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Propriedades Mecânicas
Uma carga, ao ser aplicada uniformemente sobre uma seção transversal ou sobre a
superfície de um elemento estrutural, pode ser estática ou variar lentamente ao longo do tempo.
O comportamento mecânico desse elemento estrutural à aplicação dessa carga pode ser
averiguado através de um ensaio tensão – deformação.
Existem três maneiras de uma carga ser aplicada: tração (deformação), cisalhamento de
torção.
TRAÇÃO (COMPRESSÃO)
Figura 1 – À esquerda, ilustração esquemática de como uma carga de tração produz um alongamento e uma
deformação linear. À direita, ilustração esquemática de como uma carga de compressão produz uma
contração e uma deformação linear negativa. As linhas tracejadas representam a forma antes da
deformação, e as linhas contínuas, após a deformação.
F
σ =A
0
onde F (em N) é a carga aplicada em uma direção perpendicular à seção transversal do corpo de
prova e A0 (em m2) é a área da seção transversal original (antes da aplicação da carga). A unidade
da tensão de engenharia é N/m 2, normalmente utiliza-se a unidade de 10 6 N/m2, denominada
MegaPascal (MPa).
ΔL
ε= L
0
onde ΔL = Lf – L0, onde Lf é o comprimento do corpo de prova, após ser alongado pela aplicação da
carga, e L0 é o comprimento original do corpo de prova, antes da aplicação da carga. ΔL é o
alongamento, ou a variação no comprimento do corpo de prova, devido a aplicação da carga, em
um dado instante, em referência ao comprimento original. A deformação de engenharia é
adimensional.
CISALHAMENTO E TORÇÃO
F
τ=A
0
onde F (em N) é a carga aplicada paralelamente às faces superior e inferior da seção transversal do
corpo de prova e A0 (em m2) é a área da seção transversal original (antes da aplicação da carga). A
unidade da tensão cisalhante é N/m2, normalmente utiliza-se a unidade de 106 N/m2, denominada
MegaPascal (MPa).
Figura 5 – Representação esquemática da deformação torcional (com ângulo de torção, φ, produzida pela
aplicação de um torque, T.
σ=Eε
Quanto maior for o Módulo de Elasticidade, mais rígido será o material, ou seja, menor será
a deformação elástica resultante da aplicação de uma dada tensão. A partir do módulo de
elasticidade é possível calcular deflexões elásticas em projetos de engenharia.
Com relação aos ensaios de cisalhamento, a tensão e a deformação são proporcionais uma à
outra, de acordo com a expressão: τ = G γ, no qual G é o módulo de cisalhamento (a inclinação da
região linear da curva tensão – deformação cisalhante.
A transição do comportamento elástico para o plástico é gradual para a maioria dos metais.
No gráfico tensão – deformação ocorre uma curvatura, indicando que a deformação plástica está
ocorrendo, e que aumenta rapidamente conforme vai aumentando a tensão aplicada.
Em sólidos cristalinos, a deformação plástica é obtida por meio de um processo chamado
deslizamento, que envolve o movimento das discordâncias. Já materiais não cristalinos (vidros, por
exemplo), a deformação plástica ocorre por escoamento viscoso.
A tensão de tração, aplicada sobre uma amostra de metal, provoca um alongamento elástico
e sua deformação, εz. Como resultado do alongamento haverá constrições nas direções laterais
(x,y) perpendiculares à tensão aplicada, cada uma com deformações compressivas
correspondentes (εx e εy), Figura 7.
Se a tensão aplicada for apenas na direção Z (uniaxial) e o material for isotrópico então ε x =
εy.
O sinal (-) é incluído na formula para assegurar que o resultado seja positivo, pois tanto ε x
quanto εy apresentam valores negativos.
Figura 7 – Alongamento axial (z) (deformação positiva) e contrações laterais (x e y) (deformações negativas)
em resposta a imposição de uma tensão de tração. As linhas tracejadas representam a dimensão antes da
aplicação da tensão, e as linhas contínuas, após a aplicação da tensão.
E = 2G(1+ν)
PROPRIEDADES EM TRAÇÃO
A maioria dos elementos estruturais é projetada para assegurar que ocorra apenas
deformação elástica quando uma força é aplicada.
Uma estrutura ou um componente que tenha sido deformado plasticamente pode não ser
capaz de funcionar perfeitamente. Portanto torna-se desejável conhecer o nível de tensão no qual
tem início a deformação plástica, ou no qual ocorre o escoamento.
Nos metais que apresentam uma transição gradual da deformação elástica para a plástica, o
ponto de escoamento pode ser determinado como aquele em que termina a linearidade na curva
tensão – deformação. Este ponto é chamado Limite de Proporcionalidade (o ponto P na figura X),
e representa o início da deformação plástica a nível microscópico.
Para medir com precisão o ponto P, convencionou-se tomar uma linha reta paralela a porção
elástica da curva tensão – deformação, a uma deformação de 0,002, Figura 8.
Para os metais que apresentam esse efeito, a resistência ao escoamento é tomada como a
tensão média associada ao limite de escoamento inferior, pois esse ponto é bem definido.
O Limite de Resistência a Tração, LRT (MPa) é a tensão no ponto máximo da curva tensão –
deformação, portanto é a tensão máxima suportada por um material sob tração. Se esta tensão for
aplicada e mantida, ocorrerá a fratura.
Toda deformação até esse ponto está distribuída uniformemente por toda a região estreita
do corpo de prova de tração. Contudo nessa tensão máxima, uma pequena constrição, ou pescoço,
começa a se formar em algum ponto e toda a deformação subsequente ficará contida nele. Esse
fenômeno é chamado estricção. A fratura surgirá no pescoço, Figura 10.
Figura 10 – Comportamento típico da curva tensão – deformação de engenharia até a fratura do material,
no ponto F. O limite de resistência a tração, LRT, está indicado no ponto M. Os detalhes dentro dos círculos
representam a geometria do corpo-de-prova deformado em vários pontos ao longo da curva.
DUCTILIDADE
Lf −L 0
% Al= x 100
L0
A 0−A f
% RA= x 100
A0
Para ser considerado frágil, um material deverá possuir uma deformação de fratura menor
do que aprox. 5%.
RESILIÊNCIA
UR = ½ σe εi
TENACIDADE
Além disso, não é possível realizar o teste de tração em materiais cerâmicos, pois a simples
presença de um único defeito superfícial é suficiente para que, durante o posicionamento de um
corpo de prova de material frágil nas garras da máquina de tração, ocorra uma fratura.
Desta maneira, o ensaio mecânico para materiais frágeis é realizado através do Teste de
Flexão.
Figura 12. (a) Teste de flexão normalmente utilizado para medir a resist^ncia dos materiais frágeis; (b)
deflexão, δ, do corpo de prova sob flexão.
3FL
ResistênciaaFlexão (Módulo de Ruptura)=σ flexão = (MPa)
3 wh2
Figura 13. Resultado do ensaio de flexão apresentado na forma de um gráfico Tensão – Deflexão.
L3 F
Eflexão=
4 wh3 δ
Figura 14. (a) Esquema do teste de flexão com três pontos e (b) quatro pontos.
Uma variação do teste de flexão é a Flexão em 4 Pontos, conforme figura 14 (b)
3 FL 1
Para a flexão em 4 pontos, σ flexão = .
4 wh2
Como as trincas e falhas tendem a se fechar quando sob compressão, os componentes feitos
de materiais frágeis, como o concreto, por exemplo, são normalmente projetados para suportarem
apenas tensões de compressão. Em geral, a intensidade das tensões compressivas capaz de
fraturar os materiais frágeis são muito superiores à intensidade das tensões de tração.
Por outro lado, materiais frágeis, cerâmicas em particular, possuem tenacidade bastante
limitada.