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CENA 1

A cortina se abre com uma Garota Loira e Magra em cena, vestindo um


belo vestido azul sobreposto por um belo avental branco como um grande show
de teatro. Ela está feliz e radiante sob a luz do palco. Canta seus sonhos para a
plateia. Um coro de pessoas belas e radiantes se une ao número, dançando e
cantando. O palco é vazio. Num dos ápices musicais, uma garota gorda e vestida
com roupas comuns levanta-se da plateia, sobe no palco e quer dançar também,
mas por não saber dançar direito acaba se atrapalhando toda e quebra com a
mágica e beleza criada. Ela não se encaixa naquele ambiente. De tanto
atrapalhar-se, ela cai sobre a Garota Loira e Magra, a música para e as luzes
reais do teatro são acesas quando os focos são apagados.

LOIRA – Professora!

Confusão. Todos falam ao mesmo tempo. Alice – a Garota Gorda – tenta,


sem sucesso, levantar-se e levantar a Garota Loira. Elas tentam e retornam a
cair uma sobre a outra. Os demais alunos entram numa discussão sobre quem
é culpado pelo que aconteceu. A Professora entra em cena.

PROFESSORA – Silêncio. Silêncio! SI-LÊN-CIO!


ALICE - ... tinha que chamar aquela professora velha e feia.

Reações dos alunos.

PROFESSORA – O que você disse?


ALICE – Que eu gosto de comer mingau e aveia?

Reações dos alunos.

PROFESSORA – A-LI-CE! (Silêncio) Quantas vezes vou ter que lidar com o fato
de que você não aprende uma coreografia simples?
CORO – Ela não aprende! Ela é desastrada! Ela não sabe dançar!
PROFESSORA – Alice, nós temos essa bela apresentação para os pais e
mestres no final do ano e você é a única que ainda não providenciou um figurino
decente!
CORO – Ela vem toda com a roupa errada! Ela não orna! É um botijão de gás
andando!
PROFESSORA – Alice, o que foi que eu já disse sobr...
CORO (interrompendo criando confusão) – Ela faz tudo errado! Ela não dança!
Ela não canta! Ela não é magra e bonita!
ALICE (no meio da confusão) – Eu to me esforçando! Eu to fazendo direito! Eu
tenho condições!
PROFESSORA – SI-LÊN-CIO!
ALICE - ...ficam me entregando pra velha coroca!
PROFESSORA – O quê?
ALICE – Que era a hora de comer pipoca!
PROFESSORA – Alice, as condições para você permanecer neste show de fim
de ano estão insustentáveis.
ALICE – Eu sei, professora, mas...
PROFESSORA – Eu não sei o que eu vou precisar fazer com você para as coisas
funcionarem.
ALICE - De que adianta um show desse tamanho, nós somos só alunos?

Reações diversas do coro. Confusão.

PROFESSORA – SI-LÊN-CIO! (Olha para Alice)


ALICE (para Professora) – ... que dessa vez eu não disse nada demais.

Professora se irrita.

LOIRA – Professora, com licença.

O clima se abranda.

PROFESSORA – Claro, minha linda. Você pode tudo, coisa fofa.


LOIRA – Ah, valeu. Tipo assim, já que todo mundo sabe que o público gosta só
de coisas bonitas, radiantes e que brilham. E pelo bem da nossa amiga Alice,
que nós tanto gostamos. Te adoro, miga. E pelo bem desse nosso espetáculo
que todo mundo adora, principalmente quando eu entro em cena. Top! A gente
poderia, tipo, fazer uma cadeira para a Alice. Uma cadeira mara, toda enfeitada
com strass, veludo e brilho e colocar bem nomeio do, tipo assim, camarim e a
Alice poderia ficar lá durante o espetáculo. Assim, pelo bem de todos os nós e
pelo dela. Aí ela pode ser enormemente linda fora do palco. (Sorri)

Reações do coro em aprovação.

PROFESSORA – Esta é, sem dúvida, uma ideia... brilhante! (ao coro) Vocês
aprovam?

Aprovam.

PROFESSORA – Então, pelo bem do ensino, da educação, dos valores da


escola, Alice...
ALICE – Professora, espera um minuto!

Todos se decepcionam.

PROFESSORA – Diga, Alice...


ALICE – Você não pode fazer iss...

Breve silêncio. Todos a encaram negativamente.

ALICE – É errado fazer isso com...

Breve silêncio. Todos a encaram negativamente. Alice sorri.

ALICE (imitando a Loira) – Tipo assim, já que todo mundo gosta dessas coisas
que brilham e de chamar a atenção e de fazer e acontecer, e ser e brilhar a gente
poderia, pelo bem do espetáculo e pelo bem dos colegas alunos que são tão
lindos e tal, tipo, fazer essa tal cadeira linda, com strass, veludo e brilho e colocar
ali na coxia e dar essa cadeira para eu... mim fazer, tipo assim, um número solo.
Mas só porque seria um desperdício deixar toda a minha enorme beleza de fora.
Pelos pais...
Silêncio constrangedor.

PROFESSORA – Você quer dizer que, mesmo fazendo uma coreografia errada,
mesmo não tendo a roupa, mesmo não tendo feito nada pelo espetáculo, você
quer apresentar um número?
ALICE – Os meus pais também vão estar na plateia.
PROFESSORA (para o coro) – Vocês...
CORO (interrompendo) – Acho que não deveria professora! Acho que podemos
tentar! Eu me abstenho! Eu não sei como vamos fazer!
PROFESSORA – Um fala!
UM DO CORO – Os pais vão ter que comprar dois assentos cada um.
CORIFEU – Eu acho que se ela quer apresentar um número cantando e
dançando, ela pode.

Alice comemora.

CORIFEU - Mas vai ter que mostrar agora ou que vá embora.

Todos aprovam e colocam Alice no centro do palco.

TODOS – Pode começar.

Alice olha em volta constrangida.

ALICE (para músicos) – Dó menor, por favor.

Arpejo de dó maior (Sustentado?).

ALICE – Eeeeuuuuu...
UM DO CORO – sou gorda.
Risos e confusão.

ALICE – Ei!
TODOS – Começa!

Arpejo.

ALICE – Euuuuuu...
OUTRO DO CORO – não sei dançar.

Risos e confusão.

ALICE – Me deixa fazer!


TODOS – Faz!

Arpejo.

ALICE – Eeeeuuuu... (Pausa. Olha em volta. Sem reações. Respira para


continuar)
OUTRO DO CORO – sou um botijãozinho.

Risos. Alice grita.

PROFESSORA – Se você não for fazer, nós continuamos com o ensaio.


ALICE – Eu estou tentando.
LOIRA – Eu acho que ela não sabe fazer.
CORO – É!
ALICE – Eu sei professora!
PROFESSORA – É a sua última chance, Alice.
ALICE – Dó menor, por favor!
Arpejo. Entra um Coelho Branco correndo e passa pelo palco.

COELHO BRANCO – Ai, Meu Deus! Olha a hora! Estou atrasado! Estou muito
atrasado!

Coelho sai.

ALICE – Vocês viram?


PROFESSORA – Viram o quê?
ALICE – O coelho que passou?
PROFESSORA – Se você está tentando...
LOIRA – Ela não sabe...
CORO – Fora...
ALICE – Eu sei! Dó menor! Eeeeeuuuuu....

Entra o Coelho Branco correndo novamente.

COELHO – Pelos meus bigodes! Eu estou muito atrasado!

Coelho sai de cena.

ALICE – Eu preciso de um momento!

Alice sai correndo atrás do Coelho.

CENA 1 B – A Queda
CENA 2

Alice cai sentada no chão.

- Atinge o chão em cima de gravetos e folhas secas

- Olha em volta para descobrir onde está

- Coelho branco correndo

- Alice corre atrás

- Coelho “Ai, minhas orelhas e meus bigodes, como está ficando tarde!”

- Coelho desaparece de vista

- Alice chega na sala das portas

- Encontra uma mesa de vidro com uma chave

- Encontra a pequena porta

- Abre a pequena porta

- Vê o jardim

- Alice decide ir ao jardim (lá é melhor do que aqui onde estou)

- Não consegue passar na porta

- “Mesmo que minha cabeça passasse de nada serviria sem meus ombros. Ah, como eu
gostaria de poder encolher como uma luneta! Acho que seria possível, se eu soubesse como
começar.”

- Encontra uma garrafa sobre a mesa. “Beba-me”

- “Vou olhar primeiro e ver se não está marcado ‘veneno’. Quando se bebe de uma garrafa
marcada veneno, é quase certo que mais cedo ou mais tarde vai fazer mal.”

- Alice bebe tudo

- “Que sensação estranha, devo estar encolhendo como uma luneta!”

- Alice encolhe

- A porta está fechada

- Não consegue pegar a chave

- Alice chora

- “Vamos, de que serve chorar assim? Aconselho você a parar com isso agora mesmo!”

- Encontra a caixa de vidro (Coma-me)


- “Bom, vou come-lo e se me fizer crescer de novo, poderei alcançar a chave, se me fizer
diminuir ainda mais, poderei passar debaixo da porta: de qualquer maneira chegarei ao jardim,
e pouco importa o que acontecer!”

- Come o biscoito

- Nada acontece

- Ela come tudo

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