendo parte orgânica de um todo: o Estado. Segundo Hegel, o indivíduo
humano é um ser social e só encontra o seu sentido no Estado. O Estado, por sua vez não é a
simples soma de muitos indivíduos, não tem origem na vontade dos homens nem é fruto de
um contrato social. O Estado precede o indivíduo e é o fundador da sociedade civil. Para Hegel
o Estado representa o ponto culminante do desenvolvimento da Razão, ou seja, a realização do
Espírito objetivo que se manifestava na história, num processo dialético e contraditório.

K. MARX (1818-83) E F. ENGELS (1820-95)


Para Marx e Engels, a sociedade humana primitiva era comunal, pois não conhecia classes
sociais nem poder político permanente. O Estado teria surgido com a propriedade e a formação
de uma elite dirigente, que passou a monopolizar as decisões políticas através do controle
das funções administrativas, militares e religiosas. Na concepção marxista, o Estado, em última
instância, é um instrumento de dominação de uma classe social, os proprietários, sobre o resto
da sociedade, isto é, aqueles que produzem a riqueza e são explorados. Marx propôs, para a
construção de uma nova sociedade, que os trabalhadores tomassem o poder e instalassem
uma “ditadura do proletariado”, que abolisse a propriedade privada dos meios de produção.
Com o fim das classes sociais, acreditava ele, o Estado desapareceria.

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Ética

TOTALITARISMO E BIOPOLÍTICA

CIDADANIA E POLÍTICA

CIDADANIA
•• A palavra vem do latim – civitas – significa cidade, no sentido de entidade política.
•• Refere-se ao que é próprio da condição daqueles que
convivem em uma cidade.
•• Esta relacionado com aquilo que vincula os indivíduos de
uma comunidade política.
•• Conjunto de direitos e deveres daqueles que fazem parte
de uma sociedade politicamente organizada.
•• Exercício dos direitos civis, sociais e políticos que estão
previstos numa constituição.

CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES

DIREITOS DOS CIDADÃO - EXEMPLOS:


•• Direito à saúde, educação, moradia, trabalho,
previdência, segurança, lazer, etc.
•• Liberdade de pensamento e de expressão, de crença
religiosa, de se locomover, etc.

DEVERES DOS CIDADÃO - EXEMPLOS:


•• Votar para escolher os governantes, cumprir as leis, pagar os impostos, prestar serviço
militar, etc.
•• Respeitar as autoridades, proteger a natureza, preservar o patrimônio público, etc.

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ÉTICA E POLÍTICA

POLÍTICA
•• A palavra vem do grego - pólis – cidade-estado, ou seja, cidade independente, com suas
próprias leis e constituição, com governo autônomo.
•• Para Aristóteles, o homem é um ser político, isto é, a vida em sociedade seria próprio da
natureza humana, que pode ser entendida racionalmente.
•• Na concepção aristotélica a política seria uma continuação da ética, isto é, aplicação dos
princípios éticos à vida pública para buscar a felicidade humana e o bem comum.

CIDADANIA E POLÍTICA

POLÍTICA
•• Política se refere a arte ou ciência de governar a cidade, entendida como sociedade políti-
ca. Surgiu como busca da melhor maneira de organizar e dirigir a sociedade.
•• É o campo da atividade humana relacionada com os interesses coletivos, com o Estado,
com a administração pública e com as questões da cidadania.
•• Na política moderna, além do princípio da realização do bem e do interesse comum, herda-
do do pensamento antigo, é preciso também considerar o fenômeno do poder.

POLÍTICA E PODER

PODER
•• A palavra tem origem no latim – potere – significa capacidade, posse
•• Significa, basicamente, a capacidade ou força para mobilizar os recursos e os meios (mate-
riais, espirituais, humanos, etc.) necessários para atingir determinados fins ou objetivos ou
produzir certos efeitos.
•• Nas sociedades modernas a política constitui um instrumento de domínio social.
•• Tipos de poder social: poder econômico, poder ideológico e poder político.

TIPOS DE PODER SOCIAL


•• O Poder Econômico: utiliza a posse de certos bens socialmente necessários para garantir o
domínio da riqueza e controlar a organização das forças produtivas.
•• O Poder Ideológico: utiliza a posse de certas ideias, valores e doutrinas para influenciar o
comportamento social, determinando modos de pensar e agir dos indivíduos. Busca o con-
senso social controlando os meios de comunicação, a educação, etc.

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Ética – Totalitarismo e Biopolítica – Prof. Edir Vieira

•• O Poder Político: utiliza a força institucional e jurídica para obter o controle dos meios
de coerção social, incluindo a força física legalmente autorizada pelo direito vigente, para
manter a ordem e reproduzir as relações de domiñação na sociedade.

ESTADO E PODER POLÍTICO

ESTADO
•• A palavra tem origem no latim – status – com o significado de estar firme, no sentido de
permanência ou estabilidade de uma situação de convivência humana definida em termos
políticos.
•• Na definição tradicional formulada por Max Weber:
“O Estado é a instituição política que, dirigida por um governo soberano, reivindica o mono-
pólio do uso legitimo da força física em determinado território, subordinando os membros
da sociedade que nele vivem.”

ESTADO E GOVERNO

ESTADO
•• O Estado é constituído pelo conjunto das instituições e órgãos que representam o poder
político e os meios de coerção social: o governo, os parlamentos, as leis, os juízes e os tribu-
nais, o exército, a policia, etc.
•• O governo é o agente do Estado. O governo possui um caráter transitório, enquanto o Esta-
do é representado pelos elementos permanentes da ordem política.
•• Existem formas de governo (monarquia e república) e sistemas políticos diferentes que ca-
racterizam o funcionamento de cada Estado (presidencialismo, parlamentarismo).

ORIGEM DO ESTADO

As sociedades comunais primitivas não conheciam a


existência do Estado, como uma instituição perma-
nente, e as funções políticas não estavam bem defi-
nidas. O poder de decisão não estava separado da so-
ciedade. Predominava, nas comunidades primitivas,
uma autoridade natural ou patriarcal. Nas sociedades
tribais, o chefe exercia funções militares e religiosas e
tinha o papel de mediador nas disputas que eventu-
almente ocorriam entre os membros da comunidade.

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O Estado surgiu com o aparecimento da civilização e das sociedades estratificadas, isto é, dividi-
das em classes sociais. Embora tenha sido um processo bastante
complexo, sua formação está relacionada com o aprofundamen-
to da divisão social do trabalho e com a separação de certas fun-
ções religiosas, militares e administrativas do trabalho braçal e
do esforço produtivo direto. Essas funções acabaram sendo as-
sumidas por um grupo específico de pessoas que passou a deter
o poder, como classe dirigente.

A FUNÇÃO DO ESTADO

AS DUAS GRANDES CONCEPÇÕES SOBRE O PAPEL DO ESTADO:

Concepção Liberal:
A função do Estado seria agir como mediador dos conflitos entre os
indivíduos e diversos grupos que compõe a sociedade. O Estado deve-
ria promover a conciliação dos interesses divergentes dentro da socie-
dade, buscando sua harmonia. Entre os pensadores liberais clássicos
destacam-se John Locke e J.-J. Rousseau.

AS DUAS GRANDES CONCEPÇÕES SOBRE O PAPEL DO ESTADO:

Concepção Marxista:
A função do Estado seria garantir a dominação de uma classe sobre o
conjunto da sociedade. Embora se legitime por um consenso, obtido
pela hegemonia ideológica, seu papel seria, em última instância, pro-
teger a propriedade privada e reproduzir as relações de dominação na
sociedade.

SOCIEDADE CIVIL E PARTIDOS POLÍTICOS

SOCIEDADE CIVIL:
O termo se refere ao extenso campo das relações sociais
que se desenvolvem fora do poder institucional do Es-
tado. Fazem parte da sociedade civil, por exemplo, os
sindicatos, as empresas, as escolas, as igrejas, os clubes,
os movimentos populares, as associações culturais que
representam os diversos segmentos sociais organizados.

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Ética – Totalitarismo e Biopolítica – Prof. Edir Vieira

PARTIDOS POLÍTICOS:
São agremiações ou associações, organizadas com
base num programa político, que representam os
interesses de grupos ou classes sociais. Sua fun-
ção é mediar a relação entre a sociedade civil e o
Estado. Os partidos políticos, devem captar as as-
pirações e demandas da sociedade civil e encami-
nhá-las para o campo institucional das decisões po-
líticas do Estado.

REGIMES POLÍTICOS

REGIME POLÍTICO: O termo se refere ao modo característico e específico pelo qual cada Estado
se relaciona com a sociedade civil. Essa relação pode ser caracterizada como um esquema fe-
chado (quando a relação entre governantes e governados é marcada pelo autoritarismo e pela
opressão) ou um esquema aberto (marcado pela maior participação política da sociedade nas
questões do Estado).
Existem, no mundo contemporâneo, dois tipos de regime político:
•• Democracia – palavra de origem grega que significa “poder do povo”.
•• Ditadura – palavra de origem latina que significa “cargo daquele que dita ordens”.

CARACTERÍSTICAS DA DEMOCRACIA

•• A democracia moderna é representativa


(exercida por representantes eleitos). No
seu surgimento, na Grécia Antiga, a demo-
cracia era exercida diretamente pelo cida-
dãos que participavam das assembleias e
podiam ser sorteados para ocupar os cargos.
•• A participação política do povo ocorre por
meio do voto direto e secreto em eleições
que se realizam periodicamente. A participação popular ocorre não somente através de
representantes eleitos mas também na realização de plebiscitos, referendos, passeatas.
•• O poder político está organizado com base na divisão funcional dos três poderes, isto é, o
legislativo, o executivo e o judiciário que possuem funções próprias e autonomia. Vigora o
Estado de direito e são respeitados os direitos e as liberdades dos cidadãos, a liberdade de
imprensa, de associação e organização, de greve, etc.

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CARACTERÍSTICAS DA DITADURA

•• Governos autoritários existiram ao longo de toda


a História. Nas civilizações antigas do oriente
predominavam regimes políticos despóticos de
caráter teocrático. Quando não era exercido di-
retamente por um monarca, o poder estava con-
centrado nas mãos de um conselho aristocrático,
como na República romana. Monarquias absolu-
tistas existiram na Europa até as revoluções bur-
guesas que iniciaram a era contemporânea.
•• Os regimes políticos ditatoriais contemporâneos
se caracterizam pela concentração de poderes
nas mãos do governante, hipertrofia do poder
executivo e eliminação da participação popular
nas decisões políticas. O Estado de direito é subs-
tituído pelo Estado de exceção. São suspensas as
liberdades e os direitos individuais e criados ór-
gãos de repressão política. A imprensa é censura-
da. O governo controla os meios de comunicação
e a educação. São proibidas as manifestações e
associações livres.

FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO

FORMAS DE GOVERNO
•• Monarquia – Poder tem caráter vitalício e é transmitido here-
ditariamente.
•• República – Poder tem caráter temporário e é transmitido por
eleição.

SISTEMAS DE GOVERNO
•• Parlamentarismo – Poder concentrado no legislativo, na pessoa do primeiro ministro.
•• Presidencialismo – Poder concentrado no executivo, na pessoa do presidente.

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