Você está na página 1de 10

DOI: 10.1590/1413-81232018245.

04392019 1647

Enfrentamento de problemas que impactam na saúde de uma

artigo article
comunidade socialmente vulnerável sob a ótica dos moradores

Coping with problems that impact on the health of a socially


vulnerable community from the residents’ perspective

Izautina Vasconcelos de Sousa (https://orcid.org/0000-0002-1418-8492) 1


Christina César Praça Brasil (https://orcid.org/0000-0002-7741-5349) 1
Raimunda Magalhães da Silva (https://orcid.org/0000-0001-5353-7520) 1
Dayse Paixão e Vasconcelos (https://orcid.org/0000-0002-8709-4147) 1
José Eurico de Vasconcelos Filho (https://orcid.org/0000-0002-6881-0814) 1
Timoty Joseph Finan (https://orcid.org/0000-0003-0172-6607) 2
Ilana Nogueira Bezerra (https://orcid.org/0000-0002-2072-0123) 3
Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro (https://orcid.org/0000-0003-1784-7446) 4

Abstract This research aims to identify the stra- Resumo Esta pesquisa objetiva identificar as es-
tegies adopted by dwellers of a socially vulnerable tratégias adotadas por moradores de uma comu-
community, characterized by social and economic nidade socialmente vulnerável, caracterizada pela
inequality, to address the problems that interfere desigualdade econômica e social, para o enfren-
in the health conditions. A participant investi- tamento dos problemas que interferem nas con-
gation anchored in hermeneutics was conducted dições de saúde. Realizou-se pesquisa participante
through participatory diagnosis, with 31 residents por meio do diagnóstico participativo, ancorada
of the Dendê community, who were called vital na Hermenêutica. Participaram 31 moradores
informants. Data were collected from semi-struc- da Comunidade do Dendê, denominados infor-
tured interviews, street walking and focus groups. mantes-chave. Coletaram-se os dados a partir de
WebQDA software was adopted to support data entrevista semiestruturada, caminhada de rua e
analysis, based on content analysis in the the- grupos focais. Utilizou-se o software WebQDA
matic modality, which resulted in the following para amparar a análise dos dados, com base na
categories: “individual or small group actions”, Análise de Conteúdo na modalidade temática,
“partnerships between residents and social or- identificando-se as seguintes categorias: “ações
ganizations” and “partnerships with public and individuais ou de pequenos grupos de pessoas”,
private sectors”. We considered that the condition “parcerias entre moradores e organizações sociais”
of vulnerability motivated by a diversity of social e “parcerias com segmentos públicos e privados”.
1
Programa de Pós- determinants generates negative impacts on he- Considera-se que a condição de vulnerabilidade,
Graduação em Saúde alth, requiring planning and implementation of motivada por uma diversidade de determinantes
Coletiva, Universidade de policies and actions geared to people’s well-being. sociais, gera impactos negativos sobre a saúde, tor-
Fortaleza. Av. Washington
Soares, 1321, sala S01, This reflects the relevance of the participatory nando necessário o planejamento e a efetivação de
Bairro Edson Queiroz. diagnosis, which can be supported by people and políticas e ações voltadas ao bem estar da popula-
60.811-905 Fortaleza Information and Communication Technologies to ção. Isso reflete a relevância do diagnóstico parti-
CE Brasil.
izasousa222@gmail.com increase community participation in health pro- cipativo, o qual pode ser apoiado pelas pessoas e
2
Universidade do Arizona, motion actions. Tecnologias da Informação e Comunicação para
Estados Unidos. Arizona Key words Social participation, Health status, ampliar a participação comunitária nas ações
Estados Unidos.
3
Universidade Estadual do Social vulnerability, Coping promotoras de saúde.
Ceará. Fortaleza CE Brasil. Palavras-chave Participação social, Condições de
4
Centro Universitário saúde, Vulnerabilidade social, Enfrentamento
Estácio de Sá. Fortaleza CE
Brasil.
1648
Sousa IV et al.

Introdução Segundo os mesmos autores8, o enfrentamen-


to utiliza como eixo dois entendimentos princi-
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi o primeiro pais. O primeiro consiste na ameaça, que resulta
no campo das políticas públicas no Brasil a to- de um evento estressor ao qual o problema está
mar a participação popular como princípio, rei- relacionado e que necessita ser minimizado ou
terando a importância do controle social sob as resolvido. O segundo entendimento diz respeito
práticas de saúde e evidenciando a possibilidade ao controle requerido diante da ameaça do es-
da criação de espaços institucionalizados da fala tressor, quando o sujeito procura estratégias para
popular para que as pluralidades dos diversos o controle da situação e dos sentimentos que es-
atores da sociedade esteja presente1. Para isso, tas provocam nas pessoas acometidas.
é imprescindível que os cidadãos conheçam os Nesse sentido, questiona-se: quais são as es-
seus direitos para desempenharem o seu papel na tratégias de enfrentamento adotadas pelos mo-
participação para a mudança social2. radores da Comunidade do Dendê frente aos
Dessa maneira, a participação social torna-se problemas que vivenciam e impactam nas suas
uma tática essencial no enfrentamento das iniqui- condições de saúde? O presente estudo objetivou
dades sociais em saúde, em que os movimentos identificar as estratégias de enfrentamento dos
políticos e sociais apresentam maior poder, con- problemas que interferem nas condições de saú-
tribuindo com a qualidade de vida da população3. de adotadas por moradores de uma comunidade
No contexto das políticas sociais, a participa- socialmente vulnerável.
ção da comunidade nos processos de diagnóstico
e decisão mostra-se como um elemento estru-
turante, visto que isso traz informações para o Metodologia
enfrentamento das desigualdades sociais, não se
limitando ao setor saúde4. Nesse sentido, o diag- Realizou-se uma pesquisa participante jun-
nóstico participativo consiste em um método to a uma comunidade localizada em Fortale-
para a aquisição e a construção coletiva de dados za-Ceará-Brasil, de janeiro a julho de 2016, in-
sobre uma determinada realidade; sendo ele par- tegrando o projeto “Participação e mapeamento
ticipativo pelo fato de o processo para aquisição comunitário para promoção de qualidade de
de informações ser realizado com o envolvimen- vida e inclusão social de moradores do Dendê”,
to de pessoas, as quais, em parceria com media- desenvolvido por um grupo de pesquisa da Uni-
dores, produzem dados para mudanças5. versidade de Fortaleza.
O Diagnóstico Participativo é uma metodo- A amostra foi constituída de 31 moradores da
logia que permite a organização das necessidades comunidade, denominados informantes-chave
sociais, através da elaboração do diagnóstico da (IC), com idades de 18 a 80 anos, indicados pelos
realidade vivida pelas pessoas que a vivem, com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do bairro.
o intuito de melhorar as condições de vida, vis- Dentre os IC, 24 eram mulheres e 7 homens, todos
to que o processo para a transformação começa com mais de cinco anos de moradia na localidade,
com o despertar do desejo de mudança e plane- os quais contribuíram com seus olhares e per-
jamento de ações de intervenção6. cepções voltados à solução dos problemas que eles
Diante de um cenário de mudanças, a identi- identificaram na primeira fase desta investigação9.
ficação de problemas emerge a partir das diversas Os IC são moradores que participam ativamente
visões das pessoas que os vivenciam, o que pode da vida da comunidade, exercem liderança em di-
levar à (re) significação de políticas, estratégias e versos segmentos ou têm informações fidedignas
medidas de enfrentamento, beneficiando a con- e aprofundadas sobre o tema em estudo10.
cepção de ações mais eficazes para o enfrenta- A pesquisa é participante por reunir pesso-
mento dos problemas e o alcance da resolubili- as e instituições, possibilitando uma reflexão
dade7. epistemológica, ética e política sobre o cenário.
O enfrentamento consiste em utilizar estraté- Esse tipo de investigação leva em consideração
gias diversas para a resolução de acontecimentos as relações interpessoais e coletivas, favorecendo
específicos advindos de situações desfavoráveis o olhar contextualizado sobre as questões que se
que possam afetar pessoas ou os grupos popula- pretendem esclarecer, o que favorece o estabele-
cionais. No contexto comunitário, as estratégias cimento de parcerias para o enfrentamento dos
de enfrentamento podem ser implementadas em problemas evidenciados11,12.
diversos níveis: pessoal, familiar, entre amigos ou A Comunidade do Dendê é marcada por con-
grupos específicos e institucionais8. trastes sociais e desigualdades13, originando-se de
1649

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1647-1656, 2019


lutas comunitárias pela busca de terra, nos anos a IC14 e os que participaram somente da entrev-
1970, quando famílias removidas de outras regi- ista e caminhada de rua foram IC15 a IC31.
ões carentes da cidade de Fortaleza passaram a A transcrição dos dados baseou-se nas grava-
ocupar essa área14. Ao longo dos anos, a comu- ções das entrevistas e dos grupos focais, além das
nidade organizou-se politicamente, formando notas de campo das pesquisadoras, que acom-
lideranças e criando, nos anos 1980, a Associação panharam em parceria todos os momentos da
dos Moradores. Essas ações propiciaram o esta- investigação. Em seguida, procedeu-se a leitura
belecimento de parcerias com as iniciativas pú- flutuante do material para a apropriação das in-
blica e privada, na tentativa de buscar melhores formações obtidas. O passo seguinte consistiu na
condições de vida para os moradores. codificação. Com o apoio do Software webQDA,
Destaca-se que a comunidade está situada no criaram-se códigos de análise após a leitura em
bairro Edson Queiroz, tendo aproximadamente profundidade dos dados obtidos, o que também
22.110 habitantes, com uma média de 3,76 pes- foi amparado pela Hermenêutica e pelas aborda-
soas por domicílio, representando elevada den- gens teóricas do diagnóstico participativo7,17.
sidade demográfica. Quanto ao Índice de Desen- Ressalta-se que, para a análise dos dados,
volvimento Humano (IDH), em 2010, o bairro apesar da utilização do Qualitative Data Analy-
ocupava a 57ª posição, dentre os 119 bairros de sis Software (QDAS) indicado, as pesquisadoras
Fortaleza, com 0,350 de IDH15. Estima-se que a seguiram os passos da Análise de Conteúdo na
cidade de Fortaleza tem mais de 2.600.000 habi- modalidade temática18, quais sejam: pré-análise,
tantes e se encontra no 5º lugar do ranking mun- exploração do material e tratamento dos resul-
dial entre as cidades com maior índice de desi- tados.
gualdade social. Na fase de categorização, o debate contínuo
Em um estudo anterior9, identificaram-se entre as pesquisadoras favoreceu o maior ali-
os problemas da comunidade que interferem nhamento das informações e da metodologia de
nas condições de saúde da população. Para isso, análise19. Assim, as análises da fidelidade intra e
foram realizadas estratégias de coleta de dados intercodificadores foi implementada para a ob-
prticipativas, como caminhada de rua, entrevistas tenção da qualidade das codificações.
individuais semiestruturadas e dois grupos focais Ainda com base no estudo de Sarmento19, o
com os 31 IC, em datas e horários pré-agendados. nível de fidelidade intracodificador foi obtido
A partir da identificação dos problemas, emergi- por meio da realização da codificação das en-
ram questões que, sob a ótica dos participantes, trevistas pela pesquisadora em dois momentos,
precisam ser enfrentadas, as quais são abordadas havendo um intervalo de 15 dias entre as duas
no presente estudo. codificações, o que possibilitou aferir a coerên-
Participaram dos grupos focais (GF) 14 IC, cia no processo de codificação. Para o alcance da
com a utilização de um roteiro com questões fidelidade intercodificador, as pesquisadoras es-
norteadoras sobre as estratégias de enfrentamen- tabeleceram uma comunicação contínua e cali-
to dos problemas da comunidade que interferem brada, uma vez que estas foram responsáveis pelo
nas condições de saúde. Cada grupo teve duração desenvolvimento de todas as fases da pesquisa,
média de 2 horas, tendo sido realizados em uma tendo estabelecido entre si uma padronização
sala com equipamentos de audio e vídeo, em dos procedimentos de codificação, o que guar-
uma Universidade próxima à Comunidade. Con- dou coerência com os objetivos, a metodologia
cluiu-se a coleta de dados com base no princípio e o referencial teórico-metodológico do estudo,
da saturação, quando não mais emergiram novas além dos códigos e das regras de codificação.
informações com a continuidade dos debates16. A associação entre a Hermenêutica e as abor-
Os GF foram conduzidos pelas mesmas dagens teóricas do diagnóstico participativo7,17
pesquisadoras do estudo anterior - facilitadora e ampararam a interpretação dos resultados, uma
moderadora, tendo estas efetuado registros por vez que esses referenciais teóricos ampliam o ol-
escrito das observações que consideraram per- har sobre o conhecimento da comunidade e o seu
tinentes para complementar as gravações. Esse papel na identificação dos problemas e na imple-
procedimento facilitou a compreensão, a análise, mentação das estratégias de enfrentamento.
a intercodificação e a interpretação dos dados. O estudo da compreensão a partir da Her-
Adotaram-se as letras “IC” - informan- menêutica ampara a busca dos sentidos dos fa-
te-chave - seguidas de números de 1 a 14 para tos humanos, facilitando o entendimento sobre
preservar as identidades dos participantes. As- a relevância da participação dos moradores no
sim, os participantes dos grupos focais foram IC1 diagnóstico participativo de maneira subjetiva
1650
Sousa IV et al.

e intersubjetiva20. A perspectiva hermenêutica comunidade para comemorar datas festivas,


estabelece uma harmonia entre saúde e doença, além do estabelecimento de cooperação e de par-
apontando ao ator social a necessidade de par- cerias entre as pessoas, representam estratégias
ticipação no processo de levantamento dos prob- que possibilitam a realização de ações sociais,
lemas que levam a condições de saúde deficientes. melhor integração social e melhoria da qualidade
Nesse contexto, a participação social faz emergir de vida, resultando em promoção da saúde co-
novos saberes técnicos e práticos, conhecimentos munitária. Como mostra o relato a seguir:
voltados à importância do engajamento do su- Eu faço [festa na comunidade] por conta pró-
jeito em busca de melhores condições de saúde pria e não tenho ajuda de ninguém... mas, é como
para si e para a comunidade21. a minha mãe diz: tu faz as coisa pros outro e de-
Este estudo constitui recorte de uma pesqui- pois tu leva só na cara. Mãe, eu só lhe digo uma
sa, cujo projeto foi aprovado pelo Comitê de Éti- coisa: eu não vou fazer uma coisa para as pessoas
ca da Universidade de Fortaleza, tendo sido con- esperando que ela vá me agradecer, quem vai me
templados os preceitos éticos para a realização de agradecer é Deus. (IC2)
pesquisas em seres humanos22. A fala de IC2 reflete os esforços dos mora-
dores da comunidade, demonstrando estraté-
gias de enfrentamento na busca de amenizar
Resultados e Discussão situações estressantes, a exemplo das relações
sociais, muitas vezes, conflituosas. Os moradores
A partir da convergência semântica e ideológica acreditam que a promoção de ações sociais com
dos depoimentos23 obtiveram-se diferentes mo- a participação da própria comunidade estimula
dalidades de enfrentamento às ameaças à saúde a socialização, sendo vista como uma iniciativa
identificadas pelos moradores. Assim, o enfren- positiva, uma vez que traz momentos de alegria
tamento dos problemas apóia-se em “ações indi- e de bem-estar emocional, impactando na boa
viduais ou de pequenos grupos de pessoas”, “par- convivência, na saúde mental dos indivíduos e
cerias entre moradores e organizações sociais” e proximidade com a religião.
“parcerias com segmentos públicos e privados”. As ações sociais representam um importante
Sousa et al.23 destacam os diversos problemas amparo às famílias carentes, por fortelecer-
da comunidade que impactam nas condições de em as percepções sobre valorização e respeito,
saúde, quais sejam: falta de atividades de lazer, es- necessárias ao enfrentamento dos problemas
porte e cultura para jovens e crianças; baixo efe- vivenciados. Nesse sentido, o protagonismo in-
tivo policial; insegurança; violência local; uso de dividual fortalece a motivação dos indivíduos e
drogas ilícitas nos espaços públicos; ausência de grupos de uma comunidade, podendo gerar in-
saneamento básico; condições ambientais desfa- centivo às potencialidades das pessoas para me-
voráveis que oferecem riscos à saúde; infraestru- lhorarem suas condições de vida, objetivando o
tura pública deficiente; desequilibrio nas relações “empoderamento” da comunidade, suscitando
interpessoais e intergrupais. processos de desenvolvimento autossustentável25.
Tudo isso faz com que os moradores expres- Foram mencionadas, ainda, as ações que en-
sem a sensação de “adoecimento” e tentem solu- volvem o bazar da comunidade (opção de aces-
cionar ou minimizar os problemas, buscando so dos moradores a bens materiais com preços
modos diversos de enfrentamento. Dessa forma, acessíveis) e o incentivo à leitura (empréstimo
o empoderamento comunitário torna-se um de livros entre os moradores como investimento
processo pelo qual os sujeitos (de forma indivi- para enriquecer o conhecimento), as quais são
dual ou coletiva) de uma comunidade desenvol- evidenciadas no seguinte relato:
vem ações para atingir seus objetivos por meio da As minhas tias sempre organizam bazar, elas
participação ativa na resolução dos problemas24. fazem festa junina e meu primo faz a festa de Natal
para as crianças... Inclusive, até a minha tia, que
Ações individuais ou de pequenos grupos agora é agente de saúde, ela fez uma geloteca lá na
de pessoas rua. Uma geloteca é uma geladeira velha cheia de
livros que as pessoas podem pegar para ler e, depois,
As ações de iniciativa individual ou de devolver... É melhor do que o menino ficar só brin-
pequenos grupos partem de uma pessoa ou de cando ou correndo... (IC8)
um grupo pouco numeroso, sendo inspiradas As iniciativas mencionadas por IC8 repre-
pela cultura e pelas relações familiares. Nesse sentam duas estratégias criativas de união da
sentido, para os participantes, mobilizações da comunidade, favorecimento da equidade social e
1651

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1647-1656, 2019


de apoio ao enfrentamento das condições adver- O trabalho voluntrário não está relacionado
sas da comunidade. Além da geração de renda e à condição financeira de uma pessoa, mas à sol-
da ampliação das oportunidades de compra que idariedade ao próximo. O cuidado que algumas
o bazar possibilita, é válido mencionar que este moradoras dispensam às crianças daquelas que
também leva ao reaproveitamento e à reciclagem trabalham fora possibilita que estas se manten-
de produtos que seriam descartados no lixo. A ham no mercado de trabalho e contribuam para
geloteca estimula o hábito da leitura, a reunião e a renda familiar. Em muitos municípios brasile-
a interlocução entre os moradores, além de am- iros, em regiões de maior vulnerabilidade social,
pliar o nível cultural. essa prática é corriqueira devido a falta de crech-
As ações mencionadas oportunizam a ob- es e/ou escolas. Destaca-se, ainda, que a remuner-
tenção e o incremento de recursos humanos e ação dessas cuidadoras é muito precária, levando
materiais, o apoio e o suporte social, sendo de as trabalhadoras a providenciarem a alimentação
elevada importância para a redução das desigual- das suas crianças, evitando despesas extras à viz-
dades26; uma vez que levam à melhoria das inha que a está ajudando.
relações interpessoais, à redução do estresse, ao As práticas religiosas também configuram
acesso à leitura e ao desenvolvimento individ- como estratégias de enfrentamento para os prob-
ual e coletivo. O crescimento da capacidade de lemas do território, uma vez que se relacionam
organização da sociedade civil está associado à à melhoria da socialização, do apoio social e da
elevação do nível de instrução, da renda per cap- saúde mental. Essas ações promovem a colabo-
ita e da estabilidade democrática, levando ao au- ração entre os moradores da comunidade, a for-
mento das associações e de grupos voluntários. mação de grupos de apoio aos moradores e gru-
Também é importante a compreensão da lei- pos de oração. Isto eleva o bem-estar psicológico
tura e da educação como atos libertadores dos dos participantes, reduzindo a prevalência de
problemas enfrentados pela comunidade. A lei- depressão, o uso de drogas e os comportamentos
tura exerce o papel do lúdico, do lazer e do em- suicidas28.
poderamento, ampliando a capacidade das pes- A prática de esportes foi apontada como uma
soas entenderem o mundo e a si mesmas em um forte aliada à melhoria das condições de vida e
processo conscientizador. saúde dos jovens, refletindo no cotidiando da co-
O empoderamento promove conscientização, munidade, principalmente quando se realizam
ou seja, a transformação de um pensamento in- em escolas, Universidade e equipamentos da Pre-
gênuo para uma consciência crítica, produzindo feitura.
um “processo de conhecer” que se dá na relação Não tem mais projeto de esporte... tem um acho
dialética homem-mundo, de ação reflexiva. As- que só de judô na escola...aí alguns meninos se in-
sim, empoderar-se é conscientizar-se, e conscien- teressaram e já ganharam até campeonato... tinha
tizar-se não é manipular, mas conduzir o outro a essa iniciativa nessa quadra que eu falei, onde havia
pensar a realidade de forma mais crítica27. professores específicos para cada esporte, tinha um
Uma alternativa evidenciada pelos partici- espaço que era só para luta, tinha basquete, vôlei de
pantes para remediar a falta de creches e berçári- praia e tudo. Isso era ótimo para os jovens. (IC12)
os na região diz respeito ao voluntariado de al- Incentivar o envolvimento de crianças e ad-
gumas residentes da comunidade, que acolhem olescentes de territórios em situação de vulner-
em suas residências os filhos de suas vizinhas abilidade social com atividades esportivas aux-
trabalhadoras. ilia no enfrentamento dos problemas existentes,
Nesse cenário, as instituições religiosas do promove melhorias comportamentais e facilita o
território também são mencionadas por ofere- combate à violência.
cem serviços de amparo aos moradores. O estudo de Silva et al.29, sobre estratégias
[...] Esta semana, um rapaz da igreja evangéli- de enfrentamento das doenças crônicas, aponta
ca veio lá na baixada, aí teve corte de cabelo, teve para a relevância das boas experiências comu-
um monte de coisas lá. (IC14) nitárias no estabelecimento de políticas mais efe-
Fiz um trabalho na comunidade onde eu fiz tivas, o que se alinha aos resultados do presente
parte de uma equipe que nós construímos uma estudo. De acordo com os participantes, as ações
igreja católica [...] e, com a construção da igreja, que a comunidade tem desenvolvido propiciam
foi que eu passei a ser um membro ativo da comu- parcerias, cooperação, felicidade, melhor quali-
nidade, porque eu visitei toda a comunidade, todos dade de vida e de saúde, além de recursos para o
os apartamentos, todas as casas e conseguimos que enfrentamento das dificuldades.
essa igreja fosse erguida... (IC10)
1652
Sousa IV et al.

Parcerias entre moradores os problemas do território. Essa modalidade de


e Organizações Sociais ação auxilia na construção do bem coletivo, na
motivação ética que volta as pessoas ao trabalho
A formação de grupos maiores e coesos, a social, na participação ativa e na democratização
partir de parcerias entre os moradores e organi- efetiva do Estado, nos aspectos sociais, políticos e
zações sociais, no intuito de solucionar os prob- econômicos31.
lemas da comunidade, possibilitam a resolução Outrossim, os espaços religiosos da comuni-
de problemas de diversas naturezas, incluindo as dade constituem ambientes propícios para que os
necessidades de saúde relacionadas a aspectos so- moradores realizem ações que lhes mantenham
cioeconômicos: ativos e lhes tragam equilíbrio emocional, desvi-
[...] de terça-feira em diante as ONGs ajudam ando-os de comportamentos e situações de risco:
as crianças. Se você tiver precisando de um remé- A igreja agora está abrangendo muitas cois-
dio, e se for muito caro, eles vão lá e olham. [...] Aí, as boas e arrecadando muitos jovens também. Eu
é só levar a receita... dependendo do dinheiro que tinha um sobrinho que era rebelde e agora ele está
o membro da ONG tiver, quando é de tarde ele já na igreja. Ele toca bateria. Os meninos ficam cha-
traz [o remédio] ou então no outro dia. (IC2) mando ele para fazer outras coisas, mas ele diz que
O relato de IC2 evidencia a consciência dos não vai, pois prefere ir à igreja. (IC14)
moradores sobre a importância do envolvimen- Neste caso, a religião traz bem-estar, auxil-
to social, das redes sociais e de apoio nos locais iando na superação de problemas individuais
onde vivem, como possibilidades de enfrentam- e coletivos. A igreja é uma instituição em que a
ento dos problemas identificados. Os movimen- sociedade confia, fazendo com que exerça um
tos de articulação dos moradores possibilitam poder que advém de um processo ideológico e
a construção e o empoderamento individual e histórico32. Por esses motivos, necessário que os
coletivo, fortalecendo suas lutas por melhores moradores tomem consciência das contribuições
condições de vida e de saúde. da religiosidade na pacificação comunitária, visto
A inexistência de estruturas de apoio social que esta possibilita a implementação de práticas
e de estratégias de enfrentamento advindas da locais que favorecem a redução da violência e dos
comunidade reflete negativamente nos aspectos conflitos.
social, econômico e na saúde dessa população28. Antes de ter esse negócio de participação no
Destaca-se, neste estudo, que a realização de bairro, chegou um pastor lá no bairro... Ele jun-
eventos com a participação dos moradores leva tou todas as pessoas que eram de gangues e fez uma
ao melhor conhecimento do território, auxilian- caminhada para eles ficarem em paz... Quando eles
do-os a evidenciar seus pontos de vista, priorizar passavam nas ruas, o pastor pedia ajuda para fazer
os problemas e discutir soluções. alguma coisa para ocupá-los na igreja. O pessoal
As organizações sociais possibilitam melho- do bairro não entendia bem essa atitude do pas-
rias da qualidade de vida de indivíduos e famílias, tor... (IC14)
sobretudo, a partir da evidência do seu protago- O papel do líder religioso destacado por
nismo enquanto atores sociais capazes de mu- IC14 chama a atenção para a importância de ha-
dar a realidade onde estão inseridos, resgatando ver pessoas na comunidade capazes de motivar
práticas solidárias, cidadãs e de inovação social30. os moradores para a realização de trabalhos em
Nesse âmbito, os participantes consideram o tra- prol do desenvolvimento local. Essas modali-
balho comunitário como a porta de entrada para dades de atitudes positivas originam ambientes
o protagonismo social: que favorecem a criação de políticas voltadas à
[...] eu fiz parte de uma equipe que construiu melhoria das condições de vida e saúde. A inicia-
uma igreja católica, [...], e aí com a construção da tiva do pastor possibilita a união dos moradores
igreja foi que eu passei a ser um membro ativo da para a promoção de melhorias na vida de pessoas
comunidade, porque eu visitei toda a comunidade, socialmente excluídas. Entretanto, para alguns
todos os apartamentos, todas as casas e conseguim- membros da comunidade, falta o entendimento
os que essa igreja fosse erguida... (IC10) sobre as motivações que levam a igreja a em-
Com o avanço dos anos, verifica-se o cresci- preender esforços para evitar situações de risco
mento do trabalho voluntário nas comunidades social.
brasileiras, promovendo a cooperação e a partic- O apoio social é gerador de informações, em
ipação da sociedade; o empoderamento dos par- que a ajuda material oferecida por grupos e ou
ticipantes; o sentimento de pertencimento e de pessoas que mantêm contato sistemático com
corresponsabilização na busca de soluções para um indivíduo repercute no aspecto emocional e
1653

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1647-1656, 2019


comportamental, sendo beneficiados ambos os tuita às crianças da comunidade, a qual é vista
lados33. pelos moradores como equipamento de apoio
e responsabilidade social. Entretanto, apesar do
Parcerias com segmentos públicos reconhecimento e da importância dessa inicia-
e privados tiva, os moradores valorizam sobremaneira os
benefícios trazidos pelas ações voltadas à saúde e
No entorno da Comunidade sob investigação, ao lazer. Isto evidencia que os moradores precis-
há muitas instituições públicas e privadas, possi- am discutir e se apropriar sobre o valor de cada
bilitando o estabelecimento de parcerias para o uma das ações ofertadas pela universidade e por
desenvolvimento do local e o enfrentamento dos outros parceiros, visto que a saúde, a educação
problemas. Um exemplo disso, é o serviço de saúde e o lazer constituem um tripé de elevada im-
gratuito, mantido por uma Universidade Privada portância para a qualidade de vida.
e conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS), A geração de empregos diretos e indiretos
localizado nas proximidades do Dendê. Nessa uni- pela universidade privada é outra iniciativa insti-
dade, o ensino e a atenção à saúde associam-se e tucional valorizada pelos participantes e recon-
oferecem aos moradores atenção integral: hecida como uma estratégia de suporte social e
A Universidade ajuda desde as crianças meno- econômico à comunidade:
res até as maiores, porque tem professor que tra- A universidade é o pai e a mãe da gente, tudo
balha na parte de reabilitação, uma parte que eu o que a gente procura tem...esporte, lazer, saúde. A
gosto muito e acho que essa contribuição é muito maioria do pessoal aqui [da comunidade] é em-
grande para todo bairro. (IC6) pregado lá... (IC14)
A participante reconhece, em seu depoi- A relação da comunidade com instituições
mento, a importância dos serviços oferecidos públicas e privadas locais é refletida nos depoi-
à comunidade por uma instituição privada, na mentos dos participantes, os quais se referem às
área de reabilitação, disponibilizando o acesso a contribuições da prestação de serviços de quali-
tratamento especializado próximo ao domicílio. dade e ao conforto que essas ações oferecem aos
No caso em questão, a Universidade privada, por moradores. Para eles, a melhoria das condições de
meio de financiamento próprio e da associações saúde, o acesso ao lazer e a geração de empregos
com a gestão municipal e estadual de saúde, aux- são aspectos ativadores da atividade econômica.
ilia na redução das dificuldades de acesso da pop- Nesse contexto, os IC deixam claro o destaque
ulação aos serviços de saúde, assunto recorrente das ações oferecidas por entidades privadas em
nas falas dos moradores. relação às públicas, visto que são evidentes as
Os participantes consideram que o lazer ad- contribuições voltadas à dinâmica social.
vindo da prática de esportes favorece as condições A maioria dos IC não mencionou nenhum
de saúde de crianças e adolescentes, incentivando tipo de parceria com as instituições públicas
o estudo e a busca de uma carreira profissional: próximas à comunidade, demonstrando a ne-
Sempre usufruí da Unifor, teve um período na cessidade do setor público se fazer mais presente
escolinha que pratiquei todo tipo de esporte. Só que e atuante nessa comunidade. Entretanto, dois
a minha paixão sempre foi basquete e futsal. Daí, IC referiram-se a uma pesquisa que está sen-
despertou a paixão de estudar aqui [na Univer- do realizada na comunidade, a qual estimula os
sidade] e hoje em dia eu estudo...e o esporte con- moradores a utilizarem o Portal “Fortaleza Par-
tribui muito para a saúde. (IC12) ticipa”, uma ferramenta tecnológica gerenciada
A universidade apontada por IC12 oferece pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação
muitas opções de lazer e oportuniza a melhoria (Citinova) da Prefeitura Municipal de Fortaleza,
das condições de vida da população. Nesse senti- como um importante canal para a interlocução
do, possibilita que a comunidade tenha acesso à dos moradores com o setor público.
prática de esportes, ações educativas e culturais. O portal “Fortaleza Participa” é um espaço
Verificou-se, ainda, que os moradores do Dendê criado com o objetivo de potencializar a parti-
percebem que a referida instituição privilegia a cipação popular na concepção, debate e desen-
atenção à saúde e o lazer como as principais ações volvimento coletivo de ideias, ações e projetos de
em benefício da comunidade: interesse social, estimulando a articulação local
Sem a Universidade, não teria saúde, não teria de pessoas e grupos. O portal facilita a discussão
atendimento odontológico, não teria lazer. (IC12) coletiva de forma inteligente, sistematizando o
A universidade privada mantém uma escola debate de temas de interesse comum e sua deli-
de educação básica, oferecendo educação gra- beração. Dessa forma, os cidadãos podem parti-
1654
Sousa IV et al.

cipar da própria gestão e do planejamento gestor, Sabe-se que os pontos identificados pelos partici-
para a construção de soluções e ações comparti- pantes apresentam estreita relação com o bem es-
lhadas com a sociedade33. tar social e, dessa forma, com a saúde individual
Nesse contexto, encontra-se nas Tecnologias e coletiva, o que pode contribuir para a aplicação
da Informação e Comunicação (TIC), mais espe- prática, dando continuidade a ações de enfrenta-
cificamente nas ferramentas de democracia digi- mento de problemas na comunidade em estudo e
tal (e-democracy) deliberativas34, a possibilidade em outros cenários.
de ampliar o alcance das estratégias de partici- O conhecimento dos problemas apontados
pação popular e de enfrentamento, dando voz e pelos moradores do Dendê e dos seus impactos
espaço acessível a um número maior de pessoas sobre as suas condições de vida associados aos
e facilitando os processos inerentes a essas inicia- sentidos atribuídos à saúde, aos sentimentos di-
tivas. Assim, a existência alguns tipos de tecnolo- ante desses problemas e do conhecimento das es-
gia (software, plataformas digitais e aplicativos) tratégias de enfrentamento adotadas contribuem
amparam os processos de enfrentamento dos para a elaboração de políticas públicas e a efe-
problemas relacionados à vulnerabilidade social. tivação das já existentes, em que a prioridade da
As parcerias dos moradores da comunida- agenda seja a melhoria das condições de vida e
de do estudo com órgãos públicos e privados saúde dessa população; o que também contribui
favorecem que ações intersetorias sejam desen- para nortear a prática de ações dessa natureza.
volvidas, colaborando com a melhoria das con- O olhar dos moradores trouxe maior apro-
dições de vida da comunidade, uma vez que as fundamento para o diagnóstico, amparando a
intervenções isoladas possuem baixa efeti­vidade propositura de estratégias mais diretivas e resolu-
para promover qualidade de vida, fomen­tar de- tivas. As formas de enfrentamento utilizadas pela
senvolvimento e superar a exclusão social. A in- comunidade mostram um movimento interno
tersetorialidade deve ser entendi­da como uma es- respaldado pela mobilização social, empodera-
tratégia para resolver problemas que extrapolam mento individual e comunitário.
o âmbito de atuação setorial e é referida como Vê-se também nas tecnologias digitais, por
uma política proposta para orien­tar e organizar a meio dos ainda tímidos relatos sobre o portal
promoção da saúde nos muni­cípios35. “Fortaleza Participa”, uma ferramenta de suporte
que poderá vir a ampliar, no fazer diário, a par-
ticipação popular, tanto no diagnóstico como na
Considerações finais busca de soluções e gerenciamento dos proces-
sos envolvidos nesse contexto. Assim, a utilização
O conhecimento das estratégias de enfrentamen- dessa tecnologia deverá ser estudada na comuni-
to dos problemas que interferem nas condições dade em foco.
de saúde adotadas pelos moradores da Comuni- Um das limitações do estudo consistiu na di-
dade do Dendê possibilita intervir sobre o que ficuldade de ampliação da amostra de IC, devido
é importante para o território e de forma con- a restrição de tempo de alguns moradores que
textualizada. Os participantes envolvidos com não conseguiram participar de todo o percurso
o contexto investigado apontaram os fatores de da coleta de dados. Assim, restaram os 31 partici-
risco e as fragilidades do ambiente em que vivem, pantes mencionados na metodologia. Outra lim-
evidenciando as prioridades em saúde e sugerin- itação diz respeito a violência vivida no bairro, o
do medidas resolutivas. que impediu a visita dos pesquisadores e dos IC a
O diagnóstico participativo colaborou para algumas regiões da comunidade.
que os participantes realizassem uma discussão Ressalta-se que a estratégia adotada neste es-
reflexiva acerca do que é necessário para mel- tudo oferece significativas contribuições práticas,
horar as condições de saúde; e apontassem ações uma vez que poderá ser replicável para muitas
necessárias, tanto de ordem pública como por outras realidades, favorecendo a busca de alter-
meio de estratégias autossustentáveis em amplos nativas de resolubilidade mais eficazes, a partir
segmentos: educação, geração de renda, equi- da valorização do olhar dos indivíduos que vi-
dade social, cultura de paz e ambiente saudável. venciam determinadas situações.
1655

Ciência & Saúde Coletiva, 24(5):1647-1656, 2019


Colaboradores Referências

IV Sousa, CCP Brasil e RM Silva participaram de 1. Rolim LB, Cruz RSBLC, Sampaio KJAJ. Participação
popular e o controle social como diretriz do SUS: uma
todas as etapas desta pesquisa, perpassando pela
revisão narrativa. Saúde Debate 2013; 96(37):139-147.
coleta, análise e interpretação dos dados, até a 2. Morais JA, Callou ABF. Metodologias participativas e
redação deste manuscrito. DP Vasconcelos, CPO desenvolvimento local: a experiência do Projeto Dom
Pinheiro, JE Vasconcelos Filho, TJ Finan e IN Be- Hélder Câmara no assentamento Moacir Lucena. Inte-
zerra participaram da análise dos dados, inter- rações (Campo Grande) 2017; 18(1):165-177.
3. Freitas LN, Micheleti VCD. Desafios da atenção básica
pretação, escrita e leitura crítica do manuscrito.
frente às iniquidades em saúde. Rev Opinião Filosófica
2017; 3(1):51-59.
4. Costa AM, Vieira ANA. Participação e controle social
em saúde. In: Fundação Oswaldo Cruz. A saúde no Bra-
sil em 2030 - prospecção estratégica do sistema de saúde
brasileiro: organização e gestão do sistema de saúde. Rio
de Janeiro: Fiocruz; 2013. p. 237-271.
5. Freitas AF, Freitas AF, Dias MM. O uso do diagnósti-
co rápido participativo (DRP) como metodologia de
projetos de extensão universitária. Em Extensão 2012;
11(2):69-81.
6. Lamim-Guedes V, Monteiro RAA. Diagnóstico partici-
pativo: uso da metodologia Biomapa para o Bairro do
Gonzaga de Santos/SP. Rev Educação Ambiental Ação
2014; 50(0):1-8.
7. Nelson DR, Folhes MT, Finan TJ. Mapping the road
to development: a methodology for scaling up par-
ticipation in policy processes. Develop Practice 2009;
111(3):302-316.
8. Lazarus RS, Folkman S. Stress, appraisal, and coping.
Nova Iorque: Springer Publishing Company; 1984.
9. Sousa IV, Brasil CCP, Vasconcelos DP, Silva KA, Bezerra
IN, Finan TJ, Silva RM. diagnóstico participativo para
identificação de problemas de saúde em comunidade
em situação de vulnerabilidade social. Cien Saude Colet
2017; 22(12):3945-3954.
10. McKenna SA, Main DS. The role and influence of key
informants in community-engaged research: a critical
perspective. Action Res 2013; 11(2):113–124.
11. Moraes RCP, Anhas DM, Mendes R, Frutuoso MFP,
Rosa KRM, Silva CRC. Pesquisa participante na estra-
tégia saúde da família em territórios vulneráveis: a for-
mação coletiva no diálogo pesquisador e colaborador.
Trab Educ Saúde 2017; 15(1):205-222.
12. Faermam LA. A pesquisa participante: suas contribui-
ções no âmbito das ciências sociais. Rev Ciências Hu-
manas UNITAU 2014; 7(1):41-56.
13. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(IPECE). Perfil municipal de Fortaleza: tema VII – dis-
tribuição espacial da renda pessoal. Fortaleza: Prefeitura
Municipal de Fortaleza; 2012. (Informe nº 42.).
14. Eufrásio CAF, Alves NFT, Magalhães AL. Aonde os so-
nhos podem chegar: estudo de caso do polo de produ-
ção de vassouras de garrafas “pet” da Comunidade do
Dendê. Blog Responsabilidade Social [Internet]. 2015.
[acessado 2015 mar 02]. Disponível em: https://blo-
gresponsabilidadesocial.wordpress.com/2015/07/22/
aonde-os-sonhos-podem-chegar-estudo-de-caso-do
-polo-de-producao-de-vassouras-de-garrafas-pet-da-
comunidade-do-dende/
15. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.
1656
Sousa IV et al.

16. Salgado CM. El muestro en investigación cualitativa: 29. Silva LS, Cotta RMM, Rosa COB. Estratégias de pro-
principios básicos y algunas controvérsias. Cien Saude moção da saúde e prevenção primária para enfrenta-
Colet 2012; 17(3):613-619. mento das doenças crônicas: revisão sistemática. Rev
17. Chambers R. The origins and practice of participatory Panam Salud Publica 2013; 34(5):343-350.
rural appraisal. World Dev 1994; 22(7):953-969. 30. Campos JDC. O papel das organizações sociais para
18. Minayo MCS, Deslandes SF, Gomes R. Pesquisa social: convivência com o Semiárido. Centro de Educação Po-
teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes; 2013. pular e Formação Social (CEPFS) 2014 Jul 18; Sect A:1
19. Sarmento H. Análise do jogo de futebol – Padrões de jogo (col. 1).
ofensivo em equipas de alto rendimento: uma abordagem 31. Salazar KA, Silva ARL, Fantinel LD. As relações simbó-
qualitativa [tese]. Vila Real: Universidade de Trás-os- licas e a motivação no trabalho voluntário. Rev Adm
Montes e Alto Douro; 2013. Mackenzie 2015; 16(3):171-200.
20. Giacoia Júnior O. Heidegger urgente: introdução a um 32. Silva JA, Santos RC. Bem-estar subjetivo, educação, in-
novo pensar. São Paulo: Três Estrelas; 2013. teligência e religião. Temas Psicol 2013; 21(2):519-523.
21. Araújo JL, Paz EPA, Moreira TMM. Hermenêutica e 33. Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
saúde: reflexões sobre o pensamento de Hans-Georg Científico e Tecnológico. Fortaleza Inteligente. 2014
Gadamer. Rev Esc Enferm USP. 2012; 46(1):200-207. [acessado 2017 Jul 13]. Disponível em: http://www.
22. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, funcap.ce.gov.br/index.php/component/content/arti-
de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e nor- cle/3-lista-de-noticias/44955-prefeitura-de-fortaleza
mas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres -lanca-programa-fortaleza-inteligente.
humanos. Diário Oficial da União 2013; 13 dez. 34. Farias MGG, Varela AV, Freire IM. Empoderamento
23. Sousa IV, Brasil CCP, Carlos DAO, Batista MH, Silva para o desenvolvimento social comunitário mediante
RM, Finan TJ, Bezerra IN. Estratégias de enfretamento tecnologias intelectuais digitais. Rev Int Ciencias Socia-
dos problemas que interferem na saúde de uma comu- les 2015; 4(2):219-231.
nidade socialmente vulnerável. In: Anais do 6º Congres- 35. Silva KL, Roseni RS, Akerman M, Belga SMM, Rodri-
so Ibero-Americano em Investigação Qualitativa; 2017 gues AT. Intersetorialidade, determinantes socioam-
Jul 12-14; Salamanca, Espanha. Espanha: CIAIQ; 2017. bientais e promoção da saúde. Cien Saude Colet 2014;
24. Baquero RVA. Empoderamento: instrumento de 19(11):4361-4370.
emancipação social? – uma discussão conceitual. Rev
Debates 2012; 6(1):173-187.
25. Pinto ACB. Desenvolvimento local: a comunidade
como coparticipante. Rev Bras Planej Desenv 2014;
3(1):165-175.
26. Martins H. Classes, status e poder. Lisboa: Imprensa de
Ciências Sociais; 2006.
27. Freire P. Conscientização. São Paulo: Editora Cortez;
2016.
28. Sousa IV. Diagnóstico participativo dos problemas que
interferem na saúde de uma comunidade de baixo nível Artigo apresentado em 02/04/2018
socioeconômico [tese]. Fortaleza: Universidade de For- Aprovado em 22/10/2018
taleza; 2016. Versão final apresentada em 19/02/2019

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

Você também pode gostar