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RESUMO
A mobilidade urbana refere-se a capacidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano de maneira
econômica e sustentável. Consequentemente, este termo engloba a demanda de transportes e o uso da terra. Devido
à complexidade dos sistemas de transportes e do espaço urbano, os planejadores de transportes utilizam sistemas
computacionais como, por exemplo, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para auxiliar o processo de
tomada de decisão. Portanto, este artigo possui o objetivo de aplicar a técnica de análise bibliométrica para avaliar
o uso do SIG como ferramenta para a análise da mobilidade urbana. Como resultado, é apresentado ao final deste
artigo as variáveis bibliográficas (artigos, autores, periódicos e palavras-chave) de destaque sobre este tema. Além
disso, observa-se que os Estados Unidos é o país com o maior número de publicações sobre o assunto.
ABSTRACT
Urban mobility refers to the people and goods’ ability to move in urban space in an economic and sustainable way.
Consequently, this term encompasses the demand for transportation and land use. Due to the complexity of
transport systems and urban space, the transport planners use computer systems as, for example, Geographic
Information System (GIS) to assist the decision-making process. This article aims to apply the bibliometric
analysis technique to evaluate the use of GIS as a tool for analysis of urban mobility. As a result, it is presented at
the end of this article the prominence bibliographic variables (papers, authors, journals and keywords) on this
topic. In addition, it is noted that the United States is the country with the largest number of publications on the
subject.
1. INTRODUÇÃO
A Mobilidade urbana refere-se à capacidade de deslocamento de pessoas e cargas no
espaço urbano. Entretanto, o conceito de mobilidade vai além do número de deslocamentos que
uma pessoa pode realizar. Segundo Kneib (2012), o termo mobilidade urbana é recente e possui
diversos conceitos e definições relacionados a ele.
Além da expansão do tema para além dos aspectos relativos ao tráfego, estes conceitos
relacionam a mobilidade a outros aspectos importantes, tal como a acessibilidade. Segundo
VTPI (2017), acessibilidade consiste na capacidade de atingir bens desejados, serviços,
atividades e destinos, ou seja, refere-se ao acesso físico aos bens, serviços e destinos (também
chamado de oportunidades) que as pessoas costumam realizar com transporte.
A mobilidade e a acessibilidade urbana são conhecidas pelo uso prevalecente do
transporte individual e particular, em detrimento do público e coletivo. Realizar decisões para
melhorar a mobilidade urbana gera escolhas (trade-offs) entre esses fatores, como, por exemplo,
uma melhoria nas rodovias pode beneficiar o acesso dos carros, porém pode dificultar o acesso
por outros modos e reduzir o acesso dos pedestres e ciclistas (Litman, 2014).
Segundo Rajak (2013), SIG é uma aplicação da tecnologia da informação que captura,
armazena, analisa e mapeia as características da terra e, por isso, é uma importante ferramenta
nos processos de planejamento. Esses sistemas permitem organizar e atualizar digitalmente
dados espaciais e fornecem informações de maneira simples, rápida e com um baixo custo
(Kadupitiya, 2013).
Este artigo está estruturado em quatro seções, sendo esta primeira de caráter introdutório
sobre o tema de pesquisa. A Seção 2 aborda a metodologia empregada neste artigo e a Seção 3
apresenta uma revisão bibliométrica sobre o uso do SIG como uma ferramenta para a análise
da mobilidade urbana. Por fim, as considerações finais e as sugestões para futuras pesquisas
são apresentadas na Seção 4.
2. METODOLOGIA
A análise bibliométrica, também conhecida como bibliometria, consiste no
desenvolvimento de indicadores e identificação de padrões sobre publicações e atividades
científicas a partir da aplicação de métodos quantitativos (Silva et al., 2011). Os métodos
bibliométricos são bastante utilizados pela comunidade científica para analisar o impacto de um
determinado campo de pesquisa ou para verificar a influência de um conjunto de pesquisadores
sobre um determinado tema (Manivannan; Sanjeevi, 2012).
Para atingir o objetivo apresentado na seção anterior, a metodologia deste artigo é baseada
no processo Knowledge Development Process – Constructivist (ProKnow-C), proposto por
Ensslin e Ensslin (2007). O ProKnow-C é um procedimento que parte do interesse do
pesquisador sobre um determinado tema e consiste na aquisição do conhecimento científico
para que o mesmo possa iniciar uma pesquisa com fundamentação (Lacerda et al., 2012). Como
pode ser visto na Figura 1, o ProKnow-C é composto de quatro etapas: (a) seleção de um
portfólio de artigos sobre o tema da pesquisa; (b) análise bibliométrica; (c) análise sistêmica; e
(d) definição da pergunta de pesquisa e objetivo de pesquisa.
Optou-se por utilizar a base Web of Science para a busca do portfólio bibliográfico, pois
esta base abrange mais de 12 mil títulos de periódicos (Deodurg et al., 2013). Foram utilizadas
três palavras chaves no processo de busca dos artigos: “Geographic Information System and
Urban Mobility”, “Geographic Information System and Sustainable Urban Mobility” e
“Geographic Information System and Urban Accessibility”.
O processo de padronização dos dados dos artigos do portfólio bibliográfico foi realizado
com auxílio do aplicativo computacional Microsoft Excel. Além disso, também foi utilizado o
software bibliométrico VOSviewer que permite visualizar padrões e tendências na literatura a
partir da construção de mapas baseados nos dados dos artigos (Eck et al., 2010).
3. ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
O primeiro artigo sobre mobilidade urbana utilizando SIG foi publicado em 1994. Como
pode ser visto na Figura 2, o número de publicações sobre esta tema aumentou no ano de 2006,
sendo 2016 o ano com o maior número de publicações. Até a data da seleção do portfólio
bibliográfico, foram encontrados apenas oito artigos publicados sobre o tema no ano de 2017.
40 700
35
Número de publicações por ano
600
Número de citações por ano
30
500
25
400
20 Publicações
300
15 Citações
200
10
5 100
0 0
2003
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
O portfólio bibliográfico possui mais de 800 autores. Dentre este total, Karen Witten,
Suzanne Mavoa e Mei-Po Kwan se destacam com cinco publicações cada sobre o tema. Além
disso, buscou-se identificar os periódicos com o maior número de publicações sobre o assunto.
Foram identificados 147 periódicos, dos quais 37 apresentavam duas ou mais publicações sobre
o tema. A Tabela 2 apresenta os periódicos de destaque e os seus respectivos fatores de impacto.
Por fim, buscou-se identifica o país de origem dos autores do portfólio bibliográfico. A
Figura 4 apresenta a rede de autoria do portfólio bibliográfico. De maneira análoga a rede de
palavras-chave, cada nó desta rede representa um país e o tamanho do nó significa o número de
publicações. Sendo assim, observa-se que os Estados Unidos e o Canadá são os países que
possuem o maior número de publicações sobre o tema com 104 e 39 publicações,
respectivamente. Outros países de destaque são: China, Inglaterra e França. Já o Brasil possui
oito publicações sobre o tema.
Além de ser o país com o maior número de publicações, os Estados Unidos possui o
maior número de conexões com os outros países. Dos 55 países pertencentes a rede de autoria,
os Estados Unidos está conectado com 49, ou seja, realiza 49 das 54 possíveis conexões. Como
pode ser visto na Figura 4, o Estados Unidos é o país mais centralizado na rede de autoria.
Segundo Marteleto (2001), “quanto mais central é um indivíduo, mais bem posicionado ele está
em relação às trocas e à comunicação, o que aumenta seu poder na rede”.
Para evidenciar o poder dos Estados Unidos nesta rede, a Figura 5 apresenta a densidade
da rede de autoria. Segundo Eck e Waltman (2011) as cores representam a densidade da rede,
sendo o vermelho as regiões com maior densidade e o azul as regiões com menor densidade.
Quanto maior for o número de itens na vizinhança e quanto maior for o peso dos itens vizinhos,
mais próxima de vermelho será a cor do ponto (Eck; Waltman, 2016). De maneira análoga,
quanto menor for o número de itens na vizinhança e quanto menor for o peso dos vizinhos, mais
próxima de azul será a cor do ponto. Sendo assim, observa-se que os Estados Unidos é o país
mais proeminente da rede e o Chile, a Serra Leoa e o Cazaquistão são os países menos
proeminentes.
Vale ressaltar que a bibliometria é uma análise quantitativa e, por isso, não foi analisado
o conteúdo dos artigos. Em vista disso, sugere-se para pesquisas futuras a realização de uma
análise sistêmica do portfólio bibliográfico. Além disso, este trabalho utilizou apenas a base
Web of Science. Por isso, podem existir artigos sobre o tema analisado que não estão presentes
nesta base e, consequentemente, ausentes neste trabalho. Portanto, sugere-se também a
realização desta pesquisa utilizando outras bases de busca.
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