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DOI: 10.1590/1413-81232018245.

16552017 1767

O Ministério Público e o controle social no Sistema Único de

revisão review
Saúde: uma revisão sistemática

Public prosecutor’s office and social control


in the National Unified Health System: a systematic review

Ilma de Paiva Pereira (https://orcid.org/0000-0003-3025-3968) 1


Cássius Guimarães Chai (https://orcid.org/0000-0001-5893-3901) ²
Cristina Maria Douat Loyola (http://orcid.org/0000-0003-2824-6531) 1
Ilana Miriam Almeida Felipe (https://orcid.org/0000-0002-3265-4688) 1
Marco Antonio Barbosa Pacheco (https://orcid.org/0000-0002-3566-5462) 1
Rosane da Silva Dias (https://orcid.org/0000-0001-6153-9104) 1

Abstract The 1988 Constitution increased the Resumo A Constituição Federal de 1988 am-
Public Prosecutor’s Office attributions and facil- pliou as atribuições do Ministério Público e possi-
itated social participation through management bilitou a participação popular por meio de conse-
councils in the construction of public policies and lhos gestores na construção de políticas públicas e
in the implementation of social control. In this na efetivação do controle social. Realizou-se uma
context, it is necessary to reflect critically on the revisão sistemática da literatura com o intuito de
Public Prosecutor’s Office work and its interaction conhecer o panorama nacional sobre a interação
with Health Councils to strengthen social control entre o Ministério Público e os Conselhos de Saúde
in the National Unified Health System. We con- e a importância desse relacionamento para o for-
ducted a systematic literature review to identify talecimento do controle social no Sistema Único
the national panorama of the relationship be- de Saúde, buscando refletir criticamente sobre a
tween the Public Prosecutor’s Office and Health atuação do Ministério Público para o bom fun-
Councils with a view to providing answers on this cionamento desses instrumentos democráticos de
institution’s contributions toward effective social poder. Consultaram-se as bases: PubMed, BVS,
control in the National Unified Health System Periódicos CAPES e BDTD. Para a composição da
(SUS). The following databases were consulted: amostra de 17 artigos e dissertações, selecionados
PubMed, BVS, CAPES Journals and BDTD. We entre 2006 e 2015, foram associados os descrito-
included 17 studies, papers and dissertations, res: Ministério Público, Controle Social, Partici-
which were selected in the period 2006-2015. Re- pação Popular e Conselhos de Saúde. A análise
sults summarize that the Public Prosecutor’s Of- dos resultados demonstra que existe diálogo entre
fice should focus its activities on health, especially Ministério Público e Conselhos de Saúde, e ele traz
on the operative and extrajudicial matrix, in or- benefícios recíprocos que são imprescindíveis para
der to boost popular participation and overcome o fortalecimento e efetivação do controle social no
1
Departamento de Pós- Health Councils’ shortcomings. An essential dia- SUS. Na área da saúde, a atuação do Ministério
Graduação, Universidade
Ceuma. R. Josue Montuelo, logue between the Public Prosecutor’s Office and Público sobre a matriz resolutiva e extrajudicial
Jardim Renascença. 65075- Health Councils is in place and mutually benefits estimula a participação popular e a superação das
900 São Luís MA Brasil. the strengthening and effectiveness of social con- deficiências enfrentadas pelos Conselhos de Saúde.
ilmapp@uol.com.br
2
Departamento de Pós- trol in the SUS. Palavras-chave Ministério Público, Controle so-
Graduação em Direito, Key words Public prosecutor’s office, Social con- cial, Conselhos de saúde, Participação popular
Universidade Federal do trol, Health councils
Maranhão. São Luiz MA
Brasil.
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Pereira IP et al.

Introdução do SUS consagrados no art. 198, III, CF/88 e


regulamentada por meio da Lei 8.142/9010, que
O direito à saúde encontra sua origem no cons- estabeleceu a existência das Conferências e dos
titucionalismo contemporâneo1, sendo conside- Conselhos de Saúde. A interface realizada pelo
rado um direito humano primordial2. A garantia Ministério Público com os conselheiros de saúde,
dos direitos humanos, por sua vez, apresenta-se a partir de suas práticas de diálogo interinstitu-
como condição fundamental para o exercício cional, tem potencial para qualificar o controle
de outros direitos sociais3 e sua efetivação figura social por eles exercido9.
como importante item de pauta de atuação do Nesta perspectiva, o objetivo do presente ar-
Ministério Público, cuja experiência revela difi- tigo é construir um panorama da produção aca-
culdades para a consolidação de novas formas de dêmica nacional sobre o tema, visando apreender
partilha de poder político e direcionamento das os resultados encontrados por investigações que se
decisões políticas para o interesse público resul- propuseram a analisar e compreender as práticas
tante no fortalecimento das práticas democráti- do Ministério Público para o fortalecimento do
cas e de uma efetiva cidadania4. controle social exercido pelos Conselhos de Saúde.
A dinâmica social contemporânea impôs no-
vas posturas aos atores coletivos, de forma que a
democracia representativa passou a ser questio- Metodologia
nada como método capaz de responder satisfa-
toriamente à demanda por participação da socie- Diversos estudos relacionados à atuação do Mi-
dade5. Nesse contexto, o processo de criação do nistério Público no controle social do SUS foram
Sistema Único de Saúde (SUS), da Reforma Sa- realizados desde a promulgação da Constituição
nitária à Constituição Federal de 1988, e que foi Federal de 1988 visando pesquisar e subsidiar o
consolidado e regulamentado pelas leis 8.080/90 relacionamento interinstitucional entre o Mi-
e 8.142/90, estabeleceu as normas do novo siste- nistério Público e os Conselhos de Saúde. Para
ma de saúde, institucionalizando-se a participa- a revisão, foi realizada uma triagem de pesquisas
ção da comunidade e, de modo inovador, disci- localizadas segundo as etapas metodológicas pro-
plinando o controle social6. postas pelo Preferred Report Items for Systematics
Construído o novo paradigma de saúde pú- Reviews and Meta Analyses-PRISMA.
blica como direito social, foi atualizada a função Como estratégia de busca e fontes de infor-
primordial do Ministério Público, como institui- mação, foram localizados os descritores nas pla-
ção permanente, essencial à função jurisdicional taformas DECs e MesH. No Decs, foram selecio-
do Estado, responsável pela defesa da ordem ju- nados os seguintes descritores: Ministério Públi-
rídica, do regime democrático e dos interesses co, Controle Social, Participação Popular, Conse-
sociais e individuais indisponíveis7 e, por último, lhos de Saúde e Direito à Saúde. No MesH, foram
com as mudanças no processo civil brasileiro, re- selecionados os descritores Public Ministry, Social
dimensionadas suas intercessões no espectro das Control, Social Participation, Health Councils and
leis para fiscalização do ordenamento jurídico, na Health Rigths. As bases de dados definidas para as
prática incluindo sob seu agir estratégico e seu buscas foram: PubMed e BVS, além da Biblioteca
agir instrumental a naturalização dos costumes Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e do Ban-
administrativos, também. co de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento
Na atuação extrajudicial e resolutiva do Mi- do Pessoal de Nível Superior (CAPES). Em segui-
nistério Público Brasileiro, atividade na qual se da, foi utilizado o operador booleano e na asso-
projeta o presente estudo, observa-se a realização ciação entre os seguintes descritores: Ministério
do controle das políticas públicas dos direitos Público e Controle Social, Ministério Público e Par-
sociais preconizados pela Constituição Federal7, ticipação Popular, Ministério Público e Conselhos
entre eles o direito à saúde. Para Lehmann8, o de Saúde e, por fim, Ministério Público e direito à
fundamento para a atuação do Ministério Públi- saúde. O mesmo procedimento foi adotado com
co, visando à efetividade da participação popu- os descritores em inglês e realizado na base de da-
lar no SUS, está na nova ordem constitucional, dos PubMed.
garantindo a existência e o bom funcionamento Para a seleção dos trabalhos, realizou-se a lei-
dos mecanismos e instrumentos democráticos de tura dos resumos encontrados e, como critério
poder, entre eles a participação popular. de elegibilidade, utilizaram-se os trabalhos que
Moreira e Scorel9 afirmam que a participa- apresentassem objetivo ou questão de pesqui-
ção popular é um dos princípios estruturantes sa relacionados ao assunto desta investigação,
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ou seja, que avaliassem a atuação do Ministério A tentativa de controlar o viés de publicação,
Público e/ou dos Conselhos de Saúde na realiza- buscando estudos não publicados em periódicos
ção do controle social no SUS, a interação entre científicos, não resultou em trabalhos a serem
essas instâncias para o cumprimento da diretriz incluídos na revisão. A caracterização dos estu-
de participação popular prevista na Constituição dos selecionados foi sintetizada e apresentada no
Federal. Além disso, outro critério utilizado foi Quadro 1, onde também constam dados referen-
a disponibilização integral e gratuita do texto tes ao principal objetivo e resultado.
nas bases de dados utilizadas, em inglês ou por- Para caracterização dos resultados, estes foram
tuguês. Por fim, foram excluídos os textos que divididos em dois eixos temáticos: a) Ministério
abordassem os conselhos de saúde ou o controle Público, o Direito à Saúde e o Controle Social no
social, mas que não contivessem a perspectiva da SUS e b) Conselhos de Saúde, democracia par-
relação dialógica interinstitucional na pesquisa. ticipativa e participação popular (Quadro 1).
A seleção dos estudos que cumpriam com Os eixos temáticos foram assim divididos para
os critérios de elegibilidade e comporiam essa abordar as duas instâncias de controle aqui anali-
revisão foi realizada através da leitura e análise sadas, relacionando o Ministério Público com as
crítica dos resumos. Com o intuito de auxiliar na suas atribuições constitucionais na área da saúde
visualização dos principais resultados dos arti- e os Conselhos de Saúde com o ideal de democra-
gos selecionados foram catalogadas no Quadro cia e participação a eles inerentes.
1 as seguintes informações: autor(es) e ano de
publicação, objetivo ou questões de pesquisa e Ministério Público, o Direito à Saúde e o
resultado, selecionando-se categorias temáticas Controle Social no SUS
identificadas após análise descritiva e qualitativa
da amostra bibliográfica. O processo foi realizado A Constituição Federal de 1988 definiu a saú-
por meio da avaliação por pares e os desacordos de como direito do cidadão e dever do Estado,
sanados por consenso. possibilitando a participação popular, por meio
Por fim, como estratégia de controle de viés de conselhos gestores, na construção de políticas
entre os estudos, foi realizada busca de pesqui- públicas3,4,6,8. Por outro lado, ampliou as atribui-
sas ainda não publicadas em revistas ou perió- ções do Ministério Público e o incumbiu da de-
dicos científicos, com o objetivo de obter um fesa da ordem jurídica, do regime democrático e
panorama geral das temáticas abordadas nesses dos interesses sociais e individuais indisponíveis,
trabalhos e dos resultados encontrados no que se fornecendo-lhe instrumentos para a defesa de di-
refere ao relacionamento interinstitucional entre reitos difusos e coletivos6.
o MP e os CMS no exercício do controle social Oliveira et al.13, com base em classificação
no SUS. desenvolvida por Marcelo Pedroso Goulart, afir-
mam que a atuação do Ministério Público bra-
sileiro se encontra dividida em duas categorias,
Resultados e discussão uma demandista e outra resolutiva. No primeiro
caso, o membro do Ministério Público prestigia a
A partir da utilização dos descritores acima ci- atuação perante o Judiciário e no segundo pres-
tados, foi encontrado um total de 997 estudos. tigia a mediação dos conflitos sociais a partir de
Após descarte dos resumos duplicados, a leitura uma atuação extrajudicial13.
dos resumos e a aplicação dos critérios indicados A atuação resolutiva tem melhor se adaptado
resultaram uma amostra final de 17 estudos (Fi- à defesa do regime democrático4, porque imple-
gura 1), selecionados entre 2006 e 2015. Foram menta um novo diálogo que efetiva a democracia
consultados estudos publicados em periódicos e a cidadania, atribuindo maior legitimidade às
nacionais e internacionais que tivessem como soluções encontradas13. Oliveira et al.13, avaliando
objeto a realidade brasileira. O método qualitati- as implicações da atuação resolutiva e demandis-
vo foi o mais empregado entre os artigos e disser- ta do Ministério Público, afirmam que a matriz
tações presentes na amostra final e análise docu- resolutiva e extrajudicial é mais adequada para a
mental e entrevistas, as técnicas e instrumentos complexidade do direito à saúde e das políticas
mais utilizados. Algumas pesquisas relacionadas de saúde.
ao Ministério Público não foram publicadas em Esse resultado parece confirmar os resultados
revistas científicas, consistindo em seis disserta- obtidos nos estudos de Lehmann8, Asensi12, Oli-
ções de mestrado encontradas no Banco de Peri- veira14 e Santana11. Asensi12 afirma que a atuação
ódicos CAPES e na BDTD3,4,6,8,11,12. extrajudicial do MP está calcada no diálogo, na
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Pereira IP et al.

Quadro 1. Caracterização dos estudos incluídos de acordo com os eixos temáticos, principal objetivo e resultado.
Eixos
Autor/Ano Objetivo principal Resultado principal
Temáticos
Oliveira et Analisar as possibilidades de A atuação extrajudicial do Ministério
al., (2015)13 contribuição do Ministério Público em Público mostra-se mais adequada para
favor da efetividade do direito à saúde. lidar com a complexidade do direito à
saúde e das políticas de saúde no Brasil.
Machado, Analisar como o MP pode contribuir Há importância na interface entre o MP
(2013)4 para a efetividade dos conselhos resolutivo, a gestão social e os conselhos
gestores. gestores.
Lehmann, Análise de como deve agir o Ministério O Ministério Público deve focar sua
(2013)8 Público no campo da participação atuação no fortalecimento da participação
Ministério Público, o Direito à Saúde e o Controle Social no SUS

popular em saúde. popular.


Oliveira, Avaliar a tensão existente entre a O Ministério Público deve encontrar
(2013)14 atuação preventiva e a autonomia soluções pela via resolutiva, que fornece
institucional do Ministério Público mecanismos de ampliação da participação
brasileiro. democrática do cidadão.
Santana, Examinar a atuação da Promotoria de A atuação extrajudicial do MP proporciona
(2011)11 Justiça junto ao Conselho Municipal um espaço precioso de interação com os
de Saúde do Rio de Janeiro. conselhos de saúde, fortalecendo a atuação
destes.
Batista e Entender como os atores sociais Há um retrocesso na prática participativa
Melo, garantem o direito de participação na no setor da saúde.
(2011)15 tomada de decisão política na Saúde.
Asensi, Estudar como se desenvolve o arranjo O arranjo institucional criado entre o
(2010)12 institucional entre MP, sociedade e MP, conselhos de saúde e gestão têm
membros da gestão municipal. possibilitado uma atuação voltada para a
esfera pública.
Ribeiro, Identificar as possibilidades de Interação entre os atores marcada pela
(2008)6 interação entre MP e conselhos de subordinação. A ofensa aos princípios do
saúde na defesa do direito à saúde. SUS encontra resistência nas ações do MP.
Machado et Analisar o novo modelo de A associação entre CS e MP tem sido
al., (2006)16 participação, principalmente a partir mais recorrente e representa vantagens
dos atores institucionais MP e CS. recíprocas para estes dois atores sociais.
Machado, Analisar as relações existentes entre o O MP tem propiciado uma interlocução
(2006)3 Ministério Público e o Conselho de maior entre a gestão dos serviços e os
Saúde. conselhos de saúde, criando um espaço de
diálogo. A atuação conjunta do MP com os
Conselhos de Saúde tem levado a instituir
novas formas e mecanismos de negociação
e pactuação.
continua

interlocução que constrói soluções comparti- cendo mecanismos de ampliação da participação


lhadas, contribuindo para tornar horizontais as democrática do cidadão14.
relações entre Estado e sociedade e para a apro- A análise dos resultados torna possível inferir
ximação do MP da sociedade, o que permite que que há uma certa plasticidade na atuação extra-
sua atuação seja revestida de maior legitimidade judicial, que não seria possível na rígida atuação
social12. Oliveira14, por sua vez, aponta duas van- demandista, especialmente pela possibilidade de
tagens da atuação resolutiva: (a) fortalece a atu- pactuação, realização de ajustes, utilização de es-
ação demandista, porque a torna mais seletiva; paços e disposições dialógicas que efetivam não
e (b) prioriza a atuação preventiva, a qual tem a só o direito à saúde, mas à participação plena de
possibilidade de transformar a realidade social cidadania. Esta plasticidade, como qualidade de
e criar maior interação com a sociedade, forne- adaptação sem dano, é um atributo fundamental
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Quadro 1. Caracterização dos estudos incluídos de acordo com os eixos temáticos, principal objetivo e resultado.
Eixos
Autor/Ano Objetivo principal Resultado principal
Temáticos
Zambom Analisar o controle social na Conselheiros de saúde não reconhecem a
e Ogata, perspectiva dos conselheiros de saúde. participação social como diretriz do SUS;
(2013)17 centralização das decisões na gestão e
valorização do saber técnico.
Democracia Participativa, Participação Popular e Conselhos de Saúde

Farias Verificar a atuação dos conselheiros Ações marcadas pela cooptação dos
Filho et al., de saúde, sobre suas ações coletivas de conselheiros de saúde e pela definição de
(2014)18 participação. agendas deliberativas pelo gestor.
Bispo Analisar os Conselhos de Saúde Conselhos de Saúde são mecanismos de
Junior e enquanto espaços de ampliação da ampliação da democracia, compreendida
Gerschman, democracia. como garantia dos direitos sociais.
(2013)5
Oliveira et Descrever e analisar a dinâmica da O Conselho de Saúde aciona diversos
al., (2013)19 participação social no CMS de Belo mecanismos para aprimorar seus modos de
Horizonte (MG) e verificar a existência ação, organização e comprometimento dos
de sinais de reação institucional frente atores para com esse fórum.
às dificuldades relatadas.
Moreira Compreender reações e regras do Conselhos de Saúde têm problema de
e Escorel, processo de institucionalização dos autonomia e organização.
(2009)9 Conselhos de Saúde.
Van Stralen Investigar a efetiva participação de Os conselhos têm pouco impacto sobre a
et al., Conselhos Municipais de Saúde na reestruturação dos serviços de saúde.
(2006)20 gestão das políticas de saúde.
Oliveira e Analisar as práticas de participação Autoritarismo e cooptação nas
Pinheiro, presentes no Conselho Municipal de relações entre os gestores municipais
(2010)21 Saúde de uma capital do Nordeste e os representantes da sociedade civil.
brasileiro e sua relação com a cultura Conselheiros reconhecem o frágil poder
política local. deliberativo e fiscalizador dos conselhos de
saúde.

Nº de estudos identificados- 997


PubMed- 330
Pródicos CAPES- 117
BDTD- 397
BVS- 153

Descartados pelo texto integral Descartados por não apresentarem


Descartados por não conter a
não estar gratuitamente objetivo(s) ou questão(ões) de
perspectiva da relação dialógica
disponível nas bases de dados pesquisa relacionados ao assunto
interinstitucional na pesquisa:
utilizadas em: desta revisão:
n= 394
n=11 n=518

Total de artigos restantes para a


leitura integral
n=74

Estudos selecionados para a


revisão
n=17

Figura 1. Etapas da seleção dos estudos.


1772
Pereira IP et al.

para que o Ministério Público realize com su- cem, especialmente nas discussões que envolvam
cesso a aproximação dos demais atores sociais e as questões regimentais e técnicas, embora o pro-
fomente uma nova moldagem, mais resolutiva e cesso de discussão seja prejudicado por uma cul-
contemplativa das sugestões plurais, do controle tura política que tem dificuldades em reconhecer
social no SUS. e respeitar o outro como cidadão19. O MP deve
Asensi12 afirma que por meio do recurso do propiciar uma interlocução cada vez maior entre
diálogo desenvolve-se a juridicidade da saúde, a gestão dos serviços e os Conselhos de Saúde,
que é a abordagem do conflito sob o ponto de objetivando encontrar solução para os proble-
vista jurídico, sem ocorrer necessariamente uma mas de saúde do município.
judicialização, levando a uma valorização das O espaço de diálogo entre essas instâncias
instituições pelo uso de práticas democráticas. funda um novo campo de práticas de aprimora-
Na defesa do regime democrático, a atuação mento do Estado democrático, instituindo novas
do Ministério Público na seara sanitária deve se formas e mecanismos de pactuação entre as dife-
direcionar não só para a garantia do direito à rentes esferas dos poderes públicos e sua relação
saúde, mas sobretudo para o correto funciona- com a sociedade16, pois o Ministério Público deve
mento do sistema de saúde8. A instituição minis- estar presente, dialogando, fomentando e quali-
terial deve focar sua atuação principalmente na ficando a participação popular, cumprindo im-
defesa da democracia deliberativa, materializada portante papel educativo e criativo na mudança
na forma da participação popular, este último social3,16.
princípio do SUS preconizado na Constituição Lehmann8 usa a expressão democracia parti-
Federal4. cipativa, repetindo Paulo Bonavides, e a ela atri-
Machado3 afirma que são nas próprias ins- bui o papel de resgate da sociedade como sujeito
tituições do Estado que desembocam as ações de direito ativo na fiscalização e gestão dos bens
da sociedade civil. Todavia, esta afirmação deve coletivos extrapatrimoniais, usando como instru-
ser vista não só na perspectiva da sociedade que mento a participação popular em espaços delibe-
busca tutela, mas na perspectiva da sociedade rativos, como os conselhos de saúde8. Os atores
que busca parceiras institucionais que fortaleçam sociais devem se apropriar desses espaços demo-
movimentos ou lutas sociais existentes, que via- cráticos, estabelecendo sólidas parcerias e inter-
bilizem o impacto ou a legitimidade necessários nalizando as constantes lutas pela garantia dos
à efetivação de direitos. E a parceria institucional direitos sociais constitucionalmente assegurados6.
mais vocacionada à defesa do direito à saúde é Claro que estes autores se apropriam dos an-
aquela que se dá entre Ministério Público e Con- tecedentes epistemológicos contidos no discurso
selhos de Saúde, pois é elemento de fortaleci- estruturante dos direitos sociais inscrito na teo-
mento do controle social e da defesa da saúde co- ria da metódica jurídica22-27 e da percepção que o
letiva, o que explica a relevância da estruturação discurso jurídico se constitui no modo constru-
e interação dessas duas instâncias de controle. tor das identidades constitucionais de um povo
e sua capacidade de articulação e de ação como
Conselhos de Saúde, Democracia condições de reação aos processos de exclusão
participativa e participação popular sociais e da iconização do povo no viés de uma
participação política meramente retórica22,23,25.
Admitindo que o Conselho de Saúde é o Durante o processo de redemocratização do
principal parceiro do MP, Machado3 observa que país, os movimentos sociais retomaram a temáti-
existem vantagens recíprocas na atuação coope- ca da participação popular como reivindicatória
rativa, uma vez que o MP enriquece a atuação do da democracia, vislumbrando um novo instru-
CS de recursos simbólicos e práticos, e este legiti- mento de expressão, representação e participação
ma a ação do MP na defesa do direito à saúde tra- da sociedade, tendo a oportunidade de imprimir
zendo demandas que têm como conteúdo a rea- novo formato às políticas públicas, especialmen-
lidade social. O diálogo entre as duas instâncias te na área da saúde6. Com a percepção da insu-
é exemplo de como é possível ao MP escapar de ficiência da democracia representativa em en-
práticas paternalistas que substituam a atuação contrar solução para os problemas apresentados,
da sociedade civil, e repensar sua prática jurídica, surge o ideal da democracia participativa como
a partir de uma aproximação com a realidade da estratégia capaz de garantir maior participação
saúde pública3,16. dos cidadãos5,21.
O Ministério Público deve buscar contribuir Com a adesão da Constituição Federal de
com os Conselhos de Saúde para que estes avan- 1988 às bandeiras democráticas da Reforma Sa-
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nitária, foram institucionalizadas as formas de informação, o que torna premente a necessidade
participação da comunidade no SUS: as confe- de articulação e capacitação para que haja o for-
rências e os conselhos de saúde11,28. Os Conselhos talecimento do controle social17.
de Saúde surgem para atender à diretriz consti- Com o evidente processo de desmobiliza-
tucional de participação popular e como modelo ção dos movimentos sociais na atualidade11, a
de democracia participativa, pois inauguram a avaliação das bases e relações democráticas na
possibilidade da participação direta da popu- política municipal de saúde demonstra que está
lação na gestão local6. Passados alguns anos da havendo um retrocesso na prática participativa
implantação formal desse modelo democrático no setor de saúde, com a existência de obstácu-
de gestão é importante avaliar se as conquistas los que vão desde a incredulidade do cidadão em
materiais de inserção da sociedade na gestão re- relação à participação popular e o uso indevido
almente ocorreram, bem como quais as dificul- do conhecimento técnico para dificultar a tími-
dades e soluções possíveis. da participação identificada15 até manipulação
Oliveira e Pinheiro21 reconhecem a impor- da composição e ingerência dos gestores no seu
tância na democratização da relação entre Estado funcionamento6.
e sociedade civil e na luta para efetivação do di- Os resultados de Farias Filho et al.18 apon-
reito à saúde por meio dos Conselhos de Saúde. tam para o descumprimento dos princípios
Bispo Júnior e Gerschman5, por sua vez, afirmam constitucionais do SUS e para a fragilização da
que os conselhos são, na verdade, nova modali- imagem social dos conselheiros. Há registros de
dade de relacionamento entre Estado e sociedade que os Conselhos de Saúde não são reconheci-
civil, o qual possibilitou a inserção da socieda- dos por uma parcela significativa da população
de no núcleo decisório. Como resultado de um como representantes de seus interesses ou como
processo histórico de democratização5, os Con- responsáveis por balizar os rumos do governo5.
selhos de Saúde deveriam tornar mais próxima A diferença principal desses resultados para as
e responsiva a relação entre Estado e sociedade à pesquisas anteriores está em indicar uma falha
medida que um número maior de cidadãos tem no processo de identidade e ressonância da re-
a oportunidade de participar do processo decisó- presentação dos conselhos de saúde, tendo alcan-
rio9, convertendo-o em um espaço de ampliação ce limitado por não ter relacionado fragilização
da democracia5. da imagem social dos conselhos e efetividade da
Moreira e Escorel9, analisando um estudo participação popular.
censitário divulgado nos 20 anos do SUS, afir- Das dificuldades enfrentadas pelos Conselhos
maram que os Conselhos de Saúde represen- de Saúde, e que representam demanda concreta
tam a mais ampla iniciativa de descentralização para a atuação do Ministério Público, identifi-
político-administrativa implementada no país, cadas nas pesquisas selecionadas, destacam-se
embora existam fatores que dificultam a demo- aquelas relacionadas à fragilidade da vida asso-
cratização do processo decisório das políticas de ciativa5,19, à fragilidade no vínculo entre os con-
saúde. Para os autores, os Conselhos de Saúde selheiros e à necessidade de capacitação técnica e
mais organizados e autônomos estão localizados política, possibilitando uma intervenção mais ar-
nos municípios que apresentam uma sociedade gumentativa14. Além destes, outros aparecem de
civil mais mobilizada e acostumada à articulação forma mais difusa: falta de estrutura de trabalho,
política9. Isso demonstra que a realização do di- deficiências no processo de representação e par-
reito à saúde é uma tarefa constante de mobili- ticipação popular, cooptação pelos governantes,
zação social3, ou seja, os Conselhos de Saúde só problema de autonomia e organização, falta de
conseguem exercer efetivamente seu papel de transparência e resolutividade nas deliberações,
instância democrática e deliberativa em ambien- prevalência do saber técnico, entre outros.
tes onde os valores democráticos são respeitados Os Conselhos de Saúde devem superar essas
e valorizados5. limitações institucionais4, por meio do aciona-
Os Conselhos de Saúde realizam controle so- mento dos diversos mecanismos para aprimorar
cial sobre a gestão do sistema de saúde, incluindo seus modos de ação, organização e comprometi-
novos atores na discussão de suas políticas, per- mento dos atores19. Todas essas desconformida-
mitindo o surgimento de decisões legítimas, em des no funcionamento limitam a efetividade do
consonância com os princípios constitucionais controle social por eles exercido, demandando a
preconizados para o SUS20. Todavia, há dificulda- colaboração de instituições como o Ministério
des dos conselheiros em efetivar uma interlocu- Público, que pode agir de duas formas: a) interna,
ção com as bases de representação e de acesso à regularizando questões relacionadas à estrutura
1774
Pereira IP et al.

de trabalho, paridade na composição ou mesmo recíproco das duas instâncias e para a efetivação
no cumprimento das diretrizes da Resolução nº do controle social do SUS, pois o Ministério Pú-
453/201229; e b) externa, fomentando a partici- blico pode garantir o funcionamento autônomo
pação popular, a transparência, a pactuação e a e o cumprimento das decisões dos Conselhos
efetividade das deliberações tomadas pelos con- de Saúde e estes, por sua vez, podem legitimar
selhos de saúde, evitando a desmobilização pela a atuação do Ministério Público, ou seja, os da-
participação desligada da decisão15. dos parecem confirmar que há a necessidade de
A política de saúde no Brasil é uma dinâmica aproximação e interlocução entre as instâncias de
que envolve muitos agentes em um novo mode- controle, com ganhos para todos.
lo de participação implantado após a redemo- O atual contexto político brasileiro, com a
cratização no país, em que o Ministério Público ameaça de congelamento dos recursos da saúde,
tem um papel de articulação fundamental16. Se exige que o Ministério Público esteja cada vez
o Conselho de Saúde é o sujeito empenhado na mais próximo das demandas sociais, estimulan-
materialização do direito à saúde, o Ministério do e fortalecendo a participação popular e a su-
Público é o agente canalizador dessa reivindica- peração das deficiências enfrentadas pelos Con-
ção4. selhos de Saúde, buscando impedir o retrocesso
democrático.
Os resultados sugerem que os Conselhos de
Considerações finais Saúde já consolidaram sua criação, mas ainda
persistem dificuldades e desafios para a gestão
Observa-se que a maioria dos artigos científicos democrática e transparente dos recursos na saú-
e dissertações de mestrados analisados apontam de, o que abre espaço e justifica a prontidão da
para a importância da interface entre relação en- atuação extrajudicial e resolutiva do Ministério
tre o Ministério Público e os Conselhos de Saúde Público, especialmente no que diz respeito ao:
no fortalecimento do controle social. (a) fomento da participação popular, por meio
Verificou-se que cabe ao Ministério Público da mobilização social e da articulação política,
contribuir para a efetividade do direito à saúde, (b) estímulo e fiscalização da capacitação técnica
que pode se dar por meio do fortalecimento do regular dos conselheiros de saúde, (c) mediação
controle social exercido com os conselhos muni- para a instituição de novas formas de pactuação
cipais de saúde. O controle institucional no SUS entre gestores e sociedade no enfrentamento das
realizado pelo Ministério Público, principalmen- problemáticas que apontam desvios de execução
te no que diz respeito à sua atuação e interação das políticas dos serviços de saúde, d) aprimora-
com os Conselhos de Saúde, vem sendo desen- mento das condições estruturais e administrati-
volvido mais sobre a matriz resolutiva e extraju- vas de trabalho dos conselheiros; e) fiscalização
dicial, com o fortalecimento da interlocução com do cumprimento da Resolução 453/2012, princi-
os demais órgãos de controle social, tornando palmente no que diz respeito à eleição para a pre-
mais horizontais e permeáveis as relações entre sidência dos conselhos de saúde, verificando-se a
Estado e sociedade. necessidade de alteração das legislações locais, e a
Verificou-se que existe diálogo interinstitu- g) judicialização racional e adequada das políti-
cional, bem como que ele inovou na resolução de cas de saúde buscando o reequilíbrio das respon-
conflitos imprescindível para o fortalecimento sabilidades federativas.
1775

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1767-1776, 2019


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Artigo apresentado em 19/10/2016


Aprovado em 30/07/2017
Versão final apresentada em 01/08/2017

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

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