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1-42
Todo bom mentor espiritual deve ter a convicção de que seu discípulo, precisa
absorver o ensino a ponto de dominar o que recebe como instrução, e para isso, o
mentoreamento deve incluir quantidades equilibradas de três elementos fundamentais:
teoria, prática e inspiração. Esses elementos podem se vivenciados independente da
ordem e das formas a serem utilizados, mas nenhum ensino será completo sem todos os
três. Isso porque teoria sem prática não fará sentido nenhum. Você pode ter
entusiasmo para afirmar: “Ah, eu quero aprender com o meu mestre.”, mas aprender
por aprender, sem colocar em prática o que aprendeu, perde o sentido. Também, a
prática, sem a teoria, o conhecimento, só vai gerar frustrações, por ser um conjunto
vazio e incompleto. Por fim, a teoria e a prática sem a inspiração, tornará tudo
cansativo e monótono. Se deixar de fora da aplicação pessoal qualquer um desses
elementos, o discípulo certamente tenderá ao fracasso ou desistência.
Assim que João Batista anuncia Jesus como o Messias, e Ele dá início ao seu
ministério, em 48 horas cinco discípulos já estavam iniciando o treinamento para a
transformação do mundo. Eles viram Jesus realizar milagres (casamento em Caná c. 2),
experimentaram o desejo de Jesus por reavivamento (2.13-25) e ouviram sua pregação e
ensino (3.1-36). Chega portanto, o momento de eles contemplarem seu futuro como
evangelistas. Jesus busca mostrar a seus discípulos e a nós, como alcançar o mundo para
fora da dimensão da religião. E vemos isso no capítulo 4 do Evangelho de João, numa
região entre a Galiléia e a Judeia, onde um povo perdido e abandonado, sob a perspectiva
espiritual, vivia em uma terra de ninguém, chamada Samaria, e precisavam ouvir as boas
novas.
V.4 – Vemos aqui uma expressão interessante “tinha de”, “era-lhe necessário”. Quem
tem familiaridade com o mapa da região, nos dias de Jesus, não enxerga nenhum,
motivo animador ou que justificasse essa rota. Mas, seguindo por ela, o ponto de parada
seria Sicar, terreno maldito para o judeu. Os judeus desprezavam os samaritanos. Para o
judeu o samaritano, além de ser mestiço, era idólatra, ou seja, eram poluídos
etnicamente, e confusos religiosamente, além de terem a moral degenerada. Isso por
conta dos casamentos com outros povos gentios e a instituição de seu próprio modelo
de adoração, tendo o seu próprio templo, no monte Gerizim, para competir com
Jerusalém. Os judeus, e mais especificamente os fariseus, jamais pisariam em solo
samaritano e a recíproca da falta de amor era a mesma por parte dos samaritanos.
Para evitar a contaminação, o judeu que fosse da judeia para a galileia ou vice-
versa, cruzava o rio Jordão indo por Jericó a invés de seguir por linha reta. Portanto,
dizer “era-lhe necessário passar por Samaria” nos mostra que a necessidade não era
geográfica, mas espiritual.
v.5,6 – O que percebemos é que João, nos apresenta a Cidade de Sicar, não em termos
geográficos, mas em função de sua importância histórica. Pois, Jacó havia comprado
aquele território e dado de presente a seus filhos (Gn 33.18-21). Era também, o local
onde os ossos de José descansaram, após o êxodo do Egito a Terra prometida (Js 24.32).
A informação sobre o poço, também não era por acaso. Samaria não tinha rios para
suprir a população, somente pequenas valetas que logo secavam. Entendemos portanto,
que a localização histórica e a presença do poço de Jacó, deram a Jesus a oportunidade
de chamar a atenção para o conhecido símbolo de vida: A ÁGUA.
v. 6 – A hora sexta era por volta do meio dia, onde o sol estaria muito quente, Por conta
de terem viajado toda a manhã, Jesus e os discípulos precisavam de alimento e água
para dar continuidade à viagem. E, enquanto Jesus descansa ao lado no poço na sombra,
seus discípulos saem para comprar alimento.
Jesus rompe um costume de sua época, ao falar com uma mulher e lhe pedir
educadamente que lhe desse um pouco de água do poço. É bom salientar que Jesus
nunca quebrou um mandamento ou se comportou de forma imoral, mas quebrava
regras, sem sentido, impostas pela religião ou pela sociedade. Ele foi a Sicar para salvar
aquela mulher e sabia exatamente como fazer isso. Ela usava uma armadura emocional
de uma pessoa abatida pela moralidade dos “justos”. Mas, Ele honrou a situação
vulnerável dela, recorrendo a algo que ela poderia fazer por Ele, estimulou o lado
bondoso dela. Isso é discipular de forma a romper os esteriótipos e barreiras da religião
e da sociedade.
Vamos perceber que a partir daqui, Jesus busca envolver a mulher do diálogo, mas ela
em todas as tentativas, busca desviar a discussão:
v.9 – No v.7 Jesus recorre à vontade dela, mas, de maneira defensiva ela
responde no v. 9 – ela ficou chocada: “como tú?...” a ideia da fala era “Ai ai, você me
pedindo água pra beber, um judeu, que me despreza não como judia, mas como mulher
e samaritana. Meu filho, existem séculos de barreiras entre nós, você não pode chegar
assim.” A tensão dela se dava por conta do preconceito de raça.
Na verdade Jesus fala de forma enigmática “dom de deus”? “soubesse quem Ele
é”? “Água Viva”? Jesus enfeita de forma intencional, seu comentário com frases
instigantes e, a seguir, transmite a fala com tranquilidade. Jesus quer despertar a
curiosidade dela. É como se eu dissesse aqui e agora. Vejam estou rico e a partir de
agora vocês nunca mais pagarão a conta de telefone e por minha conta!
Uma coisa é certa, ela era inteligente e tinha senso de humor, mas, a vida dura
que ela enfrentou fez com que ela agisse com sagacidade. Pois, ela tinha marcas,
marcas de muitos homens que a encantaram com conversa sutil e depois a deixaram
despedaçada. Agora, qualquer homem que achasse ser um “dom de Deus”, tinha que
pensar de novo. A maioria dos homens teria captado a mensagem dela e saído de
fininho; mas Jesus não a queria na cama, não queria usar e abusar dela como outros
homens a tinham usado.
v. 13,14 – Jesus recorre à necessidade espiritual dela – Jesus não se altera com a
ironia, Ele aponta a necessidade espiritual da mulher. Ela precisava de uma nova vida. O
pecado tinha destruido sua vida até aquele momento, tanto no contexto teológico,
religioso, quanto no emocional. Ela tinha deixado de viver, só existia, e há uma grande
diferença entre viver e existir. Ela vivia como morta e terminando assim teria a morte
eterna, continuando como viveu.
Jesus, começa a brincar com as imagens da água do poço, que é parada, e a água
corrente que é “VIVA”, para descrever o tipo de vida que Ele oferece para quem está
disponível a mudanças, a crer Nele. Aqueles que confiam em Cristo nunca precisam
olhar para fora de si mesmo em busca de satisfação. Porque o Senhor habita em nosso
interior e supre cada necessidade emocional e espiritual. Nunca ficaremos sem água
novamente.
É obvio que Jesus conhecia a situação dela. Ele sabia tudo sobre a vida de
promiscuidade dela; e foi direto à necessidade dela. Ele apela para o desejo mais
profundo da mulher.
Ela responde de forma evasiva, quer fugir do assunto. Ela esperava mudar a
conversa para outro tema com meias verdades. Vejamos
v. 17a – Ela responde com uma meia verdade - “não tenho marido”. Aqui amados,
Jesus busca transferir o diálogo para abaixo da superficialidade, Ele conhecia de forma
sobrenatural a situação. Ele para de brincar e fazer jogo e apela para a consciência dela
(17.b). Agora é importante também atentar que ele não a condena, não a envergonha
nem tira partido do lado pecaminoso dela. Ele se limita a afirmar a verdade e deixa que
ela se firme por ela mesma. Ela convivia não com seu marido, mas um sexto homem
temporário em uma longa lista de homens temporários. Mas Jesus, independente dessa
feia realidade, encontra uma maneira de elogiar ela, pela parte verdadeira de sua meia
verdade.
Isso é perfeito, pois ela não se sente ameaçada a ponto de querer fugir.
Geralmente, quando alguém é exposto de maneira rápida a algo vergonhoso, a tendência
é a pessoa se sentir nua emocionalmente, e a única resposta natural é fugir para se
esconder, enfiar a cara no buraco de avestruz. Jesus tem um senso de momento
perfeito. Ele estabelece um elo, permite que ela perceba que Ele se preocupa com ela
como pessoa, não como objeto, trata ela com dignidade incomum e fala de maneira
compassiva da carência espiritual que ela têm. Ele não se permitiu ser distraído por ela
a ponto de bajular e envolver em um debate sem sentido.
v. 19,20 – Ela recorre a uma questão controversa - “que legal, vejo que você fez
seminário. Deve ser muito esperto. Então deixa eu lhe perguntar uma coisa que sempre
quis saber mas não entendo. Como você que é tão inteligente vai reconciliar o grande
problema existencial, que acompanha a humanidade, Deus é Soberano e nós humanos
temos livre-arbítrio”. Ela entendia que por conta da cultura só existia um lugar de
adoração e o judeu também, então quem estava certo?
v. 21-24 – Jesus é rápido. E responde a vontade dela – Ele não cedeu a sutileza dela e
também, não ignorou a pergunta. Ele aproveitou a pergunta para trazer a conversa de
volta ao verdadeiro problema. O problema da mulher, como o da maioria da humanidade,
não é intelectual, mas de VONTADE. Jesus responde recorrendo à vontade dela e
apresenta três questões como desafio.
v. 25,26 – a mulher recua – ela recua v.25, entra na linha de defesa, muito usada hoje:
o adiamento. Ela tenta sair da conversa, mostrando que teologia e complicado e
irrelevante, o que importa é que o Messias vem pra resolver. Eles esperavam um
Messais como Moisés. Relativismo puro “ninguém pode de fato dizer o que é verdade e
o que não é até esse grande mestre vir para revelar todas as coisas”.
Jesus quebra todas as defesas e se apresenta como o Messias v. 26. Ela não mais
precisava esperar. Esse deve ser o nosso perfil de discípulo “ter que passar em algum
lugar onde a verdade precisa ser exposta”
CONCLUSÃO
A maior parte de nosso dia cuidamos de necessidades da vida: fazer almoço, cumprir
compromisso, ganhar a vida. Pergunto você tem separado tempo para compartilhar as
voas novas com entusiasmo?
oremos