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AULA DEMONSTRATIVA
IMPOSTO DE RENDA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Olá, concursando!
Abrangência subjetiva
As pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de
disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer
natureza, inclusive rendimentos e ganhos de capital, são contribuintes do
imposto de renda, sem distinção da nacionalidade, sexo, idade, estado civil
ou profissão (Decreto nº 3.000, de 1999, art. 2º).
Entrega da
Ano-base declaração
aplicação da lei nova. E como o imposto somente vai ser “cobrado” no ano
seguinte, no momento da entrega da declaração, então a anterioridade
também não seria violada.
Esta é a origem da seguinte súmula, aprovada em Sessão Plenária de
15/12/1976:
Súmula 584/STF - Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos
do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser
apresentada a declaração.
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Veremos na Aula 11 o conceito de residente no País.
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RIR/99: Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – Decreto nº 3.000, de 26 de março de
1999.
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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA PARA AFRFB
Teoria e Exercícios – Turma 2014.2
Professor: MURILLO LO VISCO
AULA DEMO – IMPOSTO DE RENDA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
uma das teses defendidas. Acredito que conhecê-la irá alargar sua
compreensão sobre o tema.
Há quem defenda que a disponibilidade jurídica significa a
possibilidade de usar algo que tenha sido obtido em consonância com o direito;
enquanto que a disponibilidade econômica decorre de fato irrelevante ao
direito. Com todo respeito que merecem os formuladores e os defensores
dessa tese, ela não é adequada para o nosso problema porque qualifica como
jurídica ou econômica a aquisição (conforme o direito ou não), e não a
disponibilidade. Em outras palavras, não estamos interessados em definir a
aquisição jurídica de disponibilidade; estamos na verdade interessados em
definir a aquisição de disponibilidade jurídica. O que é bem diferente!
Para esclarecer essa diferenciação, como disse acima, vou reproduzir
os conceitos oferecidos pela ESAF no curso de formação de AFRFB/2005:
Aquisição de Disponibilidade Econômica – é a obtenção da
faculdade de usar, gozar e dispor de dinheiro ou de coisas nele
conversíveis, entrados para o patrimônio do adquirente por ato,
fato ou negócio jurídico. É o ter de fato (concretamente).
Aquisição de Disponibilidade Jurídica – é a obtenção de
direitos de crédito, não sujeitos à condição suspensiva
(representados por títulos ou documentos de liquidez e certeza,
que podem ser convertidos em moeda ou equivalente). É o ter
direito/abstratamente.
Portanto, econômica é a disponibilidade plena para usar, gozar e
dispor. É o caso do recebimento em dinheiro pelas vendas realizadas. Já a
disponibilidade jurídica é a realidade representada apenas pelo crédito
disponível, livre e desembaraçado. Portanto, se o crédito estiver sujeito a
evento futuro e incerto (condição), ainda não haverá disponibilidade jurídica.
Por exemplo, alguém detém disponibilidade jurídica quando possui em seu
poder uma nota promissória (um título de crédito) assinada pelo cliente, em
razão das vendas realizadas.
Antes de encerrar este item, vamos cuidar para não confundir
disponibilidade econômica com disponibilidade financeira. Para isso, pela
clareza, recorro à seguinte lição do STJ, colhida no REsp 983.134:
Não é necessário que a renda se torne efetivamente disponível
(disponibilidade financeira) para que se considere ocorrido o fato gerador do
imposto de renda, limitando-se a lei a exigir a verificação do acréscimo
patrimonial (disponibilidade econômica).
3.3. Renda
Muito embora a CF não contenha expressamente o significado para os
elementos nucleares da incidência do IR, com frequência é defendida a
existência de um conceito constitucional de renda e proventos de qualquer
natureza.
O STF, o STJ e a doutrina em geral entendem que renda e proventos,
em seu sentido constitucional, necessariamente representam acréscimo
Receita Federal tem lançado o imposto sobre a diferença entre o valor recebido
a título de indenização de seguro e o valor contábil do bem!
Vamos agora ao caso dos lucros cessantes. Imagine que um taxista
perde o automóvel utilizado na profissão em decorrência de acidente causado
por outra pessoa. Suponha que o responsável seja condenado a pagar a
reposição do bem, e também o valor que o taxista deixou de faturar por conta
de seu impedimento para o trabalho (pois faltava-lhe o taxi!). Quanto ao valor
relativo à reposição do bem, de fato não há acréscimo patrimonial. Mas a outra
parcela da indenização, denominada lucros cessantes, essa sim é tributável,
afinal, a sua finalidade é justamente repor a renda que deixou de ser auferida.
Nesse caso, embora de natureza indenizatória indiscutível, a indenização por
lucros cessantes constitui rendimento tributável (RIR/99, art. 55, inciso VI).
No julgamento do REsp 695.499, a verificação de acréscimo
patrimonial no caso da indenização por lucros cessantes foi utilizada pelo STJ
para ilustrar que não basta a natureza indenizatória para afastar a incidência
do IR:
Ademais, mesmo que caracterizada a natureza indenizatória do quantum
recebido, ainda assim incide Imposto de Renda, se der ensejo a acréscimo
patrimonial, como ocorre na hipótese de lucros cessantes.
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Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a
não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro
fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: [...] II - matérias que, em virtude de
jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior
do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da
Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda; [...] § 4º A Secretaria da Receita Federal
do Brasil não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que tratam os incisos II, IV e V do
caput, após manifestação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput.
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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA PARA AFRFB
Teoria e Exercícios – Turma 2014.2
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5. QUESTÕES PROPOSTAS
c) V, F, F
d) V, V, V
e) F, V, V
É muito importante que fique claro o seguinte: Estados, Distrito Federal e Municípios
não têm capacidade tributária ativa em relação ao IR. No caso do imposto
incidente sobre os pagamentos que efetuam, Estados, Distrito Federal e Municípios
atuam apenas como fonte pagadora responsável pela retenção do imposto (como
ocorre com uma empresa qualquer). A diferença é que, nesse caso específico, o
dinheiro fica com Estados, Distrito Federal e Municípios, como antecipação do que eles
recebem a título de FPE e FPM. E não tenha qualquer dúvida de que a União não
delega capacidade tributária ativa às fontes pagadoras!
Na verdade esta questão está aqui para manter em você bem vivos esses conceitos. A
propósito, sobre esse tema o Secretário da Receita Federal do Brasil editou o Parecer
Normativo RFB nº 2, de 2012. O tema foi “ressuscitado” por conta da edição de atos
de estados e municípios determinando a obrigação de seus órgãos efetuarem a
retenção do IR na fonte em casos não previstos por lei federal. Eu escrevi um artigo
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http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/PareceresNormativos/2012/parecer022012.htm
e) F, F, V
Comentários:
Primeira assertiva: verdadeira. De fato, o critério da progressividade do imposto
de renda está sintonizado com a capacidade econômica do contribuinte e observa o
caráter pessoal previsto na Constituição.
Em matéria de IR, a capacidade contributiva é o parâmetro mais legítimo para
identificar contribuintes em situação desigual. Por isso mesmo, o respeito às
diferentes capacidades contributivas representa a concretização da isonomia
tributária. E uma vez identificada a situação desigual (determinada pela desigual
capacidade contributiva), a progressividade das alíquotas é uma forma de
implementar o tratamento tributário diferenciado que confere efetividade à isonomia.
Segunda assertiva: falsa. A assertiva claramente misturou anterioridade com
irretroatividade.
O princípio constitucional da irretroatividade estabelece que a lei tributária que
aumenta ou institui tributo não pode alcançar fatos anteriores à data de início de sua
vigência.
O princípio constitucional da anterioridade veda que a lei tributária que aumenta ou
institui tributo produza efeitos no mesmo exercício financeiro em que ocorrer sua
publicação.
Terceira assertiva: falsa. A assertiva está errada porque o princípio da não-
cumulatividade não se aplica ao IR.
O princípio da não-cumulatividade tem a finalidade de impedir o efeito cascata dos
tributos que incidem nas várias etapas de uma cadeia de produção e distribuição.
Segundo esse princípio, a cada nova incidência deve ser descontado o montante
cobrado nas etapas anteriores. Sabemos que a CF estabelece a obrigatoriedade de o
IPI e o ICMS serem não-cumulativos.
Na verdade, para fins de determinação da base de cálculo do IR, ao estabelecer a
dedução de alguns valores pagos necessários à percepção da renda (como o aluguel
da sala em que um dentista atende os pacientes), a lei observa a capacidade
contributiva.
Considerando a sequência obtida (V, F, F), a alternativa D é a resposta da questão.
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Nova denominação da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (LICC) - Decreto-lei nº
4.657, de 4 de setembro de 1942.
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Teoria e Exercícios – Turma 2014.2
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AULA DEMO – IMPOSTO DE RENDA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
período-base
É uma assertiva polêmica. Da forma como foi redigida, dá a entender que o princípio
da irretroatividade da lei instituidora ou majoradora de tributos comportaria alguma
exceção, o que é definitivamente incorreto.
Antes que alguém pretenda fazer referência ao art. 106 do CTN (que cuida da
retroatividade da lei meramente interpretativa, e da lei mais benéfica ao infrator), é
preciso reconhecer que o examinador blindou muito bem a questão ao se referir à lei
instituidora ou majoradora de tributos.
Até este ponto, poderíamos assinalar a assertiva como incorreta e partir para a
próxima questão. No entanto, o grande problema foi a referência à retroatividade
imprópria.
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RIR/99: Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – Decreto nº 3.000, de 26 de março de
1999.
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Por exemplo, Estados, Distrito Federal e Municípios são pessoas jurídicas (Código
Civil, art. 41), mas não são contribuintes do IRPJ.
Quarta assertiva: verdadeira. Nos termos do art. 220 do RIR, são trimestrais os
períodos-base de apuração do imposto de renda de pessoa jurídica, seja ele
determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado.
Também é verdade que a pessoa jurídica submetida ao lucro real pode apurar o
imposto anualmente, pagando mensalmente o imposto sobre bases estimadas (RIR,
art. 222):
Art. 222. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real
poderá optar pelo pagamento do imposto e adicional, em cada mês,
determinados sobre base de cálculo estimada.
Quinta assertiva: falsa.
A assertiva afirma que, de acordo com a legislação em vigor, são formas de tributação
pelo imposto de renda das pessoas jurídicas o lucro real, o lucro presumido e o lucro
arbitrado. Até aqui, tudo certo (CTN, art. 44 e RIR, art. 219):
CTN, Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou
presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.
RIR, Art. 219. A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei
vigente na data de ocorrência do fato gerador, é o lucro real, presumido ou
arbitrado, correspondente ao período de apuração.
Os problemas começam quando a assertiva afirma que o contribuinte pode livremente
optar pela tributação conforme as regras do lucro real ou do lucro presumido. Isso
não é verdade.
Embora qualquer pessoa jurídica possa apurar o IRPJ segundo as regras de tributação
do lucro real, as seguintes pessoas jurídicas são obrigadas à apuração do lucro
real e, portanto, não podem optar pelo lucro presumido (Lei nº 9.718, de 1998,
art. 14):
cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de R$
78 milhões, ou proporcional ao número de meses do período, quando
inferior a doze meses;
cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos,
bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades
corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e
valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de
previdência privada aberta;
que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
1. E 2. C 3. E 4. D
5.B 6. A 7. B 8. B
9. C 10. A