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DOI: 10.1590/1413-81232018245.

12362017 1777

Estudos de avaliação do consumo alimentar

revisão review
segundo método dos escores: uma revisão sistemática

Studies assessing food consumption by the scores method:


a systematic review

Raphaela Costa Ferreira (https://orcid.org/0000-0002-1613-8819) 1


Lídia Bezerra Barbosa (https://orcid.org/0000-0003-1883-0734) 1
Sandra Mary Lima Vasconcelos (https://orcid.org/0000-0002-9438-3537) 1

Abstract This article describes a systematic re- Resumo O presente artigo tem como objetivo re-
view of the literature on studies that have used the visar de forma sistematizada a literatura relativa
scores method proposed by Fornés et al. (2002) to a estudos que utilizaram o método dos escores pro-
evaluate food consumption and discuss the meth- posto por Fornés e colaboradores, em 2002, para
od from the perspective of food pattern assessment. avaliar o consumo alimentar e discutir o método
The search of the Medline, Lilacs and Scielo data- na perspectiva de avaliação do padrão alimentar.
bases was limited to the English, Portuguese and Foi realizada busca de artigos nas bases de dados
Spanish languages and to articles published from Medline, Lilacs e Scielo. Limitou-se a busca aos
2002 to 2016. The inclusion criterion was studies idiomas inglês, português e espanhol e aos artigos
that used the scores method proposed by Fornés publicados de 2002 até 2016. Os critérios de inclu-
et al. to evaluate food consumption. The original são foram: estudos que utilizaram o método dos es-
search found 8300 items. After reading titles and cores proposto por Fornés et al. para avaliar o con-
abstracts and applying the exclusion criteria, 14 sumo alimentar. Foram encontrados 8.300 artigos
articles were selected. The articles evaluating food na busca inicial. Após leitura de títulos, resumos e
pattern used different groupings and examined aplicação de critérios de exclusão, 14 artigos foram
associations with anthropometric, socioeconomic selecionados. Os artigos avaliaram o padrão ali-
and biochemical variables. It was concluded that mentar adotando diferentes grupos e verificaram
the scores method is able to evaluate food patterns associações com variáveis antropométricas, socio-
and enables associations to be established between econômicas e bioquímicas. Concluiu-se que o mé-
anthropometric, biochemical, socioeconomic and todo dos escores constitui uma ferramenta capaz
clinical variables and the components of the study de avaliar os padrões alimentares e que permite
diet/food grouping to which the individual was verificar associações entre variáveis antropométri-
exposed. cas, bioquímicas, socioeconômicas e clínica com os
Key words Food consumption, Human eating componentes da dieta/grupo alimentar investiga-
1
Laboratório de Nutrição behaviour do aos quais o indivíduo foi exposto.
em Cardiologia, Faculdade Palavras-chave Consumo de alimentos, Huma-
de Nutrição, Universidade nos, Comportamento alimentar
Federal de Alagoas. Av.
Lourival de Melo Mota,
Tabuleiro dos Martins.
57072-970 Maceió AL
Brasil. raphinhacosta2010@
hotmail.com
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Ferreira RC et al.

Introdução determinado grupo de alimento, o que possibilita


análises estatísticas de associação dos padrões de
O padrão alimentar da população brasileira tem consumo com variáveis explicativas12.
sofrido mudanças, caracterizadas pelo aumen- Diante do exposto, este estudo teve como ob-
to da ingestão de alimentos com alta densidade jetivo revisar a literatura acerca dos estudos que
energética, pobres em fibras e ricos em gordura fizeram análise do consumo alimentar através do
saturada, gordura trans e açúcares simples, os método dos escores proposto por Fornés et al.10 e
quais, associados à inatividade física, ao tabagis- discutir o método na perspectiva de avaliação do
mo e ao consumo excessivo de álcool, têm sido padrão alimentar.
identificados como preditores independentes de
diversas enfermidades1-4.
A Organização Mundial de Saúde5 sugere que Métodos
a avaliação do consumo alimentar das popula-
ções estaria mais bem representada pelo padrão Realizou-se uma revisão sistemática da literatura,
alimentar, considerando que os indivíduos não cuja busca de artigos partiu da pergunta pré-de-
consomem nutrientes nem alimentos isolada- finida “O método dos escores é uma ferramenta
mente. De acordo com Northstone et al.6, a ava- utilizada para avaliar o consumo alimentar na
liação isolada de nutrientes não traduz a natureza perspectiva de identificar padrões alimentares
multifatorial da dieta humana. Nesse sentido, é e possibilita verificar sua associação com ou-
crescente o interesse nessa linha de investigação tras variáveis?” Para a organização da pergunta
sobre o consumo de grupos de alimentos consi- do estudo, estratégia de pesquisa e dos critérios
derados definidores de padrões alimentares sau- de seleção utilizou-se uma versão ampliada do
dáveis e não saudáveis7,8. modelo “População, Intervenção, Comparação,
Os padrões alimentares, caracterizados por Desfecho” (Population, Intervention, Comparison,
um conjunto ou grupos de alimentos consumi- Outcome- PICO)13: o modelo PICOCS, que tam-
dos por uma dada população, podem ser defini- bém considera o “Contexto” (Context) e o “Deli-
dos teoricamente, quando as variáveis nutricio- neamento do estudo” (Study design).
nais, como alimentos e nutrientes, são agrupados
de acordo com critérios nutricionais escolhidos Estratégia de busca
com precedência, ou empiricamente, quando as
variáveis são reduzidas a um número menor por A identificação dos artigos de interesse foi
meio de análises estatísticas e são avaliadas pos- realizada em abril de 2016 em 3 base de dados
teriormente9. eletrônicas: Medical Literature Library of Medi-
Como alternativa, para se fazer a análise glo- cine (Medline), via PubMed; Scientific Electronic
bal da dieta, foi proposto por Fornés et al.10 o mé- Library (SciELO) e Literatura Latino-Americana
todo dos escores, o qual se realiza aplicando uma e do Caribe (Lilacs), via Biblioteca Virtual em
pontuação para alimentos na dieta segundo cate- Saúde (BVS), com seleção dos estudos publica-
gorias agrupadas com base no objetivo do estudo. dos a partir do ano 2002 até 01 de dezembro de
De tal modo, vale salientar que nos dicionários, o 2016. Para a busca pelos manuscritos foi escolhi-
termo “escore” é sinônimo de “pontuação”, “um do o início pelo ano de 2002 pelo fato de neste ter
valor que não necessita de unidade de medida”. ocorrido a primeira publicação de Fornés sobre
Quando aplicado a um grupo populacional, o método dos escores. Restringiu-se a busca aos
torna possível conhecer o padrão de consumo idiomas “espanhol, inglês e português”.
alimentar dos grupos de alimentos de interesse Selecionou-se as seguintes palavras-chave e
para aquele estudo e, com o escore estabelecido, seus respectivos termos em inglês dos Descrito-
por ser um valor numérico, possibilita a compa- res em Ciências da Saúde (DECS): hábitos ali-
ração com os desfechos também de interesse para mentares (food habits), consumo de alimentos
aquela pesquisa11. (food consumption) e ingestão de alimentos (food
O método dos escores para avaliação do intake). O termo escore (score*) foi também in-
consumo alimentar constitui uma medida rela- cluído por delimitar o método. Utilizaram-se
tivamente simples e que reflete um aspecto qua- os operadores lógicos AND e OR para realizar a
litativo e/ou quantitativo da dieta. No método, combinação dos termos escolhidos na busca das
maiores escores significam maior consumo de publicações.
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Critérios de elegibilidade ou “atende”, respectivamente15. Após a avaliação
dos critérios, cada artigo recebeu uma pontuação
Foram considerados elegíveis os estudos que de 0 a 22 de cada revisor. A pontuação final foi
utilizaram o método dos escores proposto por obtida calculando-se a média das notas dos auto-
Fornés et al.10 para avaliar o consumo alimentar. res. De acordo com a nota final, os manuscritos
Excluíram-se artigos de revisão; artigos em du- foram classificados de forma ordinal. A pontua-
plicidade nas bases de dados e estudos que não ção global foi convertida em percentual para ava-
utilizaram o método dos escores proposto por liar a qualidade dos artigos, classificando-os em
Fornés et al. 3 categorias, de acordo com Mataratzis et al.16:
A – quando o estudo preenche mais de 80% dos
Seleção dos artigos critérios estabelecidos no STROBE; B – quando
50%- 80% dos critérios do STROBE estão sendo
Dois pesquisadores, de forma independente, alcançados; e C – quando menos de 50% dos cri-
avaliaram os artigos oriundos da estratégia de térios estão preenchidos.
busca inicial, por título e resumo, seguindo os
critérios de elegibilidade e exclusão preestabele-
cidos. Quaisquer divergências foram resolvidas Resultados
por consenso. Permanecendo a discordância, um
avaliador com expertise era consultado. Foram encontradas 8.300 referências bibliográfi-
cas e avaliados os títulos. Desses, foram selecio-
Extração dos dados nados 433 artigos, sendo realizada a leitura dos
resumos e excluídos aqueles em que o conteúdo
Para a síntese narrativa dos artigos de interes- apresentado não se enquadrava nos critérios de
se, extraíram-se os seguintes dados: ano de pu- seleção. Após essa etapa, 91 artigos foram subme-
blicação; periódico e ano de realização do estudo; tidos à leitura completa do texto. A partir de uma
local do estudo; público-alvo; tamanho amostral; revisão detalhada, 14 artigos foram considerados
objetivos; variáveis estudadas; padrões de con- adequados e tiveram seus resultados sistematiza-
sumo adotados identificando as categorias dos dos (Figura 2). A avaliação da qualidade meto-
grupos alimentares e, as associações observadas dológica, segundo os critérios STROBE14, revelou
entre os escores formados a partir dos padrões que 92,9% (n = 13) atingiu pontuação de quali-
alimentares e as variáveis (Quadro 1). dade B (Tabela 1).
Uma síntese dos dados de interesse para esta
Sobre o método dos escores revisão (autoria, ano de publicação, local de es-
tudo, número de participantes, objetivos do es-
Uma vez que o foco deste estudo foi revisar a tudo, variáveis estudadas, padrões de consumo
aplicação do método dos escores idealizado por alimentar utilizados e principais resultados),
Fornés et al.10, os autores precisaram se debruçar extraída dos 14 artigos selecionados após revisão
sobre sua metodologia de modo a compreender completa, está apresentada no Quadro 1. Todos
e a explicar o processo para aplicação do mesmo. os estudos foram de delineamento transversal. O
O passo-a-passo foi sistematizado e está ilustrado primeiro estudo foi publicado em 2002, por For-
na Figura 1. Com o fluxograma pode-se compre- nés et al.10, que propôs o método dos escores e ve-
ender como as categorias de frequência de consu- rificou correlações entre padrões de consumo ali-
mo do QFA podem ser transformadas em escores mentar de proteção e risco cardiovascular e perfil
e em padrões de consumo alimentar de modo a lipídico. O método foi adotado por outros pes-
estudar fatores associados a eles. quisadores sendo iniciadas as publicações apenas
em 200617,18. Desde então, a média de publicações
Avaliação da qualidade metodológica com esse método passou a ser de um artigo/ano.
dos artigos
Sobre o método dos escores
Os artigos incluídos foram avaliados, por
dois autores, de acordo com os critérios da ini- A maioria dos artigos incluídos nesta revi-
ciativa STROBE (Strengthening the Reporting of são foram estudos realizados no Brasil (n = 13;
Observational Studies in Epidemiology)14, em que 92,8%)8-12,17,19-26 com diferentes tamanhos de
cada um dos 22 critérios recebeu uma pontuação amostra (que variou de 50 a 2.866 indivíduos),
de 0 ou 1 quando considerados que “não atende” tipos de QFA (semiquantitativo e qualitativo) e
Ferreira RC et al.
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Quadro 1 . Estudos que avaliaram o Padrão de Consumo Alimentar (PCA) a partir do QFA pelo método dos escores idealizado por FORNÉS et al. (2002), publicados* nos últimos 14 anos.
Grupos/Escore de PCA
Variáveis estudadas Objetivo Associações observadas
estabelecidos pelos autores a partir
Fonte* Público-alvo para verificar vs (+) positivas e (-) negativas/
de QFAs e
associações com PCA PCA Principais achados
apresentação dos dados
Fornés et ♂ e ♀, CT, LDL e HDL Analisar o PCA avaliado Grupo/escore I: alimentos de risco (+) Grupo/escore I vs CT e LDL
al., 2002. ≥ 20 anos, vs por meio de escores de para DCV; X de 176,9 mg/dL e 108,8 mg/dL para o QU1, com
Rev Saúde da área metropolitana PCA/QFA consumo e relacionar Grupo/escore II: alimentos protetores. aumento nas X nos QU superiores.
Pública10 de SP semiquantitativo esses escores com os Dados em ∑ Ordenados em quintis (-) Grupo/escore II vs CT
(n=1045) níveis de CT, LDL e HDL. (QU) X decrescem do QU1 ao QU5, c/ diferenças entre os
QU1-QU4 e QU1-QU5. QU1-QU4 em relação ao LDL.
Neumann et ♂ e ♀, Renda e escolaridade Descrever o PCA segundo Grupo/escore I: alimentos Grupo/escore I > entre os indivíduos de escolaridade
al., 2006. >18 anos, funcionários vs alimentos de risco e e/ou preparações de risco para DCV; fundamental e de renda até 3 salários mínimos. Grupo/
Rev. Nutr.17 públicos de SP PCA/QFA qualitativo proteção para DCV e Grupo/escore II: alimentos escore II > entre os de escolaridade superior e renda > 6
(n=1271) verificar associação com e/ou preparações protetores para DCV. salários mínimos.
escolaridade e renda Dados em X ± DP
familiar.
Moraes et ♂ e ♀, Idade e IMC Verificar a associação dos Grupo de alimentos (+) alimentos de risco vs sobrepeso
al., 2006. 5-13 anos, vs escores de consumo de de risco para doença crônica 61,5% dos obesos > escore de PCA de “risco”.
Cad. Saúde de áreas urbanas de PCA/QFA SI alimentos de “risco” com ordenados em tercis de escores de Aumento da frequência de PCA de “risco” à medida que
Pública18 Chilpancingo, México IMC e idade. risco. aumentava a idade.
(n=662) Dados em ∑ Ordenado em tercis (T)
Mondini Crianças, IMC e Verificar a associação dos Grupo/escore I: alimentos “saudáveis”; (+) PCA de alimentos “não saudáveis” vs sobrepeso.
et al., 2007. 6-7 anos da 1ª série procedência escores de consumo de Grupo/escore II: alimentos “não < frequência de PCA de alimentos “saudáveis” (T1) em
Cad. Saúde do ensino público vs alimentos “saudáveis” e saudáveis”. mais de 1/3 das crianças da área urbana.
Pública26 fundamental de um PCA/ QFA SI “não saudáveis” com o Dados em ∑ A frequência elevada (T3) de PCA de alimentos “não
município de SP sobrepeso e fatores sócio- Ordenados em tercis (T) saudáveis” não diferiu entre as áreas urbana e rural.
(n=1014) ambientais.
continua
Quadro 1 . Estudos que avaliaram o Padrão de Consumo Alimentar (PCA) a partir do QFA pelo método dos escores idealizado por FORNÉS et al. (2002), publicados* nos últimos 14 anos.
Grupos/Escore de PCA
Variáveis estudadas Objetivo Associações observadas
estabelecidos pelos autores a partir
Fonte* Público-alvo para verificar vs (+) positivas e (-) negativas/
de QFAs e
associações com PCA PCA Principais achados
apresentação dos dados
Oliveira et ♂ e ♀, IMC e CC Associar o PCA com o Grupo/escore I: leguminosas, frutas e Grupo/escore I: escore entre 3,54-5,53 (T2).
al., 2009. 19-59 anos, de vs excesso de peso gordura hortaliças; Grupo/escore II: escore ≤ 1,30 (T1).
Cad. Saúde Salvador, BA PCA/ QFA SI abdominal segundo sexo. Grupo/escore II: carnes, embutidos, Grupo/escore III: escore 1,44-2,70 (T2).
Pública19 (n=570) leite e derivados; ♂: > prevalência de excesso de peso no T1 do grupo I
Grupo/escore III: cereais e derivados. e no T3 do grupo II e de gordura abdominal no T2 dos
Dados em ∑ grupos/escores I e II.
Ordenados em tercis (T) ♀: >prevalências excesso de peso e de gordura
abdominal no T2 dos grupos/escores I e II.
Saldiva et Crianças, Participação PBF Descrever o PCA de Grupo/escore I:FLV; (+) guloseimas vs crianças beneficiárias do PBF.
al.,2010. Rev. < 5 anos, beneficiárias vs crianças beneficiárias do Grupo/escore II: feijão e carnes;
Nutr.23 (n=85) e não PCA/QFA SI PBF. Grupo/escore III: guloseimas.
beneficiárias (n=74) Dados em ∑
do Programa Bolsa
Família (PBF) de João
Câmara - RN
(n = 164)
Esteves et al., ♀ CQ, RCQ,CC e IMC Avaliar a ingestão de Grupo/escore I: Laticínios; Não verificou-se correlações entre a ingestão diária
2010. Rev. ≥ 25 e ≤ 44 anos, vs cálcio (Ca) dietético Grupo/escore II: Vegetais fontes de Ca; de Ca e os escores I, II e III com os parâmetros de
Nutr.20 residentes em PCA/QFA SI segundo escores de seu Grupo/escore III: Redutores da adiposidade.
Diamantina, MG consumo e sua correlação biodisponibilidade de Ca. Os escores I e II foram significativamente < escore III.
(n = 50) com parâmetros de Dados em X Ordenados em X, MD,
adiposidade. DP, mínimo e máximo.
Silva et ♂ e ♀, Em uso e em não uso Avaliar os escores PCA Grupo/escore I: “Não protetor” para O grupo em TARV apresentou > PCA de alimentos
al., 2010. 20-70 anos, de TARV vs relacionados com DCV DCV; “não protetores” para DCV.
Rev Bras c/ HIV/AIDS, PCA/QFA em pessoas que vivem Grupo/escore II: “Protetor” para DCV.
Epidemiol21 residentes em SP semiquantitativo com HIV/ AIDS, segundo Dados em ∑
(n = 314) o uso de TARV.
continua
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Ferreira RC et al.
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Quadro 1 . Estudos que avaliaram o Padrão de Consumo Alimentar (PCA) a partir do QFA pelo método dos escores idealizado por FORNÉS et al. (2002), publicados* nos últimos 14 anos.
Grupos/Escore de PCA
Variáveis estudadas Objetivo Associações observadas
estabelecidos pelos autores a partir
Fonte* Público-alvo para verificar vs (+) positivas e (-) negativas/
de QFAs e
associações com PCA PCA Principais achados
apresentação dos dados
Gimeno et ♂ e ♀, Sexo, faixa etária, Descrever e identificar Grupo/escore I: obesogênico Grupo/escore I: mais ativos, > escolaridade e idade <40
al., 2011. 30 - >60 anos, renda, escolarida- fatores (doces, refrigerantes anos;
Cad. Saúde residentes no de, CC, IMC, CT, HAS, associados ao PCA. e açúcar); Grupo/escore II: mais frequente entre mulheres, sem
Pública 22 Município de Ribeirão AF, glicemia de jejum e Grupo/escore II: saudável excesso de peso, > velhos, com obesidade.
Preto, SP (n=2197) tolerância diminuída a (hortaliças, frutas central, mais ativos e com melhor condição
glicose vs e laticínios desnatados); socioeconômica;
PCA/QFA Grupo/escore III: misto Grupo/escore III: mais frequente entre mulheres, mais
semiquantitativo (frituras, pescados jovens e sem excesso de peso;
e raízes); Grupo/escore IV: mais frequente entre os sem
Grupo/escore IV: popular hipercolesterolemia
(feijão, cereais e e com menor renda familiar.
gordura vegetal).
Dados em ∑ Ordenados em P
Pinho et al., ♂ e ♀, Sexo, idade, Avaliar o consumo de Grupo/escore I: fonte de fibras Escores de PCA:
2012. Rev. 25-59 anos, residentes área geográfica alimentos protetores (protetores); Grupo/ escore II > I e III
Nutr.24 em PE da residência, e preditores de risco Grupo/escore II: CH simples; Grupo/escore III < nos de > idade, de área rural e com
(n = 1580) escolaridade, para DCV e os fatores Grupo/escore III: gorduras saturadas < renda.
renda familiar per associados. (risco Grupo/ escore II > baixo peso.
capita, CC, IMC, para DCV e ganho excessivo de peso). Grupo/escore III > em não fumantes e em
tabagismo, consumo Dados em MD Ordenados em IQ consumidores de álcool.
de álcool e Grupo/escore I > renda e < escolaridade.
AF vs PCA/QFA SI
Azevedo et ♂ e ♀, Sexo, idade, Avaliar o consumo de Grupo/escore I: risco para DCNT; (+)Alimentos protetores vs obesos e %GC elevado
al., 2014. >20 anos, funcionários escolaridade, alimentos de risco e Grupo/escore II: proteção para DCNT. MD de escores de consumo de alimentos de risco =
Ciência da área de saúde de tabagismo, consumo proteção para as DCNT e Dados em MD Ordenados em IQ protetores
& Saúde uma universidade de álcool e sua associação com a GC > MD de escores de PCA de alimentos protetores
Coletiva8 pública de Recife, PE AF, CC, % GC e IMC e IMC. em obesos e com %GC elevado vs eutróficos vs em
(n = 267) vs sobrepeso.
PCA/QFA qualitativo

continua
Quadro 1 . Estudos que avaliaram o Padrão de Consumo Alimentar (PCA) a partir do QFA pelo método dos escores idealizado por FORNÉS et al. (2002), publicados* nos últimos 14 anos.
Grupos/Escore de PCA
Variáveis estudadas Objetivo Associações observadas
estabelecidos pelos autores a partir
Fonte* Público-alvo para verificar vs (+) positivas e (-) negativas/
de QFAs e
associações com PCA PCA Principais achados
apresentação dos dados
Pinho et al., ♂ e ♀, SM segundo critérios Relacionar a SM com Grupo/escore I: alimentos de risco Grupo/escore II > Grupo/escore I nos portadores de
2014. Rev 20-59 anos, c/ e s/ IDF vs o PCA de alimentos para as DCV; SM.
Soc Bras síndrome metabólica PCA/QFA SI de risco e de proteção Grupo/escore II: alimentos protetores
Clin Med.25 (SM) cardiovascular. para as DCV.
Belém, PA Dados em X e DP
(n = 70)
Neto et al., ♂ e ♀, Sexo, classe Verificar a associação Grupo/escore I: alimentos associados >MD de
2015. Rev 10-19 anos, socioeconômica faixa entre o PCA de ao risco de DCV consumo de alimentos de risco nos adolescentes
Paul Pediatr adolescentes de Vitória etária, escolaridade alimentos de risco Grupo/escore II: alimentos protetores com mães de escolaridade >9 anos. MD de PCA de
12
de Santo Antão, PE materna, área e de proteção para Dados em MD Ordenados em IQ alimentos dos grupos risco = proteção. > dispersão no
(n = 2866) residencial, AF, DCV com as variáveis grupo de alimentos protetores vs de risco.
tabagismo e etilismo vs socioeconômicas,
PCA/QFA SI demográficas e de estilo
de vida.
Sotero et al., Mães com filhos de Escolaridade materna, Analisar o padrão de Grupo/escore I: fontes de CH; Grupo caso
2015. Rev até 24 meses atendidos renda, horas/dia diante consumo alimentar Grupo/escore II: fontes de vitaminas > PCA do grupo/escore VI e associação com a
Paul Pediatr na rede pública de da TV, refeições diante de lactentes e sua e fibras; oferta de alimentos veiculados em anúncios de TV,
11
saúde (grupo caso) da TV e oferta de associação com variáveis Grupo/escore III: fonte de proteína e < escolaridade, < renda, famílias faziam refeições e
e em consultórios alimentos veiculados econômicas, culturais e legumes; passavam mais horas em frente à TV.
particulares (grupo na TV vs demográficas maternas. Grupo/escore IV: fonte de cálcio Grupo comparação
comparação) de PCA/QFA qualitativo Grupo/escore V: fonte de açúcar, < PCA do grupo/escore II e associação com famílias
Maceió-AL gordura e óleo; que faziam as refeições e passavam mais horas em
(n = 202) Grupo/escore VI: produtos frente à TV.
processados. > PCA do grupo/escore II e III e associação com >
Dados em MD Ordenados em IQ renda familiar e mães com > escolaridade.
* Medline, Lilacs e Scielo. Legenda: QFA- Questionário de Frequência Alimentar; T- tercil; P- percentil; QU: quintil; IQ- intervalo interquartílico; DCV - doença cardiovascular; HAS – hipertensão arterial sistêmica;
DCNT - doença crônica não transmissível; CT – colesterol total ; LDL – lipoproteína de baixa densidade ; HDL – lipoproteína de alta densidade; TARV - terapia antirretroviral; PCA- Padrão de consumo alimentar; CC –
circunferência da cintura ; CQ – circunferência do quadril ; RCQ – relação cintura quadril; GC – gordura corporal; IMC-Índice de Massa Corporal; CH- carboidrato; FLV-frutas, legumes e verduras; AF: atividade física; SI:
sem informação; X: média; MD: mediana; DP: Desvio Padrão; ∑: somatório; IDF: International Diabetes Federation.
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Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1777-1792, 2019


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Ferreira RC et al.

Consumo Alimentar
avaliado por meio do QFA
Escores

Diário Diário = 1

Equações segundo o número


Semanal Semanal de vezes ou frequência do
QFA
Mensal Mensal

Anual Anual

Se 1 única vez ou Se 2 vezes ou frequências


Cálculo dos = “a” e “b” (p. ex. 2 a 3x)
frequência = “a” (p. ex.
escores por período (p), onde
2x) por período (p)
“a”= 2 e “b”=3

Anual S=(1/365) x (a x p) S=(1/365) x [(a x p) + (b x p)]/2

Mensal S=(1/30) x (a x p) S=(1/30) x [(a x p) + (b x p)]/2

Escores atribuídos para cada alimento de cada indivíduo

Somatório dos pesos na média ponderada

Escores atribuídos dos vários alimentos do grupo alimentar para cada


indivíduo

Média simples e DP
Ordenados ou não
Mediana em tercis, quartis,
quintis ou percentis

Padrões de
Consumo Alimentar

Figura 1. Fluxograma para aplicação da ferramenta “Método dos Escores” idealizado por Fornés et al. (2002),
para estudo de padrões alimentares com base em QFAs. Os alimentos registrados por meio do QFA podem
estar agrupados em diferentes categorias de frequência de consumo (FC) por período (p) diário semanal,
mensal e anual e número de vezes (p. ex. 1 vez, 1 a 2 vezes, etc.). Para a FC poder ser transformada escores, a
diária corresponde ao escore 1, e para os demais períodos aplica-se as equações ilustradas na figura. Assim, o
pesquisador deve considerar o período (p) adotado e o número de vezes para aquele período, estabelecido no
QFA, para obter o escore do consumo dos alimentos listados no QFA para cada indivíduo. Posteriormente, são
obtidos os escores de cada indivíduo, para cada grupo de alimentos e à partir daí os escores de cada grupo de
alimentos para os grupos de indivíduos estudados. Os escores de consumo alimentar resultantes do somatório
dos pesos na média ponderada dos escores dos alimentos do grupo alimentar por serem expressos em escala
ordinal podem ser apresentados em média simples e desvio padrão ou em mediana, e então esses podem
ser ordenados ou não em tercis, quartis, quintis ou percentis para assim se conhecer os escores de consumo
alimentar dos grupos de alimentos estabelecidos e poder verificar associações entre os escores de consumo e as
variáveis estudadas.

QFA: Questionário de frequência alimentar; FC: Frequência de Consumo; S: score-escore, pontuação; a: número de vezes;
p:período.
1785

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1777-1792, 2019


Artigos obtidos na pesquisa
bibliográfica (n = 8300)
Excluídos a partir
do título (n = 7867)

Selecionados partir do título e


avaliados segundo resumo (n = 433)

Excluídos:
-Duplicidade (n = 28)
-Revisão sistemática (n = 1)
-Tipo de estudo e estudos que
não aplicavam o método dos
Submetidos à leitura do texto escores (n = 333)
completo (n = 91)

Excluídos:
- Tipo de estudo e estudos
que não aplicavam o método
dos escores(n = 81)
Estudos selecionados
(n = 10)
Adicionados a partir
das referências
dos 10 artigos
selecionados
(n = 4)
Estudos incluídos
(n = 14)

Figura 2. Fluxograma das etapas de seleção dos artigos.

definição dos padrões de consumo alimentar (se- Apenas 3 estudos (21,4%)8,22,24 analisaram
gundo risco e proteção para DCV, para DCNT, variáveis antropométricas, sociodemográficas e
como saudáveis e não saudáveis ou ainda grupos econômicas simultaneamente. As variáveis socio-
de alimentos sob diferentes formas de agrupa- demográficas e econômicas mais frequentemente
mento). avaliadas foram idade (n = 5, 35,7%), sexo, esco-
Os periódicos com maior número de artigos laridade e renda (n = 4, 28,5%). A maioria dos
publicados foram o Cadernos de Saúde Pública estudos (n = 8, 57,1%) relacionou o consumo
e a Revista de Nutrição com quatro (28,6%) pu- alimentar com as variáveis antropométricas.
blicações cada um. Embora os grupos estudados Quanto às variáveis antropométricas, as mais
tenham variado de crianças menores de 5 anos utilizadas foram índice de massa corporal (IMC)
até indivíduos maiores de 60 anos, em 71,4% (n e circunferência da cintura (CC). Todos os arti-
= 10) dos estudos, o público-alvo foi composto gos em que os autores utilizaram dados antropo-
de adultos8,10,11,17,19-22,24,25 e por populações “saudá- métricos (n = 8; 57,1%) foram avaliados peso e
veis” (n = 12;85,7%)8-12,17,19,20,22-24,26. Além de des- altura para obtenção do IMC. A CC foi analisada
crever e/ou avaliar os escores de padrão de con- em 6 estudos (42,8%)8,19,20,22,24,25.
sumo alimentar, os objetivos dos estudos foram Atendendo aos pressupostos, pois o método
relacionar esses escores com o estado nutricional, permite isso, foram observadas diferentes distri-
variáveis sociodemográficas, bioquímicas, cultu- buições dos padrões alimentares e denominações
rais, estilo de vida, clínicas e econômicas. dos grupos alimentares, de acordo com o obje-
1786
Ferreira RC et al.

Tabela 1. Qualidade dos estudos revisados segundo os verificado em indivíduos em TARV21, em crian-
critérios do STROBE ças beneficiárias do Programa Bolsa Família 23,
Referência Pontos % Classificação* em mães com melhor nível de escolaridade12, e
Azevedo et al., 20148 15 68 B em mães com menores níveis de escolaridade e
Esteves et al., 201020 12 54,5 B renda familiar11 .
Fornés et al., 200210 13 59,1 B Além disso, como o método possibilita fazer
Gimeno et al., 201122 15,5 70,5 B associações ou correlações com as variáveis do
Mondini et al., 200726 14,5 66 B estudo, observou-se ainda correlação positiva
Moraes et al., 200618 15 68 B entre alimentos de risco para DCV com variá-
Neto et al., 201512 18 81,8 A veis bioquímicas (lipídeos séricos)10,22, tolerância
Neumann et al., 200617 15,5 70,5 B à glicose diminuída22, antropométricas (excesso
Oliveira et al., 200919 15 68 B de peso)18,22 e sociodemográficas (procedência da
Pinho et al., 201224 17,5 79,5 B área urbana24 e menor faixa etária22).
Pinho et al., 201425 13,5 61,4 B
Saldiva et al., 201023 16,5 75 B
Silva et al., 201021 12 54,5 B Discussão
Sotero et al., 201511 14 63,6 B
STROBE: Strengthening the Reporting of Observational Studies in Método dos escores
Epidemiology
*Mataratzis et al. - A: > 80% dos critérios estabelecidos no
STROBE; B: 50%- 80% dos critérios do STROBE; e C: < 50% dos
O método de avaliação do padrão de consu-
critérios estão preenchidos. mo alimentar, por meio de escores, além de ser
utilizado na verificação de dietas como prática de
risco cardiovascular10,12,17,21,24,25, uma vez que teve
sua origem em estudo do potencial aterogênico
tivo de cada estudo (Quadro 1). Em metade dos de dietas e como prática de risco cardiovascu-
estudos os alimentos foram reunidos em 2 gru- lar10, abre a possibilidade de agrupar alimentos
pos (n = 7; 50%)8,10,12,17,21,25,26 com as denomina- segundo um padrão que se queira investigar, haja
ções “de risco” e “ de proteção” para DCV (n = vista a diversidade de possibilidade apresentada
6; 42,8%)10,12,17,21,24,25, para DCNT (n = 1; 7,1%)8 nos estudos revisados. Além de caracterizar um
e “saudáveis” e “não saudáveis” (n = 1; 7,1%)26. padrão alimentar, o uso dos escores apresenta a
Em 21,4% (n = 3)19,20,23 os alimentos foram divi- vantagem de possibilitar análises estatísticas para
didos em 3 grupos sob diferentes denominações. avaliação da qualidade da dieta, uma vez que per-
Gimeno et al.22, dividiram em 4 grupos (obeso- mite fazer associações com as variáveis explicati-
gênico, saudável, misto e popular); Sotero et al.11, vas relacionadas aos hábitos alimentares.
por sua vez, classificaram em 6 grupos segundo A OMS sugere que a avaliação do consumo
fontes de nutrientes, de açúcar, gordura e óleo alimentar das populações estaria melhor repre-
e um grupo incluindo produtos processados e sentada pelo padrão alimentar5, considerando
Moraes et al.18, preferiram separar em apenas 1 que os indivíduos não consomem nutrientes
grupo (alimentos de risco para doença crônica). nem alimentos isoladamente27. Nesse sentido, é
Na presente revisão, os percursos de análises crescente o interesse nessa linha de investigação
foram os mais diversos: os autores utilizaram o sobre o consumo de grupos de alimentos consi-
somatório dos valores de ponderação (Sp) per derados definidores de padrões alimentares sau-
si21,23, ordenaram estes Sp em tercis18,19,26, quin- dáveis e não saudáveis28.
tis10 e percentis22; Sp em mediana e subsequen- Sabe-se que os padrões alimentares podem
temente em intervalos interquartílicos8,11,12,24; Sp ser bem diferentes entre as diversas populações e
em mediana e média e desvio padrão20 e Sp em por esse motivo de difícil generalização, sendo re-
média e desvio padrão17,25. sultado da complexa interação de características
Os estudos revelaram com a aplicação do mé- multidimensionais, que incluem fatores ambien-
todo dos escores um maior consumo de alimen- tais, demográficos, sociais, econômicos e cultu-
tos “protetores/saudáveis/cardioprotetores’’ entre rais22. A identificação de padrões alimentares tem
indivíduos obesos8,22; entre crianças com maior sido foco de estudos que objetivam discutir essa
renda familiar e mães com maior nível de esco- complexidade à luz da relação entre dieta e desfe-
laridade11; e entre portadores de síndrome me- chos em saúde1,29,30.
tabólica25. Por outro lado, o maior consumo de A associação de padrões alimentares com fa-
alimentos “não protetores/de risco para DCV” foi tores associados às DCNT tem sido objeto de in-
1787

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1777-1792, 2019


teresse de vários estudos8,10-12,17-26. Grande parte Estudos apontam que os determinantes so-
aponta associação positiva entre fatores, como so- ciais são preponderantes na gênese da obesida-
brepeso e obesidade, níveis elevados de glicose, co- de34-36, como, por exemplo, baixa escolaridade,
lesterol total, colesterol HDL e LDL, triglicerídeos, menor renda, união conjugal (casados e viúvos) e
entre outros e padrão alimentar inadequado31. envelhecimento, dentre outros. A relação entre os
A análise de variáveis demográficas, socioe- determinantes sociais e a obesidade é complexa e
conômicas, antropométricas e clínicas pelos au- ainda não está totalmente esclarecida. Há hipó-
tores dos estudos revisados permite comentar teses de que a obesidade pode ser desencadeada
que este é um aspecto considerado importante e como sequela da desnutrição energético-proteica
influenciador do consumo alimentar. precoce, ou pelo desequilíbrio no gasto energé-
tico/ingestão calórica, ou relacionada a fatores
Padrão alimentar e variáveis demográficas genéticos37,38.
e socioeconômicas
Padrão alimentar e estado nutricional
Foi observada uma correlação positiva entre antropométrico
alimentos de risco para DCV com variáveis so-
ciodemográficas (procedência da área urbana24 e Observou-se associações do padrão alimentar
menor faixa etária22). Destaca-se que a evolução de risco para DCNT e obesogênico com o exces-
de novos sistemas de vida nas áreas urbanas, as so de peso22,26 e obesidade central26. Sabe-se que
distâncias entre o ambiente de trabalho e o domi- dietas com elevada densidade calórica, ricas em
cílio, a relativa facilidade para a aquisição de pro- gorduras (particularmente as de origem animal)
dutos alimentícios processados, a influência da e com escassez no conteúdo de fibras alimenta-
mídia sobre a alimentação, com a popularização res, podem explicar parte substancial dos casos
das informações, foram determinantes conjuntu- de algumas doenças crônicas como, por exemplo,
rais da oferta, do consumo e disponibilidade de a obesidade, as DCV, o diabetes mellitus e a sín-
alimentos que são de risco para DCV32. drome metabólica17,39.
No que diz respeito às associações entre as va- Adicionalmente, dados da POF 2008-2009
riáveis socioeconômicas e o consumo alimentar, revelaram que no Brasil, na população de acima
foi encontrado que o grupo alimentar composto de 20 anos de idade, a prevalência de excesso,
por alimentos associados ao risco cardiovascular/ neste período, atinge 50,0% dos homens e 48,0%
processado associou-se com indivíduos de baixa das mulheres40. Tal fato está ligado ao novo pa-
renda17 e mães de menor escolaridade11, achado drão de estilo de vida da sociedade, marcado pela
divergente com do estudo conduzido por Lioret presença de dietas não saudáveis e sedentarismo
et al.33, que observaram que mães com escolari- e, com relação à POF, isso é confirmado na ava-
dade mais baixa tiveram um maior consumo do liação do consumo alimentar em que observa-se
grupo das frutas e verduras. várias características negativas na dieta da popu-
Adicionalmente, em estudo Levy et al.4 sobre lação brasileira4.
a distribuição regional e socioeconômica da dis-
ponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil, Padrão alimentar e fator de risco (FR)
a partir de dados secundários da POF (Pesquisa para DCV/DCNT
de Orçamentos Familiares) 2008-2009, obser-
vou que a participação de grupos de alimentos Neste aspecto, os estudos revisados avaliaram
compostos por leite e derivados, frutas, verduras associação do estilo de vida, perfil bioquímico,
e legumes, gordura animal, bebidas alcoólicas e clínico e idade enquanto FR com padrões de con-
refeições prontas tendeu a aumentar uniforme- sumo alimentar.
mente com o nível de rendimentos familiares, ao Para o primeiro observou-se apenas padrão
passo que grupos de alimentares compostos por “obesogênico” em indivíduos ativos, que poderia
feijões e outras leguminosas, cereais e derivados resultar de um estilo de vida em processo de mu-
e raízes e tubérculos derivados apresentaram ten- dança. Já o hábito de passar muitas horas assis-
dência inversa; eles verificaram ainda que houve tindo televisão e de fazer as refeições diante dela,
uma diminuição do consumo de açúcar de mesa que vem despontando como importante fator de
e aumento do consumo de refrigerantes confor- risco para DCNT41,42, especialmente em crian-
me a elevação da renda e um aumento do con- ças e adolescentes43, uma vez que se acompanha
sumo de carne bovina e embutidos e redução ou de um padrão alimentar inadequado (refeições
estabilidade para outros tipos de carne. prontas, fast food e similares), foi observado em
1788
Ferreira RC et al.

um dos artigo desta revisão11. Estudos que inves- natados, peixes, aves e carnes magras, com conte-
tigam o aparecimento precoce da obesidade dão údo reduzido de doces e bebidas ricas em açúcar,
suporte à importância da influência do ambien- diminui a pressão arterial inclusive em indivídu-
te familiar sobre o risco de a criança tornar-se os saudáveis50. Paula et al.51, adotando este padrão
obesa. Atitudes da família em relação à compra alimentar em diabéticos tipo II verificaram uma
e apresentação dos alimentos, os hábitos de ali- redução dos níveis de pressão arterial, quando
mentação e de atividade física e o apoio oferecido comparados a indivíduos com diabetes mellitus
para a promoção de atividades de lazer podem tipo 2 sem esse tipo de dieta.
influenciar o padrão de alimentação e de ativida- O Nurse’s Health Study identificou dois pa-
de física da criança44,45. drões alimentares em mulheres (entre 38 e 63
A aterogenidade da dieta verificada por anos): um deles, o padrão alimentar “prudente”
Fornés et al.10 corrobora a conhecida, clássica e (composto por frutas, vegetais, legumes, peixes
tradicional relação causa efeito, pois o nível de e grãos), adotado por mulheres que fumavam
colesterol sérico é influenciado pela quantidade menos, utilizavam mais suplementos vitamíni-
de colesterol e principalmente pela quantida- cos, consumiam mais fibras e proteínas e menos
de de gordura saturada e trans da dieta; pessoas gorduras saturadas. Em contrapartida, mulheres
que consomem maiores quantidades de gordura que consumiam o padrão “ocidental” (constituí-
de origem animal têm níveis mais elevados de do por carnes vermelhas e processadas, doces, so-
colesterol sérico e uma maior incidência de ate- bremesas e grão refinados) apresentavam hábitos
rosclerose coronariana46, independente de países, de saúde menos saudáveis52.
culturas e etnia. No Brasil, um dos primeiros estudos de iden-
Olinto et al.47, verificaram associação positiva tificação de padrões alimentares a posteriori com
de padrão alimentar “processado” (hot dog, chee- base nos dados da Pesquisa Nacional de Amos-
seburguer, cerveja, carne bovina, embutidos, sal- tragem Domiciliar (1995) foi desenvolvido por
gados, refrigerante, pizza, churrasco, batata frita Sichieri53. A pesquisa observou a existência de
e salgadinhos) com marcadores bioquímicos de dois padrões alimentares: um “tradicional” com
risco cardiovascular (HDL baixo, colesterol e a predominância de alimentos típicos da cultura
LDL elevados). brasileira como o arroz e o feijão, e um “ociden-
Em relação ao aspecto clínico, um estudo com tal” caracterizado pelo consumo de alimentos
indivíduos em TARV geralmente acompanhada industrializados. Observou-se associação inver-
de lipodistrofia e, portanto, portadores de DCNT, sa entre o padrão “tradicional” e o aumento do
apresentou padrão de consumo de alimentos não IMC, indicando que este padrão é protetor para
protetores para DCV e, em outro, Moraes et al.18 obesidade52.
observaram o aumento da frequência de tais ali- Em 2012, Weber et al.54 publicaram os acha-
mentos a medida que aumentava a idade. dos do estudo piloto com a dieta cardioprotetora
Adicionalmente, na pesquisa de Eyken e Mo- brasileira (DICA-Br), conduzido no Hospital do
raes48, encontraram que quanto maior a faixa etá- Coração (HCOR) em São Paulo, para a aplicação
ria, maior a proporção de sedentários e maior o em estudo multicêntrico. Um dos objetivos do
uso de cigarro, destacando que durante a idade estudo era adaptar a dieta do Mediterrâneo a um
mais avançada a chance de aumentar os fatores padrão brasileiro, estimulando o consumo de ali-
de risco DCV/DCNT é bem mais acentuada, ne- mentos regionais e acessíveis a boa parte da nos-
cessitando dessa forma a avaliação constante dos sa população. O ensaio clínico foi realizado com
fatores associados. Com esses dados, é evidencia- indivíduos em prevenção secundária para DCV,
da a importância de estudos com amostras repre- acompanhados durante 12 semanas. Aqueles que
sentativas com o intuito de estabelecer padrões constituíram o grupo DICA-Br se beneficiaram
alimentares e fazer as associações destes com os com maiores diminuições na pressão arterial, gli-
fatores de risco ou de proteção para DCV/DCNT. cemia e IMC, quando comparados àqueles que
receberam orientações gerais conforme as dire-
Outras formas de estabelecer padrões trizes brasileiras para DCV. Tais resultados foram
alimentares atribuídos principalmente à inclusão de alimen-
tos protetores para DCV, amplamente disponí-
O estudo DASH (Dietary Approaches to Stop veis em nosso país e evidencia que adaptação do
Hypertension), realizado em 1995, por Sacks et padrão alimentar “mediterrâneo” é possível, se
al.49, revelou que um padrão dietético em frutas, faz necessária e tem impacto positivo sobre indi-
verduras, legumes e grãos, leite e derivados des- víduos de alto risco coronariano.
1789

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1777-1792, 2019


Ainda no Brasil, Marchioni et al.55 analisaram alimentos, analisada por meio de escores, pode
os dados referentes à Pesquisa de Orçamentos ser um instrumento útil na avaliação da qualida-
Familiares (POF) 2002/03 e identificaram a exis- de alimentar consumida pelos indivíduos.
tência de dois padrões, o “padrão duplo” consti- Esta é a primeira revisão sistemática que bus-
tuído de alimentos reconhecidamente benéficos cou os estudos que utilizaram o método dos es-
à saúde tais como frutas, verduras, iogurte, além cores proposto por Fornés et al. para avaliar con-
de ter uma contribuição de alimentos com efei- sumo alimentar. Esta estratégia de aplicar escores
tos deletérios à saúde como doces e sobremesas, apresenta a vantagem de maximizar a utilização
carnes processadas, refeições prontas dentre ou- das informações relacionadas ao consumo ali-
tros, e, o “padrão tradicional” composto de ali- mentar. Entender os padrões de consumo de ali-
mentos normalmente utilizados nas preparações mentos e ingestão de nutrientes e sua associação
domésticas, tais como arroz, feijão, ovos, raízes e com a saúde humana é importante para a orien-
tubérculos. Os autores destacam nos resultados tação dietética, particularmente para os países
a existência de um padrão alimentar tido duplo, em desenvolvimento, que cada vez mais adotam
ou seja, com a presença de alimentos saudáveis os padrões alimentares ocidentais61.
e não saudáveis, muito semelhante a padrões de
consumo já observados em outros estudos e que Limitação dos estudos
estão associados a maior risco de DCV54.
Uma meta-análise de estudos prospectivos e A principal limitação apontada pelos reviso-
controlados randomizados evidenciou a relação res foi a falta de padronização para a definição dos
entre alta aderência ao padrão alimentar medi- padrões de consumo alimentar, o que dificulta a
terrâneo (baseada no consumo de alimentos fres- comparação de resultados entre os estudos. Entre-
cos tais como verduras, frutas, legumes e azeite) e tanto, o leque de opções de análises que o método
menor risco de DCV e síndrome metabólica56,57. oferece dando liberdade ao pesquisador de aplicá
A partir dessas informações, observa-se que -lo de modo a atender o seu objeto de investigação
vários estudos epidemiológicos vêm utilizando se configura como uma vantagem ímpar.
os padrões alimentares para avaliar o risco para
doenças crônicas e a variação de biomarcado-
res relacionados à exposição à dieta como um Conclusão
todo17,21,58. Isso se deve à premissa de que a ava-
liação do efeito dos nutrientes isoladamente não A aplicação do método dos escores revisada neste
é equivalente a do consumo do alimento com vá- estudo permite concluir que este constitui uma
rios nutrientes, ou ainda, a de alimentos consu- ferramenta capaz de avaliar o consumo alimen-
midos dentro de um padrão alimentar habitual, tar e estabelecer associações entre os padrões
contendo vários alimentos59. alimentares e as variáveis estudadas. Com a re-
A identificação dos padrões alimentares da visão dos estudos evidenciou-se que este método
população constitui importante objeto de estu- possibilita analisar a exposição de indivíduos em
do da epidemiologia nutricional, no sentido de diferentes fases do ciclo da vida a nutrientes ou
compreender os fatores responsáveis pela saú- componentes da dieta/grupo alimentar investi-
de60. Por outro lado, há necessidade de aperfei- gado e que as variáveis antropométricas, bioquí-
çoamento da forma de avaliação do padrão ali- micas, socioeconômicas, demográficas e clínicas
mentar por meio de novas metodologias. Assim, foram as mais estudadas para se verificar associa-
o uso do método de frequência de consumo de ções com o consumo alimentar.

Colaboradores

RC Ferreira e L Bezerra revisaram da literatura e


análise e interpretação dos estudos; RCF com a
redação do artigo; SML Vasconcelos com a reda-
ção do artigo, revisão crítica relevante do conte-
údo intelectual e com a aprovação final da versão
a ser publicada.
1790
Ferreira RC et al.

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