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Escola de Educação Básica Presidente Juscelino Kubitschek


Alunos(as): Suede Pereira, Carolina Aranha e Evelyn

VOLTAIRE François-Marie Arouet

Do século XVIII para a atualidade

São José – Santa Catarina


7 de Maio de 2019
DSC: História
Introdução

Diferente do que muitos pensam, o século XVIII não está tão distante da
atualidade, pois muitas ideias da época ainda são rebatidas no século XXI. Isto porque
a sociedade atual ainda é formada por indivíduos cujos ideais são semelhantes aos que
caracterizam o Antigo Regime Absolutista.

Tais conjunturas foram rebatidas por grandes pensadores do movimento


Iluminista, como Voltaire, filósofo e escritor francês que apresentava ideias
significativas para o processo de aprimoramento que trariam resultado aos séculos
seguintes.

Baseando-se em como o conservadorismo político, social e econômico é


transmitido através dos séculos e, em como a incapacidade de progressão racionalista
ainda afeta grande parte dos indivíduos, este trabalho tem como objetivo relacionar as
ideias adotadas por Voltaire a muitas situações cotidianas ainda presentes na sociedade
atual.
Quem foi Voltaire?

Voltaire é pseudônimo literário de François Marie Arouet, um filósofo, poeta


dramaturgo, historiador e escritor francês. Nascido em 21 de novembro de 1694 em Paris, na
França, foi um dos grandes representantes do Iluminismo. Vindo de uma família burguesa, teve
uma ótima qualificação na instituição Louis-le Grand e, onde estudou Política, Direito, Filosofia
e Latim.
Voltaire foi um homem de ideias extremamente revolucionárias. Além disso, tornou-se
membro da Société Du Temple (Sociedade do Templo), uma organização onde promíscuos e
livres pensadores se reuniam para debater assuntos referentes ao destino progressivo da
humanidade, como avanços econômicos, culturais e científicos. Conhecido como membro, foi
acusado de ser responsável por um panfleto satírico que expressava trechos desrespeitosos,
dirigido ao rei Luís XIV. Por conta disso, em 1717 foi aprisionado na bastilha por onze meses,
uma Fortaleza que servia de prisão para indivíduos que discordavam das leis impostas pelo
monarca ou que ameaçavam seu governo. Logo quando conquistou sua liberdade, foi exilado
para a comuna de Chátenay. Oito anos após o acontecido, desentendeu-se com o duque Rohan-
Chabot sendo preso novamente e, cinco meses depois, exilado para a Inglaterra, onde
permaneceu até o ano de 1729.
O período em que esteve na Inglaterra, Voltaire pôde perceber o atraso em que a França
se encontrava politicamente, como absolutista e clerical, fazendo comparações com a Inglaterra
através de cartas, onde citava a demasiada liberdade evolutiva dos britânicos. A partir destas
cartas, retornou a Paris e escreveu sua mais famosa obra: “Lettres Philosophiques” (Cartas
Filosóficas - 1734), que foi condenada pelas autoridades por ser, como suas opiniões, opostas ao
regime governamental da época. Então Voltaire refugiou-se em Cirey, no Castelo de sua amante
Marquesa Émilie du Châtelet, onde se manteve durante dez anos. Retornando à Paris em 1744,
foi eleito para a academia Francesa e introduzido à corte pela Madame de Pampadour,
estabelecendo-se como historiador real quatro anos depois.
A convite de Frederico II o Grande, Voltaire foi até a Corte de Potsdam, na Prússia. Lá
dialogaram sobre ideias diversas e compartilharam seus conhecimentos entre si. Frederico II
ficou conhecido tanto como Rei Filósofo, quanto como Rei Iluminado, por adaptar diversas
ideias iluministas ao seu governo, diferente de muitos monarcas. Assim como os demais
governantes, o mesmo acreditava que os súditos deveriam obedecer ao rei e as leis que lhe eram
impostas por ele. Porém, para que tal ato fosse realizado, o rei deveria impor aos súditos, leis
dignas de serem respeitadas dentre todos os direitos da população. Assim como em outros reinos,
Voltaire teve de se retirar, pois o mesmo fez uma crítica a um protegido do rei, presidente e
professor na universidade de Berlim, o que foi inaceitável para Frederico II.
Estabelecendo-se em Genebra, concluiu algumas obras e partiu para Ferney para dar
continuidade em outras. Então, retornando a Paris novamente em março de 1778, declara ter
vomitado sangue há quatro dias. Com medo da morte, pede a um padre para se confessar e
converter-se ao catolicismo, pedindo perdão ao padre, a igreja e a Deus por escandalizar a crença
católica. Voltaire veio a falecer no dia 30 de maio de 1778, em Paris, aos 84 anos de idade.
Ideias defendidas por Voltaire

A ascendência de Voltaire no Movimento Iluminista se dá por conta de suas ideias


revolucionárias, que mais tarde influenciaram acontecimentos históricos e de extrema
importância, como a Revolução Francesa (Pondo fim ao Antigo Regime Absolutista, o qual
ele abolia) e a conquista pela independência dos Estados Unidos da América.
Assim como os demais iluministas, ele defendia a racionalidade, a ciência, o
empirismo e a razão. Mas sua magnitude específica era focada na liberdade comercial e
liberdade de expressão (Tolerância Religiosa), na desconstrução do absolutismo e na
separação do Estado e da Igreja.
Mesmo defendendo a liberdade política e a liberdade de expressão, ainda que
criticasse a igreja, não era ateu, e sim “Deísta”. Sua crença baseava-se na ideia de que Deus
está presente na natureza, e como o homem faz parte desta, estava presente no homem
também. Desta forma, era possível encontrar Deus através da razão, onde ele nos induziria ao
conhecimento. Não obstante, suas ideias gerais voltadas ao relativismo cultural e
contraditórias a intolerância religiosa, possibilitaram o fim da interferência da igreja católica
no estado e a separação dos poderes judiciário, executivo e legislativo, na Prússia, por
exemplo.
De camaradas próximos, recebeu apelidos como “Satírico” e “Polemista”, por expor
suas críticas ao clero e a soberania defensora do escravismo, o que era de extrema audácia no
século e que vivia. De acordo com ele, o escravismo era uma prática cruel, pois impedia os
homens de serem donos de sua vida, pois não tinham a liberdade.
No início de sua carreira, Voltaire era politicamente contra a democracia, pois
acreditava que parte do povo era negligente, e não seria capaz de renovar a organização
política dentro de um governo cujo poder fosse descentralizado. Portanto, acreditava que a
solução para todos os reinos europeus seria a monarquia parlamentar/constitucional (a qual já
tinha sido adotada na Inglaterra), onde o rei necessitaria da assessoria de filósofos que
possibilitariam a construção das legislações que estivessem de acordo com os direitos e
interesses da sociedade. Ao decorrer dos anos, no entanto, passou a acreditar que as
mudanças deveriam ser realizadas pelo próprio povo.
Para Voltaire, outro ponto importante era a Educação que, de acordo com ele, não
deveria ser voltada ao catolicismo. Deveria ser baseada na ciência e na filosofia, para que as
futuras gerações tivessem o conhecimento da racionalidade e pudessem ser ensinadas para
adquirir pensamentos críticos e formular suas próprias opiniões.
Compreendendo que a ciência estava surgindo de pouco a pouco, Voltaire defendia
com garras e dentes o Empirismo, afirmando que não era possível alcançar a verdade
somente através do racionalismo. Também eram necessárias experiências, para que a partir
delas, os estudos teóricos pudessem ser comprovados e colocados em prática. Afinal, não se
pode ter certeza daquilo que não conhecemos. De acordo com ele, aqueles que acreditam na
verdadeira descoberta utilizando somente o ato de filosofar achavam-se onisciente.
Relação entre suas Ideias e a Sociedade Atual

Eventualmente, as ideias iluministas de Voltaire trouxeram resultados


incandescentes à sociedade atual. O que também prova que há certa proximidade
entre a sociedade do século XVII e a sociedade do século XXI.

Quando Voltaire citava a intolerância religiosa, ele se referia, por exemplo, a


imposição do clero ao povo, ao dizer que todos deveriam seguir os costumes
católicos, pois somente este era único e verdadeiro. E caso não o fizessem, “iriam
para o inferno”. Infelizmente, ainda há pessoas que utilizam como base estes
mesmos critérios nos dias atuais. E muitas vezes estes agridem física, psicológica e
verbalmente, aqueles que não condizem com o seu padrão de crença.

Graças aos ideais que defendiam a separação da igreja e do Estado, vivemos


em um país laico, por exemplo. Isto significa que não deve ser atribuído qualquer
tipo de discurso parlamentar, envolvendo entidades ou divindades.

Já em relação à liberdade política pela qual Voltaire lutava na época, está


vinculada aos monarcas absolutistas que não permitiam opositores em seu governo.
Justamente por este motivo, o escritor foi exilado e preso tantas vezes. Após a
aplicação de suas ideias, ocorreu a esperada quebra do Absolutismo com a
Revolução Francesa no fim do século XVII. Também está interligada aos direitos
adquiridos com o passar do tempo, permitindo os demais habitantes da sociedade a
serem ouvidos politicamente e escolher um representante para suas ideias.

Ambos estão contidos no direito de “liberdade de expressão” (art. 5°, IV da


Constituição Federal), considerado fundamental para o desenvolvimento do estado e
essencial para a dignidade do ser humano, sobre o que ele pensa e sobre como ele
age.
Frases de Voltaire:

 “Uma palavra mal colocada estraga o mais belo pensamento.”


 “A religião mal entendida é uma febre que pode terminar em delírio.”
 “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último
instante o teu direito de dizê-la.”
 “É difícil libertar os tolos das armas que eles veneram.”
 “Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas.”
 “A espécie humana é a única que sabe que tem de morrer.”
 “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.”
 “Aproximo-me suavemente do momento em que os filósofos e os imbecis têm
o mesmo destino.”
 “A pintura é poesia sem palavras.”
 ”A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito
humano.”

Obras:

 Édipo (1718);
 Poema da Liga (1723);
 A Henríada (1728);
 História de Charles XII (1730);
 Brutus (1730);
 Epístola a Urânio (1733);
 Cartas filosóficas (1734);
 Tratado de Metafísica (1736);
 O infante pródigo (1736);
 Elementos da Filosofia de Newton (1738);
 Zulime (1740);
 Tancredo (1760);
 Tratado sobre a tolerância (1763);
 Dicionário filosófico (1764);
 Pequena Digressão (1766);
 O ingênuo (1767);
 A princesa da Babilônia (1768);
 Irene (1778);
 Agathocle (1779).
Conclusão

Podemos considerar o Francês Voltaire como um pseudônimo de François


Marie Arouet, pensador iluminista que muito contribuiu com a construção de
ideologias e direitos que temos hoje.
Este defendia a tolerância religiosa, a liberdade de expressão, a liberdade
política, a intercalação de igreja e estado, dentre outros.
A Intolerância religiosa era praticada com frequência no século XVII,
principalmente quando o clero e a nobreza empunhavam o catolicismo a sociedade,
independentemente de suas crenças. Como a igreja e o estado possuíam uma aliança,
a legislação do reino era baseada na bíblia, portanto, todas as punições eram
realizadas pelo clero. Semelhante às antiguidades, ainda ocorrem com frequência
casos de intolerância religiosa, quando o ser humano falta com respeito a seus iguais
por seguir uma crença distinta. Porém, as leis da atualidade não são mais baseadas na
igreja, pois o Brasil, assim como outros países, tornou-se laico. Desta forma, igreja e
estado são representadas por instituições divergentes.
Dentre a liberdade política e a liberdade de expressão, as quais Voltaire lutava
por justa causa, hoje resultaram na voz política adquirida pelo povo, o direito ao voto
masculino e feminino e direito humano encontrado no Artigo 5°. IV da Constituição
Federal, que é a base da sociedade, a Liberdade de Expressão.

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