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2 Introdução
A apropriada preparação de amostras para análise
metalográfica, para a caracterização dos materiais
metálicos requer que um rígido procedimento seja
seguido. A seqüência inclui a identificação, a esco-
lha da seção a ser estudada, o seccionamento,
montagem (embutimento), lixamento de desbaste e
de acabamento, polimento, ataque químico e exame
ao microscópio. As amostras devem ser mantidas
limpas e o procedimento de preparação cautelosa-
Figura 1 – Microscópio Eletrônico de Varredura
mente seguido, de forma a não influenciar nos re-
sultados e revelar as reais microestruturas dos ma- A Metalografia consiste do estudo dos constituintes
teriais. Cada estudante preparará e examinará pelo e das estruturas dos metais e suas ligas. Através da
menos duas amostras de aço carbono. Fotomicro- Macrografia (observação de amostra a olho nu),
grafias das amostras serão realizadas, bem como a pode-se obter valiosas informações, porém é atra-
medição da dureza e o tamanho de grão austenítico vés da Micrografia que se obtém, com técnicas apu-
será determinado para cada uma das amostras. Fi- radas e refinadas, através da observação ao mi-
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6) pressão aplicada pelo disco sobre a amostra. 4. Verificar que o disco encontra-se na sua posição
7) vibração do dispositivo "cut-off" de descanso, sem tocar na amostra;
Os discos do "cut-off" são classificados de "duro" e 5. Ligar o motor de acionamento do disco. Isto faz
"mole", sendo referidos como "graus". Essencial- com que o motor da bomba de fluido de resfria-
mente, um disco "duro" deve ser selecionado quan- mento também seja ligado;
do o material for "mole" e vice-versa. 6. Aplicar uma
Ao se efetuar o corte, uma certa carga deve ser pressão modera-
aplicada ao disco do "cut-off", fazendo com que haja da do disco sobre
a remoção do material. Em geral, o equipamento é o corpo de prova
do tipo sensitivo, devendo o operador tomar as pre- (evitando sola-
cauções de segurança adequadas, utilizando equi- vancos, que po-
pamento de proteção individual (óculos de seguran- deriam romper o
ça) para evitar graves acidentes. disco de corte),
É interessante também ficar-se atento ao ruído ge- até que o corpo
rado pelo equipamento, que dá uma indicação do de prova esteja
consumo de energia, diminuindo a rotação caso o cortado;
esforço sobre o disco seja exagerado. 7. Retornar o disco Figura 4 - Micro "cut-off"
Atenção especial deve ser dada à proteção do disco à posição de
e fixação do corpo de prova. descanso, e desligar o motor de acionamento do
disco;
5.1 Procedimento de Seccionamento
8. Soltar o corpo de prova da mesa de fixação;
1. Colocar a amostra no centro da mesa de fixa- 9. Efetuar a limpeza do equipamento.
ção. A o centro da mesa é o mesmo centro do
5.2 Principais Defeitos do Seccionamento
disco;
2. Fixar firmemente o corpo de prova com ambas O "cut-off" é o principal e mais adequado equipa-
as morsas esquerda e direita; mento utilizado para seccionamento de corpos de
3. Após ter se certificado da correta fixação do prova. Entretanto podem ocorrer problemas, que
corpo de prova, posicionar o protetor acrílico do devem ser evitados, conforme tabela 1
disco;
1) Baquelite: de baixo
6 Embutimento da Amostra custo e de dureza relati-
Amostras pequenas são geralmente montadas em vamente alta, este polí-
resinas plásticas para melhor manipulação e prote- mero é talvez o mais
ção das mãos do operador e das bordas da amos- comumente utilizado.
tra, o que impediria a observação ao microscópio 2) Acrílico: são utilizados
dessa região. quando a transparência
As dimensões mais apropriadas para o preparo de é requerida.
2
uma amostra está entre 15 e 25mm de área e es- 3) Epóxi: Apesar da sua
pessura entre 7 e 10mm. qualidade inferior, relati-
O embutimento por compressão a frio ou a quente é vamente ao baquelite e
muito utilizado nos laboratórios de metalografia de- acrílico, as resinas epó-
vido ao seu preço reduzido e rapidez na confecção. xi são o meio mais ba-
Os materiais utilizados no embutimento de amostras rato e prático de embu- Figura 5 – Prensa
são: timento. para embutimento
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seguramente perda de tempo na remoção de riscos 1. Proceder do mesmo modo que o estágio anteri-
desnecessários. or (lixamento de desbaste), porém utilizando-se
das lixas de granulometria 400 e 600.
7.1 Procedimento para Lixamento de Desbaste
2. O lixamento deve ser realizado em um único
1. Identificar de maneira indelével o corpo de pro- sentido, evitando que o abrasivo e o cavaco li-
va, de modo a poder ser identificado facilmente; berados durante o processo entrem em contato
2. Verificar se a lixa de granulação 220 está dispo- com a superfície da
nível; amostra em prepa-
3. Fixar a lixa na lixadeira; ro. Este cuidado
4. Abrir a torneira, permitindo que pequena quanti- também visa man-
dade de água flua com vazão constante; ter a planicidade da
5. Utilizando ambas as mãos, lixar a face da amostra.
amostra a ser examinada em ambos os senti- 3. O processo deve
dos, com pressão moderada; continuar até que
6. Verificar periodicamente a amostra para acom- não haja indícios
panhar o progresso do lixamento. Esta fase es- de riscos das lixas Figura 9 - Dissecador
tará completada quando todas os riscos causa- anteriormente utili-
dos pela lixa estiverem paralelos. Se houver in- zadas, e que esses riscos estejam paralelos.
dícios de riscos numa direção diferente daquela 4. A quantidade de água a ser utilizada é de fun-
em que se está lixando, continuar o desbaste damental importância, já que uma grande quan-
até que não haja indícios de riscos não parale- tidade fará a amostra aquaplanar, e uma pe-
los. quena quantidade não será suficiente para reti-
7. Quando todos os riscos estiverem paralelos, rar todos os cavacos e resíduos de abrasivo li-
lavar cuidadosamente a amostra utilizando água berados no processo.
corrente, secando a superfície com papel toalha. 5. Ao término do lixamento com a lixa 600, a
8. Efetuar observação a olho nu e ao microscópio amostra deve ser cuidadosamente limpa com
(sempre com a mesma ampliação para fins de água corrente, álcool absoluto e algodão hidró-
comparação), registrando o estado em que se filo, sendo a retirada
encontra a superfície em cada fase do processo. do álcool realizada
9. Trocar a lixa para uma com granulometria 320, com a insuflação de
o
girando a amostra aproximadamente 90 em ar quente.
relação à direção em que se está desbastando, 6. Examinar a amostra
repetindo os passos 3 até 8. ao microscópio, com
o menor aumento
8 Lixamento Intermediário e de Aca- possível, registrando
bamento o aspecto da super-
fície; Figura 10 – Politriz ma-
Este lixamento é muito semelhante ao lixamento de 7. Caso necessário, nual
desbaste. O objetivo nesse caso é fazer com que a deve-se armazenar
superfície inicialmente plana e desbastada, seja li- a amostra sob vácuo num dissecador.
xada com granulometrias cada vez menores para Atenção: A superfície preparada da
que a superfície que se deseja observar esteja com amostra, após o presente estágio, não
a menor rugosidade possível.
A substituição de lixas para granulometria menores
deve ser tocada pois isso poderá
somente é efetuada quando a amostra apresentar acarretar oxidação.
os riscos provenientes de lixamento anterior sejam
sobrepostos (completamente removidos) pelos ris- 9 Polimento Mecânico
cos paralelos do lixamento que se está executando.
O polimento é realizado com abrasivos de granulo-
O correto lixamento é realizado com a rotação da
metria muito pequena, utilizando-se como lubrifi-
amostra entre os diversos estágios, mantendo-se
cante água ou preferencialmente álcool absoluto,
constante o ângulo de lixamento.
sobre um disco recoberto por tecido macio.
Óbvio que: a amostra deve ser lavada com água
corrente antes de se substituir a lixa por outra O melhor polimento é conseguido utilizando-se
de granulometria mais grosseira. como abrasivo pó de diamante de granulometria
controlada e garantida, porém esse tipo de abrasivo
é extremamente dispendioso. Pó de diamante com
8.1 Procedimento para Lixamento Intermediá- granulometria controlada (porém não garantida) ou
rio e de Acabamento alumina, podem ser utilizados como abrasivos, com
resultados ótimos.
Atenção: a amostra deve ser lavada com Após o término do lixamento de acabamento com a
água corrente antes de se fazer altera- lixa 600, e tendo sido a amostra cuidadosamente
ção na direção do lixamento e entre lavada com água corrente e álcool absoluto, seca
cada um dos estágios. sob ar quente e limpa com algodão hidrófilo, a
amostra é colocada na politriz com o abrasivo e lu-
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brificante. A rotação da politriz deve permanecer A superfície da amostra após o correto polimento,
entre 150 e 250 rpm. deve estar completamente livre de riscos de lixa-
A amostra deve ser girada sobre o disco da politriz mento, devendo parecer espelhada, com rugosidade
de modo que não haja direção preferencial nessa mínima. Tal superfície espelhada pode ser observa-
operação. A pressão sobre a amostra deve ser a da após muito cuidadosa limpeza com álcool abso-
menor possível e o tempo necessário para o poli- luto, algodão hidrófilo e secagem com ar quente. A
mento situa-se entre 1 e 3 minutos. superfície não deve ser tocada para evitar oxidação
da mesma.
10 Ataque Químico
O exame ao microscópio da superfície polida de
uma amostra revela somente algumas característi-
cas estruturais como inclusões, trincas e outras im-
perfeições físicas (incluindo-se defeitos no poli-
mento propriamente dito).
O ataque químico é utilizado para destacar e algu-
mas vezes identificar características microestrutu-
rais ou fases presentes nas amostras. Os reagentes
utilizados no ataque químico são em geral ácidos
diluídos ou álcalis diluídos em água, álcool ou outro
tipo de solvente.
O ataque químico ocorre quando o ácido ou a base,
quando em contato com a amostra, devido a dife-
rentes taxas de corrosão dos diversos microconsti-
tuintes e sua orientação. O processo de ataque
químico consiste no contato entre a face preparada
da amostra com o reagente apropriado por alguns
segundos até alguns minutos.
A amostra é imediatamente lavada com álcool ab- 3. Limpar a superfície preparada da amostra com
soluto e seca com algodão hidrófilo sob ar quente, álcool absoluto, secando-a com algodão hidró-
após o que pode-se efetuar a observação ao mi- filo e ar quente;
croscópio. 4. Imergir a face preparada da amostra no rea-
gente, tomando a precaução de evitar a forma-
10.1 Reagentes
ção de bolhas de ar, agitando o corpo de prova;
A tabela 4 mostra alguns dos reagentes mais utili- 5. Após o tempo de ataque (entre 1s e 1min), reti-
zados na Metalografia. rar a amostra do reagente, neutralizando-o com
álcool absoluto;
10.2 Procedimento de ataque
6. Secar a amostra com algodão hidrófilo e ar
ATENÇÃO: NO PROCEDIMENTO A quente, retirando todo e qualquer fiapo de algo-
SEGUIR, PRODUTOS QUÍMICOS dão;
PERIGOSOS SÃO MANIPULADOS. 7. Efetuar a análise microscópica;
1. Colocar a amostra sobre a bancada com a face 8. Caso necessário novo ataque, repetir os passos
previamente preparada para cima. Essa face 1 até 6 variando o tempo de imersão;
não deve ser tocada; 9. Se ainda for necessário novo ataque, retornar à
2. Preparar quantidade suficiente de reativo Nital fase de polimento e proceder novo ataque con-
para o ataque por imersão, num vidro de relógio; forme os passos 1 até 6.
11 Exame ao Microscópio
O exame microscópico deve ser iniciado utilizando-
se preferencialmente um microscópio estereoscópi-
co, que revelará imagem geral e tridimensional da
amostra, com a menor ampliação disponível.
O exame detalhado da amostra, com ampliações
entre 50x e 1000x é realizado para a caracterização
da amostra. Essas ampliações são conseguidas
pelo produto da ampliação da ocular pela ampliação
da objetiva.
pliação de até 20.000x e os Microscópios Eletrôni- pulsa o carbono dessas regiões. A presença de
cos de Transmissão (Transmission Electron Micro- fósforo causa fragilidade aos aços e também
scopes, TEM), são capazes de ampliação de até melhora a usinabilidade;
100.000x. b) Enxofre
o
Forma sulfeto de manganês a 1100 C, apre-
11.1 Cálculo do Tamanho de Grão
sentando-se sob a forma de polígonos, glóbulos
Em amostras que possuem fases simples, o tama- ou formas arborescentes de coloração cinzenta.
nho de grão ASTM pode ser estimado por compara- O sulfeto de ferro geralmente não aparece nos
ção direta entre a imagem observada ao microscó- aços comuns; caso aconteça, terá coloração
pio, com ampliação de 100x, e as cartas de tama- amarelada. A presença de enxofre nos aços fa-
nho de grão disponíveis, caracterizando-os entre 1 e cilita a usinabilidade.
10. Dependendo da disponibilidade, existem ocula- c) Manganês
res com desenhos especulares diretamente nas su- Semelhante ao enxofre
as lentes, de forma a poder-se avalizar o tamanho d) Silício
de grão diretamente, de maneira mais exata. O silício não é detectado ao microscópio.
O tamanho de grão ASTM "n" pode ser calculado e) Alumínio
utilizando-se a seguinte relação: Usado como desoxidante nos aços. Forma com
2 (n - 1)
N(A/100) = 2 o oxigênio Al2O3 (alumina) que se apresenta ao
em que: microscópio sob a forma de partículas negras
N número de grãos por polegada quadrada, esparsas ou agrupadas.
numa ampliação de 100x 2. Microconstituintes
n tamanho de grão ASTM a) Ferrita
A Ampliação total Apresenta-se ao microscópio em grãos claros
Para materiais que apresentam uma única fase, o com finos contornos pretos.
tamanho de grão ASTM indica o tamanho de grão b) Cementita
propriamente. Quanto maior o tamanho de grão Apresenta-se clara com contornos pretos.
ASTM (n), menores serão os grãos do material. c) Perlita
Se existem N grãos por polegada quadrada, na am- Corresponde a lamelas de ferrita e cementita.
1/2
pliação A, há (N) grãos ao longo de 1in. O tama- As lamelas podem ser planas, curvas ou ondea-
nho médio de cada grão, na ampliação A é então das. A perlita se apresenta escura ao microscó-
1/2
1/(N) polegada. pio.
O tamanho real do grão é dado por: d) Martensita
Tamanho de grão = 1/(NM) .
1/2 Apresenta ao microscópio aspecto acicular e
escuro.
11.3 Procedimento de Exame ao Microscópio
Atenção – Observar os seguintes cuida-
dos ao trabalhar com o microscópio:
iniciar a observação com a objetiva de menor
ampliação;
o foco para o microscópio monoscópico é con-
seguido aproximando-se a objetiva o mais pos-
sível da amostra, tomando-se o máximo de cui-
dado para que não haja colisão entre esses
elementos e em seguida, com um dos olhos na
ocular, afastar lentamente o canhão. Quando o
objeto estiver com em foco, utilizar o parafuso
de ajuste fino.
se o microscópio utilizado é estereoscópico,
ajustar primeiro o foco com o olho direito, con-
Figura 15 – Microscópio estereoscópico para forme o procedimento anterior e posteriormente
metalografia ajustar a dioptria do olho esquerdo utilizando-se
do ajuste colocado na própria ocular esquerda;
11.2 Interpretação das Micrografias ao mudar-se de objetiva, afastar o canhão do
A correta interpretação das texturas que ocorre nos microscópio da amostra para evitar colisão das
materiais é matéria que requer larga experiência do lentes das objetivas com a amostra;
operador. 1. Cada estudante examinará duas amostras pre-
1. Inclusões paradas:
a) Fósforo por ele próprio
Localiza-se na ferrita e somente pode ser ob- por um dos componentes do seu grupo de
servada ao microscópio quando o seu teor esti- trabalho
ver acima de 1%. Forma estrias claras pois ex- Examinar inicialmente a amostra no microscópio
estereoscópico, em que tem-se uma imagem
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