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Aula 00

Atualidades - Temas de Interesse Geral para a Redação do TRF 2ª Região

Professor: Leandro Signori

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Atualidades Temas de Interesse Geral para a Redação TRF2
Prof. Leandro Signori

AULA 00 – Temas de Política e Sociedade

Caro aluno,

É com imenso prazer que nos encontramos no ESTRATÉGIA


CONCURSOS para esta jornada em busca de um excelente resultado na prova
de REDAÇÃO no próximo concurso do TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA
2ª REGIÃO - cargos de Analista Judiciário/Sem Especialidade - Área
Administrativa e Técnico Judiciário/Sem Especialidade - Área
Administrativa.

Sou o Professor Leandro Signori, gaúcho de Lajeado. Ingressei no


serviço público com 21 anos e já trabalhei nas três esferas da administração
pública – municipal, estadual e federal - o que tem sido de grande valia para a
minha formação profissional – servidor e docente. Nas Prefeituras de Porto
Alegre e São Leopoldo desenvolvi minhas atividades nas respectivas secretarias
municipais de meio ambiente; na administração estadual, fui servidor da
Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), estatal do governo do Rio
Grande do Sul.

Durante muitos anos, fui também servidor público federal, atuando como
geógrafo no Ministério da Integração Nacional, onde trabalhei com planejamento
e desenvolvimento territorial e regional.

Graduei-me em Geografia – Licenciatura - pela Universidade Federal do


Rio Grande do Sul (UFRGS) e – Bacharel - pelo UNICEUB em Brasília. A
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oportunidade de exercer a docência e poder alcançar o conhecimento necessário


para a aprovação dos meus alunos me inspira diariamente e me traz grande
satisfação. Como professor em cursos preparatórios on line e presencial,
ministro as disciplinas de Atualidades, Conhecimentos Gerais, Realidade
Brasileira e Geografia.

Feita a minha apresentação, agora vamos falar do curso.

Conforme consta do edital do concurso, o tema da redação virá de assunto


de interesse geral. Dessa forma, este será um curso de teoria, onde vamos
discorrer sobre temas relevantes e atuais do Brasil e do mundo.
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O objetivo do curso é lhe oferecer subsídios teóricos sobre um elenco de


temas, para que você tenha argumentos para desenvolver o seu texto na
redação.

A seleção dos temas tem como base a minha experiência como professor
de Atualidades, ao longo dos anos, em concursos públicos, para provas objetivas
e discursivas. Também considero o perfil da banca, no caso a Consulplan, e o
permanente acompanhamento que faço das provas discursivas, que tenham
como tema um assunto de atualidades – temas de interesse geral.

Ao todo serão sete aulas, incluindo esta aula demonstrativa, cuja estrutura
é a seguinte:

Aula Conteúdo Programático

00 Temas de Política e Sociedade

01 Temas de Política e Sociedade

02 Temas de Política e Sociedade

03 Temas de Política e Sociedade

04 Temas de Economia e Política Internacional

05 Temas de Economia Brasileira

Temas de Meio Ambiente e Desenvolvimento


06
Sustentável
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Quem quiser também pode me seguir no Facebook curtindo a minha fan


page. Nela, divulgo gabaritos extraoficiais de provas, publico artigos,
compartilho notícias e informações importantes do mundo atual. Segue o link:
https://www.facebook.com/leandrosignoriatualidades.

Sem mais delongas, vamos aos estudos, porque o nosso objetivo é que
você tenha um excelente desempenho em Atualidades.

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Para isso, além de estudar, você não pode ficar com nenhuma dúvida.
Portanto, não as deixe para depois. Surgindo a dúvida, não hesite em contatar-
me no nosso Fórum.

Estou aqui neste curso muito motivado, caminhando junto com você,
procurando passar o melhor conhecimento para a sua aprendizagem e sempre
à disposição no Fórum de Dúvidas.

Ótimos estudos e fiquem com Deus!

Forte Abraço,

Professor Leandro Signori

“Tudo posso naquele que me fortalece.”

(Filipenses 4:13)

Sumário Página

1. Tema 1 – Violência e segurança pública 4

2. Tema 2 – A violência contra a mulher 9

3. Tema 3 – As drogas e o uso medicinal da maconha 15

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1. Tema 1 – Violência e segurança pública

O número total de mortos por causas violentas é muito alto no Brasil, e


o de homicídios (assassinatos) é o maior do mundo. Relatório publicado pela
OMS/ONU em 2014, com dados de 2012, informa que 13% por cento dos
homicídios mundiais ocorrem no Brasil. Considerando a taxa de homicídios por
100 mil habitantes, o Brasil é o 11º país mais violento do mundo.
Segundo o Atlas da Violência (Ipea/FBSP), houve pelo menos 59.627
assassinatos no Brasil em 2014, a maior taxa já registrada no país. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, qualquer taxa acima de
dez homicídios por 100 mil habitantes ao ano já é considerada uma
situação de violência epidêmica e, portanto, inaceitável. A taxa de homicídios
no Brasil, nos últimos anos, tem oscilado entre 25 a 29 homicídios por 100
mil habitantes ao ano, ou seja, há uma epidemia de violência no Brasil. Em
2014, foi de 29,1 mortes por 100 mil habitantes.
Mais da metade de todos os assassinatos no Brasil é de jovens (brasileiros
na faixa etária de 15 a 29 anos), dos quais mais de 90% são do sexo masculino
e mais de 70% são negros. A violência é a principal causa de morte de
jovens – e a terceira da população em geral. A violência não faz parte do
cotidiano da juventude só pelo lado do número de vítimas. Mais da metade de
todos os presidiários do Brasil, tem entre 18 e 29 anos. E também aí, há
a marca de desigualdades sociais e vulnerabilidade: 61% dos detentos são
negros e 58% não completaram o ensino fundamental.

Perfil da Criminalidade:
Faixa etária: jovem (15 a 29 anos)
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Gênero: masculino
Classe social: pobre
Meio social: periferia das cidades
Cor da pele: preta/parda
Escolaridade: ensino fundamental incompleto

Mudança de perfil
Desde 2002, a taxa de homicídios varia pouco no Brasil. Mas isso não é
uma boa notícia. Primeiro, porque é um patamar muito elevado de mortes.

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Segundo, porque essa aparente estabilidade disfarça mudanças significativas no


perfil da violência no país.
Uma delas diz respeito à distribuição geográfica: há uma interiorização
dos homicídios, das grandes regiões metropolitanas e conglomerados
urbanos para capitais menores e destas para cidades do interior. O
crescimento econômico de cidades do interior sem o adequado investimento em
segurança pública e infraestrutura é tido como uma das causas para isso. Outro
motivo é o fato de que muitos pequenos municípios são controlados pelo crime
organizado por estar em rota de tráfico de drogas e contrabando.
Há também uma nítida mudança nos índices de violência entre as regiões
brasileiras. A violência explodiu no Norte e no Nordeste, são as regiões com as
maiores taxas de homicídios. Depois, seguem o Centro-Oeste, Sudeste e Sul,
essa última, a região que apresenta os menores índices do país. Segundo o 9º
Anuário de Segurança Pública, Alagoas e São Paulo são respectivamente os
Estados com a maior e menor taxa de mortes intencionais (homicídios,
latrocínios, lesão corporal seguida de morte e em confrontos com a polícia).
Alagoas ocupa o primeiro lugar em números absolutos. Já para o Diagnóstico
dos Homicídios no Brasil, Ceará e Santa Catarina são os Estados com as menores
taxas de homicídios, e, a Bahia ocupa o primeiro lugar em números absolutos.
O Sudeste é a região onde as taxas de homicídios tiveram a maior queda,
puxadas por São Paulo e Rio de Janeiro. O aumento da violência contra o
conjunto da população negra é outra mudança escondida na taxa média e
estável do país. Nos últimos anos, o número de homicídios teve queda acentuada
entre brancos e aumentou na população negra.

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De acordo com especialistas em segurança pública, a queda de homicídios


no Estado de São Paulo se deve, fundamentalmente, ao melhor aparelhamento
da Polícia Civil – responsável pelas investigações – e da Polícia Militar. Outra
causa é um dado demográfico: a população de idosos do Estado aumenta. E os
homicídios atingem principalmente a população mais jovem, que se envolve com
mais frequência em situações de risco, como o tráfico de drogas. Assim,
conforme a população idosa se torna proporcionalmente maior, cai o índice de
assassinatos. A partir dos 50 anos de idade, inclusive, o homicídio nem sequer
aparece entre as quatro principais causas de morte de homens e mulheres no
Brasil.

Causas da violência
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Até a metade da década de 1950, o Brasil era um país majoritariamente


rural. A partir desta data passou por um processo de urbanização acelerada, que
teve como causas um rápido processo de industrialização e o êxodo rural.
A mecanização do campo liberou grandes contingentes de trabalhadores
das suas atividades rurais. Esse fator somado a histórica concentração de terras,
as péssimas condições de vida no meio rural e a maior oferta de emprego nas
cidades levou milhões de trabalhadores a se deslocarem do campo para a cidade,
em um período de poucas décadas.
As cidades não tiveram tempo, nem condições de se adaptarem,
ocasionado o surgimento de grandes problemas urbanos. Os migrantes do
campo foram residir na periferia e na periferia da periferia das cidades. Nesses
lugares faltava quase tudo, infraestrutura, saneamento, áreas verdes e de lazer,
saúde, educação, transporte de qualidade e moradia. Soma-se a isso tudo a
carência de emprego e temos um ambiente propício para a explosão da violência
e da criminalidade.
A criminalidade tem como causas:
- Ausência ou omissão do Estado (poder público), principalmente
nas periferias – Lembre-se sempre que, educação, saúde, trabalho, moradia,
lazer e segurança são direitos sociais garantidos constitucionalmente aos
cidadãos. Cabe ao Poder Público provê-los à coletividade.
- Exclusão social ou desigualdade social ou má distribuição de
renda – Observa-se que a pobreza é a principal causa da criminalidade, mas
não a única. A relação não é direta, não é de causa e efeito, pois não se pode
dizer que os ladrões surgem todos da pobreza. Aliás, sabemos disso muito bem
no Brasil, vide o grande número de larápios provenientes das classes mais
abastadas.
- Ação dos traficantes de drogas ilícitas – O narcotráfico contribui
significativamente para o aumento da violência e da sensação de insegurança
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nas cidades brasileiras.

Pessoal, sem separar das causas acima, considero importante citar dois
fatores:
- Juventude em risco social: Situações como deixar a casa antes dos 15
anos de idade, não ir à escola, ou ter um lar desestruturado sem pai ou mãe
afeta diretamente na iniciação do jovem no crime. Segundo o Ministério Público
de São Paulo, dois em cada três jovens da Fundação Casa vieram de lares sem
o pai, e grande parcela deles não têm qualquer contato com o pai.
- Armamentos: A facilidade de acesso a armas mortíferas, principalmente
as ramas de fogo.

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Violência policial
Nos últimos meses, a atuação, considerada, violenta da polícia em
manifestações populares tem sido objeto de críticas e denunciadas por
instituições de defesa dos direitos humanos. Essas instituições denunciam
também um conjunto de violações policiais, onde se incluem crimes por
vingança, desaparecimento forçados e execuções.
Segundo o Atlas da Violência, 3.009 pessoas morreram assassinadas em
ações das polícias Civil e Militar em todo o país em 2014 – um aumento de 27%
em relação ao ano anterior. O número é considerado altíssimo nas comparações
internacionais, evidenciando o uso abusivo da força letal como resposta pública
ao crime e à violência.
De modo geral, os assassinatos de civis por policiais aparecem nos boletins
de ocorrência como “auto de resistência” ou “homicídios decorrentes de
intervenção policial”, o que, em tese, caracterizaria mortes lícitas no entender
da Justiça, decorrentes de confrontos. Ou seja, parte-se do pressuposto de que
o policial agiu em legítima defesa. Mas isso nem sempre condiz com a realidade,
já que a coleta dos dados é feita sem o rigor e a transparência necessários. Em
muitos casos, essas situações acabam camuflando mortes de civis inocentes.
Também representam graves casos de violações policiais as chamadas
execuções extrajudiciais.
A truculência da Polícia Militar em diversos episódios recentes acaba
expondo a figura do agente policial, que, na verdade, responde a uma cadeia de
comando liderada pelos governadores dos estados, que são os responsáveis
diretos por garantir a segurança da população e combater a criminalidade. Para
muitos especialistas, os governantes e as autoridades de segurança comportam-
se de forma passiva, tolerando os abusos e não punindo devidamente os
responsáveis. Em última instância, são os governadores que direcionam a
atuação dos agentes e impõe – ou não – os limites à repressão.
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O que se discute é o padrão operacional das polícias dentro de um modelo


de segurança pautado pela “lógica do enfrentamento e da garantia da ordem
acima de direitos”, de acordo com o Atlas da Violência. Especialistas apontam
que a separação das funções das polícias Civil e Militar, adotada durante a
ditadura militar (1964-1985) é uma das causas da violência policial. Além disso,
como resquício da ditadura, foi mantida pela Polícia Militar uma postura
repressora e abusiva de ataque ao “inimigo”, reproduzida até hoje na sua
atuação e na formação e treinamento dos jovens policiais.
Além disso, os policiais estão inseridos em um sistema de segurança que
não valoriza o trabalho do agente e não garante as condições básicas para a
atividade. Os baixos salários, a falta de treinamento e equipamentos adequados,
serviços de inteligência precários e o despreparo psicológico da polícia para lidar

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com situações de extrema tensão acabam potencializando os erros e as


consequentes mortes nas ações policiais.
Além de campeão de homicídios, o Brasil detém outro triste título: é um
dos países em que os policiais mais matam – e também mais morrem. Conforme
dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2013, 2.212 pessoas
morreram assassinadas em ações das polícias Civil e Militar em todo o país. Em
2014, foram 3.009. Se consideramos de 2009 a 2014, a soma chega a 14.196
mortes. É uma média de 6,5 pessoas por dia. É um número altíssimo. Para efeito
de comparação, a média da polícia norte-americana é de pouco mais de 1 pessoa
morta por dia. Segundo o Anuário, essa é uma “evidência empírica de que as
polícias brasileiras mantêm um padrão absolutamente abusivo do uso da força
letal como resposta pública ao crime e à violência”.
No alvo da violência policial aparecem novamente os negros. Estudo
divulgado em 2014, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mostra
que a proporção de negros mortos por ações da Polícia Militar de São Paulo,
entre 2010 e 2011, foi três vezes maior que a de brancos. A pesquisa também
constatou que a própria vigilância policial é operada de modo diferente. A taxa
de flagrantes de negros é mais do que o dobro da verificada para brancos.
Segundo os pesquisadores, os dados demonstram que a vigilância policial
reconhece os negros como suspeitos criminais em potencial, flagrando em maior
intensidade as suas condutas ilegais, ao passo que os brancos gozam de menor
vigilância da polícia.
Se, por um lado, o grau de letalidade da polícia brasileira é alto, por outro,
os policiais também são vítimas desse mesmo sistema. De acordo com o Anuário
de Segurança Pública, 408 policiais foram mortos em 2013; em 2014, outros
398 policiais – média de pelo menos um por dia – segundo o FBSP. Nos países
desenvolvidos, como o Reino Unido, dificilmente mais do que uma dezena de
policiais perdem a vida por ano em decorrência de sua profissão.
Um dado que chama a atenção é que do total de policiais brasileiros
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assassinados em 2014, 78 estavam em serviço, enquanto 329 não estavam


trabalhando oficialmente no momento da morte. Uma das explicações para esse
fenômeno é que, devido à baixa remuneração, muitos policiais prestam serviço
por conta própria, fazendo “bicos” para aumentar a renda. Essa é uma das
situações em que muitos deles perdem a vida, quando estão sem o apoio de
colegas. Muitos são também mortos por perseguição de facções criminosas fora
do trabalho.

Sistema Prisional
Por lei, a grande responsabilidade pela manutenção dos presos no país
está a cargo dos estados. Segundo o Ministério da Justiça (2016, com dados do

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1º semestre de 2014), a população carcerária chegou a 607.731. É o maior


número da história e, em termos mundiais, o país só fica atrás de Estados Unidos
(2,228 milhões), China (1,65 milhão) e Rússia (673.818). Ao se considerar as
prisões domiciliares no Brasil, que totalizam 147.937, segundo dados do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), o Brasil chega a 775.668 presos, supera a
população carcerária da Rússia e assume a terceira posição mundial.
O problema é que o total de vagas disponível no sistema penitenciário é
de 357.219 (CNJ/junho de 2014). Em outras palavras, há 1,6 presos para cada
vaga. E o excedente de detentos só cresce, com o aumento das prisões
provisórias – realizadas antes do julgamento e condenação – na última década.
Segundo o CNJ, 41% dos detentos são presos em situação provisória (sem
julgamento). Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que produz o
Anuário da Segurança Pública, os números elevados de encarceramento
resultam da política de guerra às drogas em vários estados e da morosidade
judicial – há acusados que respondem a todo o processo, presos, às vezes por
dois anos ou mais.
Apesar da taxa média de superlotação no país ser de 1,6 presos por vaga,
ela é maior que isso em 15 estados. A defasagem de vagas é mais grave nas
regiões mais pobres: Nordeste e Norte, nos Estados de Alagoas, Amazonas,
Pernambuco, Amapá, Rio Grande do Norte e Bahia. O Tocantins, Espírito Santo
e Paraná têm o menor déficit do Brasil.
A superlotação agrava a precariedade das penitenciárias. Celas lotadas,
em que os presos têm de se revezar para dormir, com falta de condições
sanitárias, contribuem para a disseminação de doenças, a violência interna e o
crescimento das facções criminosas, ao facilitar o contato entre presos perigosos
e os detidos por delitos leves. O excedente de detentos cresce também devido
a outros fatores, como a lentidão da Justiça e, consequentemente, o aumento
das prisões provisórias, realizadas antes do julgamento e condenação.
Diante deste contexto, o Ministério da Justiça lançou a Política Nacional
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de Alternativas Penais com o objetivo de reduzir o número de presos no país


por meio da aplicação de punições que substituam a privação da liberdade. Pelo
plano, será criado um grupo de trabalho com integrantes do Judiciário, do Poder
Executivo e da sociedade civil para elaborar um modelo de gestão de alternativas
penais a serem aplicadas pelas autoridades estaduais. Serão cinco eixos
principais de trabalho: promoção de desencarceramento e da intervenção
policial mínima; enfrentamento à cultura de encarceramento; ampliação e
qualificação da rede de serviços de acompanhamento das alternativas penais,
fomento ao controle e à participação social nos processos de formulação,
implementação, monitoramento e avaliação da política de alternativas penais, e
qualificação da gestão da informação.

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2. Tema 2 – A violência contra a mulher


A taxa de homicídios de mulheres no Brasil é de 4,8 para cada 100 mil
mulheres, o que coloca o Brasil na vergonhosa quinta posição, entre 83 nações,
no ranking mundial de proporção de assassinatos de mulheres. Em 2014, ao
menos 106.824 brasileiras precisaram de atendimento médico por violência
doméstica e sexual.

As mulheres negras são as vítimas prioritárias da violência. No período de


1980 a 2013, o homicídio de mulheres brancas diminuiu 9,8%, enquanto o
homicídio de negras aumentou 54,2%.
De acordo com Matias (2016), “os assassinatos de mulheres têm duas
características que o distinguem dos homicídios masculinos: os meios utilizados
e o local onde acontecem. O uso de força física e de objetos cortantes e
penetrantes indica motivos passionais. E o fato de boa parte dos crimes
ocorrerem na residência mostra o caráter doméstico desses homicídios”.
O estupro é outra forma brutal e comum de violência contra a mulher. Em
2014, foram registrados mais de 47 mil casos, o segundo maior índice mundial,
atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, segundo especialistas, o número
de estupros pode ser até dez vezes maior, ou seja, quase 500 mil casos por ano
(ESTADÃO, 30-06-2015). Há uma subnotificação, ou seja, o número de
mulheres que faz o registro da ocorrência do crime nos órgãos policiais é muito
menor do que os estupros efetivamente ocorridos.
Em 2016, a Lei Maria da Penha faz 10 anos. O seu nome é uma
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, cearense, farmacêutica e
bioquímica foi vítima da violência doméstica por 23 anos durante seu casamento.
Em 1983, o marido tentou assassiná-la por duas vezes. Na primeira vez, com
arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e
afogamento.

Após essa tentativa de homicídio, ela tomou coragem e o denunciou. O


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processo contra o marido de Maria da Penha demorou 19 anos, ele foi condenado
a oito anos de prisão. Ficou preso só por dois anos, sendo solto em 2004.

Revoltada com o poder público, Maria da Penha denunciou o caso à


Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA – Organização dos
Estados Americanos, em 1988. Na OEA, o Brasil foi condenado por não dispor
de mecanismos suficientes e eficientes para coibir a prática de violência
doméstica contra a mulher.

O país teve que mudar a legislação para proteger as mulheres. Em 07 de


agosto de 2006, foi sancionada a Lei nº 11.340 que introduziu o parágrafo 9, no
artigo 129 do Código Penal. A norma possibilita que agressores de mulheres em

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âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão


preventiva decretada.

Os agressores também não podem mais ser punidos com penas


alternativas. A legislação aumentou o tempo máximo de detenção do agressor
e prevê medidas que vão desde a remoção do agressor do domicílio à proibição
de sua aproximação da mulher agredida.

Em um primeiro momento, após a edição da lei, em 2007, ocorreu uma


queda nos números e nas taxas de violência contra a mulher. Mas, já no ano de
2008, os índices começaram a aumentar, sendo atualmente bem maiores dos
que foram registrados no ano de 2008. Só no ano de 2014, 4.832 mulheres
foram mortas no país, uma média de 13 por dia.

Outra lei protetiva das mulheres, que entrou em vigor, em 2015, é a Lei
do Feminicídio, que classifica o feminicídio como um crime hediondo.
Feminicídio é o assassinato de mulheres motivado apenas pelo fato de a vítima
ser mulher. Um feminicida mata a mulher por ódio e pelo sentimento de posse
sobre ela.
Conforme a lei, condenados por esse tipo de crime merecem a pena
máxima de reclusão (30 anos), não têm direito a indulto (perdão) ou anistia, e
nem a responder a processo em liberdade mediante o pagamento de fiança.
O Mapa da Violência 2015 – Homicídios de Mulheres no Brasil aponta a
impunidade como um dos fatores que explicam a violência de gênero – o
índice de elucidação dos crimes de homicídio seria apenas de 5% a 8%.
Analisando a violência contra as mulheres, o estudo Tolerância Social à
Violência contra as Mulheres (IPEA, 2014), conclui, entre outros fatores, que o
ordenamento patriarcal da sociedade permanece enraizado em nossa
cultura, é reforçado na violência doméstica e leva a sociedade a aceitar
a violência sexual.
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O Mapa da Violência vai no mesmo sentido. Segundo Waiselfisz, autor do


estudo, a “normalidade” da violência contra a mulher na lógica patriarcal justifica
e mesmo autoriza que o homem a pratique com a finalidade de punir e corrigir
comportamentos femininos que transgridam o papel esperado de mãe, esposa
e dona de casa. Lógica justificadora que também aparece, conforme Waiselfisz,
nas agressões de desconhecidos contra mulheres que eles consideram
transgressoras do comportamento culturalmente esperado delas. Em ambos os
casos, culpa-se a vítima pela agressão sofrida.

Leitura complementar – textos extraídos da internet

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I - Por fim à violência contra as mulheres: das palavras aos atos


A violência contra as mulheres é uma forma de discriminação e uma
violação de direitos humanos. Causa sofrimentos indizíveis e perdas em vidas
humanas e, devido a ela, um grande número de mulheres em todo o mundo vive
com sofrimento e medo. Prejudica as famílias – todas as gerações –, empobrece
as comunidades e reforça outras formas de violência em todas as sociedades.
A violência contra as mulheres impede-as de alcançar a sua plena
realização pessoal, entrava o crescimento econômico e compromete o
desenvolvimento. A amplitude e a dimensão da violência são um reflexo do grau
e persistência da discriminação que as mulheres continuam a enfrentar. Por
conseguinte, só pode ser eliminada, se se tentar eliminar a discriminação,
promover a igualdade e o empoderamento das mulheres e velar pelo pleno gozo
dos seus direitos humanos fundamentais. (...)
A violência contra as mulheres não é nem imutável nem inevitável e
poderia ser drasticamente reduzida ou vir mesmo a ser eliminada, com a
vontade política e os recursos necessários. (...)

Causas e fatores de risco


A origem da violência contra as mulheres reside na desigualdade histórica
das relações de poder entre homens e mulheres e na discriminação geral de que
as mulheres são objeto tanto na esfera pública como na privada. As disparidades
patriarcais de poder, as normas culturais discriminatórias e as desigualdades
econômicas negam às mulheres os seus direitos fundamentais e perpetuam a
violência. A violência contra as mulheres é um dos principais meios de que os
homens se servem para controlar a capacidade de agir e a sexualidade das
mulheres.
No contexto mais vasto da subordinação das mulheres, as causas
específicas incluem o recurso à violência para resolver conflitos, as doutrinas
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sobre a vida privada e a inércia do Estado. Os padrões de comportamento


individual ou familiar, nomeadamente os maus tratos, estão igualmente
relacionados com um aumento do risco de violência. (...)

Formas e consequências
Existem muitas formas diferentes de violência contra as mulheres – física,
sexual, psicológica e econômica. Algumas adquirem mais importância, enquanto
outras vão diminuindo, à medida que as sociedades sofrem alterações
demográficas, uma reestruturação econômica e transformações sociais e
culturais. Por exemplo, as novas tecnologias podem gerar novas formas de
violência, como o assédio pela Internet e o telefone celular. Algumas formas,

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como o tráfico internacional e a violência contra as trabalhadoras migrantes,


transcendem as fronteiras nacionais.
As mulheres são alvo de violência em contextos muito variados – a família,
a comunidade, o Estado e um conflito armado e sua sequência. A violência é
uma constante na vida das mulheres, do nascimento até à velhice, tanto na vida
pública como na vida privada.
A forma mais comum de violência sofrida pelas mulheres é a violência
exercida pelo seu parceiro, na intimidade, que, por vezes, culmina na morte.
Certas práticas tradicionais muito generalizadas são também prejudiciais, como
o casamento precoce e forçado e a mutilação genital feminina. No seio da
comunidade, presta-se cada vez mais atenção ao feminicídio (assassinato de
mulheres por motivos relacionados com o sexo), à violência sexual, ao assédio
sexual e ao tráfico de mulheres. A violência exercida pelo Estado, por meio dos
seus agentes, por omissão ou mediante as políticas públicas, vai da violência
física e sexual à violência psicológica e pode constituir tortura. É cada vez mais
evidente o grande número de casos de violência contra as mulheres em conflitos
armados, em particular a violência sexual, incluindo as violações.
A violência contra as mulheres tem consequências pesadas para as
mulheres, os seus filhos e o conjunto da sociedade. As mulheres que são vítimas
de violência têm vários problemas de saúde e menor capacidade de obter
rendimentos e de participar na vida pública. Os seus filhos correm muito mais
riscos de ter problemas de saúde, baixo rendimento escolar e distúrbios do
comportamento.
A violência contra as mulheres empobrece as mulheres e suas famílias, as
comunidades e os países. Reduz a produção econômica, absorve recursos dos
serviços públicos e dos empregadores e reduz a formação de capital humano.
Apesar de mesmo os estudos mais completos realizados até agora terem
subestimado os seus custos, todos mostram que, se nada for feito para resolver
o problema da violência contra as mulheres, isso terá graves repercussões
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econômicas.

Fonte: http://www.unric.org/pt/actualidade/6785 (com adaptações).

II - Soluções específicas para combater violência à mulher


Mesmo na contemporaneidade, com o perfil da mulher independente e o
progresso da inserção no mercado de trabalho, a mulher ainda sofre com a
violência. Para Esther Vicente, professora da Universidade Internacional de Porto
Rico, convidada da palestra Violência & Gênero, semana passada na PUC-Rio, a

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solução exige mais do que a aplicação da lei. “O sistema operador de justiça é


essencial, mas ainda não é o suficiente para por um fim”, afirmou.
Segundo Esther, o combate à violência exige soluções específicas.
Segundo a especialista, é necessária "análise contextual" para identificar a
estratégia "ideal" em cada local. Esther responsabiliza, entre outros fatores,
a “masculinidade hegemônica” pela renitência do problema:
– A visão que as sociedades ainda têm sobre o poder do homem e a
superioridade dele em relação à mulher é o fator inicial para ainda existir essas
injustiças – lamentou.
A professora lembrou que a violência contra as mulheres é manifestada de
diferentes formas: agressões sexuais, físicas, verbais, simbólicas,
profissionais. “Todas são originadas por um produto de sistemas, e não por um
comportamento individual”, enfatizou. Para erradicá-las, ela reforçou a
importância de se compreender os contextos em que ocorrem:
– Primeiro, é necessário estudar o local onde ocorre a violência. O contexto
histórico, a educação daquela população, e as possíveis causas da violência. Aí
sim, será possível combater.
Esther observou também que a maior inserção no mercado da mulher não
representou uma redução da violência. “Mais profissões, mais trabalho, não
significam mais condições de igualdade”, argumentou.
– Foi um avanço, mas ainda não o suficiente. Não foi reformada a forma
de organização do trabalho. A mulher pode trabalhar em uma empresa, mas não
pode ser a dona. Ela também ganha menos do que o homem, pelo mesmo
trabalho realizado. Hoje, ela abdica de valores pessoais (como ter filhos) para
poder trabalhar. Isso é a violência simbólica. Ela ainda sofre com o preconceito.
A professora Maria Nima Bernardes, do Departamento de Direito da PUC-
Rio, acredita nos mecanismos jurídicos para a paridade de gênero. Mas
ainda enxerga dificuldades: 00000000000

– Precisamos tirar a violência contra a mulher da esfera privada, pois é


uma questão pública. É também uma questão política. Para desenvolver
estratégias, é preciso identificar melhor as vítimas. Muitas ainda não se
manifestam, e um caso muitas vezes se aplica a outros.
Maria Nima lembrou da importância da Lei Maria da Penha,
que encorajou denúncias de violência do gênero e pavimentou a criação
de diversos grupos de apoio às vítimas:
– [A lei] é uma ferramenta para a produção de uma nova ordem igualitária,
o direito capaz de produzir uma mudança significativa no âmbito da
desigualdade de gênero.

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Esther ressalvou, no entanto, mulheres ainda estão presas ao orgulho e,


muitas vezes, “não gostam de ser vistas como vítimas”. Por isso, relutam em
reconhecer publicamente a violência contra elas.
– É necessário combater o foco, a origem, o preconceito e masculinidade,
para que isso nem se inicie – propôs.

Disponível em: http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/Texto/Variedades/Solucoes-especificas-


para-combater-violencia-a-mulher-9643.html#.V-zJNCRdy98

3. Tema 3 – As drogas e o uso medicinal da maconha


A maioria das nações criminaliza tanto a produção quanto o consumo das
drogas ilícitas. Consideram as drogas perigosas, como o ópio, a heroína e a
cocaína.
Os EUA, para diminuir a oferta de drogas ilícitas dentro de seus territórios,
e com isso, o consumo interno, deflagraram a Guerra às Drogas em 1971. É
uma política do governo que inclui instalações militares norte-americanas na
Colômbia, para destruir as plantações de coca e combater os traficantes.
Também inclui acordos, ações econômicas e diplomáticas junto a outros países
produtores, como Peru, Equador e Bolívia.
Passadas quatro décadas da implementação desse sistema de combate às
drogas, seus efeitos colaterais geraram uma série de distorções que ameaçam
a segurança mundial.
Como consequência, o consumo de drogas ilícitas no mundo e o seu
comércio ilegal não diminuíram, as organizações de tráfico se fortaleceram, a
violência aumentou e prisões estão lotadas.
As proibições legais das drogas criaram um mercado paralelo de
narcóticos, controlado por organizações criminosas. Muitos cartéis de drogas
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ganharam poder ao se ramificar em redes transnacionais de tráfico mundial.


Milhares de pessoas morrem todos os anos em decorrência da guerra entre
as forças públicas e os traficantes ou em consequência de conflitos entre as
diversas gangues, pelo controle de pontos de venda de drogas.
No cenário atual, com essa percepção de que a guerra ao tráfico fracassou
e que a repressão de muitos governos à atuação dessas organizações criminosas
só piorou a situação, instituições e governos avaliam que as políticas atuais não
surtiram o efeito esperado.
Isso tem levado países a testar políticas alternativas de controle de drogas.
Essa posição é defendida pela Comissão Global sobre Políticas de Drogas.

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As propostas são da adoção de políticas com foco na saúde pública, que


priorizem a redução gradual do consumo e minimizem os danos do uso das
drogas em vez de tratar a questão basicamente como de segurança pública.
Os ativistas que defendem uma política alternativa para lidar com as
drogas também argumentam que os narcóticos devem deixar de ser tratados
exclusivamente na esfera criminal, passando a ser encarados como um caso de
saúde pública.
Essa abordagem reconhece que as drogas afetam a saúde de milhões de
pessoas, sobretudo jovens, podendo levar à morte por overdose, suicídios e
acidentes fatais causados pela alteração do estado de consciência.
Estimativas da ONU apontam que havia 27 milhões de dependentes de
drogas ilícitas no mundo em 2013, ano em que morreram 187 mil usuários. As
drogas mais associadas a essas mortes são os opioides - heroína, ópio e morfina
-, drogas extraídas da planta da papoula, altamente viciantes, e usadas
principalmente por injeções. Além dos opioides, há mortes provocadas por
cocaína, ecstasy e outras drogas sintéticas.
Uma política focada na saúde pública, contudo, reconhece que as drogas
estão inseridas na sociedade e não parte do pressuposto da atual estratégia de
querer eliminá-las, considerada simplista demais diante do atual cenário.
Os que pedem mudanças sugerem tirar o foco no combate à oferta de
drogas e tentar reduzir o número de consumidores e os volumes consumidos.
Para isso, propõem adotar novas políticas públicas, entre as quais:
 Descriminalizar os consumidores.
 Ampliar as ações e campanhas educativas sobre os danos pessoais e
sociais causados pelas drogas.
 Adotar programas chamados de “políticas de redução de danos”, como
distribuir seringas aos viciados para evitar que contraiam doenças e
oferecer tratamento aos viciados sem prendê-los.
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 Adotar regulações menos restritivas de produção, comercialização e


consumo para drogas consideradas leves, como a maconha.

As ações sugeridas seriam uma forma de recuperar o poder de ação dos


governos sobre a produção e o consumo, aumentar a recuperação de
consumidores viciados, os quais tendem a se sentir mais seguros para procurar
tratamento, e diminuir o número de prisões.
Contudo, os críticos dessas alternativas argumentam que manter a
proibição ainda é a melhor forma de evitar o aumento de consumidores, pois
descriminalizar o uso facilitaria o acesso às drogas e ampliaria o uso e os
prejuízos sociais.

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Apesar do risco de aumentar o número de usuários, entre as medidas


adotadas por governos que buscam uma alternativa em relação à atual política
antidrogas, a regulamentação e a liberação do porte e do consumo da maconha
tem sido a principal alternativa.
Legalizar as drogas significa colocá-las no mesmo patamar do cigarro e do
álcool, com aspectos de produção e venda regulados pelo Estado. Já
descriminalizar, diferente de legalizar, refere-se a descaracterizar o consumidor
como criminoso por portar ou usar uma droga, como a maconha, em
quantidades definidas por pessoa. O crime seria apenas do traficante.
A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo. Está no grupo de
drogas leves, como o álcool e o tabaco, porque é pouco letal, embora prejudicial.
Não há registro de morte direta por intoxicação, mas o uso regular da cannabis
in natura pode provocar problemas pulmonares, prejudicar a memória e o
aprendizado.
Pesando os prós e contras em relação à liberação da maconha, alguns
países já permitem o uso controlado da droga.
Gradualmente, aumenta o número de governos que legalizam o consumo
da maconha e descriminalizam o usuário, como forma de retomar o controle
público, eliminar o mercado negro, o tráfico, a violência e as prisões.
O Uruguai, onde o consumo de drogas já era descriminalizado há décadas,
em uma experiência inédita e ousada aprovou uma lei em 2014, que o torna o
primeiro país no mundo a legalizar e regulamentar o plantio, a produção, a
distribuição e a venda de maconha sob controle de Estado, através do Instituto
de Regulação e Controle de Cannabis (IRCC), responsável pela gestão pública
do novo setor.
Quanto ao uso medicinal da maconha, nos EUA, o canabidiol, extraído da
planta, tem sido utilizado em tratamentos de distúrbios neurológicos diversos.
Nos EUA, a Califórnia foi um dos primeiros estados a liberar o uso medicinal da
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maconha, em 2006.
Nos Estados Unidos, emprego da maconha em tratamentos médicos,
utilizada como remédio já é legalizado na maioria dos Estados (25, mais o
distrito federal). O uso recreativo em quatro estados (pela lei federal norte-
americana, a maconha continua proibida e está enquadrada na categoria
reservada às drogas mais perigosas, como a heroína).
No Brasil, a maconha, como outras drogas consideradas ilícitas, é proibida
por lei. A atual legislação sobre drogas ilícitas, de 2006, criou o Sistema Nacional
de Políticas Públicas sobre Drogas. Ela isentou os usuários da pena de prisão,
ainda que seja crime portar drogas.

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Ao usuário, a lei prevê as penas de advertência, prestação de serviços à


comunidade e comparecimento a programa ou curso educativo. Ao que produz
ou trafica entorpecentes, a lei atribui penas de cinco a 15 anos de prisão e multa.
Cada juiz determina se um réu é apenas consumidor ou traficante, conforme a
quantidade apreendida, pois a lei não especifica quantidades para a
diferenciação. Esse ponto é o mais criticado, pois favorece a fixação arbitrária
da pena de prisão por qualquer juiz.
Uma importante decisão que pode abrir caminho para a descriminalização
do uso e porte de drogas no país está nas mãos do Supremo Tribunal Federal
(STF). Em agosto de 2015, a Corte começou a julgar a constitucionalidade de
impor qualquer pena (de prisão ou outra) a quem estiver portando alguma
substância ilícita ou cultivando maconha para consumo próprio.
Projetos que liberam o cultivo e a comercialização no Brasil estão em
tramitação na Câmara dos Deputados, como o PL 7187/14, do deputado Eurico
Júnior (PV-RJ), e o PL 7270/14, do deputado Jean Willys (PSOL-RJ). Ambos têm
como objetivo reduzir a violência gerada pelo tráfico.
A legalização da maconha, com o objetivo de diminuir a violência,
resultante do tráfico ou para o tratamento de doenças, acende debates e gera
polêmica. Há defensores e opositores.
Apesar da liberação de governos e dos efeitos positivos no uso medicinal,
a questão ainda é bastante controversa entre diferentes setores da sociedade,
e mesmo entre médicos.
Elisaldo Carini - médico especialista em psicofarmacologia e fundador do
Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid) da Escola Paulista de
Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) -, declara que é preciso
diferenciar o uso da maconha para “dar barato” e sua utilização para tratar
sintomas de doenças.
Conforme suas palavras, “O uso médico leva em conta três aspectos – o
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ser humano, a doença e a droga – e o uso recreativo leva em conta dois, o


homem e a droga. A maconha tem efeito terapêutico comprovado, por meio de
vários medicamentos reconhecidos e aprovados no Canadá, Estados Unidos,
Inglaterra, e que são vendidos em unidades de saúde. Já no que diz respeito ao
seu uso recreativo, que envolve apenas o homem e a droga, é um assunto para
filósofos, antropólogos e não tem muito a ver com a medicina.”
Ele ainda declara: “Eu, como médico, tenho uma opinião clara: na verdade,
a maconha não gera agressividade, nem esquizofrenia”.
De acordo com Carlini, pessoas que procuram esses cigarros para tratar
algumas doenças acabam ficando mais calmas e menos depressivas por conta
da sensação de “pairar sobre a realidade”.

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Segundo o médico, “Hoje, na Inglaterra, já tem um spray bucal e existem


cápsulas gelatinosas do marinol, um componente da planta, indicado para
náuseas e vômitos decorrentes do tratamento do câncer. Há melhora do estado
geral da pessoa, pois ele aumenta o apetite, combatendo a inapetência e tirando
o foco da tristeza que acomete muitos desses pacientes”.
Carlini acredita que temos que discutir primeiro a legalização do uso de
componentes da maconha para tratar doenças e depois a legalização de seu uso
recreativo.
Quanto ao uso medicinal da maconha para tratamento de saúde, no início
de 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) retirou o canabidiol
da lista de substâncias proibidas, e o incluiu na lista de substâncias de uso
controlado. Com isso reconheceu o efeito terapêutico dessa substância.
Com a medida, a Anvisa autorizou a prescrição médica e a importação por
pessoa física, tanto do medicamento canabidiol quanto dos que contêm
tetraidrocanabiol (THC) - o princípio ativo do cannabis (maconha), mediante
uma autorização da Anvisa, denominada de excepcional.
Em 22 de novembro deste ano, a Anvisa aprovou uma simplificação nas
regras para a importação com o objetivo de diminuir o tempo de análise dos
pedidos de alguns produtos. Para os que são solicitados com maior frequência,
não será mais necessário que passem por uma análise excepcional. Para esses
casos, a autorização será quase imediata.
Na mesma data, a Anvisa aprovou 22 critérios para permitir o registro, a
venda e o uso de medicamentos à base de compostos da maconha no Brasil. Os
novos critérios seguem parâmetros semelhantes aos aplicados em países como
Reino Unido e Bélgica, que já possuem medicamentos assim registrados.
A agência passará a autorizar o registro e a comercialização de
medicamento com concentração de até 30mg/ml de canabidiol e THC,
concentração máxima, considerada segura para uso de substâncias
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psicotrópicas, conforme declara o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.


A medida foi tomada diante do pedido da empresa GWPharma para
comercializar no país um medicamento – o Mevatyl (Sativex no exterior),
composto por CBD (canabidiol) e TCH, dois princípios ativos da maconha,
indicado para o tratamento de esclerose múltipla.
A aprovação abre espaço para que a Anvisa conceda o primeiro registro
de medicamento à base de maconha (tarja preta) e a chegar nas farmácias, e
também para novos pedidos de registro para medicamentos com concentração
semelhante.

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