Você está na página 1de 1

(COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática.

Citando Alberto Manguel – Uma história da leitura (1996) – A leitura não está restrita
às letras impressas no papel. São vários os gestos de leitura, mas todos compartilham da
arte de decifrar e traduzir signos.

Conforme sintetizado por Leffa no livro Perspectivas no estudo da leitura: texto leitor e
interação social (1999):

O fenômeno da leitura em uma visão cognitivo e social pode ser dividido em 3 grupos:

1º: Foco no texto - a leitura é entendida como decodificação do código lingüístico para
posterior extração dos significados do texto. Os problemas na leitura são vistos como
resultado da falta de compreensão por parte dos alunos do código ou do nível de
transparência do texto. A crítica a essa teoria argumenta que a no ato da leitura a ênfase
não deve recair sobre o processamento linear das linhas e palavras ou somente da
decodificação do texto.

2º: Foco no leitor – A leitura é entendida como o ato de atribuição de sentidos ao texto
por parte de leitor. O leitor elabora hipóteses e as testa com base no que sabe sobre as
convenções do texto e com base no seu conhecimento de mundo. É positivo o
deslocamento do texto para o leitor, pois chama atenção para o ato de ler. Contudo
atitudes reducionistas podem perder o foco sobre os resultados da leitura. Essas teorias
ignoram que a construção do sentido é algo social e não um gesto arbitrário.

3º: Foco na interação texto e leitor – A leitura é entendida como um diálogo entre autor
e leitor, mediado pelo texto em um processo de interação. Mesmo individual, o ato da
leitura é uma atividade social, já que a construção dos sentidos depende de uma série de
convenções entre os membros de uma comunidade. A leitura como prática social é
responsável pela transformação das relações humanas.

Os três modos de leitura pensados de maneira linear:

Antecipação: consiste nas operações que o leitor faz antes de penetrar no texto
propriamente dito. São relevantes nessa etapa os objetivos da leitura.

Decifração: Entra-se no texto por meio das letras e palavras. Para os leitores
inexperientes o tempo gasto é maior, enquanto para o leitor experiente muitas vezes é
imperceptível.

Interpretação: Há maior negociação de sentidos entre texto e leitor, por meio do


processamento de inferências estabelecidas entre o conhecimento de mundo e o
entretecer das palavras. Interpretar é dialogar com o texto tendo como limite o contexto.
Contexto entendido como o que está no texto, vem com o texto e o que uma
comunidade julga como próprio da leitura. Contexto como via de mão dupla: dado
pelo texto e dado pelo leitor.

Você também pode gostar