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A Revolta Contra A Imanencia - 1557166607 PDF
A Revolta Contra A Imanencia - 1557166607 PDF
A Transcendência na Neo-ortodoxia
Método Teológico:
Para Barth, a única fonte de teologia cristã é a Palavra de Deus. Essa Palavra,
entretanto, consiste em três formas ou modos.
1. A primeira forma é Jesus Cristo e toda a história dos atos de Deus que
levaram até a vida de Jesus e estão relacionados a ela, bem como à sua
morte e ressurreição. Essa é a própria revelação, o evangelho em si.
2. A segunda forma consiste nas Escrituras, a testemunha privilegiada de
toda a revelação divina.
3. Por fim, a proclamação do evangelho através da igreja constitui a terceira
forma.
As duas últimas formas são Palavra de Deus apenas num sentido instrumental,
pois tornam-se Palavra de Deus quando Deus as utiliza para revelar a Jesus
Cristo.
A Doutrina da Eleição:
De acordo com Barth, a cruz de Jesus Cristo é o acontecimento supremo da
entrada de Deus na história da humanidade - o Filho de Deus vai para o “país
distante” para tomar sobre si a ira e a rejeição divinas que a humanidade
tanto merecia.
Avaliação:
No geral, portanto, o método teológico de Barth preserva a autonomia da teologia
sobre as outras disciplinas. A teologia continua sendo a ciência irredutível da
Palavra de Deus. A maior força da teologia também é a fonte da maior fraqueza
do método teológico de Barth, uma fraqueza que surge do extremo ao qual ele
leva a autonomia teológica. Sua recusa a todo tipo de justificação racional da
verdade da revelação conduz a uma teologia que vai além da autonomia e acaba
no isolamento.
Se não há pontes inteligíveis ligando a teologia com a experiência humana
comum ou com as outras disciplinas, de que maneira a fé cristã pode ser algo
mais do que esoterismo para aqueles que estão do lado de fora?
Uma coisa é Barth rejeitar a forma como a teologia liberal reduzia a fé cristã
àquilo que podia ser antecipado dentro dos horizontes da experiência humana;
mas outra coisa bem diferente é eliminar qualquer ligação entre crença e
experiência.
a) A acusação de cristomonismo surge também do uso que Barth faz da
pessoa de Jesus Cristo como fundamento e princípio organizador de toda
a sua teologia. Toda doutrina torna-se uma forma de cristologia. Uma
ilustração clara está na doutrina de Barth sobre a eleição. Jesus Cristo é
tanto o sujeito quanto o objeto da predestinação.
Mas onde, exatamente, encaixa-se Deus, o Pai, e os seres humanos dentro
dessa estrutura?
b) A doutrina de Barth sobre as Escrituras é alvo de muitas críticas, tanto por
parte dos teólogos liberais quanto dos conservadores. Os liberais o
acusam de ignorar os resultados do criticismo superior e de tratar a Bíblia
como se fosse verbalmente inspirada. Os conservadores, por sua vez,
acusam Barth de fazer uma distinção radical demais entre a “Palavra de
Deus” e a Bíblia e de negar a infalibilidade doutrinária da Bíblia.
c) Uma das maiores contribuições de Barth para a teologia do século 20 foi
o fato de ter recuperado a doutrina da Trindade da obscuridade em que
ela se encontrava. Teólogos liberais de Schleiermacher em diante haviam
tratado essa doutrina como se fosse uma relíquia da suposta influência
helenística sobre o Cristianismo primitivo e haviam falhado em reconhecer
sua relevância. Sob a influência de Barth, a teologia voltou a considerar
seriamente a doutrina da Trindade, mesmo que ainda não tenha chegado
ao um consenso sobre ela.
Conclusão:
Em termos de fluxo da história teológica do século 20, uma das grandes forças
da teologia de Barth está na sua recuperação da transcendência de Deus.
Somente se o amor de Deus pelo mundo for absolutamente livre é que ele pode
existir pela graça. A graça presente na relação de Deus com o mundo é o centro
do evangelho cristão.
a) Em seu zelo de proteger a liberdade e a transcendência de Deus,
entretanto, Barth pode ter sacrificado muito do aspecto humano do
relacionamento entre Deus e o mundo. Isso fica mais claramente ilustrado
na sua doutrina da salvação. Nela, o triunfante “Sim!” de Deus em Jesus
Cristo anula todo o “Não!” dos seres humanos.
Como G. C. Berkouwer, um dos críticos mais simpatizantes de Barth,
corretamente concluiu,
“na teologia de Barth, o triunfo da graça relativiza a
seriedade da decisão do ser humano, assim como o
kerugma [sic] é ameaçado de tornar-se uma simples
anunciação sem nenhuma exortação vital”.
Podemos ser tentados a dizer que, enquanto Schleiermacher errou ao procurar
falar de Deus, falando da humanidade em alta voz, Barth errou ao falar da
humanidade, falando de Deus em alta voz. Talvez o erro de Barth seja menos
grave, mas teria sido melhor se nenhum deles tivesse ocorrido.