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Direito Processual Penal II


Professor: Wander Wandekoeken
2º bimestre

Unidade III – Prisões cautelares, medidas cautelares substitutivas da prisão e


liberdade provisória

As medidas cautelares visam assegurar os meios e fins do processo penal (ainda que nem haja
processual, ou seja, podem ser usadas em fases pré processuais).
Formas de prisão:

a) Cautelar ou processual: antes do trânsito em julgado da decisão judicial.

b) Pena: após o trânsito em julgado da decisão judicial -> execução penal (neste caso aplica-se a LEP
– Lei de Execução penal).

1) Prisões cautelares

1.1) Conceito
Art. 282, CPP.
As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
I - Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
Medidas cautelares que recaem sobre a liberdade ambulatorial do investigado ou acusado, cuja
finalidade é assegurar a aplicação da lei penal, a conveniência da investigação policial ou da
instrução criminal, ou para evitar a reiteração criminosa. (art. 282, I, CPP – periculosidade do
agente)
A medida cautelar recai sobre a pessoa.
Liberdade ambulatorial = liberdade de ir e vir de alguém, liberdade física.

Visa coibir a periculosidade de alguém. A culpabilidade só será analisada no fim do processo. Não
tem nada a ver com responsabilidade criminal porque somente até a sentença transitada e julgado
todos são inocentes, tem a ver com a periculosidade.

Não pode ser usada como medida de antecipação da pena, ou seja, transformar a periculosidade
como antecipação de culpa. Deve ver o grau de periculosidade.

Antes de a pessoa ser presa, o Juiz deverá analisar sua periculosidade. O fato de não ser preso, não
significa que não possam ser impostas restrições

1.2) Características de toda e qualquer medida cautelar:

I) Jurisdicionalidade – toda Prisão tem que passar pelo controle judicial/jurisdicional competente
(se não o ato será nulo).
- Esse controle pode ser:
a) Antecedente: em caso de prisão temporária ou preventiva.
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b) Subsequente à prisão: em caso de prisão em flagrante (feita a partir do juízo de valor do


delegado -> ele deve encaminhar ao Juz em até 24h para que torne a prisão em preventiva ou o
solte).

II) Acessoriedade – o acessório segue o principal, ou seja, só podemos falar de prisão cautelar se
podemos rever uma pena ao final do processo. (Ex.: para o Juiz decretar a prisão deve ser o
competente; art. 28 – porte de droga para uso próprio - não tem previsão de prisão, desta forma
não tem sentido ter prisão cautelar -> pode levar à delegacia, mas não pode prender -> não pode
lavrar o ADPF: as medidas impostas são advertência, multa, etc, e não prisão).

III) Instrumentalidade hipotética – a medida cautelar não existe por si só, depende de um processo,
ainda que seja mera expectativa. É um instrumento de proteção do processo. Sua finalidade é
resguardar os meios e fins do processo.

IV) Provisoriedade – a medida cautelar não é definitiva; é provisória, podendo ser reanalisada
várias vezes ao longo do processo (decretada/revogada). Não há prazo, sendo usada enquanto é
necessária (a única definitiva é a prisão pena).

V) Homogeneidade/proporcionalidade em sentido lato – a medida cautelar tem que ser


proporcional à medida/resultado final. Não pode a medida ser mais grave que a própria sanção a
ser possivelmente aplicada na hipótese de condenação do acusado. Deve haver NECESSIDADE,
ADEQUAÇÃO e PROPORCIONALIDADE em sentido estrito.

1.3) Pressupostos da prisão cautelar - características mais pressupostos [ambos cumulativamente]


(art. 312, CPP)
 Periculum libertatis: perigo na reiteração do crime ou de crime/ perigo da liberdade
do acusado ficar solto.
 Fumus comissi delicti: vestígios, indícios da pratica de um crime.
Art. 312, CPP
A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas
cautelares (art. 282, § 4o).

1) Prisão
 Prisão em flagrante (o que está em plena evidência da Infração penal)

OBS: A prisão em flagrante ocorre quando o sujeito é pego na evidência da prática do crime
(embora seja necessário analisar a necessidade dele ser preso, pq nem sempre que pode,
precisa).

- O delegado faz um juízo de valor da tipicidade do crime e a rigor tem que lavrar o ADPF.
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Na prisão em flagrante tem a presença do fumus, e presumidamente se tem o perigo libertales,


mas esse perigo é relevado caso seja um crime de menor potencial ofensivo.

Art. 301. Qualquer do povo 1) poderá e as autoridades policiais e seus agentes 2)deverão
prender deter quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Em estado de flagrância.

1) É facultativo para qualquer do povo dar voz de prisão. Sendo um flagrante facultativo. É
autorizado amarrar a pessoa, ou até algemar. Sendo como excludente o exercício regular do
direito.
2) Significa que não é uma opção para a autoridade policial, sendo um flagrante obrigatório ou
compulsório, sendo a excludente o estrito cumprimento do dever legal. E se a autoridade
não der voz de prisão seria participe do crime que omitiu, artigo 13, §2º do CP, sendo
conhecida como omissão penalmente relevante.

Quando o policial não está em serviço ele ainda tem o dever de dar a voz de prisão, sendo essa
corrente majoritária.

Quem prende em flagrante delito é o delegado de policia e não o policial, pois é ele que vai lavrar o
alto de prisão em flagrante ou ADPF, logo, no artigo supra deveria estar escrito “em estado de
flagrância”, pois está mais correto, já que é apenas o delegado que efetua realmente a prisão em
flagrante.

Espécies legais de flagrante quanto ao momento de sua realização:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito estado de flagrância quem:


I - está cometendo a infração penal; (Crime permanente, tráfico de droga...)
II - acaba de cometê-la; - Não foi visto cometendo, mas as evidências levam à conclusão lógica
de que ele é o autor (ex: ouve-se um tiro, a turma sai da sala e encontra uma pessoa caída e
outra ao seu lado com uma arma na mão).
III - é 1) perseguido (elemento volitivo – há uma vontade de perseguir), 2) logo após (elemento
temporal - 2 a 4 horas), pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que 3) faça presumir (elemento circunstancial) ser autor da infração;
-> É indiferente o momento em que a pessoa é presa: o que importa é o tempo de início da
perseguição.
Obs: a interrupção não precisa ser ininterrupta. “Cessar a interrupção” ocorre quando a
polícia desiste de persegui-lo.
IV - é 1) encontrado, 2) logo depois (4 a 6 horas), com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que 3) façam presumir ser ele autor da infração.
-> Embora não tenha sido perseguido, ele foi encontrado.
-> As vezes nem se sabe quem está sendo perseguido (ex: pessoas encapuzadas roubam um
banco e em blitz posterior para encontrá-los, encontram-se elementos que os indicam como
autores do crime).
I e II é um flagrante próprio.
III é o flagrante impróprio.
IV é o flagrante presumido.

OBS: IV - 1) Elemento volitivo 2) elemento temporal 3) elemento circunstancial.


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OBS: Se a polícia está perseguindo alguém, e essa pessoa se apresenta ao delegado de polícia, não
se consiste em prisão em flagrante, pois considera que ele quer cooperar com o cumprimento da
lei, mas nada impede de ser preso pela prisão preventiva.

Construções doutrinas e jurisprudenciais acerca da prisão em flagrante:

I. Flagrante preparado ou provocado – sumula 145 STF – nulo, porque não há se quer
crime

Não a crime quando a preparação do flagrante pela polícia. Ou seja, se você encomenda droga com
um traficante, quando o traficante for te entregar não será crime, pois seria impossível consumar
esse crime, mas o cara que o traficante comprou a droga pode ser preso, pois ele não foi
fomentado a praticar o crime, ele já estava em posse da droga, já estava comentado o crime,
armazenando a droga, e é preso pelo verbo de armazenar e não o verbo vender, pois o vender seria
uma instigação ao o crime.

Obs.: a sumula fala em polícia, mas também não é aceito esse crime se qualquer um do povo fizer a
armação. E para ser impossível o crime deve ser a ineficácia do crime Absoluta, caso for relativa, ou
seja, pode ocorrer o crime, será considerado crime.

Provocado – quando a polícia instiga alguém a praticar o crime, e o Preparado – a polícia faz uma
isca para prender uma pessoa.

II. Flagrante esperado – legal

Caso tenha uma denuncia de que vai ter um carregamento de droga em algum lugar, e a policia vai
para o local e espera o carregamento e prende os traficantes, pois não teve a fomentação do crime,
mas tem que tomar cuidado para que o crime não seja impossível, caso a vigília seja absoluta, pois o
bem não está realmente em perigo, configurando assim o crime impossível do artigo 17 do CP.

III. Flagrante forjado – nulo, porque não há sequer crime

É quando a prova é plantada, como plantar droga no carro de alguém ou uma arma, quem na
verdade comete o crime é quem plantou a prova do crime.

IV. Flagrante diferido ou retardado ou ação policial controlada

Artigo 4º, lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro)


Artigo 53, II, lei 11.343/06 (drogas)
Artigo 8º, lei 12.850/13 (organizações criminosas)

Esse flagrante consiste em que mediante ordem judicial e nas hipóteses supras, em que evite um
flagrante de um caminhão que tem drogas, para que deixe o caminhão seguir, para que se descubra
para onde ele vai, para pegar o chefe da organização.

Para os outros crimes que não estão na lei supra, é obrigado fazer o flagrante na hora em que se
percebe o crime, não podendo retardá-lo.
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Peculiaridades da prisão em flagrante em relação a determinados sujeitos passivos da medida.

a) Presidente da república – Para o presidente, enquanto a sua diplomação não cabe prisão
em medida cautelar. E isso não se estende aos governadores
b) Diplomatas estrangeiros – Não tem como prender os diplomatas, pois o brasil não tem
jurisdição sobre os diplomatas.
c) Deputados (federeis e estaduais) e senadores – A CF no artigo 53, §2º, esses só podem ser
presos em flagrantes por crimes inafiançáveis.
d) Juízes e membros do MP - esses só podem ser presos em flagrantes por crimes
inafiançáveis, estando previsto o de juiz na LOMAN e do MP, o LONMP. E deve notificar os
chefes deles.
e) Advogados–Se o advogado estiver e apenas se estiver no exercício da função só pode ser
preso se o crime for inafiançável.
f) Nos 5 dias que antecedem ao pleito eleitoral e nas 48h seguintes –não pode haver prisão
em flagrante, há não ser que o crime seja inafiançável, dando assim proteção ao eleitor,
para exercer sua cidadania.
g) Crimes de menor potencial ofensivo (JECRIM)–no artigo 69, §único da lei 9099/95, diz que o
que se comprometer ir em juízo não pagará fiança e nem serão presos.
h) Crimes de trânsito que resultem vítimas – No artigo 301 do CTB, quem prestar pronto
socorro a vitima não poderá ser preso e nem pagara fiança.
i) Menores – não é preso em flagrante, é apreendido em estado de flagrância e depois será
encaminhado para internação. Não comete crime , pratica ato infracional análogo a algum
crime do CP. (auto de apreensão)

Tecnicamente a prisão em flagrante só pode durar 24h, e após a audiência monitória que será
decidida se vai ser revertida em prisão preventiva.

B) Prisão temporária – lei 7.960/89

A prisão em flagrante e a temporária, são temporárias.

A prisão temporária é a realização da detenção restringindo a liberdade do individuo para buscar


algo sobre o apreendido. Não tem nada concreto contra o individuo mais deixá-lo em liberdade
pode trazer prejuízo para investigação.

Tendo prazo de 5 dias, e podendo ser prorrogado por mais 5 dias, ao se passar o prazo o réu é solto,
caso não tenha fatos para fundamentar a prisão preventiva.

Na lei de crimes hediondos, o prazo é de 30 dias e cabe prorrogação de mais 30 dias.

Art. 1° Caberá prisão temporária:


I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal,
de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:Prova
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);(o § 1º não está incluso, deve se atentar a esses
artigos para estudas para a prova)
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b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);


c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);(O §§1 e 2 é o prazo de 5 dias mais 5, e o §3º é
crime hediondo, logo o prazo é de 30 + 30 apenas para o latrocínio)
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); g e h foi
incorporado em outro crime!
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte
(art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; se reformou em associação criminosa a
nomenclatura. Deve se lembrar que o crime de milícia não cabe a prisão temporária, pois não
esta nesse artigo em parêntese)
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua
formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);a lei mudou, mas continua
valendo o trafico de drogas
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).A lavagem de
dinheiro não está nesse rol.
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

O inciso I, II e o III tem periculum libertatis e fumus comissi delicti, o fumus é a necessidade de
investigar mais sobre o caso e o periculum é muito superficial. Mas deve ter os dois, por isso não
pode só decretar com base no inciso I, deve ser o I mais o III ou o II mais o III.

A prisão temporária é decretada quando não tem muitos indícios da prova de autoria, sendo assim
ela é decretada para melhor investigação, para transformar essas suspeitas em provas concretas
para se decretar a prisão preventiva.

Deve está nesse rol é taxativo! Mas se o crime for hediondo, mesmo não estando no rol vai caber,
pois a lei de crimes hediondos autoriza isso.

IMPORTANTE – Na fase pré-processual o juiz só poderá decretar quando houver requerimento do


MP ou do Delegado, isto é, só poderá decretar de ofício na fase processual.

C) Prisão preventiva

Não tem prazo, mas caso ocorra um excesso de prazo, pode ser relaxada a prisão. O excesso é além
do tempo, uma demora exagerada no tramite processual, devendo analisar o caso concreto.

Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como 1) garantia da ordem pública
(gravidade do delito + repercussão social), da 2) ordem econômica, por 3) conveniência da
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instrução criminal (sujeito cria obstáculos para investigação), ou 4) para assegurar a aplicação da
lei penal (para garantir a efetividade da lei), quando houver 5) prova da existência do crime e 6)
indício suficiente de autoria.

No artigo 312 tem periculum libertati e fumus comissi delicti.

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado
(para ser reincidente, deve cometer o crime após o TJ do primeiro crime doloso. E apos 5 anos
ele não é mais reincidente, caso venha cometer outro crime doloso).

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência (só vai ser preso no inciso III caso seja um crime com pena superior a 4 anos, ou se o
réu violar a medida protetiva);

Pergunta de prova: O cara comete em vila velha o 155 do CP, com pena de 1 a 4 anos, e depois de
uns dias ele comete o mesmo crime só que em vitória e depois na Serra, e sempre acaba ficando
solto é preso e depois é solto, isso pode?

Pode a prisão, pois na unificação de pena, a pena vai variar de 3 a 12 anos, ficando assim
proporcional a pena, e também ao ser preso é uma forma de evitar mais crimes e também a
garantia da ordem pública.

D) PRISÃO DOMICILIAR

 Conceito

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua


residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial.

Consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, dela não podendo ausentar-
se sem ordem judicial.

Esta prisão é pautada no binômio necessidade e confiança. Caso o indivíduo descumpra as regras
estabelecidas neste regime domiciliar será recolhido para unidade prisional. Na prisão domiciliar,
tem o periculum, mas tem outra coisa que o impede de ficar no sistema prisional comum.

Obs.: o domicilio pode ser um veleiro, um moto home, mas caso seja, ele deverá permanecer em
um único lugar, atracado ou estacionado.

O Juiz pode limitar o acesso de pessoas que freqüentarão a residência e a permanência dentro
apenas do apartamento.

OBS: o tempo da domiciliar é computado no tempo de cumprimento da pena.


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 Cabimento

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; AIDS não configura este inciso.
Tem que ter AIDS e estar extremamente debilitado.
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
idade incompletos.

O preenchimento de 1 requisito já é o suficiente.

3) Medidas cautelares substitutivas da prisão

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades; Deve ser examinado o art. 282 do CPP. Levar em conta se a prisão é
cabível se existe possibilidade do individuo ficar preso (pautado em autocontrole).
II - proibição de acesso ou freqüência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o
risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos; não se considera uma prisão domiciliar. E período
noturno é das 18h às 6h, mas pode ser alterado, caso o réu estude a noite.
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração; (também tem detração penal, pois a pessoa também
fica “presa”)
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem
judicial;
IX - monitoração eletrônica.

Liberdade Provisória – 15/05/2019


a) Obrigatória (ex lege) – lembrar que neste caso a prisão não seria cabível. Se a prisão não é
cabível não se pode aplicar a medida cautelar que substitui a prisão. Será hipótese de liberdade
obrigatória quando a lei disser que não cabe prisão.

Hipóteses:

- Crimes de menor potencial ofensivo (art. 69 e § único, Lei 9.099/95)


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Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança.
- No JECRIM, o delegado não pode lavrar o ADPF (lavra termo circunstanciado) e nem cobrar fiança.

- Crimes de trânsito ... prestar pronto e integral socorro


Art. 301, CTB - Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não
se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
-> Em caso de homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito, se a pessoa prestar socorro
não haverá flagrante e por isso não poderá ser cobrada fiança.
OBS: ao contrário senso, se a pessoa não prestar socorro, poderá haver flagrante.

- Porte de drogas para uso próprio (Art. 28, Lei de drogas)


O artigo 28 cai dentro do JECRIM, não cai na lei de drogas, o procedimento é diferente do padrão.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
- Além de caber JECRRIM, não há previsão de pena privativa de liberdade, logo, o delegado não
pode lavrar o ADPF e nem cobrar fiança.

- Contrário senso do art. 313, CPP: traz os requisitos objetivos


Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos;

Ex: art. 155, CP – 1 a 4 anos (não cabe prisão)


- Se o delegado impuser fiança e este se negar a pagar, depois na audiência de custódia for imposta
uma nova, contudo se negar também, como o Juiz o manterá preso se não cabe prisão? (Pena
máxima inferior a 4 anos)

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso (reincidente), em sentença transitada em
julgado;
art. 155, CP + art. 302, p. único, III, CTB – 2 a 4 anos + 1/3
- Neste caso o delegado não pode arbitrar fiança, então se na audiência de custódia o Juiz arbitrar e
este se negar a pagar, como poderá ser mantido solto? Neste caso o crime é culposo, então ainda
que fosse ao final condenado, não seria preso.

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
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Quando há concurso material as penas serão somadas e, portanto a liberdade não será obrigatória.

*Se a situação da uma ideia de probabilidade de que tenha havido legítima defesa, não poderá
haver prisão em flagrante.

b) Liberdade provisória proibida (ex lege) - quando a lei impede. O sujeito tem que ficar preso do
início ao fim do processo.

- Art. 44, Lei 11.343/06: Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
conversão de suas penas em restritivas de direitos.
- O STF em controle difuso disse que este artigo é inconstitucional, pois o fato de não caber fiança,
não quer dizer que não cabe provisória (basta analisar o caso concreto), logo tal previsão tira do Juiz
o poder de analisar o caso concreto.
Na visão do supremo, a lei pode dar liberdade provisória obrigatória, mas não proibi-la. O juiz
precisa ter o poder de examinar o caso concreto.

c) Liberdade provisória permitida


É cabível tecnicamente, mas ao analisar o juiz entende que pode ter o fumus, mas não tem
periculosidade.
• Com fiança e com vinculação – a fiança só será fixada caso o crime seja afiançável e o sujeito não
tenha obrigatoriedade de ficar preso. Não cabe fiança em prisão temporária, por ser
incompatível com o instituto.
• Sem fiança (Com ou sem vinculação)
Fiança
A fiança é uma das medidas que substitui a prisão.
Natureza jurídica – Caução (garantia real).
Finalidade – Art. 319, VIII, CPP + Art. 336, CPP
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo,
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;

Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das custas (se for
absolvido, o valor voltará para ele), da indenização do dano (serve como medida cautelar
patrimonial, contudo há outras medidas que podem ser aplicadas, ex: arresto, hipoteca legal...),
da prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado (é a multa da sentença de
condenação. Se sobrar valor vai para o fundo penitenciário).
O que pode ser dado em fiança –
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou
metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita
em 1º lugar. (bens móveis não estão previstos, mas podem ser utilizados) -> tudo que tenha valor
pecuniário.
Crimes inafiançáveis

Art. 323 CPP. Não será concedida fiança:


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I - nos crimes de racismo


II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos
como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático;

-> O fato de ser inafiançável não significa que não cabe provisória: de acordo com o STF, a
presunção de inocência deve prevalecer.

Autoridade responsável pelo arbitramento


Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e
oito) horas.
• autoridade policial (delegado) no caso de crime cuja pena privativa de liberdade máxima
prevista não exceda 4 anos.
• Juiz – demais casos e quando o delegado não arbitrar.
Ex: o delegado arbitra a fiança em R$1.000,00 pelo crime de furto (01 a 04 anos), contudo
posteriormente o MP viu que se tratava de crime de roubo. Neste caso, o Juiz poderia
majorar/reforçar a fiança, sob pena de prisão.
O contrário também é valido.

Valor da fiança
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites:
I - de 1 a 100 salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no
grau máximo, não for superior a 4 anos;
II - de 10 a 200 salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada
for superior a 4 anos.
• 1 a 100 salários mínimos no caso de pena de até 4 anos. (Delegado)
• 10 a 200 salários mínimos nos demais crimes. (Juiz)

OBS: § 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:


I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3; ou
III - aumentada em até 1.000 vezes.

Unidade IV – Procedimentos

O procedimento no processo penal divide-se em comum ou especial.

Especial  Os procedimentos na legislação especial (ex.: drogas, lei 8.038/90, etc); os previstos nos
regimentos internos dos tribunais (RITJES, RISTJ, ETC); E os previstos no próprio CPP (Ex.: tribunal do
júri, crimes contra a honra não abrangidos pelo JECRIM, crimes contra a propriedade imaterial,
crimes praticados por funcionários públicos contra a adm. Pública, etc).

Comum  Subdivide-se em:


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A) OrdinárioCrimes com pena máxima abstrata igual ou maior que 4 anos, ressalvados os
procedimentos especiais;
B) Sumario Crimes com pena máxima abstrata maios que 2 anos e menos que 4 anos,
ressalvados os procedimentos especiais;
C) Sumaríssimo (JECRIM, lei 9099/95) Contravenções e crimes com pena máxima abstrata
até 2 anos, ressalvado o procedimento do jurí, da competência das justiças especializadas
(eleitoral e militar) e o concurso de crimes e as causas de aumento de pena.

Existe alguns dos procedimentos especiais com o artigo 28 da lei de droga, ou crime contra
honra, como a pena máxima é de até 2 nos será o rito do JECRIM e não seguira o rito especial.

Se tiver a competência originaria por prerrogativa da função, não será levado em conta o rito do
JECRIM, mas será encaminhado para o lugar devido.

Ex.:

1) Se um juiz comete o artigo 303, CTB – pena de 6 meses a 2 anos, essa ação será proposta no
TJ, e será proposta uma transação penal, igual no JECRIM, pois mesmo que não se aplica a
lei, se preenche os requisitos, irá aplicar como se fosse nesse rito, só que no TJ.
2) Uma pessoa comete artigo 306 CTB – Pena 6m a 3 anos + 307, CTB – 6m a 1 anos, somado as
penas máximas da 4 anos, e o rito será ordinário.

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Denúncia - artigo 41, CPP - Qualificação


do acusado; narrativa dos atos com todas
as suas circunstancias; classificação
Concluso ao juiz
juridica e pedido de condenação, arrolar
até 8 testemunhas, para cada crime e
para cada réu.

Rejeita - artigo 395 CPP, I -


Inépcia da inicial, II -faltar
pressuposto processual ou
condição para o exercício da
ação penal; III- Faltar justa causa Recebe Citação ...
para a ação penal (lastro
probatorio minimo do crime e
autoria); ou

Nesse caso supra, será o artigo 155, CP – reclusão, 1 a 4 anos

No crime culposo, a denunciação deve ser bem narrada, colocando todas as circunstancias do
ocorrido, principalmente no crime culposo, pois deve indicar a onde o réu foi imprudente ou
negligente, e caso não seja descrito correto, a denuncia será inepta. Mas se na denuncia a
tipificação estiver errada, tudo bem, porque, o réu não se defende do pedido, mas sim dos fatos
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narrados, e se o juiz depois entender que o crime cometido é outro do tipifico, pode alterar através
da emendatiolibelli.

Procedimento da lei de droga

Notificação para
Denúncia apresentar a Defesa previa
defesa prévia

Rejeita ou
Concluso ao juiz
recebe

No procedimento de lei de droga, a denúncia não vai concluso ao juiz logo no início, antes o cartório
antes notifica o réu para apresentar uma defesa previa.

Resposta à acusação - artigo 396 e 396-A,


Absolvição sumária - 397 do CPP I -
CPP - 1.Prazo de 10 dias 2. Arguir
Causa manifesta de exclusão da
preliminares (denuncia inépta, falta justa Concluso ao juiz ilicitude; II - Causa manifesta da
causa...); 3. Opor exceções; 4. Fazer defesa
exclusão de culpabilidade; III - O
de mérito ou por negativa geral; 5. Indicar
fato evidentemente não constitui
assistente técnico; 6. Arrolar até 8
crime; IV - Extinta a
testemunhas (sendo um prazo preclusivo,
punibilidade(em regra pela
se não indicar agora, não pode indicar
prescrisão); ou
depois).

A.I.J 1) Oitiva da vitima, 2) oitiva das testemunhas de


.

acusação, 3) oitiva de testemunha de defesa, 4)


esclarecimentos dos peritos, 5) acareações e
Designar AIJ para os reconehcimento de pessoas e coisas (o reconhecimento
próximos 60 dias e mandar de pessoa está mal situado no código, por isso pode ser
intimar as partes e demais auterado caso seja requerido), 6) interrogatorio, 7)
sujetis processuais debates orais, 20 minutos + prorogados por mais 10 para
o MP e depois para o Réu (o debate oral pode ser
convertido na forma escrita, mas o DP não tem prazo em
dobro na forma oral, mas na forma escrita permanece o
prazo em dobro), 8) sentença
Obs.: O ônus da prova é da acusação, até se for alegado a legitima defesa, se apenas o argumento
convencer, o réu será inocentado, pois na duvida se favorece o réu.

 Só faça a defesa na resposta de acusação bem fundamentada se tiver certeza do


julgamento, se não, é melhor dar uma resposta genérica, para que não entregue os
argumentos que vão ser usados na AIJ;
 Se o juiz já recebeu a denúncia, você pede a preliminar para que ele decrete a
nulidade da decisão que recebeu a denúncia, e extingue o processo sem resolução de
mérito;
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 Os pedidos na resposta á acusação, você deve fazer sempre do melhor pedido, até o
pior, Como: 1) absolve a réu pela legitima defesa, 2) extingue o processo pela
inépcia.
 Se não for respondido a acusação, e o réu tiver sido devidamente citado, o juiz
nomeara um dativo ou encaminhara para a defensoria pública.
 Caso não tenha a resposta de acusação, o juiz não pode marcar a AIJ.

Obs.: Se o MP não apresentar a memorial escrita, o juiz vai notificar a procuradoria, e vai
encaminhar os autos para ser acusado por outro procurador com analogia ao artigo 38 do CPP.

FORMAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI

Até 10 de outubro de cada ano é publicada uma lista geral contendo os nomes de cidadãos
brasileiros maiores de 18 anos e portadores de idoneidade moral, aptos ao serviço do júri o ao
subseqüente.

Esta lista poderá ser impugnada por qualquer do povo indicando o motivo do impedimento do
alistado até 10 de novembro, quando Serpa publicada lista definitiva.

A lista será composta de:

a) De 800 a 1500 nomes -> nas comarcas com + de 1000000


b) De 300 a 700 nomes -> nas comarcas com + de 100000
c) De 80 a 400 nomes -> nas comarcas com até 100000

OBS:

Idem ao ordinário

[...] Pronúncia

Decisão Impronúncia

Desclassificação

Absolvição Sumária (faz coisa julgada


formal e material por isso é considerada
como sentença.
Intimação das partes
[...]
Aqui começa a 2ª
Certidão de preclusão da pronúncia fase do Júri.
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Intimação das partes para apresentação de rol de testemunhas (art. 422), até 05 testemunhas para
oitiva em plenário e também requerimentos.

Apresentação do rol de testemunhas


.
.
.
.
CLS (art. 423)
a) Preparar relatório que será apresentado no plenário.
b) Determinar a realização das diligências eventualmente requeridas.
c) Incluir o processo em pauta da reunião periódica específica.
.
.
.
.
.
Intimação das partes e demais sujeitos processuais para a sessão plenária do júri.

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