Importante ressaltar que a aplicação do Código de Defesa do Consumidor fica
afastada, pois os serviços públicos são custeados por via tributária e o regime adotado é o administrativo. Logo, incide a responsabilidade objetiva do Estado (§ 6º do art. 37 da CF).
Por ser o profissional médico do SUS um funcionário público (por ser
remunerado pelo erário), responde de forma subsidiária, por ação de regresso (§ 6º do art. 37 da CF). Sendo assim, não podendo o autor peticionar diretamente ao médico, haja vista o princípio da impessoalidade.
O Superior Tribunal de Justiça manifestou entendimento no Recurso Especial
493.181/SP, de Relatoria da Min. Denise Arruda no sentido de que apenas existe relação de consumo, no caso dos serviços públicos, nas hipóteses em que há pagamentos de tarifas ou preço público
Temos então que o Código de Defesa do Consumidor incide sobre o mercado,
através de pagamento do Consumidor para o fornecedor.
Considerando que a saúde pública é serviço prestado de forma universal, sem
o pagamento de remuneração direta, tem-se que o entendimento esposado pelo Superior Tribunal de Justiça é pela ausência de relação de consumo entre o paciente e o hospital/médico em atendimento via Sistema Público de Saúde.
Logo, no caso em tela a responsabilidade é apreciada nos termos da legislação
civil e não da legislação consumerista.
De todo modo, não se afasta o dever de demonstrar o desvio do profissional;
afinal, deve haver o nexo de causalidade entre um erro médico e o dano sofrido.