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CEP – Escola de Música de Brasília

Coordenação de Matérias Teóricas


Disciplina: Harmonia 2
Professor: Umberto Freitas

ESTUDO DIRIGIDO
Acordes de sétima
1. Introdução
A noção de consonância e dissonância consolida-se no Renascimento, atendendo a pressupostos físico-
acústicos e estéticos. Para efeito dessa apostila, desde um ponto de vista harmônico, são consideradas
consonâncias os intervalos qualificados como justos – 1a, 4a e 5a justas e seus compostos –, chamadas
consonâncias perfeitas; e as 3as, e as 6as, maiores ou menores, e seus compostos, chamadas consonâncias
imperfeitas. As 2as e as 7as, maiores ou menores, e seus compostos, são consideradas dissonâncias.

Tétrades
Às terças superpostas da tríade pode-se adicionar mais uma terça, que vai formar com a fundamental um
intervalo de sétima. O acorde resultante – a saber, formado pela nota fundamental, a terça, a quinta e a
sétima – constitui uma tétrade.

Como acontece com as tríades, a cifragem dos acordes de sétima no estado fundamental e em suas
inversões considera os intervalos entre o baixo e as demais notas do acorde.

As notas em negrito são obrigatórias na cifra. As demais, facultativas, devendo aparecer apenas quando há
alguma alteração na nota representada pelo número na cifra.

Exercícios
Indique o grau, a cifra alfabética e realize os seguintes baixos, visando o coro misto a quatro vozes e de
acordo às cifragens indicadas.
2. Encadeamento de tétrades
Tratamento de dissonâncias
Na perspectiva da harmonia tradicional, a sétima é, portanto, uma dissonância, e costuma ser tratada
mediante procedimentos especiais, de forma que seja atingida de forma suave e “cantável”.1 Duas
importantes formas de tratamento de dissonâncias, e que serão usadas com frequência nesta apostila, são
descritas abaixo.

Nota de passagem

A nota de passagem é uma dissonância situada em posição métrica fraca, atingida e deixada por grau
conjunto.

Preparação/resolução da sétima

O processo de preparação/resolução de uma dissonância consiste em ouvi-la como consonância na posição


métrica anterior (o que consiste em sua preparação) e resolvê-la em outra consonância, por grau conjunto
(resolução) na posição métrica seguinte.

Onde não seja possível nenhuma das formas acima, recomenda-se atingir a sétima por grau conjunto.

A partir do período barroco e clássico, tais orientações cedem lugar a uma maior liberdade de condução
das dissonâncias, em um processo de evolução que culmina, no século XX, com o advento do
Impressionismo, no conceito de dissonância emancipada, que consiste na integração das dissonâncias às
estruturas acórdicas, sem a obrigatoriedade de preparação, resolução ou qualquer outro tipo de
tratamento.

Apesar do exposto acima, vamos, pelo menos no começo de nosso estudo e sempre que possível, trabalhar
tendo em vista um maior cuidado no tratamento da sétima, de acordo às orientações expostas acima.

1
Muitas das normas praticadas na harmonia tradicional vêm do contraponto, que visava, em um primeiro momento,
a música vocal.
Exercícios
Realize os seguintes encadeamentos. Onde possível, conduza a sétima dos acordes como nota de
passagem, ou por meio de preparação/resolução, ou por grau conjunto.

3. O acorde de sétima sobre a dominante (V7)


A tríade sobre a dominante representa uma função de preparação, ou tensão, que encontra seu repouso
ideal sobre o acorde de tônica. Tal atratividade se deve ao fato desse acorde possuir as duas notas que
fazem grau conjunto com a tônica, e que tendem a resolver-se nela.

Acrescido da sétima, esse acorde ganha ainda mais complexidade harmônica, acentuando o seu sentido de
atratividade em relação à tônica. Além disso, a sétima do acorde forma um intervalo de trítono (5a
diminuta) com a terça do acorde, adicionando mais dissonância a este acorde que originalmente já cumpre
função de preparação em relação à tônica.

Nas tonalidades menores, para se obter a sensível – e consequentemente o trítono sobre o acorde V7 – é
necessário alterar ascendentemente o sétimo grau da escala (que é a terça do acorde V7) dando origem à
escala menor harmônica.

Na harmonia tradicional, a tensão causada pelo trítono no acorde V7 necessita ser resolvido também2. Em
um encadeamento V7- I, tal resolução se consegue:

• conduzindo-se a sétima do acorde V7 à terça do acorde do I grau; e...


• conduzindo a terça do acorde V7 (sensível da escala), à fundamental do acorde do I grau (tônica da
escala).

Tal procedimento é conhecido como a resolução do trítono, e constitui um dos princípios fundamentais
sobre os quais se baseia muito do que se praticou em harmonia no sistema tonal, no períodos barroco,
clássico e romântico.

2
O que, diga-se de passagem, não acontece na harmonia popular e na harmonia modal.
Obs.: Voltamos a lembrar aqui que, nas tonalidades menores, trabalharemos com a escala harmônica, por ter o
sétimo grau da escala alterado ascendentemente e consequentemente um acorde maior com sétima sobre o quinto
grau (V7), com o trítono entre a terça e a sétima deste acorde.

Exercícios
1. Pratique os seguintes encadeamentos V7- I.

2. Realize os seguintes baixos cifrados

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