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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “Obstáculos para a doação de sangue no Brasil”, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Se Marcel Proust, Alan Turing, Andy Warhol, Kevin Spacey, Mario de Andrade, Marco Nanini ou Elton John
fossem doar sangue em um hemocentro brasileiro, eles seriam barrados pelo mesmo motivo: manter relações
sexuais com homens. No Brasil, homens homossexuais só podem fazer doação sanguínea se passarem um ano
sem transar com outro homem.
A restrição representa um desfalque considerável nos estoques de sangue. Em 2014, apenas 1,8% da
população brasileira doou 3,7 milhões de bolsas. É bastante sangue, mas é pouca gente – ideal da ONU é que
3 a 5% da população de uma nação seja doadora. Mas só conseguiríamos chegar nesse ideal de 3% se o
número de brasileiros que vão regularmente aos hemocentros dobrasse. Ainda é pouco.
E tem muita gente que quer engordar essa pequena parcela de voluntários. De acordo com o IBGE, 101
milhões de homens vivem no país e, do total, 10,5 milhões é homo ou bissexual. Levando em consideração
que cada homem pode doar até quatro vezes em um ano, com a restrição dessa parcela da população, são
desperdiçados 18,9 milhões de litros de sangue por ano.
Para o Ministério da Saúde, os 12 meses de abstinência sexual fazem parte de um conjunto de regras
sanitárias para proteger quem vai receber a transfusão de possíveis infecções – até 2004, homens que fazem
sexo com homens (HSH) eram proibidos de doar sangue. A Portaria nº 2712, de 12 de novembro de 2013,
segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde(OMS) e da Organização Pan-Americana de
Saúde(OPAS) sobre a restrição de HSH, de que todas as amostras de sangue sejam analisadas e de que os
doadores sejam de baixo risco. O Ministério e a Anvisa afirmam que orientação sexual não deve ser usada
como critério para seleção de doadores e que as regras não são discriminatórias. Mas a realidade dos
hemocentros não é bem assim.
Há muitos anos, no Brasil, a pessoa da qual se coletava o sangue recebia uma quantia em dinheiro. Vários
problemas ocorriam, entre eles: algumas pessoas faziam disso um meio de vida, colocando, pelo número de
coletas, sua própria saúde em risco. Outras pessoas colhiam sangue e não respondiam a verdade para não
deixarem de receber o dinheiro. Tal comportamento colocava em risco a saúde e a vida dos pacientes que
recebiam o sangue, uma vez que, mesmo realizando todos os exames, é possível a transmissão de doenças
que tenham sido adquiridas recentemente em virtude da chamada janela imunológica. Para reduzir estes
riscos, o Ministério da Saúde iniciou um programa de qualidade do sangue, PROIBINDO EXPRESSAMENTE a
remuneração do sangue colhido. A condição de voluntário para aquele que doa seu sangue abre as portas
para a tranquilidade do doador quanto à preservação da sua saúde e para sua responsabilidade e seu
compromisso com as outras pessoas. A partir dessa iniciativa, a hemoterapia, principalmente no que se refere
à segurança transfusional, melhorou muito. Hoje, o Brasil, com destaque para Minas Gerais, pode se orgulhar
em ter uma das melhores hemoterapias do mundo, com segurança para o doador e para o paciente. Outras
informações podem ser obtidas no site da Anvisa.
Disponível em:
http://www.hemominas.mg.gov.br/duvidas/64-doacao-de-sangue/654-direitos-dos-doadores-de-sangue-legislacao#a-compra-do-sangue-poderia-ser-um
a-alternativa-para-resolver-a-questão-da-falta-de-doações Acesso em 01 novembro 2017
Disponível em:
https://noticias.r7.com/saude/falta-de-doadores-de-sangue-faz-medicos-adiarem-cirurgias-e-aumenta-custo-e-lotacao-em-hospitais-15062015 Acesso em
18 outubro 2017