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DOI: 10.1590/1413-81232018245.

04362019 1627

Preferências dos adolescentes sobre os cuidados de saúde

artigo article
Adolescents’ preferences regarding health care

Maria da Graça Vinagre (http://orcid.org/0000-0002-9610-9806) 1


Luísa Barros (https://orcid.org/0000-0002-5075-0104) 2

Abstract Adolescents underutilize health ser- Resumo Os adolescentes subutilizam os serviços


vices, especially for monitoring purposes, which de saúde sobretudo para efeitos de vigilância, o
represents a concern for professionals. Since ado- que constitui uma preocupação para os profissio-
lescence is a crucial phase in acquiring healthy be- nais. Porque a adolescência é uma fase crucial à
haviors and attitudes that facilitate access to these aquisição de comportamentos saudáveis e de ati-
services, finding ways to respond to the specific tudes facilitadoras do acesso a estes serviços, por
needs of adolescents through their participation isso encontrar formas de responder às necessidades
is an important investment in the well-being of específicas dos adolescentes, através da sua parti-
future generations. This is an exploratory, cipação, constitui um importante investimento no
descriptive and qualitative study with two phases, bem-estar das gerações futuras. Este estudo explo-
seeking to identify and analyze adolescents' ratório e descritivo, de natureza qualitativa, com
ideas and preferences about healthcare. Eight duas fases, teve como objetivos identificar e anali-
group interviews were conducted with 64 adoles- sar as ideias e preferências dos adolescentes sobre
cents aged 13 to 18 years: four focus groups (phase os cuidados de saúde. Realizaram-se oito entrevis-
1) and four nominal groups (phase 2). The data tas de grupo com 64 adolescentes dos 13 aos 18
was submitted to content analysis. The adolescents anos: quatro grupos focais (fase 1) e quatro grupos
revealed both favorable and unfavorable opinions, nominais (fase 2). Os dados foram tratados atra-
highlighting a set of preferences regarding service vés da análise de conteúdo. Emergiram opiniões
conditions, such as short waiting periods, more favoráveis e desfavoráveis. Nas suas preferências
comfortable and less crowded settings. Concern- destacaram-se, nas condições dos serviços, haver
ing the professionals’ attitudes, they emphasized menos tempo de espera e ambientes mais confor-
their technical competencies, such as knowledge táveis e menos lotados; nas atitudes dos profissio-
and experience, although combined with inter- nais privilegiaram as competências técnicas, como
personal skills. These findings support the need for o saber e a experiência, embora associadas às
changes in organizational practices, and particu- competências relacionais. Os resultados suportam
1
Escola Superior de larly in the attitudes of the professionals. a necessidade de mudanças nas práticas organiza-
Enfermagem de Lisboa. Key words Adolescents, Healthcare, Healthcare cionais e sobretudo nas atitudes dos profissionais.
Av. Prof. Egas Moniz s/n.
1600-190 Lisboa Portugal. services, Qualitative research Palavras-chave Adolescentes, Cuidados de saúde,
gvinagre@esel.pt Serviços de saúde, Pesquisa qualitativa
2
Faculdade de Psicologia,
Universidade de Lisboa.
Lisboa Portugal.
1628
Vinagre MG, Barros L

Introdução prevenindo consequências negativas ao nível do


seu bem-estar9. Outros salientam a preocupação
Investir na saúde dos adolescentes poderá tradu- dos adolescentes com as condições de higiene,
zir-se em importantes ganhos não só para esta evocando o problema da transmissão das doen-
etapa do ciclo de vida como também para as ge- ças14, bem como a necessidade de os serviços se-
rações seguintes1-3. Sabemos que a adolescência é rem de fácil acesso, atrativos e confortáveis, onde
um período de confronto com mudanças de or- o ambiente estimule os adolescentes a falarem so-
dem biológica, cognitiva, emocional e sociocom- bre os seus problemas e sentimentos, ou mesmo
portamental e o facto de terem de fazer opções a abordarem determinados comportamentos que
e tomar decisões que têm repercussões nos seus os podem expor ao risco15.
projetos de vida, gera necessidades específicas às Este conhecimento tem motivado esforços no
quais os cuidados de saúde devem dar resposta4. sentido de desenvolver e implementar serviços de
No entanto, assiste-se a uma escassa procura saúde mais próximos e adequados ao desenvol-
dos Cuidados de Saúde Primários pelos adoles- vimento e às necessidades específicas dos jovens,
centes5, nomeadamente em Portugal6. A subutili- tendo como referência os critérios definidos pela
zação destes serviços assume maior importância World Health Organization para os designados
pela notória prevalência de comportamentos de Adolescent Friendly Health Services16,17. Ou seja, ser-
risco neste grupo etário, responsável por uma viços que cumpram critérios de qualidade, aten-
elevada morbilidade que advém das consequên- dendo a um conjunto de características e condi-
cias negativas destes comportamentos e que se ções: sejam acessíveis, aceitáveis, apropriados, efe-
mantém como uma forte ameaça à saúde e bem tivos e que respeitem a equidade17. Neste contexto,
-estar dos jovens2,7. A necessidade do adolescente cuidados de saúde de qualidade correspondem a
aprender a lidar com os riscos comuns nesta eta- cuidados centrados na pessoa do adolescente, ou
pa, associada às atuais instabilidades sociais, e o seja, que respeitam e respondem às preferências,
facto de ser uma idade crucial para a aquisição de necessidades e valores dos adolescentes18.
comportamentos saudáveis e de padrões de utili- Todavia, e como reforçam alguns autores,
zação dos serviços que têm tendência a manter- ainda sabemos muito pouco sobre o que pensam
se na idade adulta8, têm incentivado o estudo do e sentem os adolescentes sobre estas questões19,20,
problema, podendo constituir um investimento e as políticas e programas de saúde são ainda
importante ao nível da saúde pública9. maioritariamente baseados nas ideias dos adul-
Atualmente as políticas preconizam estraté- tos. Os serviços são desenhados por adultos para
gias de intervenção mais focadas na promoção adultos, onde são consideradas sobretudo as suas
da saúde e mais responsivas às necessidades dos necessidades, e são os jovens que referem tenden-
adolescentes2,9, sugerindo a inclusão dos adoles- cialmente piores experiências quando compara-
centes como protagonistas nestes cenários que dos com outros grupos etários21.
lhes dizem respeito2,10. No entanto a investigação, No sentido de contribuir para cuidados de
envolvendo os jovens no sentido de orientar tais saúde mais adequados às necessidades e dese-
mudanças, tem sido bastante escassa, particular- jos dos adolescentes portugueses, e seguindo as
mente no nosso país. atuais recomendações das políticas de saúde2,10,17,
A literatura internacional tem identificado considera-se fundamental dar voz aos adolescen-
um conjunto de determinantes, onde se salien- tes, começando por saber o que nos têm a dizer
tam as condições dos serviços de saúde e as ati- sobre estas questões. Também alguns autores,
tudes e comportamentos dos profissionais como como Hargreaves19, aconselham os políticos e os
tendo um papel decisivo na utilização destes ser- profissionais de saúde a ouvirem e respeitarem
viços pelos adolescentes3,11. as opiniões e sugestões dos jovens, (“learning
Os resultados de alguns estudos focam-se na to listen”), defendendo que tal é imprescindível
importância de fatores relacionados com o saber para haver sucesso no objetivo de melhorar os
e a competência dos profissionais de saúde, e cuidados de saúde dirigidos aos adolescentes19. O
em aspetos da comunicação e da relação com os autor refere igualmente a necessidade de realizar
adolescentes como a confiança, o respeito, a com- estudos qualitativos para aumentar a compreen-
preensão, a privacidade e a confidencialidade12,13, são da experiência dos jovens com os cuidados
argumentando que quando a experiência direta de saúde, e estudos quantitativos para aumentar
com os profissionais é positiva, aumenta a satis- a quantidade dos dados recolhidos19.
fação e, por consequência, a probabilidade de os Reconhecendo a importância das ideias dos
jovens voltarem a procurar os serviços de saúde, jovens e acreditando na sua mais-valia para a
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mudança das práticas de cuidados, com este es- Instrumentos e Procedimentos
tudo pretendeu-se identificar e analisar as ideias
e as preferências dos adolescentes sobre os cuida- Para a recolha de dados foram utilizados três
dos de saúde partindo das suas experiências com instrumentos: um breve questionário individual
os serviços e com os profissionais. de autopreenchimento para caracterização so-
ciodemográfica das duas amostras e informações
sobre a situação de saúde, e dois guiões diferen-
Métodos tes para a condução das entrevistas de cada fase.
Os tópicos abordados incluíram as experiências
O presente estudo inclui duas fases e integra com os serviços de saúde, aspetos mais ou menos
um projeto de investigação mais vasto. Trata-se apreciados, e as características e condições dese-
de um estudo exploratório, descritivo e predo- jadas nos profissionais e nos serviços. Por exem-
minantemente qualitativo cujas fases são se- plo, na fase 120, Como seria para vós um serviço de
quenciais: na primeira utilizaram-se entrevistas saúde ideal?, Para vós o que é um bom profissional
de Focus Groups20 e, na segunda, entrevistas de de saúde? Na fase 2, Quais as características e ati-
grupo com recurso à técnica do grupo nominal tudes que vocês acham mais importantes, ou prefe-
(Nominal Group Technique - NGT), com uma rem encontrar, num profissional de saúde?
amostra de características semelhantes. O estudo obteve a aprovação dos Conselhos
A Fase 1, com os grupos focais permitiu ace- Executivos das escolas, tendo sido solicitada au-
der às ideias, crenças, atitudes e algumas expe- torização com consentimento informado aos
riências em relação aos cuidados de saúde dos adolescentes e encarregados de educação. De
adolescentes20. Para Morgan, o que distingue os acordo com o protocolo, as sessões foram todas
grupos focais é a utilização explícita da intera- gravadas em vídeo, com a autorização prévia dos
ção grupal para produzir dados e aceder a pers- participantes.
pectivas que dificilmente seria possível de outra Nas entrevistas, de ambas as fases, cada grupo
forma22. A interação que se gera na discussão teve início com o acolhimento aos participantes,
favorece o envolvimento ativo dos participantes a apresentação da moderadora e assistente e dos
permitindo expressar, explicar e até defender as objetivos do estudo. Foi realçada a importância
suas opiniões num contexto dinâmico, coletivo e da participação de todos, e a ideia de que não
num ambiente não ameaçador que estimula a es- existiam respostas certas ou erradas, mas sim
pontaneidade22. Esta técnica de recolha de dados opiniões diferentes e todas muito importantes.
tem-se revelado de grande utilidade em estudos Foram dados os necessários esclarecimentos
com adolescentes na área da saúde13-14,20. quanto a regras e considerações éticas que estas
A necessidade de clarificar, sistematizar e metodologias envolvem. Depois destas infor-
priorizar as ideias que emergiram dos grupos mações, iniciava-se a sessão com uma atividade
focais motivou a realização de novas entrevistas “quebra-gelo”, com o objetivo de os envolver e fa-
grupais na Fase 2, mas agora num formato mais cilitar a interação, o que resultou salientando-se
estruturado, recorrendo à Nominal Group Te- um ambiente mais lúdico nos grupos dos adoles-
chnique (NGT), no sentido de obter informação centes mais novos. Foi recordado que a colabora-
estruturada e ordenada por prioridades face às ção era voluntária e que, apesar de ser muito útil,
questões colocadas pelo investigador. Esta técnica não era obrigatória, havendo sempre a possibi-
favorece a participação de todos os elementos do lidade de saírem da sala sem justificar o motivo.
grupo, minimizando a influência do moderador Especificamente, na realização dos grupos fo-
e tem sido também muito utilizada com adoles- cais (Fase 1) foram respeitadas as etapas propos-
centes23, por vezes em associação com os grupos tas por Morgan22: o planeamento, recrutamento,
focais14. É um processo de tomada de decisão em moderação e análise dos dados. Os 33 adolescen-
grupo que permite a expressão das ideias dos di- tes que participaram, nesta primeira fase, foram
ferentes elementos bem como a obtenção de con- organizados em quatro grupos mistos, de rapazes
senso no grupo, de forma democrática, por via da e raparigas. Dois grupos com adolescentes de 13
estrutura e sequência de um conjunto etapas se- e 15 anos, e outros dois entre os 16 e 18 anos,
quenciais14,23. O objetivo foi o de obter informa- variando a composição entre sete a nove partici-
ção estruturada, com clarificação de indicadores, pantes por grupo. As entrevistas foram realizadas
sobre as características e atitudes preferidas nos nas escolas e tiveram uma duração média de 70
profissionais de saúde pelos adolescentes. minutos.
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Nos grupos nominais (Fase 2), para além maioria dos dados recolhidos, passou-se à respe-
do planeamento e recrutamento, seguiram-se as tiva análise.
cinco etapas preconizadas pelos autores23 a seguir
durante as entrevistas. O moderador, após o aco- Análise dos dados
lhimento já referido, expôs ao grupo as questões
relacionadas com o tema em discussão e os ado- Os dados foram tratados recorrendo à aná-
lescentes pensaram em silêncio nas respostas e lise de conteúdo temática categorial segundo
registaram individualmente as suas ideias numa Bardin24. O corpus de análise resultou das trans-
folha de registo preparada para o efeito. Poste- crições integrais das entrevistas. Procedeu-se à
riormente, cada um, por sua vez, apresentou ao codificação, organização e reorganização da in-
grupo, uma das ideias que havia escrito e, uma formação encontrando o seu sentido, atribuindo
a uma, percorrendo os diferentes elementos, fo- significado ao seu conteúdo, e construindo uma
ram apresentando todas as suas ideias, enquan- grelha de análise com temas, categorias, subcate-
to o moderador ia registando a informação no gorias e unidades de registo ilustrativas.
quadro negro visível a todos os participantes. Este processo de codificação foi realizado
Passou-se à discussão em grupo para clarificação pela investigadora e por três juízes, proceden-
das ideias obtidas, promovendo a participação de do-se à comparação das diferentes codificações,
todos os elementos do grupo. para assegurar a consistência e o rigor do mesmo.
Após a clarificação, cada elemento, indivi- Na Fase 1, na contagem das frequências consi-
dualmente e em silêncio, selecionava cinco dos derou-se o número de adolescentes que fizeram
aspetos que considerava mais importantes, entre referência aos vários assuntos (extensividade) in-
a totalidade da lista obtida em grupo, e atribuía dependentemente do número de vezes que foram
uma pontuação a cada aspeto selecionado, or- referidos. As percentagens foram calculadas em
denando-os pelo grau de importância que lhes função dos 33 adolescentes que participaram nos
conferia. Esse registo foi feito em folha de papel grupos focais.
preparada para o efeito. Na Fase 2, seguiram-se os métodos de análi-
Por fim, partilhavam-se os resultados finais, se e de cotação preconizados para a NGT23. Um
mais uma vez registrados no quadro negro e após processo que envolveu a transcrição das grava-
discussão, na maioria dos grupos, muito partici- ções e respetiva validação através da informação
pada e disputada, encontrava-se o consenso em escrita pelos adolescentes durante a realização
relação ao conjunto de ideias mais importantes dos grupos. De seguida procedeu-se à organi-
para o grupo em questão. Os participantes assis- zação da listagem das características e atitudes
tiam à contagem da pontuação e tinham a opor- dos profissionais consideradas mais importantes
tunidade de confirmar e manifestar mais uma por cada grupo de adolescentes, com a respeti-
vez a sua concordância com o resultado final. va cotação atribuída individualmente e validada
Os 31 adolescentes que participaram, nesta em grupo para cada afirmação produzida. Para a
Fase 2, foram organizados igualmente em quatro atribuição de uma pontuação, pelos adolescentes,
grupos mistos, respeitando as mesmas idades da foi utilizada uma escala tipo likert que variava
Fase 1, e a composição dos grupos variou entre entre 1 e 5, do menos ao mais importante. No fi-
seis e nove adolescentes. As entrevistas foram rea- nal, construíram-se quatro quadros, com a infor-
lizadas nas escolas com uma duração média de mação produzida e hierarquizada por cada grupo
90 minutos. de adolescentes. Posteriormente agruparam-se os
Em geral, e em ambas as fases, as discussões dados por grupo etário e por ordem decrescente
decorreram com entusiasmo. Os adolescentes re- de pontuação.
velaram muito interesse pelos temas propostos e
os grupos foram bastante dinâmicos. Partilhan-
do das ideias de Morgan22 que os incentivos mo- Resultados
tivam a comparência dos participantes nos gru-
pos e estimulam a participação, particularmente Quanto à caracterização sociodemográfica dos
neste grupo etário, no final de cada sessão foram 64 adolescentes que participaram no estudo (33
distribuídos alguns brindes (sobretudo material na Fase 1 e 31 na Fase 2), 35 eram raparigas e 29
escolar), anunciados previamente no convite rapazes, com idades compreendidas entre os 13
para colaborarem no estudo. e 18 anos, que frequentavam o 8º ano, o 11º e
Após terem sido realizados os quatro gru- o 12º ano de escolaridade de duas escolas públi-
pos em cada fase (1 e 2), por haver saturação na cas de Lisboa. Pertenciam na sua maioria ao ní-
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vel socioeconómico médio e médio baixo. Cerca der a consultas de especialidade e também para
de 45% tinham utilizado os serviços de saúde no internamento, sendo a doença e os acidentes os
último ano, com maior frequência o hospital, e principais motivos de procura. Os Centros de
cerca de 30% já tinham tido experiência de inter- Saúde são procurados para a vacinação e consul-
namento. Menos de um terço tinha uma doença tas de vigilância, e também por doença. A con-
crônica e a maioria dos adolescentes sentia-se sulta para adolescentes é assinalada como um
saudável (40%) e muito ou muitíssimo saudável espaço relevante que permite obter apoio sem a
(55%). interferência dos pais. Curiosamente, as farmá-
cias são identificadas como um recurso de saúde
Fase 1: Grupos Focais de fácil acesso e que responde bem aos pequenos
problemas do quotidiano.
Na primeira fase, da análise de conteúdo pro- Todos os grupos identificaram os problemas
duzida nos grupos focais, emergiram os temas os psicológicos como um motivo relevante para
adolescentes e os recursos de saúde; e os adolescentes procurar os serviços de saúde, explicitando as
e os profissionais de saúde20. Apresenta-se o con- “depressões” e os “traumas” como uma razão
junto de categorias e subcategorias, construídas importante, lembrando que a doença não é só os
a partir das unidades de registo, para cada tema. problemas físicos. O profissional que todos pro-
O primeiro tema, (Tabela 1), os adolescentes curam é o médico, sendo o médico de família a
e os recursos de saúde, inclui três categorias. Os referência mais frequente.
adolescentes reportam-se ao tipo de serviços que A avaliação do funcionamento geral dos ser-
procuram, bem como aos motivos porque o fa- viços foi sobretudo negativa. Longos períodos
zem e a quem recorrem. Pronunciam-se avalian- de espera para marcação de consulta e atendi-
do negativamente as condições de atendimento e mento, com más condições físicas e ambientais,
funcionamento dos serviços de saúde e assinalam como referiram vários adolescentes (A), as salas
as suas preferências em relação aos mesmos20. são desconfortáveis (A23); estava muito frio (A3);
Os Hospitais e os Serviços de Atendimento fazendo referência à sobrelotação e salientan-
Permanente (SAP) são os serviços a que mais re- do o risco de contágio as urgências… aquilo fica
correm para resolver situações de urgência, ace- muito cheio, muito calor, demora muito… uns que

Tabela 1. Tema I - Os adolescentes e os recursos de saúde. Lisboa; 2016.


Categorias Subcategorias n (%)
Utilização dos serviços Tipo de serviço Hospitais e SAP 17 (51,5)
de saúde Centros de Saúde 14 (42,4)
Farmácias 2 (6,1)
Motivos de procura Urgência/acidentes 6 (18,2)
Doenças físicas e psicológicas 11 (33,3)
Vigilância de Saúde 7 (21,2)
Vacinação 7 (21,2)
Profissionais a que Médicos 33 (100)
recorrem Enfermeiros 6 (18,2)
Farmacêuticos 6 (18,2)
Psicólogos 4 (12,1)
Apreciação negativa Longos períodos de espera 17 (51,5)
do funcionamento Más condições físicas e ambientais/risco de contágio 7 (21,2)
e condições de Tratam os jovens como crianças/Desvalorizam as suas ideias 5 (15,1)
atendimento dos serviços Não respondem às necessidades 4 (12,1)
de saúde
Falta de profissionais 4 (12,1)
Preferências em relação Mais profissionais 11 (33,3)
às estruturas dos serviços Atendimento mais rápido e metódico e horário mais alargado 10 (30,3)
de saúde Ambiente acolhedor/confortável 7 (21,2)
Mais recursos materiais 5 (15,2)
Adequar os espaços ao tipo de população 3 (9,1)
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têm uma doença respiram para cima dos outros… uma das condições preferidas como um atendi-
(A5); há grande probabilidade de apanhar doen- mento mais rápido num horário mais alargado,
ças (A7). Os horários desadequados e a falta de no sentido de diminuir o tempo de espera e pro-
profissionais também foram aspetos de relevo, longar o horário disponível.
nos centros de saúde não respondem às nossas ne- No segundo tema, os adolescentes e os profis-
cessidades (A30). sionais de saúde, (Tabela 2), são relatadas as expe-
Destaca-se o sentimento de desvalorização das riências concretas de relação com vários grupos
suas ideias ninguém nos ouve (A32), bem como profissionais assinalando os aspetos positivos e
das suas sugestões têm uma caixa de sugestões, mas negativos referentes a cada um dos grupos que
não mudam nada (A15) associado ao facto de se destacaram20. Ao abordarem as experiências de
sentirem tratados como crianças consideram-nos atendimento com profissionais de saúde os ado-
como crianças… não temos idade… (A21). lescentes reportam-se sobretudo aos médicos e
Ao serem estimulados a falar sobre as suas aos enfermeiros, mas alguns referem também o
preferências referiram praticamente o oposto farmacêutico, como um recurso eficaz e esclare-
do que identificaram como aspetos negativos no cedor.
funcionamento dos serviços, destacando-se a ne- Relativamente aos médicos identificaram um
cessidade de mais profissionais para satisfazerem conjunto de experiências que remetem quase

Tabela 2. Tema II - Os adolescentes e os profissionais de saúde. Lisboa; 2016.


Categorias Subcategorias n (%)
Experiências de atendimento Não sabem lidar com as pessoas 11 (33,3)
com médicos São negligentes 9 (27,3)
Não sabem comunicar 7 (21,2)
Preocupam-se e ajudam* 5 (15,2)
Não cumprem regras 4 (12,1)
Desvalorizam as queixas 3 (9,1)
São estranhos/desconhecidos 3 (9,1)
Prescrevem com arbitrariedade 2 (6,1)
São disponíveis* 2 (6,1)
Informam e esclarecem* 2 (6,1)
São simpáticos* 2 (6,1)
Respeitam a confidencialidade* 2 (6,1)
Experiências de atendimento Estabelecem boa relação* 8 (24,2)
com enfermeiros Não sabem lidar com as pessoas 5 (15,2)
São compreensivos* 2 (6,1)
Sabem pouco 2 (6,1)
Experiências de atendimento São eficazes* 6 (18,2)
com os farmacêuticos Informam e esclarecem* 3 (9,1)
Caracterização do bom Ter conhecimentos, ser competente 17 (51,5)
profissional de saúde Saber relacionar-se (Simpático, atencioso…) 13 (39,4)
Ser disponível 12 (36.4)
Não tratar os jovens como crianças 8 (24,2)
Ter experiência 7 (21,2)
Saber informar e explicar 7 (21,2)
Gostar de fazer o seu trabalho 6 (18,2)
Ser mais velho 5 (15,2)
Ser compreensivo 4 (12,1)
Ser do sexo feminino 4 (12,1)
Transmitir confiança 4 (12,1)
Saber respeitar 3 (9,1)
Ser pontual 3 (9,1)
*Apreciações positivas
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todas para a relação interpessoal e são predomi- terísticas e atitudes preferidas nos profissionais
nantemente negativas, como não se preocupam de saúde, num total de 116 registos (53 nos dois
com os doentes (A26); são antipáticos, não deram grupos dos mais novos e 63 nos grupos dos ado-
importância às minhas queixas (A33); só receitam lescentes mais velhos).
medicamentos e não explicam nada (A32); …às Verificamos, como se pode observar na Tabela
vezes dizem uns nomes que eu não conheço (A5); 3, que foram priorizadas 13 características pelos
chegam atrasados (A32). Em contrapartida com adolescentes mais novos e 11 pelos mais velhos,
alguns aspetos positivos preocuparam-se com as havendo seis caraterísticas comuns a todos, em-
minhas dores (A17) está sempre disponível para bora com um posicionamento diferente na or-
discutir a doença comigo (A17). denação final: ser competente/ter profissionalismo,
Para os enfermeiros, a apreciação parece ser esclarecer/explicar, ser simpático, ser compreensivo,
mais favorável, destacando-se a capacidade de ser atencioso, ser bem-disposto/divertido, consi-
estabelecer uma boa relação, falam com as pes- derando-se globalmente 18 características e/ou
soas… são mais interativos (A15); existe uma certa atitudes diferentes escolhidas e priorizadas pelos
confiança entre nós (A16). adolescentes.
Os adolescentes não referiram experiências As caraterísticas que os adolescentes valo-
com psicólogos, todavia reconheceram a sua im- rizaram incluem a competência e a experiência
portância no tratamento de doenças ou proble- profissional, a necessidade de informação e escla-
mas psicológicos. recimento de dúvidas (evidentes nos diferentes
Quando se lhes pediu para caracterizarem o grupos etários), as questões relacionadas com a
bom profissional de saúde surgiram, a par da impor- confidencialidade e a confiança (no grupo dos
tância da relação relacionar-se bem com os jovens mais velhos), passando sempre por uma atitude
(A23); ser atencioso…ter paciência (A3) mostrar- amigável, compreensiva e facilitadora da relação.
se disponível para ajudar (A5), outras dimensões
como a competência, os conhecimentos é preciso
estar atualizado… ter formação (A9), o saber da Discussão
experiência saber o que faz… estar treinado (A5),
o saber explicar, esclarecer explica bem a doença O facto de os adolescentes terem participado ati-
(A22); falar na nossa linguagem (A7), e compreen- vamente, através das entrevistas de grupo, dando
der os jovens, sem os tratar como crianças20. voz às suas ideias permitiu a concretização dos
objetivos, e a obtenção de informação relevante
Fase 2: Grupos Nominais sobre as suas preferências relativamente às con-
dições dos serviços e, sobretudo, às atitudes dos
Quanto à Fase 2, nos quatro grupos nominais profissionais, remetendo para as suas experiên-
realizados foi produzido, pelos adolescentes no cias concretas de cuidados de saúde sobretudo
contexto das entrevistas, um conjunto de carac- com médicos e enfermeiros.

Tabela 3. Características/Atitudes mais importantes nos profissionais de saúde. Lisboa; 2016.


Grupo + Novos N=17 Cotação Grupo + Velhos N=14 Cotação
Ser Competente 11 72 Ter Profissionalismo 11 54
Esclarecer/linguagem clara 9 45 Explicar de forma clara 9 42
Ser Compreensivo 9 37 Ser Responsável 9 37
Ser Simpático 8 36 Ser Disponível 7 28
Ser Prestável 6 28 Confidencialidade/ Segurança 7 29
Ser Atencioso 6 28 Ser Simpático 7 25
Ser Educado 6 26 Ser Compreensivo 5 18
Boa interação/ relação 6 27 Bom Humor/ Boa Disposição 4 16
Ser divertido 6 18 Ter vontade de ajudar/ Empenho 3 14
Mostrar interesse 4 18 Dar voto de confiança 4 15
Preocupar-se 4 18 Ser atencioso 2 7
Tratar bem /sem arrogância 3 15
Ter postura profissional 2 8
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Vinagre MG, Barros L

No diálogo com os adolescentes, foi notório o dos jovens, o que vem contrariar as tarefas desen-
predomínio das referências aos serviços hospita- volvimentistas da adolescência26.
lares e à condição de doença comparativamente Os relatos das experiências com os profissio-
à discussão e aspetos relacionados com a saúde nais focaram-se em primeira instância na intera-
e o recurso aos serviços de saúde para vigilância ção que estes estabelecem com os adolescentes,
ou promoção da saúde, em concordância com partindo predominantemente de atitudes nega-
resultados de outros estudos25. Quando os aspe- tivas para concluírem qual o perfil do bom pro-
tos mais preventivos foram abordados, foi prin- fissional. O conjunto de resultados aponta, por
cipalmente em referência à vacinação, associada um lado, para a valorização das atitudes relacio-
à vigilância de saúde. Estes resultados remetem nais, de proximidade, simpatia, disponibilidade e
para uma visão predominantemente biomédica, ajuda20, mas por outro, destaca-se a importância
sendo o médico o profissional de referência. Tal atribuída ao conhecimento, ao tratamento corre-
pode acontecer pelo facto de tanto os serviços to e evitamento do erro, à informação associada
como os profissionais estarem mais direcionados ao esclarecimento de dúvidas e à clareza da lin-
para o tratamento da doença do que para uma vi- guagem utilizada na explicação.
são de promoção da saúde com uma abordagem Em suma, as competências técnicas surgem
mais integrativa e holística4. reforçadas, fundamentalmente pelos resultados
Na globalidade os dados são concordantes obtidos na segunda fase deste estudo, embora
com a literatura internacional11-15. Os adolescen- não dissociadas das competências relacionais já
tes expressaram claramente as suas opiniões e emergentes na fase anterior. Estes resultados são
expetativas, e manifestaram as suas preferências, semelhantes aos dos estudos pioneiros de Gins-
com base nas suas experiências com os cuidados burg e colegas13,14. Os adolescentes pretendem
de saúde. Houve uma primazia na abordagem profissionais que sejam competentes para tratar
das características dos profissionais em relação as doenças, que os informem esclarecendo as suas
às condições dos serviços, o que parece tradu- dúvidas e que saibam relacionar-se com eles tra-
zir uma maior valorização dos recursos huma- tando-os como jovens e que, de preferência, gos-
nos13,14,20. Contudo, algumas condições dos ser- tem de trabalhar com adolescentes.
viços foram manifestamente valorizadas como As preferências expressas foram, em parte,
negativas, enquanto outras, quase em oposição, concordantes com a literatura internacional11-15,
se incluíram nas preferências e parecem ser con- embora com algumas especificidades que se
sideradas como condições necessárias à procura prendem com a realidade dos serviços de saúde
dos serviços de saúde pelos adolescentes. do nosso país20. As sugestões que emergem dos
O risco de contágio nos serviços de saúde, dados para mudanças futuras assentam em al-
nomeadamente nas urgências, foi intensamente guns dos critérios de qualidade definidos para
valorizado, pressupondo a necessidade de con- os serviços de saúde amigos dos adolescentes16,17,27,
trole da infeção, possivelmente relacionados com como o serem mais acessíveis com horários, locais
as especificidades do desenvolvimento nesta fase, e funcionamento, que permitam o fácil acesso,
uma vez que os adolescentes estão ainda cen- apropriados ao disponibilizarem serviços ade-
trados na causalidade fisiológica da doença por quados às suas necessidades, e aceitáveis quando
contágio ou contaminação26, associadas às con- oferecem cuidados que respondem às expetativas
dições de uma frequente sobrelotação e escassa dos adolescentes motivando a procura16,17,20. Estes
higiene dos serviços20, frequentemente discutidas requisitos têm subjacente a filosofia dos cuidados
nos media. centrados na pessoa do adolescente, uma medida
Surgiram também como importantes as da qualidade de cuidados em saúde18,19.
questões da pouca adequação dos serviços às ne-
cessidades dos jovens, bem como as questões da
acessibilidade25, não só pela dificuldade de mar- Conclusões
cação de consultas, mas também pelo excessivo
tempo de espera, frequentemente referido na li- As entrevistas de grupo permitiram ouvir os
teratura, e que pode reforçar outros obstáculos à adolescentes, dando-lhes a oportunidade de in-
procura dos serviços de saúde pelos adolescentes. formar, quer os profissionais de saúde quer as
Também expressaram um sentimento de desva- entidades políticas, das suas preferências relati-
lorização das suas opiniões e sugestões, resultan- vamente à necessidade de mudanças.
do no ser tratado como uma criança e uma falta Conhecer o que pensam, sentem e preferem
de reconhecimento de um estatuto autónomo os adolescentes sobre os cuidados de saúde, per-
1635

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1627-1636, 2019


mite compreender melhor as suas perspetivas e e, particularmente, nas atitudes dos profissionais,
saber como adequar os cuidados aos seus dese- e vem reforçar a necessidade da implementação
jos, necessidades e preferências, no sentido de do preconizado nas políticas de saúde2,9,10 que se
estimular o seu interesse e motivação pela pro- pretendem mais ajustadas às suas necessidades e
cura dos mesmos, e não apenas em condição de preferências e, por isso, mais centradas no ado-
doença. Estas mudanças, segundo este grupo de lescente19. Serviços de saúde de elevada qualida-
adolescentes, exigem mais recursos humanos, de, dirigidos para as necessidades específicas dos
melhores condições de acesso e de atendimento adolescentes, podem contribuir para um maior
num ambiente físico acolhedor e amigável, faci- envolvimento dos jovens na sua própria saúde e
litador de uma relação próxima e adequada com aumentar a probabilidade de novos atendimen-
os profissionais de saúde. Também se evidenciou tos9, facilitando uma transição mais saudável
a necessidade de algumas mudanças nas atitudes para a idade adulta25.
e comportamentos dos profissionais, como reve- O presente estudo veio também reforçar a
lar profissionalismo, ser conhecedor e experiente adequação da metodologia utilizada na recolha
para esclarecer as dúvidas dos adolescentes e tra- de dados com adolescentes, como alguns autores
tar as suas doenças, uma atitude de disponibili- têm defendido em estudos exploratórios na área
dade, simpatia e de compreensão, sem tratar os da saúde20,23. Dar voz aos jovens em grupo esti-
adolescentes como crianças e mantendo o respei- mulou o seu pensamento e a sua participação ati-
to pela confidencialidade. Estes requisitos trans- va sobre questões relativas à sua saúde. De referir,
mitem a necessidade do cumprimento dos crité- o benefício de o estudo ter incluído uma primei-
rios definidos pela World Health Organization ra fase de expressão mais livre e uma segunda fase
para os “Adolescent Friendly Health Services”16,17. mais regulada e estruturada, permitindo não só
Salvaguardando as limitações do presen- a emergência de novos dados como o reforço de
te estudo, pela dimensão e região geográfica da outros já recolhidos antes, bem como ter confir-
amostra, o conjunto dos dados sugere a necessi- mado a importância da continuidade da investi-
dade de mudanças nas práticas organizacionais gação nesta área.

Colaboradores

MG Vinagre e L Barros participaram na conceção


e desenho metodológico do estudo e na revisão
final do artigo. MG Vinagre efetuou a revisão
de literatura, a recolha, tratamento e análise dos
dados e assumiu a redação do artigo e L Barros
participou na análise e interpretação dos dados e
fez a revisão crítica do artigo.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os adolescentes que parti-


ciparam no estudo e aos pais que o permitiram,
bem como aos Conselhos Executivos das escolas
e a todos os professores que aceitaram colaborar.
Trabalho financiado pela Fundação para a
Ciência e a Tecnologia (FCT).
1636
Vinagre MG, Barros L

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