Você está na página 1de 9

Cºordenação Geral'

x . Ir.I'E11ÉiraMiiani

Coardenação Editorial?
Ir. ]acinta Tutóia Garcia '

Coo-i'denaçãa Executiva
Luzia Bianchi

' Comitê EditorialAcadêmíco - A. Chauveau ' Traduçãa


Ilka Stern Cohen
Ir. Elvira Milani - Presidente Ph. Tétardir '
Glória Maria Palma
Ír. ]acinta Tumlo' García (ºrg)
íoà'é Jobson de Andrade Arruda
' Marcos Virmond ' _ ' H.. Éeckér
María Armiànda. do Nascimento Arruda S. Berstein' "
'R. Frank
.“ ]—. Le G0ff
P.. Milza
RL Rém'ond '
_];-P. Ríoux'
, I.-F. Síríhéllí

- ' Edíkera dn Universídadá do Sagrado Curaçâ'o ?


.. .._..._< __._.__
&UMÁREQ
Editoria de Unlversldade do Sagrado Coráção
07 Questões para a- História do presente -
' por Agnês ChaUVeau e Philippe Tétart

39 Pode-se fazer uma história do presente? —


. (3397111 ' Chau'vçaau, Agnês
por J ean-Píerre Rioux
Questões para a história do presente ! Agnês
- Chauveau, Philippe Tétart; nadução líka Stern Cohen._ 51 O retemo do pólítíco - por René Rémond
_ Bauru, SP: EDUSC, 1999

132 p.; 21 cm._ _ (Coleção História) -


61 Marxismo e comunismo na história
, ISBN 85í86259—99-3
recente - por Jean-Jacques Becker

1? Hístóría-Filosofía. 1. Tétart, Philippe. 11. Título. 73 Ideologia, tempo e história — por “Jean-'
, «IH. Série
François Sírínellí» '
" .I-V-CDDSJÓI
93. A, Visão. dos; outros: um. medievalista
diante do presente ápof JacquesLe- G'off
ISBN 2-87027458o (original)
Copyright © 1992 Editions complexe
Cºpyright © dé tràduçâo 1999 EDUSC
103 Questões para as fontes do presente-p0-1 '
Robert Frank

119 Éntre história e jornalismo - porJean- "


, Tradução realizada a partinda 1ª edição 1992. ., .“ .“ ' Pierre Ríoux
Direito; exclusivºs de publicação em língua portuguesa.
-pa1'a 0 Brasil adquiridos pela '

EDITORADA UNiVERSIDADE DO SAÓRADD CORAÇÃÓ


127 Conclusão- p01.Serge Bªemsteín & Pierre
' "' Rua Irmã Arminda, 10 50 MílZa
ÇEP 17011 160- Bauru- SP
' Fone((14) 3235- 7111— Fax (14) 3235- 7219
e——mail: edusc©edusa combr
capítulo 2

._-=R0RR— SE RAZER UMA


HESTOREA R0 PRESENTE?
' - . por Jeán—Píerre RIOUX—

Antes de adiantar uma argumentação que po—


dería tornar plausível uma Íesposta. posítlva a esta
questão, é preciso estar de acordo acerca desta noção,
& priori desconcertante, de história "'do presente“. Pois
.,não se trata nem do ”período” último de um “recorte '
'.do passado para uso escolar & universitário, nem de
um çonceíto de substituição por tempos de crise da
temporalidade nas nossas sociedades invadidas pe10
efêmero, nemm-csmo de um paradigma regulador no
ª' caos dais ciências fsocíais. Uma históríafdíta do presen-'
te participa de fato mais. ou menos de todos' esses vo-
cábulos. Houvef não duvidamos disso, uma boa' parte.. ,
' de bricalage na súa construção, enquanâo que aqueles
que a questionam não depuseram as armas. Na Fran—
-' ça, & qUestão Se estabeleceu no finzinho da década de
1970, quando o CNRS, sem' fazer alardé, criou um la'-
boratório, () Institut d'Histoire du Temps Présent, cha
missão, prççís'amente, conSisltia em refletir ativamente
“sobre a noção, conduzindo pesquisas específicas que
resumíríam o moviment0.E1a não parou de agitar os
íespírítos, e o ditoInstituto nuncaesteve resguardado
dasatribulações. ' _ , f.,

1- Úmafprímeira Versão ',des'se taxto foi públicada em


Historical Reflections; Réfle'xfam hístqríques, 1991, voi. '
"17, n. 3, glfted University, Nova York, jp 297305.-

39%.
A fo'rmúlãção mais brutal da' questão, aqúêla Cronoló'gíca' que deseja apenas espes'sar—se, mas tam—
que suporta arcarga epistemológica mais forte, é eVi-' '- bém como um momento particularmente favorável&
dentemente esta': pode (apresente ser objeto de histó— Obselvaçâo da ação do tempº passado sobre 0 presen—
ria? Como de' fatoinsorever um presente fugaz na, _te €,ÉIÇ1Í1H1, como uma permuta tangível entle memó- '
comtrução, ou reconstrução, necessariamente tempo- ria, e aconte cimento.
raí ou reâroatíva,que elabora o historiador confron-
tando suas hipóteses de trabalho com a dura realida—
de “da documentação e do arquivo recebidos? AVan— A PROXIMIRRDR R A INTELIGEBILEDADE
çando um pouco a reflexão, percebe—se qUe essa dú— "
- Vida remete 'a uma inquietação propriamente fiíosofi- ., O argumento mais frequ'ente invocado contra
cago presente tem sua chance diante de uma longa essa históriae 0 da' proximidade. A _objeção, de fat0,e
duração que parece ser - "toda a obra; de um Fernand forte. Como traduzir em termos de— duração um pre-
Blaudel foi construída 'em cima desseparece” - a Sente,p01 definição, efêmero? Presente esse cuja pro—
verdadeira modulação e a respiração Vital do (1er dução, além disso. é cada vez mais, ao lengo do sécu—
humano? — 10 XX fenômeno atual, cujos delineamentos são. con- _
'Por fàit'a, sem dúVída, de ter recebido como seus _ fundidos nesse tu1bí1hã0 denso & índistinto de mensa-
colegas anglo-saxõ'es, aleinãés ou italianóà, uma fm;- gens, nesse imenso rumor mundializado de um
mação filosófiba suficiente, os historiadores franceses ”atual?” triturado, amassado, transformado sem tré-
contornarani com bastante. frieza'éssa provocação e gúa, sob o tríp1o efeito da mediatização do acontecido,
lhe dão muito freqúentemente uma _resposta de Dr- da ídeoíogízaç-ãodo ato e dos efeitos de moda na 1105— "
dem mais metqdológíca dó que ép-ístemológica ou me— sa apreensão de umcurso da história? SE nosso pre—.
- tafísíca. É verdade ,que um grande nome os ajuda a 1.11- sente é doravante ,uma sucessão de flashes, de delírios
trapassar sua deficiência conceitual oferecendo—lhes 0. .' partidários e de jogos de espelhos, como 5311 deíe para
aval do bom Pai: o de Tocqueville, que engastou sq- erigi-—1©,em obJeto de investigação histólica? ,
berbamenté cºmo» se sabe, 0 tempo curto da democra— Ainda mais que o próprio historiador, acr'escen-V
- dá, na França & na'Améríca, no .tempo longo dos An- , _- te——,se imerso em seu tempo, também oscila no curso '
tígo's Regimes. Graças a-ele, os acontecimentos inaudi— da correríteza, mergtdha nessa confusão de acóntecí-
tos e os messianísmos datados que tecem um presen— mentos sem bielarquia nem” causas aparentes e toma
te entraram nesse jogo do“ distingue entre rupturaa & 'a sopa do dia no noticiário da TV. E se ele quiser se 11—
- continuidadés ao qual O historiador francês se entrega ' -vrar da onda? Logo será grande nele“ a tentação de
_ corn avidez &. que, maisfreqúentemente, faz as vezes simplificar seu curso pela aplicação de aígumà filoso-
de bagagem- diante de qualqúe-r novidade desconcer5 fia curta que secará esse real desorieníador no fogo de
' tante. Não nós espantaremos, pois, por Vê--10 tratar tão seu voluntarismo A armadilha assim está montada;
à vontade a história do presente ao mesmotempo _' entre & marulha gem indístínta e a Simplificação abusi—
como otérmino de urna periodização & & finapeh'cvla va, & inteligibilidade não teria nenhuma chance.

110- 411
Admítíndó mesmo que algum clarão pudesse sumir suas forças. _e tornar ínsípídaà suas lembranças
adV1r de uma navegação_ ao acaso, no entremeío des- aceitando _Iprivar de ”sentido sua'experíêncía; “Aiguns
ses recifes, a ausência de fofites completas e de docu- ate queimam etapas, seja produzindo Uma palavra
mentos confiáveis tomariamuito Vã qualquer tentati- medíatízável. e logo consumíve1,seja fazendo se a si
va exploratória, acrescentaria os céticos. Impõe-se, en“— mesmos de historiadores pºr "sua conta e risco (leía- se, '
tão, a conclusão, adocicada o_u sentencíosa de acordo por exemp10,a feliz empreitada de Daniel Cordíer &
com o humor do detrator: que o historiador abando— proppsíto de Jeau Moulínª)
ne & partida, que ceda lugar aos jernahstas seriamen— Nãó se trata mais aqui, percebe-se bem, de uma'
te doeumentados que produzem desde os anos 1960 versão atuaíjzada desse gosto generah'zado pela histó-
uma “históriaimediata” sem pretensões supérfluas e .' ría-“ou desse ativismowdas raízes, das genealogias e das
r_nodeíadà por um Teumoux ou um Laeouture; que se celebfaçõeá patrimoniais 'que atacaram nossas socie-
contente em 1er haja o que houver e reunir entre eles, dades às Vésperas deum fim de sécuíoª. É antes de um _
coma materiais para uma hístó1'1a em gestação que ele VíVQ desejo de identidade que nasce esse, ambição de
deveria modelar, a produção dos sociólogos retrospec— uma história atenta ao presente, cuja originalidade
tíVo_s,põ-1ítólogos de geometria Variáve1,ec0nomist_as_ será ser escrita sob o olhar dos atores e cuja vecação
ruminando suas imprevísões ou etnóícgo's repatriados desabrºchará no balanço das t'emerosas especificida-
de- seus lóngínc'Juos rincões. des do século XX. Ela será uma espécie de evangeiho
f eterno para Vivos, cujo hístoríadbr podera Ser 0 após-
tol'o; um depoimento de boa qualidade científica “sobre
A BUSCA_ DE ÍDENTLDADE esse estranho sentimento próprio de nosso tempo,
inédito na“ torrente do íempo eque atrapaflha tão fre-
De fato, essa desistência não resolveria nada. qúenâemente nossos contemporâneos: a consciência,
É, pois, aprópria sociedadequ'e'impulsíóna'o hiatoria- _ dolorosa ou exal'tante, de ter sido, por bem _ou por
dor a não desistir, que lhe sugere não tropeçar diante , ma1,tomados, trituradas e deSIgnados por uma histó-
', do obstáculo da próximídade- _e até mesmo utilizá—.10 ria cªtastróflca cujo curso eles Jamais dominaram.
para melhorsaltar. Visto que atores e testemunhas,
Í-humildes Ou não, não esperaram mais muitotempo e
dizem alto e claro, como mostra a proliferação de de-
_poimentos em 11Vree,qu_e não pretenªem deixar con- ' 3 D-àniel "Çorfi'elier, Jean Moúlin. Lªzínconãm du
_ Pantháan, Paris, Jeah— Claude Lattes, 2 Vols., publica-
_dos,198_.9
4 _Ver sobre esse ponto Jean.—Pierre. Rioux, ”L'émoi
2Ver em particular Jean Laccuture, De Gaulle, París,
_Le seu11,3 V015.,1984-1986. Sobre essa ”história __ patrimonial”, em- Le Temps de la réflçxíon, VI, Paris,.
imediatae, _mais geralmente sobre a ligação entre ,Galiimard, 1985, pp. 39—48 e, para uma comparáção .
- com àntes de 1901, Chronique duma fm de siêcle
- história do tempo presente e. jornah'smo, _VET Jean-
_ France“, 1889-1900, Parie, Le Seuil, 1991.
'_ Pierre Rioux, ”Entre histoíre et journalisme'f, infra.
. ,___I . . _

_ij _ _ , -- 43
_ Duaá guerras e duas-crises mundiais, uma des- queseu próprio enigma, cujo sentido não perceberam,
colonização e mha guerra Íria,_dua“s_ partilhas do'mun— que lhes ensine a que queriam dizer suas palaVras,
(10, em 1919 cel? 1945, espetacular'mente arrumadas ' sensatos, que não compreenderam..E1e_s precísàm de
nos anos' 1930 e no alvorecerdbs ano;; 1990,_'_subver- um Prometeu, eque no fogo que ele roubou, as vozes
sões tecnológicas inauditas e um progresso g-aíopante:_ que flútuavam geladas no a_r se reV'óítem, transfor-
é muito, com efeito, 1:10“ espaço em que maleabem três mem--se num som, ponham- se & Í_alar.(...') Sóentâo os
gerações ,cuja expectativa. de Vida,. aliás, aumentou menos se resígnarão à sepultura”
sensivelmente. Assim", comº“ estranhar que, tendo Essa recusa do efêmero, esta necessidade de dar
_mudadopara tantos VÍVOS & relàção existencial com- a sentido enquanto não se acredita mais nem nopro—
hístóriá — sem faíar dó peso inquisitório dos milhões de ' gresso linear, accmpanham-se também de urna neces—
mortos —, 0 deseJO de um relato linear resumidº e de sidade de transmitir com urgência esta experiência.
uma investigação explicativa da aventura tenha atin— embrionária e muito pouco lequaz ºàs novas gerações
gido as consciências ?, - '- que, também elas, Virgens de qualquer memória ajui—
zada, _arríscam-se & ser levadas no turbilhão e às-quaís
o ”moc_ismo” ambiente renega ainda mais qualquer
à RECUSA DO RMFÉMRRO capacidade de fidelidade histórica; _Não-ressaltamos 0 -
bastante, Ineparece, o quanto “nossas Sociedades reco-
Eessa preoCupação com .umare1açã0f'1e1 e.com“ . meçam com essa'propensão'á' declinar mais uma vez.
a coleta dq dossiê & redobrada, com todos os efeitos da _osgrandes fatos de. um presente memoi'áve] qúe in-
_ rapidez adquiridapela ação generalizada da mídia, por ventou & Atenas 'de Heródoto“ ou de _Tucídides..Desde
uma espécie de vontàde cómovente de _:lutar contra 1959 os estudantes colegiais da França deviam estudar
uma massificação das efemérides que mantêm 1111161 te— o mundo até 1945 e,desc1e 1983, os programas de his-
' =merária amnésia nas nossâs sociedades. ”Aceleração da tória das classes de terceiro Colegial e de Último ano
"história” , mundialização das questões, imediatismo de dós heeus levam a investigação ”até nossos dias”, sem
umàmformação torrencial vertendo ”seqúên'cías” que que _esta decisão de- acender os fogos do-presente nos
fázem asVez-es de acontecimentos: esses lugares (:o—' Jovens espíritos possa ser 'o fruto de uma pressãq l201—
11111115 de analista apressadado século XX excitam in-_ pelatíve des prefessores (antes sacudídos por essa no-
contestavelmente um ("165630 de conhecimento instan- Vídade, e até mesmo hostis e uma nova mudança dos .. '
tâneo, nutrem uma inquietação surda em que se mís- programas de último ano em 1989, que ampha 51 par-
turam nostalgia das ”belles-époques”, reação de defesa te da história próxima): e sistema educacional, a pre-
' diante do futui'o, necessidade _de"continuídadesmarca?. . ço .talvez de sua. desarrumação interna e de sua inca—
das e sede,.de identidade coletiva-fou nacíqnaí._A pres— pacidade atual de hierarquizar valores e conceitos, ho-
são social traduz assim no presente, tranfere para o mologou, _sem reagir, uma a_tmbíção social que circula—
preãente, & fórmula célebre que Michelet aplicaVa ao va na a_tmoefela
passado: ” Eles precisam de um Édipo que lhes explí-

44
U BOM- Remº R0 ARTESÁO moso “,recuo”. A ambição-cíentífíca constrói, a boa dis?
, tância, o seu objeto de estudo, métodos'deínvestigação
“históriea acertados desde Langlois e Seignobo's aneste—
É 'um mal ou um bem ? O debate _não está fe—
“síam propriamente a carne de um presente alarmado, _
chado, mas não faltam argumentos para resolVe—10
,o questionamento rígmoso apazigua & desordem párti- '
' _ousadamente num sentido positivo. Afinal de contas,
dáría.Em poucas palaVras: & cónstrução de um re1at0
: os progamas escolares editado; por Victor Duruy em
1865 paravam 'no íímíar do ano.. 1863 e os de 1902 histórico hierarquizará, pois, tanto & perestróika gor-
davam conta _ousadamente do Caso Dreyfus, enquan.w batchevíana QUanto & decomposição do império caro—
- 1ínge0, tanto os ”anos 'Míterrand” quanto a magisàraf
', to o último Vqlume da' grande sttoirg de la France dirí-
- tura _de Monsieur Fallieres
gidapor Ernest Lavisse, publicado em 1923 por Char—
les_Seign0bo_s-1ntegrava sem partídarismos à_ guerra
-de 1914—1_918.G_0mó nãosentir além disso que uma
refíeXa0._h15t0r1ca sobre o presente pode ajudar as ge— - & ATUALIDADE DG TEMPO
.__
____rações que creseem & çombatei & atemporalídade con—
tempqrânea, & medir. o pleno efeípo destas fontes ori— Somos instados & não'sorrir diante de tanta can—
ginais, sonoras e em imagens, que as mídias fabricam, - dura anunciada por esses modestos píoneixos “'de Clio
& relatiVízar O 111110a novidade tão comumente entoa- atualizada. Poisarhistóúá do presente, experimentada“
hoje a _paríír dessa, argumentação considerada. bem
. do, a _se desfazer desse Imediatísmo VíVídO que aprisio—
-- na a consciência histórica como a folha de plástico. simples,_'c0ntríbuí, 110 entanto, para c010_car questões
”protege” no conge1ader_um alimento qúe não se bastante" temerárías, à disciplina histórica inteira '.,
.. ”Tudo 0 quee importante érepeâidOfÇdízía 0117
- consome?
A história do presente, como vemos, naceu sem tfora' Ernest Labrousse, E meio-século de combates .
dúvida. bemmais de uma impaciência social- do que de dos Annales paraepreendef o'repetítivo significativo,
[
um imperativo hístpúográfico, pe1_0 menos na França
E os historiadores do recente,nac1ando na indolência
conceptual assinalada há pouco, mas bastante bem ga- 5 Também não nos-esqueçamos que fóram es histo—
rahtidQ's sobre suas retaguardas sociais, fizerambonito, riadores do político que sempre estiveram na van-
'no fínál das contas,marte1;and0 o bom sense do ve1h0 guarda da história do tempo presente. Sobre sua con-
ªtribuiçãº, ver René Remºnd (org. ), Pour une hisfoíre
“artesão,metod010_gicamente_pouco sofisticado mas
politique, Paris, Le Seuil,1988. , ' . '
passavelínente percucíepte: () argumento_da_ªfa1ta de-
6 Sobre estas, ver o ensaio ãe mise en forme histórica
_ recuo” não se sustenta,_djzem_e1es, pois é o próprio his—
_ pontual, ”Les anjnées Mterrand (1-981 1991), Lsz'sroz're,
toriador, desempáe'otando súacaixa de instrumentos e ._ n, 143, abnlde 1991, que eómparalemos u'tílmente
eXperímeniando suas hipóteses de _“,trabalho que cr1a-_ com um puro trabalho de jornalistas, ' Pierre Favier,
'se111pr_e,_em iodo; os_lugares e per -t0_d_o o tempo, e fe- :; Michel—Martín Roland, La dfcennie Mirerrand 1 Les
' rupturas, Faris, Le S_euíl,1990.
para afírmàr. & serie quantificada comb Vía rea1 da1n—__ Nós vivemos no retorne) do recitatívo, do des—
teligíbílidade, para anunciar: a longa duraçãó portado- Çonnnuo, do faetuaL do pessoal e _do idealizado, num
ra do sentido bcu1t0,fo_rj_ou uma espécie de consenso século XX qUe, no entanto, proclamou tão forte a
débil que o estudo do presente bem que poderia atro— marcha fogçada do progresso, a construção acelerada
pelar, Pois a longa duração braudeiiana adiciona de- do homem nºvo, a densificação ínelutável dos fenô—
terminismos, geográficos, socio-econômicos ou antro— menos e & íníleXibílídade da __1e1 do número: este pala-
poíógicos nem sempre dando a chave de sua-hie'rar- dexo está no bojo de uma história do presençe,e1e dá _'
quízação, porque perseverou 11416613 de que 0 3611610— a ela uma singular aptidão para & provocação retros-
era perduráVel e 'de que a apreensão das economias, pectiva sobre oíxàbalho do historiador e à descen'stru- -
_das sociedades e das civilizações bastaVà para escíare- ção. das filosofiaskkda históría'múíto apressadas.
,cer uma leitura da história. ' Essa história, de outro lado, tema tão. jubilató-
Ora 0 presente, eXami'nado sob 0 míerq'scópi'o ria e tão ,ciemífíçamente oportuna & explbração de um" '
do historiador, faz brotar da proximidade ambiente _segundd paradoxo de presente, que íiumína toda
um “conjunto de argumentos maisideal,_'mais'cu1tura1 a configuração do tempo humano: () ímbricamento-
. e mais individual,, uma dutra composição hierarquiza- constante, cruel e alimentador ao mesmo tempº, do
da do tempo, em 'que a ação combinada dapersonali- passado com 0 presente ('nçlusíVe sob a forma de
dade (& do grande líder, tante) ãaquele que decide traumas, no choque de grandes. eventos- datadores
come do. Vencido), do acontecimento (esta ”esfinge.” . como as guerras mundiais, de recalque ou de balbu-
dizia. Edgar MorinT, fruto ilegítimo docaprích'o dos. fa- dos da mEmólía coletiva a propósito das guerras
tos e do escândalo da mídia)e do narrativo (& crônica de descolonização, por exemplo), () trabalho do luto
massiiícada de um acçntecídç) repetidamente pIQVO-- _ ccmç) “condição-necessãría—para um apaziguamento ou
cando indivíduos cada Vez menos agregados) põe em .uma híerarquízaçã'ode um presente invasivo, & ênfa-
dúvida o' valor operatório e explicativo de um quanti- se“ da representação do pasSado _como parte integrante
ficadro___maeiço e_ de uma repetlção considerada .com— de imediato, Uma vez que'ela obSefva tão comoda-
probatória, um e outro bem encravados desde os anos- mente _a presença a_tíVa do't'empç) na'nos'sa'construção -'
1930 nas boas Ve1has infra- estruturas do esquema do contemporâneo, da contribui sem“ dúvida: assim
marxiano, senão marxista. para melhor Collocar & velha questão do sentido, no
momento em que desabam as Visões _dc) curso _das' '
coisas _
Essa história, de fato,por serfeita cem testemu—
nhas VíVas e fontes. próteíforrnes, porque é 1eVadaa '
_7 Num número pioneiro da revista Commúnícatian,
fdesconstruR- () fato histórico sob & pressãó dos meios
'18, 1972. Ver além disso Pierre Nora, “Le retour de
'l'éVénement”, em Jacques Le Goff e Pierre Nora de comunicação, porque globalíza e unifica sob o fogo
(org.) Fatíre de [hisfoire, Paris, Gallimard, 19,74 pp.- das representações tanto quanto_das ações, pode aju—
210- 228. , dar & dístingu'R' talvez de forma mais útil (11) que [11111—

413 49
“:::-. -
Í _e_R _0_Ve1daç1eiro (10151150. Pois se elatem como missão,
' (sofraç) todR história digna deste. ncme, mostrar :) eVí-
— dê'nçiR ClETltLÍICEl__(1Rs. Verdadçsmateriais diante do es-
(queamento dà annésíR 01.1.(10 de11110_íde01(')g_íco,_
“_ _(pensemós, por eXemp10, nos que negamRs CâmRI_Rs., _
.__(_1e_' gás),,e1a sem dúVídR está mais apta .aexplicar,(10 j- '7l__- " ' -
R-ígq-úe a verdàde estatística (1; enumeraçaodaqL1R1._so--,_ _ ' ' ' ' ' "
_mqsLãç).apreciadores; ela não eViLa _Ver em ação aVer— " _ _ _ _
»,_=(1ade.p51cologlca (1a intençãp, _a humilde Verdade (10 nf; ' ' __,f?
Í píapsíVeL a força RR (Ju_e_stã__o_da___rr_1_emóriR sebre (_) cur- ' ' ' ' ' '
_ ', _. 'sç)(10_t__emp_0_.- . - -
' ' ' _ UR) vibrato do inRCRdeo queanimarepentínR— _
mente todo 11111. pRssado, um presente póuco _a pouCQ
_RIíVíado de seu autismo, uma inteligibilidade pefse- '. (_
__guidR Ecrã de _Ríamedas percorridas: & ump0ue0 1510“, '
' 'R' história do_prese1__1t_e._

_
,___Jean-Pie1(1ªe Rioux--_- ,

Você também pode gostar