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Modelamento Virtual:

Uma Ferramenta de Ensino da Física

O objetivo deste trabalho é mostrar como alguns softwares de modelagem de fenômenos


físicos podem ajudar o ensino da física nos cursos de ensino médio e de graduação. Essas novas
ferramentas da computação podem ajudar muitos alunos a experimentarem seus conceitos
teóricos e estimular a criatividade dos mesmos.

1. Introdução ensino fundamental e 46% do médio


estudam em escolas com laboratórios de
É evidente que, devido aos poucos ciências, sendo que uma pequena parte
recursos financeiros, muitas instituições de desses laboratórios é de física. Esses
ensino, principalmente as de ensino médio, laboratórios de informática poderiam ser
não possuem nenhum tipo de espaço onde usados para o ensino da física através
os alunos dos cursos de física podem desses modeladores virtuais.
experimentar seus conceitos teóricos. Mesmo para as escolas que não
Esta carência está afastando, possuem laboratórios de informática, esse
gradativamente, os alunos desses cursos da tipo de abordagem também é conveniente,
maior proposta da Física: a investigação pois basta que o professor consiga um
experimental. Afinal, é comum escutarmos simples computador para demonstrar o uso
uma queixa típica dos nossos alunos: da modelagem virtual, ao invés de esperar
“Física, para mim, é matemática”. Uma pela a instalação de algum laboratório de
justa crítica, já que o maior contato da física.
maioria dos estudantes com a física é por Outro benefício é a rapidez e o custo
meio dos seus recursos matemáticos. praticamente zero para montar uma
A fim de reduzir essa carência, alguns simulação de alguma experiência física. O
grupos de professores tentam inserir nos item que se segue trata melhor a respeito
meios acadêmicos alguns tipos de recursos disso.
da computação que ajudam os alunos a
terem um maior contado com a física 2. Modelagem de Experimentos
experimental. São softwares que modelam
diversas situações físicas e as simulam em Existem no mercado alguns
tempo bem próximo do real. programas que viabilizam de maneira bem
O leitor mais crítico pode pensar da fácil a construção de experimentos físicos.
seguinte forma: como uma ferramenta de O software de nome Interactive Physics,
modelagem virtual de física pode ajudar a desenvolvido pela Design Simulation
suprir a necessidade dos alunos praticarem Technologies, é um exemplo. Ele tem se
os seus conceitos por meios de experiências tornado muito popular porque o ambiente
reais? Boa parte do que segue no texto é de modelagem que proporciona é de fácil
dirigido como resposta para esse entendimento e as possibilidades de
questionamento. modelagem são enormes.
De ante mão, podemos apontar Apesar de desenvolver experimentos
alguns benefícios. O primeiro refere-se a em um ambiente 2D, o software encantou a
uma tendência do governo brasileiro de muitos jovens, sendo muitas vezes
investir mais em laboratórios de interpretado como algum tipo de jogo.
informática do que nos de física. Segundo o Existem outros tipos de modeladores como
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas o software de nome Newton, desenvolvido
Educacionais Anísio Teixeira, 22% dos pela Design Software, que explora um
alunos do ensino fundamental e 55% do ambiente 3D.
médio têm acesso a salas de informática, Muito útil em escolas de engenharia,
enquanto que apenas 15% dos alunos do o software pode ser usado para rápidas
modelagens e para prever possíveis erros
de cálculo em projetos de engenharia.
Nesse trabalho, usamos, para ilustração
das modelagens, o software Interactive
Physics.
Tomemos por exemplo, a construção
Figura 2 – Visualização do movimento da
de mini canhão de lançamento de uma
esfera.
esfera, conforme a figura 1. O que ocorre
basicamente é uma esfera que cai num tubo
com um anteparo com molas o qual relança
3. Um problema bem comportado
a esfera. Enquanto isso o canhão caminha
para direita em um MRU. Em um ambiente Vejamos como um modelador pode
de condições ideais, não é difícil visualizar nos dá uma idéia do movimento de um
que a esfera fica a realizar uma infinidade corpo em um problema relativamente bem
de saltos, sempre a atingir uma mesma comportado.
altura máxima, e ela própria realiza, Uma pequena esfera de massa m
também, um MRU com mesma velocidade está presa a uma mola de constante
do canhão. E, assim, é fácil encontrar a elástica k , tendo a sua outra extremidade
equação do movimento da esfera. presa a um ponto que pode girar em torno
Porém, na prática existem muitas de si. Sabe-se que no instante inicial a mola
variáveis não ideais, o que modifica tem comprimento l0 e não está esticada
qualquer previsão de resultado. Para esse nem comprimida. Todos esses elementos se
caso, um estudante de física menos encontram em um mesmo plano, onde não
experiente diria: basta criar um novo há gravidade. Todas as condições são
modelo apenas inserindo atritos, ideais.
coeficientes de restituições, ..... Porém, esse
tipo de procedimento ainda não é
matematicamente conveniente, pois a
inserção de muitas variáveis pode resultar
em uma solução que não pode ser
encontrada por métodos usuais.

Figura 3 – Momento inicial do sistema.

Tomando um sistema de coordenadas


G G
polares, achemos a velocidades vr e vθ para
qualquer instante. Vejamos a figura a
seguir.

Figura 1 – O Modelamento de um mini canhão de


lançamento de esferas.

Ao invés de gastar muito tempo e


esforço em cima de um problema que,
talvez, nem tenha solução explicita, é
melhor investir alguns minutos na
modelagem do mini canhão e visualizar o
resultado final, ver figura 2.
Figura 4 – As coordenadas polares.
Das coordenadas polares, vem que: Mesmo para os mais corajosos,
resolver o sistema (1) é uma tarefa
⎧ G dr dθ bastante enfadonha, se é que ela possui
⎪v = dt ûr + r dt ûθ solução explícita. Se o sistema realmente

⎨ possuir solução explícita, estará essa
⎛ 2 ⎞
⎪ maG = m ⎜ d r − r ⎛ dθ ⎞ ⎟ ûr + m ⎜⎛ r d θ + 2 dθ dr ⎟⎞ ûθ
2 2

⎜ ⎟ solução num formato relativamente


⎪ ⎜ dt 2 ⎝ dt ⎠ ⎟⎠ ⎝ dt
2
dt dt ⎠ simples? Provavelmente, não! Para vermos
⎩ ⎝
isso, basta condicionar o movimento!
Como não há forças atuantes na direção ûθ : Sabemos que a solução geral engloba
uma das possibilidades de movimento que é
o MCU. Ou seja, que condição podemos
⎛ d 2θ dθ dr ⎞ impor ao nosso modelo para que o
m⎜ r 2 + 2 ⎟=0
⎝ dt dt dt ⎠ movimento da esfera a partir de algum
momento se torne um MCU? No nosso caso,
dθ escolhemos achar o comprimento inicial da
Fazendo: w = ⇒ mola l0 para que ocorra, em algum
dt
dw dr dw dr momento, um MCU.
r + 2w = 0 ⇒ = −2 ⇒ Como ocorre conservação da energia
dt dt w r
w r
cinética:
dw dr
∫w w = −2r∫ r ⇒ ln w w0 = ln r r0 ⇒
w r

mv0 2 mv 2 k (r − l0 ) 2 k (r − l0 ) 2
= + ⇒ v 2 = v0 2 − ⇒
0 0

−2
⎛ w⎞ ⎛r⎞ w r2 2 2 2 m
ln ⎜ ⎟ = ln ⎜ ⎟ ⇒ w = 0 20
⎛ dr ⎞ ⎛ dθ ⎞ k (r − l0 )
2 2 2
⎝ w0 ⎠ ⎝ r0 ⎠ r
⎜ ⎟ +⎜r ⎟ = v0 −
2

⎝ ⎠ ⎝
dt dt ⎠ m
Pelas condições iniciais: ⎛ v senα l ⎞ k (r − l0 ) 2
2

( vr ) + ⎜ r 0 2 0 ⎟ = v0 2 − ⇒
2

⎝ r ⎠ m
v0 senα v senα l
r0 = l0 e w0 = ⇒ w= 0 2 0 k (r − l0 ) 2 ⎛ v0 senα l0 ⎞
2

( vr ) = v0 2 − −⎜
2
l0 r ⎟
m ⎝ r ⎠
E sabendo que na direção ûr só atua a força
elástica, temos que: Para que a esfera entre em MCU,
deverá existir algum momento que ocorra:
m ( vθ )
2
⎛ d 2r ⎛ dθ ⎞ ⎞
2

m⎜ 2 − r ⎜ ⎟ = − k (r − l0 ) ⇒ = k ( r − l0 ) e vr = 0
⎜ dt ⎟
⎝ ⎝ dt ⎠ ⎟⎠ r
Daí:
⎛ d 2r ⎛ v senα l ⎞ ⎞
2

m ⎜ 2 − r ⎜ 0 2 0 ⎟ ⎟ = − k (r − l0 ) ⇒
⎜ dt ⎝ r ⎠ ⎟⎠ ⎛ v senα l0 ⎞
2
⎝ m⎜ 0 ⎟
⎝ r ⎠ = k r − l ⇒ m v senα l 2 = kr 3 r − l
d 2r k ( v senα l ) kl
2
( 0) (0 0) ( 0)
+ r− 0 3 0 = 0 r
dt 2 m r m
Tem-se ainda que:
Com isso, para descobrirmos a
equação da trajetória da esfera, basta k ( r − l0 )
2
⎛ v senα l0 ⎞
2

resolvermos o sistema (1) de EDO’s a vr = v0 2 − −⎜ 0 ⎟ =0⇒


m ⎝ r ⎠
seguir.
k ( r − l0 )
2
⎛ v senα l0 ⎞
2

v0 2 = +⎜ 0 ⎟
⎧ ( v senα l ) kl ⎝ ⎠
2
k m r
⎪ r ''+ r − 0 3 0 = 0


m r m (1) Então, temos o seguinte sistema (2), no
⎪θ ' = 0
v sen α l0
⎪⎩ qual devemos eliminar a variável r :
r2
⎧ m ( v0 senα l0 )2 = kr 3 ( r − l0 ) Eliminando alguns termos:
⎪⎪
⎨ 2 k ( r − l0 )2 ⎛ v0 senα l0 ⎞ 2 ( 2)
(k )−kl
3
⎪v0 = +⎜ ⎟
2
+ k k 2 + 4kmv0 2 ⎛ k + k 2 + 4kmv 2 ⎞
⎪⎩ m ⎝ r ⎠ v0 2 =
0 ⎜4
1 0 ⎟
2m k m senα l0 ⎜ 2k ⎟
⎝ ⎠
Logo:
(k + )−k
3
k 2 + 4kmv0 2 l0 ⎛ k + k 2 + 4kmv 2 ⎞
=
1 ⎜4 0 ⎟ ⇒
m ( v0 senα l0 ) senα ⎜ ⎟
2
2m m 2k
( r − l0 ) = ⇒ ⎝ ⎠
kr 3
( )
3
2 ⎛ k + k 2 + 4kmv 2 ⎞ k + k 2 + 4kmv0 2
⎛ m ( v0 senα l0 )2 ⎞ k l0 1⎜4 ⎟ =
k⎜ ⎟
0
− v0 2 ⇒
⎜ kr 3 ⎟ m senα ⎜ 2k ⎟ 2m
⎠ + ⎛ v0 senα l0 ⎞ ⇒
2

v0 2 = ⎝ ⎜ ⎟
⎝ ⎠
⎝ ⎠
( )
m r −6 2
2⎛ ⎞ ⎛ k + k 2 + 4kmv 2 ⎞
(v ) ⎛m⎞ k + k 2 + 4kmv0 2 ⎜ 2⎟
2
m ( v0 ) ( senα l0 ) senα l0 l0 = senα ⎜ ⎟ ⎜ 4 ⎟
4 4 0

⎜ − v0 ⎟
⎝k⎠ ⎜ ⎟
0
v0 2 = + ⇒ 2k ⎜ 2m ⎟
⎝ ⎠
6
kr r2 ⎝ ⎠
m ( v0 ) ( senα l0 ) ( senα l0 )
2 4 2

1= + ⇒
kr 6 r2 Observando que a expressão
kr − kr
8 4
( senα l0 )
2
− m ( v0 ) ( senα l0 ) = 0
2 4 encontrada de l0 é bastante complicada,
podemos afirmar que a solução geral não
deve possuir um formato simples.
Fazendo r 4 = x , temos que:
Esse problema reflete um fato bem
interessante. Quando se estuda
kx 2 − k ( senα l0 ) x − m ( v0 ) ( senα l0 ) = 0 ⇒
2 2 4
analiticamente qualquer experimento,
normalmente temos a intenção de abordá-lo
k ( senα l0 ) ± k 2 ( senα l0 ) + 4km ( v0 ) ( senα l0 )
2 4 2 4

x= no sentido mais generalizado possível,


2k tentado determinar as famosas “equações
gerais” do problema. Porém, tomando como
Como exemplo a resolução desse problema, que
k ( senα l0 ) ≤ k 2 ( senα l0 ) + 4km ( v0 ) ( senα l0 )
2 4 2 4 reflete um experimento relativamente bem
comportado, podemos afirmar que
e r ≥ 0 , escolhamos o caso “+”: encontrar a equação geral do movimento
será um trabalho por demais complicado.
k ( senα l0 ) + ( senα l0 ) k 2 + 4kmv0 2 Isso é bem lógico, pois, quando
2 2

⇒r = 4
condicionamos o movimento a ser um MCU
2k
em algum momento, estamos tomando
k + k 2 + 4kmv0 2 apenas uma das possibilidades de
⇒ r = senα l0 4
.
2k trajetórias e mesmo assim conseguimos
uma condição analítica bem complicada.
Voltando ao sistema (2) e substituindo a
valor encontrado de r : 4. Como um modelador pode nos
ajudar?
m ( v0 senα l0 ) = kr 4 − kl0 r 3 ⇒
2

Modelemos o problema do item

( v0 senα l0 )
2
=
( senα l0 )
2
(k 2
+ k k 2 + 4kmv0 2 ) anterior em um software. A figura a seguir
exemplifica como é uma das possibilidades
2mk
3
de trajetória da esfera, para o caso:
⎛ k + k 2 + 4kmv0 2 ⎞
kl
− 0 ⎜ senα l0 4 ⎟ G
m⎜ 2k ⎟ ⎪⎧m = 10kg ; v0 = ( 2i + 2 j ) m / s
⎝ ⎠ ⎨
⎪⎩k = 100 N / m; l0 = 4m
vr r vr r r
k vr 2 kl0 kr 2
∫ vr dvr = ∫m ( l0 − r ) dr ⇒ = r − ⇒
v0 cos α l0
2 v0 cos α
m l0 2m l0

vr 2 ( v0 cos α )
2
kl kl 2 kr 2 kl0 2
− = 0 r− 0 − + ⇒
2 2 m m 2 m 2m
vr 2 ( v0 cos α )
2
kl kl 2 kr 2
− = 0 r− 0 − ⇒
2 2 m 2m 2 m
vr 2 ( v0 cos α )
2
−k 2
2

2
=
2m
( l0 − 2l0 r + r 2 ) ⇒
k
vr 2 = ( v0 cos α ) − ( r − l0 ) ⇒
2 2

m
r t
dr
∫ k
= ∫0 dt.
( v0 cos α ) − ( r − l0 )
l0 2 2

Fazendo a mudança:
Figura 5 – Movimento da esfera.

Com essa ilustração, podemos ( r − l0 ) = v0 cos α


m
senϕ ⇒ dr = v0 cos α
m
cos ϕ dϕ .
perceber que a trajetória da esfera se k k
assemelha a uma flor de muitas pétalas.
Com ela conseguimos a inspiração de Com isso:
perceber que a mola tende a realizar um m
MHS na direção ûr , enquanto que a esfera ϕ v0 cos α cos ϕ dϕ t ϕ t
k m k
tende a manter uma velocidade constante ∫
0 v0 cos α cos ϕ
= ∫ dt ⇒
0
k ∫0
dϕ = ∫ dt ⇒ ϕ =
0
m
t⇒
na direção ûθ , para que o movimento seja
tão parecido com MCU. m ⎛ k ⎞ m ⎛ k ⎞
Essa inspiração pode ainda ser útil
( r − l0 ) = v0 cos α sen ⎜⎜ t ⎟⎟ ⇒ r = l0 + v0 cos α sen ⎜⎜ t ⎟⎟ .
k ⎝ m ⎠ k ⎝ m ⎠
para conseguirmos uma equação
aproximada do movimento e determinar
uma maneira de encontrar o número Daí:
aproximado de pétalas do movimento da
esfera. dθ v0 senα l0
= ⇒
Suponhamos que v0 e α sejam dt r2
valores pequenos. Então, podemos dθ v0 senα
=
desprezar do sistema (1) o termo
2
dt m ⎛ k ⎞ ⎛ m ⎛ k ⎞⎞
l0 + 2v0 cos α sen ⎜⎜ t ⎟⎟ + ⎜ v0 cos α sen ⎜⎜ t ⎟⎟ ⎟
( v0 senα l0 ) ⎜ ⎟
2
k ⎝ m ⎠ ⎝
k ⎝ m ⎠⎠
, que, na prática, se torna bem
r3 ≅0
pequeno. Daí: −1
⎛ ⎞
⎛ v0 senα ⎞ ⎜ v m ⎛ k ⎞⎟
⎧ ⎧ d 2r k ⇒ dθ = ⎜ ⎟ ⎜ 1 + 2 cos α sen ⎜⎜ t ⎟ ⎟ dt.
0
k kl0
+ = = (l − r ) ⎝ l0 ⎠ ⎜  m ⎟⎠ ⎟
⎪⎪ 2 m 0
⎪⎪ r '' r l0 k
m m
⎟ ⎝
⎨ ⇔ ⎨ dt ⎜
⎝ ⎠
⎪θ ' = v0 senα l0 ⎪ dθ = v0 senα l0
muito pequeno

⎩⎪ r2 ⎪⎩ dt r2
Como sabemos (1 + x ) ≈ 1 + ax quando
a

Como x for muito menor do que 1. Logo:


dr dr k
vr = ⇒ dt = ⇒ vr dvr = ( l0 − r ) dr ⇒
dt vr m
θ
⎛ v0 senα ⎞⎛ t v0 m
t
⎛ k ⎞ ⎞ encontramos um valor próximo de 5, que é
∫ dθ = ⎜⎝ l0
⎟ ⎜⎜ ∫ dt − 2 cos α
⎠⎝ 0 l0 ∫
k 0
sen ⎜⎜ t ⎟⎟ dt ⎟
⎟ o número real de pétalas da trajetória.
0 ⎝ m ⎠ ⎠
2
v0 senα ⎛v ⎞ ⎛ k ⎞
⇒θ = t + ⎜ 0 ⎟ sen ( 2α ) cos ⎜⎜ t ⎟⎟ .
l0 ⎝ l0 ⎠ ⎝ m ⎠

Então as equações aproximadas do


movimento são:

⎧ m ⎛ k ⎞
⎪ r = l0 + v0 cos α sen ⎜⎜ t ⎟⎟
⎪ k ⎝ m ⎠

⎛ k ⎞
2
⎪ v0 senα ⎛ v0 ⎞
⎪θ = t + ⎜ ⎟ sen ( 2α ) cos ⎜⎜ t ⎟⎟
⎩ l0 ⎝ l0 ⎠ ⎝ m ⎠

Para acharmos o número de pétalas


do movimento, consideremos que as
condições são tais que quando θ completar Figura 6 – Trajetória de 5 pétalas.
um ciclo, r terá completado, perfeitamente,
o número de n oscilações, onde n é o 5. Conclusão
número de pétalas. Então, devemos ter:
Tendo visto os benefícios do uso de
nT período
= Tθ
dar uma volta
⇒ modeladores, podemos afirmar que esses
r
tipos de softwares podem ser muito úteis no
m 2π l0 ensino da física clássica. Tanto no sentido
n 2π = Tθdar uma volta ≅ ⇒
k v0 senα de construção experimental quanto no
sentido de auxílio em problemas teóricos,
k l0 esses tipo de modeladores podem facilitar a
n≅
m v0 senα aprendizagem da física no atual mundo
informatizado.
Muito embora os softwares, como o
Apesar das muitas aproximações na Interactive Physics, sejam
dedução, a última expressão encontrada operacionalmente mais simples em
realmente tem boa aplicabilidade para o comparação com outros softwares mais
problema. Por inspeção, percebemos que as voltados para uma análise mais formal dos
condições a seguir resultam na trajetória problemas físicos, ainda existem algumas
da Figura 6. dificuldades que os professores de física
G podem encontrar no uso desses. O maior
⎧⎪m = 9, 6kg ; v0 = ( 2i + 2 j ) m / s dessas é o fato de que as melhores versões
⎨ desses softwares estão escritos em inglês,
⎪⎩k = 50 N / m; l0 = 4m
uma deficiência que ainda persiste nos
π
Como θ = e v0 = 2 2m / s não são currículos escolares. Talvez seja esse um
4 dos maiores motivos de alguns insucessos
valores pequenos, podemos afirmar que na aplicação de alguns projetos de
essas condições estão longe do formato softwares de modelamento na rede pública.
proposto na dedução. Porém, quando É relevante frisar que softwares de
encontramos o valor de n pela fórmula modelamento virtual não são a garantia
encontrada: total de sucesso no ensino da física, pois,
como sabemos, existem grandes problemas
k l0 no ensino de base das nossas instituições.
n≅ ≅ 4,5643... Além disso, é necessário que haja algum
m v0 senα
tipo capacitação dos professores para que os
mesmo estejam aptos a manipulação desse
tipo de software. Porém, a maior dádiva
que o uso desses pode nos proporcionar é o
estimulo dos alunos para a aprendizagem
da física.

6. Bibliografia

ARANHA, ANA. Quanto custa educar


direito? Artigo da revista Época. Disponível
em:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca
/0,,EDG77122-6014-466,00.html. Acessado
em: 22/01/2008.

3D Multimedia Lab for Exploring Physics.


Explicações do software Newton.
Disponível em:
http://www.dsmm.net/English/newton/inde
x.php. Acessado em: 16/02/2008.

Szpigel, Sérgio; Mustaro, Pollyana


Notargiacomo; Kaufmann, Mariana Levit;
Ensino e Aprendizagem de Física no
Ciberespaço. Relatório de projeto.
Universidade Presbiteriana Mackenzie,
Abril de 2004. Disponível em:
http://www.abed.org.br/congresso2004/por/h
tm/051-TC-B2.htm. Acessado em:
18/03/2008.

Azevedo, Tânia C. A. Macedo; Whitaker,


Marisa Andreata. Análise de estratégia de
metodologia de ensino dos conceitos de
força e trabalho utilizando o computador
como instrumento de ensino. Relatório de
projeto. Faculdade de Engenharia da
UNESP. Disponível em:
http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/
analisedestrategia.pdf. Acessado em:
19/03/2008.

Fiolhais, Carlos; Trindade, Jorge; Física no


Computador: O computador como uma
ferramenta no ensino e na aprendizagem
das ciências físicas. Disponível em:
biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/pa
rams/id/549701.html. Acessado em:
03/05/2008.

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