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GRUPO DE TRABALHO

APERFEIÇOAMENTO DO

MODELO DE
APOIO ÀS ARTES

RELATÓRIO FINAL

12 DE OUTUBRO 2018
ÍNDICE

índice 1 \\\
preâmbulo 2 \\\
propostas de revisão do modelo de apoio às artes 5 / 18 \\\

/// Calendário dos Concursos dos Programas de Apoio às Artes 5 \\\


/// Fins e Objetivos dos Apoios às Artes 6\\\
/// Adequação dos Objetivos relativos às Áreas Artísticas 6\\\
/// Outras Fontes de Financiamento das entidades 6\\\
/// Plano Estratégico Plurianual 7\\\
/// Distribuição Regional dos Apoios 7\\\
/// Abertura de Concursos por Domínios de Atividades e/ou por Áreas Artísticas 8\\\
/// Comissões de Apreciação de Candidaturas e Comissões de Avaliação de Execução dos
Projetos e dos Planos de Atividades Artísticas 9\\\
/// Os Critérios de Apreciação das Candidaturas no Programa de Apoio Sustentado 11\\\
/// Tipologias de Programas de Apoio 13\\\
Apoio Sustentado
Apoio em Parceria
Apoio a Projetos
/// Cumulação de Financiamentos nos Apoios às Artes e Impedimento de Entidades
Beneficiárias de Apoio de concorrerem a outros Programas de Apoio 16\\\
/// Medidas de Simplificação dos Formulários de Candidatura 17\\\
/// Determinação do Montante do Apoio Financeiro; Ajustamento do Montante do Apoio 18\\\

notas finais 18 / 22///


anexos 23 \\\
PREÂMBULO

Através do Despacho n.º 5883/2018, de 15 de junho, do Ministro da Cultura, foi criado


um grupo de trabalho consultivo tendo em vista o aperfeiçoamento do modelo de apoio às
artes estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 103/2017, de 24 de agosto (relativo ao regime de
atribuição de apoios financeiros do Estado, através da DGARTES, a entidades profissionais
nas áreas das artes visuais, das artes performativas e de cruzamento disciplinar) e respetiva
regulamentação.

Do grupo fazem parte a DGARTES, que preside, representantes dos Gabinetes do Ministro
da Cultura e do Secretário de Estado da Cultura, da ANMP – Associação Nacional de
Municípios Portugueses, do CENA-STE – Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do
Audiovisual e dos Músicos, da REDE – Associação de Estruturas para a Dança
Contemporânea, da PLATEIA – Associação de Profissionais das Artes Cénicas, da
PERFORMART – Associação para as artes performativas em Portugal, do Manifesto em
Defesa da Cultura e pelas seguintes individualidades: Ana Marin, Isabel Capeloa Gil, Luís
Ferreira, Manuel da Costa Cabral, Manuela de Melo e Miguel Lobo Antunes. Este conjunto
de membros procura ser abrangente relativamente às principais entidades representativas do
sector e em relação às principais áreas artísticas. No dia 25 de setembro, o Manifesto em
Defesa da Cultura comunicou ao grupo a sua decisão de se retirar do processo em curso. A
ANMP, no dia 1 de outubro, comunicou que «a sua posição sobre revisão do decreto-lei
103/2017 e diplomas complementares será a que vier a resultar da consulta pelo membro
do Governo sobre os projetos de diploma concretos.».

À DGARTES competiu a condução das reuniões, a prestação do necessário apoio técnico e


logístico, bem como a apresentação de uma proposta de redação do relatório final e em
conjunto com os representantes dos Gabinetes do Ministério da Cultura e do Secretário de
Estado da Cultura, igualmente presentes, prestar os esclarecimentos sempre que tal se
justificou.

Aos restantes membros competiu, para além da discussão das temáticas, a apresentação de
propostas concretas de alteração do regime em vigor e a pronúncia sobre as propostas
levadas a debate pelos demais elementos.

O grupo iniciou os trabalhos a 19 de junho, no Palácio da Ajuda, decorreram um total de


9 reuniões e os seus membros solicitaram um adiamento da entrega do relatório final para
12 de outubro, de forma a não prejudicar a qualidade e a abrangência do resultado
global, dado esta constituir uma oportunidade de diálogo que exigia o maior empenho e
considerou também o volume de propostas apresentadas e debatidas.

As sessões permitiram um conhecimento mais aprofundado das características e


potencialidades do modelo, através do confronto de opiniões e de leituras distintas, externas
ao próprio sistema de financiamento, clarificando simultaneamente as posições dos diversos
///2
elementos e entidades representadas, perante as opções adotadas no Decreto-Lei, nos
Regulamentos e nos Avisos de Abertura dos concursos.

As temáticas colocadas a debate foram as seguintes:

/Calendário dos Concursos dos Programas de Apoio às Artes


/Fins e Objetivos dos Apoios às Artes
/Adequação dos Objetivos relativos às Áreas Artísticas
/Outras Fontes de Financiamento das entidades
/Plano Estratégico Plurianual
/Distribuição Regional dos Apoios
/Abertura de Concursos por Domínios de Atividades e/ou por Áreas Artísticas
/Comissões de Apreciação de Candidaturas e Comissões de Avaliação de Execução dos
Projetos e dos Planos de Atividades Artísticas
/Os Critérios de Apreciação das Candidaturas no Programa de Apoio Sustentado
/Tipologias de Programas de Apoio
Apoio Sustentado
Apoio em Parceria
Apoio a Projetos
/Cumulação de Financiamentos nos Apoios às Artes e Impedimento de Entidades
Beneficiárias de Apoio de concorrerem a outros Programas de Apoio
/Medidas de Simplificação dos Formulários de Candidatura
/Determinação do Montante do Apoio Financeiro; Ajustamento do Montante do Apoio

Com efeito, foram inicialmente tratadas pelo grupo as propostas transversais ao regime e a
todas as tipologias de apoio. Seguidamente foram fixadas as propostas e as sugestões
respeitantes aos critérios de apreciação e a cada uma das tipologias de apoio. Foram
ainda vertidas as questões processuais das fases dos concursos de teor administrativo. No
fundo, a estrutura das temáticas e respetivas propostas, acompanham a arquitetura dos
atuais diplomas legais que enquadram o regime de apoio às artes.

Tal como indica o mencionado Despacho n.º 5883/2018, este relatório final contém
propostas s de alteração ao regime em vigor, a colocar à consideração do Ministro da
Cultura. Assim, o documento integra as propostas debatidas, consensualizadas ou não,
organizadas de acordo com os temas antes referidos, bem como um conjunto de
recomendações apresentadas pelo grupo, elaborando-se para todas, o respetivo
enquadramento e fundamentação.

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Surgem em anexo, os seguintes documentos:

//Anexo I: Decreto-Lei nº 103/2017, de 24 de agosto (estabelece o regime de atribuição de


apoios financeiros do Estado, através da DGARTES, a entidades profissionais nas áreas das artes
visuais, das artes performativas e de cruzamento disciplinar)

//Anexo II: Portarias nº 301/2017 e 302/2017, ambas de 16 de outubro (aprova o


Regulamento dos Programas de Apoio às Artes e aprova o Regulamento que estabelece as normas
relativas à composição e funcionamento das comissões de apreciação e das comissões de
avaliação);

//Anexo III: Despacho nº 5883/2018, de 15 de junho

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PROPOSTAS DE REVISÃO DO MODELO DE
APOIO ÀS ARTES
Debatidas no âmbito do Grupo de Trabalho, apresentam-se de seguida quer as propostas
apresentadas, relativamente às quais é efetuada uma referência da posição ou posições
discordantes, quer um conjunto de recomendações que o grupo considerou relevante
apontar neste Relatório.

/// CALENDÁRIO DOS CONCURSOS DOS PROGRAMAS DE APOIO ÀS ARTES

A/PROPOSTA: inserir uma disposição legal que determine que a fase de formalização dos
contratos dos apoios sustentados e dos apoios em parceria deve ocorrer até ao final do
terceiro trimestre do ano anterior ao início da sua vigência. Este princípio deve ser
igualmente acautelado na tipologia de apoio a projetos com as devidas adaptações.

A proposta encontra a sua justificação na necessidade das entidades terem conhecimento


com antecedência, se vão dispor ou não de apoio financeiro e, em caso afirmativo, qual a
verba com que podem contar, pois apenas assim se garante que não há um investimento da
sua parte em atividades para as quais podem não dispor de verba suficiente.

B/PROPOSTA: cumprir efetivamente o calendário definido pela DGARTES após ser


conhecido o número de candidaturas a concurso, relativamente à verificação das condições
de acesso, de apreciação das candidaturas, de audiência dos interessados, de publicação
dos resultados finais.

A proposta encontra o seu fundamento no sentido das entidades terem a garantia de que os
prazos fixados pela DGARTES, em cada uma das fases do concurso, são cumpridos, assim
se assegurando que podem planificar o seu funcionamento.

C/PROPOSTA: alargar o prazo de candidatura para, no mínimo, 60 dias, no apoio


sustentado.

A proposta encontra a sua justificação na necessidade das entidades disporem de um prazo


suficientemente alargado de forma a responderem eficientemente às condições e exigências
de formulação das candidaturas concursais.

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/// FINS E OBJETIVOS DOS APOIOS ÀS ARTES

/PROPOSTA: alterar a redação do n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 103/2017, de


24 de agosto, sendo eliminada parte do segmento da norma (“…e de desenvolvimento
humano, social, económico e cultural.”).

A proposta tem fundamento numa visão em que o apoio do Estado às artes se justifica por si
próprio, não pelos efeitos políticos, económicos e sociais que daí possam resultar, mas
antes pelo cumprimento de fins e objetivos essencialmente de cariz artístico e cultural.

A PLATEIA entende que, apesar da bondade da opinião dominante, que pretende valorizar
a “arte pela arte”, salvando os agentes de obrigações tantas vezes decorrentes da falência
do Estado Social, a verdade é que receia a eliminação da referência ao “desenvolvimento
humano, social, económico e cultural.”. Porque não só lhes parece limitadora das fronteiras
territoriais da estética, como de igual modo lhes parece abrir portas para uma
discricionariedade insindicável das Comissões de Apreciação (associada a questões
eminentemente subjetivas e não mensuráveis que conduzirão ainda a mais conflitualidade
social intra-setor), como poderá também excluir agentes cujo trabalho tem uma inscrição
social relevante, independentemente de um juízo que possa ser feito em termos de uma
estética da receção.

O CENA-STE subscreve a posição de princípio apresentada pela PLATEIA.

A PERFORMART considera que os “fins e objetivos” podem ser diferentes consoante os


diferentes programas de concurso.

/// ADEQUAÇÃO DOS OBJETIVOS RELATIVOS ÀS ÁREAS ARTÍSTICAS

/PROPOSTA: alterar a redação da al. c) do artigo 3.º do Regulamento, considerando a


expressão “cruzar e associar várias disciplinas artísticas” e eliminar o restante trecho da
norma.

A proposta encontra a sua justificação na necessidade de se simplificar a redação da


definição e dos objetivos relativos à área de cruzamento disciplinar, o que facilita a sua
interpretação e adequação aos projetos e atividades que aí se apresentam nos pedidos de
concessão de apoio.

/// OUTRAS FONTES DE FINANCIAMENTO DAS ENTIDADES

A/RECOMENDAÇÃO: a propósito do tema das outras fontes de financiamento no âmbito


geral da política do apoio às artes, que a DGARTES demonstre ação e dinamismo,
nomeadamente na procura de parcerias com instituições públicas ou privadas do setor das
artes, à semelhança do que foi promovido pelo Instituto da Arte Contemporânea e pelo
Instituto das Artes, ou noutro tipo de intervenções que as competências da DGARTES assim o
permitam.
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B/RECOMENDAÇÃO: em articulação com as diferentes instituições do poder local, que
DGARTES procure catalisar financiamentos (europeus, privados e/ou do Estado) para
projetos de intervenção cultural territorial.

As recomendações encontram a sua justificação na necessidade de se estimular as


parcerias estratégicas estabelecidas com o setor cultural, de modo não apenas a
complementar os financiamentos atribuídos pela DGARTES, mas também a reforçar as
ligações das entidades culturais aos seus territórios de atuação.

/// PLANO ESTRATÉGICO PLURIANUAL

/PROPOSTA: eliminar o Plano Estratégico Plurianual que fixa as principais linhas


estratégicas do apoio às artes para quatro anos, previsto no artigo 7.º do Decreto-Lei n.º
103/2017, de 24 de agosto.

A proposta encontra o seu fundamento ao considerar-se que a elaboração do plano


depende de inúmeras variáveis, sendo complexo e demorado. A sua formulação só se
iniciaria após o término do ciclo plurianual de apoio, com a ponderação dos respetivos
resultados, pelo que consequentemente as suas condições já seriam tornadas públicas no
decurso do ciclo de apoio seguinte, inviabilizando a sua atempada concretização.

A PLATEIA entende que a previsão do plano se deve manter uma vez que pode ser um
instrumento importante quanto ao compromisso financeiro a ser assumido em termos
plurianuais no apoio às artes. O CENA-STE também defende que a previsão legal do plano
estratégico plurianual se deve manter.

/// DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DOS APOIOS

/PROPOSTA: aditar ao artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 103/2017, de 24 de agosto, uma


norma que obriga a que sejam explicitados os critérios de distribuição do financiamento por
região e por áreas artísticas e/ou domínios de atividade antes da abertura de um programa
de apoio.

A proposta encontra a sua justificação ao considerar-se que na abertura de um determinado


programa de apoio deve imperar uma prévia e fácil compreensão, por parte das entidades,
das diversas opções de intervenção definidas pela DGARTES, como seja a circunscrição
territorial adotada, o nível de financiamento por região, áreas artísticas e/ou domínios de
atividade. Esta medida facilita, claramente, a capacidade das entidades candidatas
ajustarem, com tempo, as suas candidaturas ou projetos aos elementos que irão constar dos
avisos de abertura respeitantes aos programas de apoio.

A PERFORMAT considera que o número de habitantes e o número de projetos são dados


importantes a ter em conta na distribuição regional do financiamento para os apoios
sustentados. Admitem a discriminação positiva das Regiões Autónomas e consideram ainda

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que a distribuição regional do financiamento deve consignar montantes que garantam a
possibilidade de acesso dos candidatos aos patamares de apoio mais elevados em todas
as áreas e domínios de atividade. A REDE e a PLATEIA subscrevem esta posição.

/// ABERTURA DE CONCURSOS POR DOMÍNIOS DE ATIVIDADES E/OU POR ÁREAS


ARTÍSTICAS

A/PROPOSTA: no apoio sustentado e no apoio em parceria, abrir os concursos por


grandes domínios de atividade, nomeadamente nos domínios da criação e da
programação. Os concursos no domínio da programação devem agregar todas as áreas
artísticas. Os concursos no domínio da criação devem ser desagregados por área artística.

A proposta tem fundamento na perspetiva das associações representativas do setor (REDE,


PERFORMART, PLATEIA e o CENA – STE), dado que a operacionalização dos concursos
por grandes domínios – criação e programação (contemplando as várias áreas artísticas) –,
não apenas possibilita diminuir o número de candidatos por concurso, como permite
comparar dados que são comparáveis, em sede de apreciação de candidaturas.

Acresce que, a PERFORMART entende que deve ser previsto nestas tipologias de apoio, a
abertura de concursos para a criação e programação, sendo o critério de definição o
domínio preponderante de atividade (o que consequentemente, não exclui neste contexto, a
possibilidade das entidades candidatarem atividades respeitantes a outros domínios).
Consideram igualmente a possibilidade de se abrirem concursos nos domínios da criação e
da programação, para as “estruturas-mistas". De igual forma, entendem que devem ser
criadas grelhas distintas de avaliação e fatores de ponderação específicos para ambos os
domínios de atividade. A REDE e a PLATEIA subscrevem esta posição. A PERFORMAT
propõe ainda que os concursos à criação abram obrigatoriamente por área artística e que
os de programação e de criação-programação contemplem essa possibilidade.

B/PROPOSTA: com a finalidade de se aperfeiçoar e aclarar os conceitos:

a) no subdomínio de atividade da “interpretação de repertório, nomeadamente na


área da música” (domínio da criação), previsto na subalínea iii) da alínea a) do
artigo 4.º do Regulamento - eliminar o termo “reportório”;

b) no domínio da edição (alínea f) do artigo 4.º do Regulamento) não se encontra


prevista a edição na área da música, nomeadamente de partituras ou de
interpretação de obras - aditar à redação da norma a inclusão do apoio à edição
de obras musicais.

A proposta encontra a sua justificação no alcance dado à interpretação de obras musicais,


passando a abranger criações passadas ou reconhecidas publicamente, mas também a

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interpretação de obras modernas ou contemporâneas.

/// COMISSÕES DE APRECIAÇÃO DE CANDIDATURAS E COMISSÕES DE AVALIAÇÃO


DE EXECUÇÃO DOS PROJETOS E/OU DOS PLANOS DE ATIVIDADES ARTÍSTICAS

A/PROPOSTA: quer as individualidades convidadas diretamente pela DGARTES, quer


aquelas que se inscrevem na Bolsa de consultores e especialistas, devem constar na
plataforma de recrutamento para ambas as comissões de apreciação e de avaliação;
adequar a redação do artigo 6.º da Portaria n.º 302/2017, de 16 de outubro, em
conformidade.

A proposta encontra a sua justificação ao considerar-se que o mecanismo de escolha dos


membros das comissões é assim clarificado, indo ao encontro do princípio da transparência
no processo de recrutamento.

A PERFORMAT entende não ser obrigatória a inscrição dos elementos “convidados” pela
DGARTES na Bolsa de Especialistas, devendo ficar claro quais os elementos das comissões
que foram selecionados a partir da Bolsa e quais os “convidados”. Consideram que
compete à DGARTES apresentar e justificar as suas escolhas.

B/PROPOSTA: as comissões de apreciação das candidaturas, para além dos especialistas,


podem integrar membros das Direções Regionais de Cultura e representantes da Associação
Nacional de Municípios.

A proposta encontra a sua justificação no nível mais aprofundado de conhecimento do


trabalho desenvolvido pelas entidades candidatas, dada a maior proximidade das Direções
Regionais de Cultura e da Associação Nacional de Municípios aos territórios em causa.

A PERFORMART, a REDE e Luís Ferreira defendem que os elementos da ANMP não devem
fazer parte das comissões devido, entre outros fatores, a eventual existência de conflito de
interesses. Também não defendem a inclusão dos representantes das Direções Regionais de
Cultura nas comissões. O CENA-STE não considera fazer sentido a ANMP estar
representada nas comissões, dada a natureza institucional desta Associação.

Entende ainda a PLATEIA e Luís Ferreira que a integração das Direções Regionais de Cultura
e da Associação Nacional de Municípios não deve ser obrigatória.

C/PROPOSTA: nas situações em que se prevê um elevado número de candidaturas (em


áreas como o teatro, a música e o cruzamento disciplinar), criar dispositivo legal que
viabilize um desdobramento das comissões de apreciação.

A proposta encontra a sua justificação por considerar que o desdobramento melhora e torna
mais eficiente o trabalho dos membros das comissões de apreciação na realização da
análise das candidaturas, abrindo-se assim uma via para o cumprimento do prazo previsto
para a apreciação.

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A PERFORMAT e a REDE defendem concursos nacionais com comissões nacionais. A REDE
aceita ainda assim, um possível desdobramento da comissão em função do número de
candidaturas, mas não necessariamente um desdobramento regional. A PLATEIA aceita um
desdobramento regional de concursos (isto, no caso de o desdobramento ser exigido pelo
número elevado de candidaturas previstas).

A PERFORMAT, Ana Marin e Luís Ferreira defendem que os concursos devem ter sempre
uma dimensão nacional. Não concordando, assim, com a opção de desdobramento
regional dos concursos.

D/PROPOSTA: alterar o artigo 10.º da Portaria n.º 302/2017, de 16 de outubro, no


sentido de estabelecer igualmente que os membros das comissões de avaliação não devem
integrar comissões de apreciação das candidaturas.

A proposta encontra o seu fundamento em tornar mais clara a intervenção de cada


comissão, evitando-se ainda, eventuais problemas de incompatibilidades.

E/PROPOSTA: eliminar o requisito da qualificação académica para o recrutamento dos


membros das comissões de apreciação e de avaliação; alterar o n.º 1 do artigo 6.º da
Portaria n.º 302/2017, de 16 de outubro, em conformidade.

Como justificação para a proposta entende-se que o facto de uma individualidade ser
detentora de uma qualificação académica na área pretendida não é um critério de certeza
sobre a competência e a idoneidade da pessoa para o exercício de funções nas comissões,
mas sim uma presunção. É suficiente como requisito para o recrutamento, a experiência ou
o conhecimento especializado, nomeadamente nas áreas artísticas em causa. A eliminação
do requisito permite também aumentar o universo de individualidades que podem reunir as
condições para serem recrutadas para a Bolsa de consultores e especialistas.

F/PROPOSTA: que os beneficiários de apoio tomem conhecimento da avaliação e das


conclusões das comissões de avaliação e acompanhamento, submetendo a informação que
consta dos respetivos relatórios ao direito do contraditório por parte das entidades
envolvidas; alterar a redação do artigo 15.º Portaria n.º 302/2017, de 16 de outubro, em
conformidade.

A proposta encontra a sua justificação ao considerar-se que a participação das entidades


no processo de avaliação das suas próprias atividades é fundamental, sendo este aspeto
uma inegável mais-valia tanto para a melhoria do seu trabalho, como para a credibilização
da avaliação das atividades apoiadas.

G/RECOMENDAÇÃO: de um reforço efetivo dos recursos humanos e financeiros da


DGARTES no âmbito do acompanhamento e avaliação dos planos de atividades e dos
projetos artísticos.

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A recomendação fundamenta-se no facto do acompanhamento e da avaliação dos planos
de atividades e dos projetos artísticos ser um instrumento central no apoio às artes, que deve
ser melhorado, quer através do escrutínio da qualidade na implementação das atividades e
dos projetos, quer ainda da garantia da eficácia na aplicação dos recursos públicos.

/// OS CRITÉRIOS DE APRECIAÇÃO DAS CANDIDATURAS NO PROGRAMA DE APOIO


SUSTENTADO

A/PROPOSTA: eliminar a pontuação adicional (“majoração”) decorrente de uma relação


comprovada com municípios, prevista no n.º 5 do artigo 6.º do Regulamento.

A proposta encontra a sua justificação por se entender que a análise da intervenção local
não se esgota na relação com as autarquias, pois esta pode integrar o critério de
apreciação “Projeto de gestão” e não ser valorizada autonomamente. Contudo, considera-
se ainda que tal valorização pode ter relevância no âmbito do programa de apoio em
parceria com as autarquias.

B/PROPOSTA: no apoio sustentado, no domínio da criação, eliminar os critérios de


apreciação da repercussão social e da correspondência aos objetivos, previstos,
respetivamente, nas alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento. O critério de
apreciação “Repercussão social” (que envolve identificação de público-alvo,
desenvolvimento de públicos e o plano de comunicação) deve-se manter nos concursos de
apoio sustentado, no domínio da programação.

A proposta encontra o seu fundamento na simplificação do processo de apreciação das


candidaturas dos apoios sustentados. No domínio da criação, a supressão dos dois critérios
identificados tem como finalidade diminuir a margem de livre apreciação ou
discricionariedade técnica dos membros da comissão na emissão dos pareceres que
fundamentam as suas decisões. Por outro lado, possibilita-se uma melhor compreensão pelas
entidades candidatas sobre os motivos e os fundamentos avaliativos que recaem sobre os
seus projetos. A manutenção do critério da repercussão social (nas suas várias dimensões,
como identificação de público-alvo, desenvolvimento de públicos e o plano de
comunicação) nos concursos de apoio à programação prende-se com o facto de este
domínio ter uma vocação ou estar mais direcionado para os públicos.

A PLATEIA - na sequência da preocupação já levantada quanto aos “fins e objetivos do


apoio às artes” e pelas razões aí indicadas - vê também com preocupação a eliminação do
critério “Repercussão social”.

C/PROPOSTA: eliminar o n.º 3 do artigo 6.º do Regulamento, respeitante à exigência de


obtenção de pontuação mínima de 60% em cada um dos critérios de apreciação no apoio
sustentado, para que uma candidatura seja considerada elegível.

A proposta encontra a sua justificação na análise dos resultados do último programa de


apoio sustentado, tendo-se concluído que algumas entidades não foram consideradas para
///11
apoio apenas pelo facto das suas candidaturas não terem obtido a pontuação mínima de
60% num dos critérios, na medida em que a sua missão ou natureza não se restringem ao
cumprimento estrito de um determinado critério, e mais ainda quando obtiveram uma
pontuação global bastante elevada no conjunto das candidaturas.

D/PROPOSTA: no apoio sustentado, fixar a ponderação de 55% para o critério da


qualidade artística do plano de atividades; 20% para o historial e mérito da entidade e da
equipa e 25% para o projeto de gestão. Em alternativa, no apoio sustentado, fixar a
ponderação de 60% para o critério da qualidade artística do plano de atividades; 20%
para o historial e mérito da entidade e da equipa e 20% para o projeto de gestão.
Atendendo à proposta B) supra, estas ponderações apenas poderão ser aplicadas ao
domínio da criação, pois no domínio da programação, a referida proposta vai no sentido
de se manter o critério da repercussão social.

A proposta encontra a sua justificação num processo de redução dos critérios de


apreciação a aplicar às candidaturas, enunciado nalgumas das propostas anteriores,
estabelecendo o critério da qualidade artística como o preponderante. Encontra-se
igualmente relacionada com a proposta A) apresentada no âmbito do tema “Abertura de
Concursos por Domínio de Atividade e por Área Artística”.

A PLATEIA considera que o critério da qualidade artística do plano de atividades não


deveria ultrapassar os 50%.

E/PROPOSTA: eliminar o n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento, relativo à ponderação no


âmbito, da apreciação das candidaturas, da avaliação do desempenho no ciclo plurianual
anterior no que concerne à execução do plano de atividades da entidade. E integrar no
critério previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento, uma expressão que
insira os relatórios da comissão de avaliação, bem como os seus contraditórios, no critério
de apreciação “Entidade e equipa”.

A proposta encontra o seu fundamento ao considerar-se que os elementos ou a informação


do desempenho da entidade no ciclo plurianual de apoio podem ser cotejados no critério
da “Entidade e equipa”. É, assim, simplificado o processo de valoração do trabalho
desenvolvido pelas entidades candidatas.

F/RECOMENDAÇÃO: no próximo concurso de apoio sustentado, no aviso de abertura,


para efeitos de acesso ao patamar mais exigente, considerar como requisito as receitas
próprias previstas pelas entidades candidatas na definição dos montantes mínimos de
acesso, como a título de exemplo a venda de espetáculos e as receitas de bilheteira.

A recomendação encontra a sua justificação por se considerar que as entidades, para


efeitos de acesso ao patamar mais exigente dos sustentados, devem poder integrar todo o

///12
tipo de receitas próprias que consigam obter, tornando mais abrangente o conjunto dos
valores a integrar nos montantes mínimos de acesso.

A REDE e a PERFORMAT defendem a presente recomendação para todos os patamares,


não apenas para o patamar mais exigente.

/// TIPOLOGIAS DE PROGRAMAS DE APOIO


//APOIO SUSTENTADO

A/PROPOSTA: eliminar, na modalidade bienal, a exigência mínima de quatro anos de


atividade profissional continuada, prevista no n.º 3 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º
103/2017, de 24 de agosto. Eliminar, na modalidade quadrienal, a exigência de um
mínimo de seis anos de atividade profissional continuada por parte das entidades (cf. alínea
a) do n.º 4 do artigo 10.º). Ainda na modalidade quadrienal, alterar o requisito da
exigência do apoio do Estado através da DGARTES de um período mínimo de quatro anos
para um período mínimo de dois anos (cf. alínea b) do n.º 4 do artigo 10.º).

A proposta encontra a sua justificação ao permitir-se o acesso de mais entidades aos apoios
plurianuais, pretendendo-se valorizar e promover mais projetos com qualidade, no sentido
de verem o seu trabalho reconhecido de uma forma mais estável.

A PLATEIA entende e concorda com a bondade da proposta. No entanto, considera que a


longo prazo esta possibilidade conduzirá (ou poderá conduzir) a um aumento da
precariedade no setor o que dificultará a estabilidade das organizações. De facto,
aumentando o universo de candidatos - o que é louvável – haverá uma maior rotatividade
entre beneficiários de apoio. E se esta rotatividade em si pode ser vista como uma bondosa
distribuição de recursos, a verdade é que irá perturbar as condições estruturais que
permitem às organizações reivindicarem mais recursos para todo o setor. Portanto, âmbito
de acesso aos concursos alargado, logo maior rotatividade e precariedade mais
generalizada, logo menos capacidade de reivindicação e, consequentemente menos
recursos. Trata-se portanto de uma questão sensível e de implicações estruturais diversas.

A PERFORMAT não subscreve a presente proposta. A capacidade de uma estrutura


desenvolver uma atividade regular, estruturada e consequente ao longo de alguns ciclos
concursais deve, desta forma, ser valorizada. Tanto mais que, na tentativa de simplificar
Critérios de Avaliação, o peso do “histórico” das estruturas diminui significativamente.
Consideram ainda pertinentes as ressalvas da PLATEIA.

B/RECOMENDAÇÃO: clarificar a redação da alínea c) do n.º 4 do artigo 10.º do


Decreto-Lei n.º 103/2017, de 24 de agosto.

A recomendação tem como objetivo evitarem-se dúvidas de interpretação quanto à


obrigação de dispor de instalações apropriadas para o exercício de atividades, enquanto
requisito de acesso ao apoio sustentado quadrienal.

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A PERFORMART considera que é também necessário clarificar o que se entende por
“instalações apropriadas”.

C/PROPOSTA: em candidatura, as entidades devem apresentar um plano geral e


orçamento, que devem ser pormenorizados e detalhados para o primeiro ano de atividade;
para ano ou anos seguintes, as entidades ficam obrigadas a apresentar um plano e
orçamento síntese dos dados com situações exemplificativas.

A proposta encontra a sua justificação por se considerar que só é credível ser exigido para
o primeiro ano de planificação de atividades, um plano e um orçamento pormenorizado
nas candidaturas. A correta aplicação do plano e orçamento para cada um dos anos
seguintes de acordo com os objetivos artísticos que estiveram subjacentes à atribuição de
apoio, é uma tarefa que se consubstancia no trabalho de acompanhamento por parte das
comissões de avaliação e da DGARTES, conforme se encontra atualmente previsto no
respetivo Regulamento.

//APOIO EM PARCERIA

A/PROPOSTA: as entidades privadas que exercem atividades artísticas constituídas e/ou


financiadas maioritariamente por entidades públicas devem ter a possibilidade de
apresentar candidaturas a um concurso próprio e autónomo para essa natureza de
entidades, na tipologia de apoio em parceria ou na tipologia de apoio sustentado. Em
ambas as possibilidades, a forma de atribuição do apoio é a do concurso público.

A proposta encontra a sua justificação no reconhecimento de que nos apoios regulares


plurianuais às atividades, importa clarificar e distinguir a diversidade de entidades que se
apresentam ao programa de apoio sustentado. A grande diversidade situa-se entre as
entidades artísticas independentes e as entidades (mesmo privadas) detentoras de uma
grande influência por parte do poder autárquico, quer estatutariamente, quer a nível do seu
financiamento. De igual modo, é reconhecida, entre outras, as diferenças destas entidades
com influência autárquica em relação às entidades independentes, quer ao nível de
capacidade de resposta em termos estruturais, quer ao nível de gestão cultural, pelo que
cabe intervir na reposição de equilíbrio e justiça na planificação e na sua destrinça, no
contexto da abertura dos concursos aos apoios plurianuais.

A PERFORMART não concorda com a possibilidade das estruturas mencionadas voltarem a


concorrer aos apoios sustentados, devem concorrer aos apoios em parceria, entendendo
que o programa de apoio em parceria deve ser claramente assumido como o programa de
apoio a projetos culturais “para os territórios” e, dentro do Modelo, a ferramenta para a
“correção de assimetrias”. Esta opção permitirá, também, um novo enquadramento
concursal para algumas das estruturas que concorriam a apoios tripartidos e que, com este
modelo, concorreram aos apoios sustentados. A PLATEIA, a REDE e Luís Ferreira subscrevem
esta posição.

///14
A PERFORMART considera ainda, dentro dos Apoios em Parceria, que deve ser
implementado um concurso para “novos projetos para os territórios”.

B/RECOMENDAÇÃO: elaborar um levantamento das estruturas que podem aceder aos


concursos de apoios em parceria nas referidas condições e ainda de um mapeamento dos
projetos já existentes.

A recomendação encontra a sua justificação na necessidade de se produzir informação e


dados estatísticos respeitantes a este universo que possam fundamentar a abertura dos
procedimentos em causa.

Entende-se que as alterações propostas só são exequíveis com a capitalização robusta deste
programa de apoio.

//APOIO A PROJETOS

A/PROPOSTA: clarificar a redação dos n.ºs 1 e 2 do artigo 7.º do Regulamento, o qual


procede à caracterização da tipologia de apoio a projetos.

A proposta encontra a sua justificação ao se considerar que a atual redação dos dois
dispositivos legais não é clara e abarca em demasia diversos conceitos indeterminados,
suscetíveis de variadas interpretações.

B/PROPOSTA: em consonância com a proposta formulada na tipologia de apoio


sustentado, com exceção do domínio da programação, devem ser eliminados os critérios de
apreciação referentes ao alcance social e aos objetivos, estabelecidos, respetivamente nas
alíneas c) e d) do n.º 1 do artigo 9.º do Regulamento. Tal como no apoio sustentado,
também aqui ficou assente que o critério do alcance social (que envolve identificação de
público-alvo, desenvolvimento de públicos e o plano de comunicação) se deve manter nos
concursos de apoio projetos no domínio da programação.

A proposta encontra o seu fundamento na necessidade de simplificação do processo de


apreciação das candidaturas dos apoios a projetos. A supressão dos dois critérios
identificados tem como finalidade diminuir a margem de livre apreciação ou
discricionariedade técnica dos membros da comissão na emissão dos pareceres que
fundamentam as suas decisões. Por outro lado, possibilita-se uma melhor compreensão pelas
entidades candidatas sobre os motivos e os fundamentos avaliativos que recaem sobre os
seus projetos. A manutenção do critério do alcance social (nas suas várias dimensões, como
a identificação de público-alvo, desenvolvimento de públicos e o plano de comunicação)
nos concursos de apoio à programação, prende-se com o facto de este domínio ter uma
vocação ou estar mais direcionado para os públicos.

A PERFORMAT salienta a importância dos critérios de avaliação e dos fatores de


ponderação dos apoios em projeto serem coerentes com o mencionado anteriormente nas
propostas relativas aos “Critérios de Apreciação das Candidaturas no Programa de Apoio

///15
Sustentado”, entendendo que concursos diferentes implicam critérios e fatores de
ponderação diferentes. A REDE concorda com esta posição. Aliás, através das suas
intervenções tem vindo a insistir na necessidade de se aplicar diferentes critérios e fatores de
ponderação em concursos distintos.

C/RECOMENDAÇÃO: na tipologia de apoio a projetos, especificamente no âmbito do


aviso de abertura respeitante ao domínio da internacionalização, considerar como elegíveis
para apoio a 100% todo o tipo de despesas que as entidades candidatas assim o venham
justificar.

A recomendação fundamenta-se na necessidade de alargar o alcance das despesas


elegíveis para apoio, permitindo esse facto que os projetos de internacionalização não
fiquem tão dependentes do apoio de entidades terceiras, que por vezes apresentam
algumas condicionantes e podem comprometer a viabilidade da circulação do projeto no
estrangeiro.

/// CUMULAÇÃO DE FINANCIAMENTOS NOS APOIOS ÀS ARTES E IMPEDIMENTO


DE ENTIDADES BENEFICIÁRIAS DE APOIO DE CONCORREREM A OUTROS PROGRAMAS
DE APOIO

/PROPOSTA: incluir na declaração anual, que estabelece entre outros elementos, os


programas de apoio a abrir no ano seguinte, os domínios de atividade aos quais
excecionalmente as entidades candidatas ou beneficiárias de apoio sustentado podem
apresentar candidatura aos programas de apoio a projetos ou apoio em parceria, quando
assim politicamente é entendido. Nomeadamente, nos domínios da internacionalização e
da edição é proposto que os programas de apoios a projetos devem ser abertos a
beneficiários de apoio sustentado, desde que com atividades distintas.

A proposta encontra a sua justificação na necessidade das entidades de apoio sustentado


poderem, de uma forma adequada e antecipada, planificar melhor o seu programa de
atividades, gerindo assim as oportunidades de apoio a projetos que possam surgir.

A PLATEIA não subscreve a possibilidade de, por decisão política/aviso de abertura, as


organizações com apoio sustentado se poderem candidatar a apoios a projeto, por
entender que tal prejudicaria uma equitativa distribuição de recursos e oportunidades entre
gerações e modos de produção (aqui considerada a acrescida proficiência na instrução de
candidaturas por parte de organizações já beneficiárias de apoio sustentado). Ana Marin
concorda com esta posição.

Concordam com a proposta o CENA-STE, Manuela de Melo e Manuel da Costa Cabral.


Não obstante, tendo em conta a atual dotação orçamental disponível para os programas
de apoio às artes, consideram não ser este o momento indicado para a sua aplicação.

///16
/// MEDIDAS DE SIMPLIFICAÇÃO DO FORMULÁRIO DE CANDIDATURAS

/RECOMENDAÇÃO: adotar medidas de simplificação administrativa dos formulários de


candidaturas aos apoios, como a título de exemplo a adoção de uma linguagem mais
acessível em todos os campos do documento digital, a possibilidade de se realizar o
download do formulário antes da candidatura, de forma a visualizar e trabalhar o
documento autonomamente; a normalização do número de caracteres em diversos campos
do formulário; a transparência no processo e coerência nas respostas às questões
colocadas pelos candidatos; o manual de instruções deve ser claro e sem alterações
durante o período concursal.

A recomendação encontra a sua justificação na necessidade de tornar mais acessível e


eficiente o preenchimento do formulário on-line de candidatura aos apoios, sendo para tal
essencial o fornecimento de soluções e ferramentas que agilizem esse trabalho, com a
prioridade de se adotarem alterações que o simplifique, o padronize no que for adequado,
tornando mais transparente e igualitário o processo.

De referir que foi criado um grupo de trabalho com a principal função de refletir, testar e
apresentar propostas de revisão relativas ao formulário de candidatura aos apoios, com o
objetivo de proceder ao seu melhoramento no respeitante à usabilidade, à acessibilidade, à
semântica, entre outros aspetos. A sua finalidade reside na tentativa de tornar mais acessível
o entendimento e o preenchimento deste formulário on-line, processo de simplificação que,
subsequentemente, não poderá deixar de ponderar as condicionantes decorrentes das
propostas aprovadas respeitantes às alterações do Decreto-Lei e dos Regulamentos do
Apoio às Artes.

/// DETERMINAÇÃO DO MONTANTE DE APOIO FINANCEIRO; AJUSTAMENTO DO


MONTANTE DO APOIO

/RECOMENDAÇÃO: reforçar a dotação financeira na tipologia de apoio sustentado,


tendo como fim último a atribuição do apoio solicitado pela entidade, caso a sua
candidatura venha a ser considerada elegível, no sentido de se salvaguardar a integridade
do projeto quanto aos seus propósitos culturais e artísticos.

A recomendação encontra a sua justificação ao considerar-se que um reforço da dotação


financeira permite acautelar o princípio da justiça distributiva na concessão dos apoios em
relação às candidaturas elegíveis. Possibilita ainda que tendencialmente as entidades não
tenham que vir a ajustar os seus planos de atividades e orçamentos, abrindo-se assim a
porta para que num futuro próximo essa fase processual termine, tornando os concursos mais
céleres na atribuição dos apoios.

Ana Marin não acompanha a posição da atribuição integral dos financiamentos solicitados
pelas entidades, preferindo que permaneça em vigor o modelo atual.

///17
A REDE recomenda a eliminação do processo de ajustamento do montante do apoio.
Entende que as entidades com candidaturas consideradas elegíveis devem receber o valor
do apoio solicitado, dentro de patamares de financiamento que melhor se adequem à sua
dimensão.

NOTAS FINAIS
PERFORMAT - Associação para a Artes Performativas em Portugal

A PERFORMAT integrou este Grupo de Trabalho com a clara convicção que poderia
contribuir para o necessário melhoramento do atual Modelo de Apoio às Artes .
Terminado o período, curto para o número e complexidade dos assuntos, da discussão dos
temas que nos foram propostos e na qual participámos ativamente, a PERFORMAT
considera que o presente Relatório não reflete de forma clara algumas das propostas
apresentadas e discutidas nas sessões de trabalho. Neste sentido, destacamos as seguintes
propostas que importa enfatizar e que consideramos fundamentais para a produção de
alterações significativas ao Modelo de Financiamento às Artes, sendo elas:
/a abertura de mais concursos (quer no âmbito dos Apoios Sustentados, quer no âmbito dos
Apoios em Parceria) para responder de modo mais eficaz à diversidade de projectos que
surgem do meio profissional. Parece-nos fundamental que os Avisos de Abertura dos vários
concursos sejam publicados em simultâneo para que os candidatos conheçam
atempadamente as opções de concursos existentes escolhendo o programa de apoio e o
concurso que melhor se adequa às características dos seus projetos.
/a reformulação do programa de Apoios em Parceria, que entendemos dever ser a via
privilegiada para os “projetos culturais para os territórios”, é nuclear para a correção das
assimetrias culturais e para o reenquadramento concursal de algumas das estruturas
anteriormente abrangidas pelos Apoios Tripartidos e que, quer estatutariamente quer ao
nível do financiamento, têm uma forte participação municipal.
Ressalvamos que o Relatório Final não inclui a proposta por nós apresentadas, (discutida no
GT mas não consensualizada) mas que nos parece pertinente no âmbito do debate em
causa, a saber, a possibilidade de criação de protocolos (DGArtes/ Companhias) que
garantam a sustentabilidade e a atividade continuada de um conjunto de estruturas que têm
vindo a assegurar um serviço público de cultura.
A PERFORMAT considera por fim fundamental que:
/Se concretize o reforço significativo do financiamento aos programas de apoio às artes na
sua generalidade. Esta proposta constituiu-se, de resto, como denominador comum do grupo
de trabalho.
/O Ministério da Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura encontrem uma solução para
a concretização e estruturação de uma rede nacional de equipamentos culturais (Cine-
Teatros/Teatros Municipais), cuja discussão não fazia parte dos temas em debate no GT
mas, que em nosso entender vem complementar o Modelo de Apoio às Artes e que se
revela prioritária na qualificação do tecido cultural e profissional nacional;
/Finalmente, a PERFORMAT considera, ainda, que não foi possível aprofundar
devidamente alguns dos temas discutidos e algumas propostas de alteração. Por esse
motivo, entende que a reflexão e reformulação do actual modelo de apoio às artes não
ficam encerradas.

///18
Ana Marin

/// afastando-se embora da missão do grupo, por não ser objeto dos regulamentos que
cabe discutir, entende, em consciência, que não pode ignorar que se trata de uma questão
central, que já fundamentou um programa específico no seio do Instituto Português das Artes
do espetáculo e do Instituto das Artes, antecessores da DGARTES. Ao tempo, era uma
competência própria do Estado pela insipiência da iniciativa privada; hoje a situação é
naturalmente outra. Seria, pois, interessante a eventual criação de uma linha de apoio à
circulação de objetos artísticos, quer nas áreas das artes performativas quer nas visuais:
conhecemos uma proposta bastante detalhada da Rede dos 5 Sentidos, recentemente
tornada pública, que reflete exatamente sobre esta matéria. Todavia, não defende aqui esta
ou qualquer outra proposta que eventualmente possa existir; referi-la, serve apenas o intuito
de reiterar a evidência do interesse de um programa de apoio desta natureza. Tanto mais
que a circulação poderia servir (e serve, mas em pouquíssimos casos) como justificação de
um número bastante razoável de equipamentos culturais (propositadamente não falamos de
Teatros ou de Cine-Teatros…), criados de raiz ou recuperados, onde fundos comunitários e
dinheiros públicos e privados investiram somas avultadas, sem que, lamentavelmente, e em
simultâneo, se cuidasse das equipas e dos programas que lhes dessem corpo, remetendo-se
essa responsabilidade para as autarquias, proprietárias na maioria dos casos. Hoje temos
“elefantes brancos” espalhados pelo país, sem uma missão, sem equipamentos adequados,
sem equipa e, naturalmente, sem públicos;
/// uma segunda nota reitera a recomendação consensual relativa à necessidade e
urgência em reforçar os quadros técnicos da DGARTES e os orçamentos disponíveis, não só
para que seja maior a disponibilidade dos apoios a conceder, mas também para que os
serviços possam cumprir com maior eficiência e eficácia as funções cometidas à DGArtes,
designadamente no que ao cumprimento de prazos respeita, bem como ao natural
acompanhamento das atividades financiadas;
/// uma terceira nota respeita a uma referência congratulatória com a forma como
decorreram os trabalhos prevalecendo quase sempre a correção e o bom senso. Referência
especial cabe ainda, e sobretudo, à Dra. Sílvia Câmara e a toda a equipa da DGARTES,
pela dedicação e disponibilidade sempre manifestadas, suporte incontornável dos
resultados a que agora chegamos.

PLATEIA - Associação de Profissionais das Artes Cénicas

/// importa sublinhar não só a necessidade de um reforço de financiamento (do apoio às


artes e de todo o setor cultural), mas a necessidade de políticas integradas que considerem
simultaneamente vários eixos de ação. Exemplo importante será o da discussão/decisão
integrada das alterações no apoio às artes e da criação de uma rede de cineteatros; tanto
mais que, no momento em que o Grupo de trabalho termina a sua missão, dá entrada na
Assembleia da República, uma proposta para a criação da rede em causa.

///19
CENA-STE - Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos

///combate à Precariedade
Como deram nota na primeira reunião do Grupo de Trabalho, o facto de não se ter
decidido abordar de forma obrigatória o tema da precariedade laboral - definido pelo
Ministério da Cultura e pela DGARTES como um dos pontos a combater com o atual
Modelo -, acabou por não permitir em nenhum momento uma discussão profunda sobre
como pode o Modelo de Apoio às Artes ajudar a melhorar esta realidade.
Assim, este Modelo revisto continuará a não ter medidas eficazes de combate à
precariedade. Consideram que:
/se deve proceder ao desenvolvimento de um plano realizado em articulação com o
Sindicato, as entidades e as estruturas estatais, que estabeleça medidas definidas para
erradicar a precariedade laboral no sector,
/estas medidas, devem ser baseadas num estudo a ser realizado durante o corrente ciclo
de apoios, nomeadamente no que diz respeito aos tipos de contratação.

///financiamento
O CENA-STE considera fundamental um aumento assinalável das verbas a consignar para o
Apoio às Artes. Só assim será possível que este ou qualquer outro Modelo atinjam os
objetivos que julgam indispensáveis, criando condições:
/de estabilidade para as entidades de criação e programação,
/para a melhoria das condições laborais dos seus trabalhadores e para o aumento de
postos de trabalho,
/de financiamento que, consolidando as entidades atualmente no ativo, potenciem o
aparecimento de novos projetos nas áreas artísticas com maior défice ou nas regiões hoje
mais afastadas do acesso à criação, fruição e experimentação artística e cultural,
/que potenciem a abertura de linhas de financiamento de apoio com montantes
significativos e que representem verdadeiras oportunidades para impulsionar as atividades
das entidades candidatas.

///Sobre o possível resultado das propostas de alteração e recomendação


Durante as manifestações do dia 6 de Abril de 2018 e durante os dias que as
antecederam, ficou claro que este Modelo de Apoio às Artes se tinha demonstrado ineficaz
em vários dos seus pontos, independentemente dos montantes destinados aos apoios.
Consideram que muitos dos temas não tiveram tempo para aprofundamento e é por isso
necessário continuar a trabalhar sobre eles.
Deste modo, concluem que:
/o Modelo de Apoio às Artes deve ser enquadrado e discutido num contexto mais
alargado, como uma ferramenta de um verdadeiro Serviço Público de Cultura, com
objetivos artísticos, culturais, sociais e políticos bem definidos,
/o resultado final deste Grupo de Trabalho, resulta em algumas propostas/recomendações
que consideram positivas e que esperam ver aplicadas, ainda assim, o resultado final fica
aquém do que consideram ideal,

///20
/a aplicação de algumas das propostas/recomendações de forma avulsa, pode criar
vazios no Modelo, visto que muitas das constantes neste Relatório foram pensadas de forma
integrada,
/a exemplo dos anteriores, este Governo continua a não querer dar o passo de criar e
transformar o Serviço Público de Cultura num objetivo primordial da sua governação.

ANMP - Associação Nacional de Municípios Portugueses

///Dada a natureza consultiva do grupo de trabalho e a abrangência dos seus membros


que representam, natural e legitimamente, interesses distintos e muitas vezes antagónicos;
dado estarmos perante um relatório e não um parecer ou voto neste ou naquele sentido, a
posição da ANMP sobre a necessária revisão do decreto-lei 103/2017 de 24 de agosto
e diplomas complementares será a que vier a resultar da consulta pelo membro do Governo
sobre os projetos de diploma concretos.

///Relativamente ao teor do relatório:


A ANMP não se revê em qualquer opinião que preveja o afastamento das autarquias,
nomeadamente no que se refere à participação destas nas comissões de avaliação e de
apreciação ou à inelegibilidade das entidades constituídas, detidas ou maioritariamente
participadas pelos municípios.
A ANMP considera importante a existência de um plano estratégico plurianual (conforme
previsto no regime em vigor) com horizonte temporal alargado (dada a sua natureza
estratégica) devendo o mesmo evidenciar a política geral e os principais objetivos do apoio
às artes, de entre os quais não poderá deixar de constar, entre outros, o alcance social das
iniciativas a apoiar.
A ANMP afirma com veemência a importância de serem fixados objetivos associados à
coesão territorial e à correção de assimetrias ao nível da oferta e do acesso à cultura; neste
sentido, assumem particular importância, entre outros:
/O apoio a equipamentos municipais que acolhem grupos sem instalações próprias ou em
itinerância,
/A implementação de medidas complementares de financiamento, como seja o apoio aos
equipamentos culturais já existentes, designadamente os teatros e cineteatros,
/A definição, através de critérios objetivos, do que se entende por “territórios com oferta
cultural reduzida ou inexistente”, bem como o papel dos municípios nos programas em
parceria,
/A revisão dos limites máximos de financiamento por região,
/A valorização de parcerias que envolvam autarquias locais ou entidades intermunicipais,
/A adoção de medidas de reconhecimento e incentivo a projetos e estruturas que estimulem
e fomentem a relação entre a cultura e as políticas educativas locais para a necessária
mediação e formação de novos públicos,
/O estabelecimento de concursos distintos para entidades com maior longevidade e
intervenção relevante nos territórios em que desenvolvem a sua atividade, cuja atividade
seja comprovada pelas direções regionais de cultura e pelos municípios.

///21
DECLARAÇÃO REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea

///A REDE aceitou fazer parte do Grupo de Trabalho de Aperfeiçoamento do Modelo de


Apoio às Artes (GT), no qual participou com a maior disponibilidade para dialogar,
suportada nos pressupostos dos trabalhos que desenvolveu anteriormente. A REDE entende
esta participação como necessária, apesar de manter que o Modelo de Apoio às Artes
precisava de ser reformulado e não apenas aperfeiçoado.

///Decorrida a totalidade deste processo, a REDE considera necessário manifestar que o


presente relatório não espelha de forma inequívoca a complexidade das discussões tidas no
seio do GT e segue uma organização que, embora alinhada com as temáticas a tratar
primeiramente identificadas, não distingue aspetos essenciais de aspetos secundários,
plasmando conclusões que ficam aquém dos considerandos que o GT foi integrando como
importantes salvaguardar junto do MC. Também por falta de tempo e por força da
densidade das temáticas, a intervenção do GT limitou a sua discussão ao que está
atualmente confinado na legislação, acabando por se concretizar em propostas de
aperfeiçoamento legal, em vez do melhoramento efetivo do sistema de apoios e da sua
reformulação.

///Não obstante os resultados plasmados em alguns pontos deste relatório, que vão de
encontro a reivindicações antigas da REDE, este não abrange todas as suas preocupações
no que concerne o Apoio às Artes, não considerando a REDE, por isso, findo o processo de
defesa de um sistema mais adequado à realidade e atualidade nacionais.

/ ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses


/CENA-STE – Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos
/REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea
/PLATEIA – Associação de Profissionais das Artes Cénicas
/PERFORMART – Associação para as Artes Performativas em Portugal
/Ana Marin
/Isabel Capeloa Gil
/Luís Ferreira
/Manuel da Costa Cabral
/Manuela de Melo
/Miguel Lobo Antunes

///22

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