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RIO GRANDE DO NORTE


SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
CURSO DE FORMAÇÃO DO INSTITUTO TÉCNICO-CIENTÍFICO DE PERÍCIA

SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA:


Conceitos fundamentais

Natal/RN
2018
2

GLEYDSON RODRIGUES DANTAS1

SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA:


Conceitos fundamentais

Conteúdo apresentado para a disciplina de


Sistema de Segurança Pública (4h) para o
Curso de Formação do Instituto Técnico-
científico de Perícia

Natal/RN
2018

1
Possui graduação em Segurança Pública pela Academia de Polícia Militar Cel. Milton Freire de Andrade
(Bacharel, PMRN, 2012); Especialização em Corpo e Cultura de Movimento (UFRN, 2006); Graduação
em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Bacharel/Licenciado, UFRN, 2005).
Curso de Técnicas de Ensino Policial (PMRN/2016). Membro da Comissão de Elaboração, Revisão e
Atualização dos Planos Pedagógicos do CFO e do CHO. Membro da Comissão de Coordenação Geral do
Processo Seletivo para o CHO. Tem experiência na área de Defesa, com ênfase em Segurança Pública,
atuando principalmente nos seguintes temas: Educação e Violência, com trabalhos publicados e
defendidos em nível internacional, nacional e estadual. Atualmente é Oficial da Polícia Militar (1ºTen.
PM) servindo na Academia de Polícia Militar Cel. Milton Freire de Andrade.
3

O QUE IMPORTA É SABER O QUE IMPORTA!

[...] Conhecimento é inesquecível. Esquecível é informação. Não


confunda, conhecimento com informação. Informação é cumulativa,
conhecimento é seletivo.

A escola no Brasil, em grande medida, foi marcada por uma


perspectiva ilustrativa, com excessivo número de informações, sem
lidar, de fato, com o que seria importante. Isto é: que pudesse ser
levado para dentro.

Por exemplo: não é casual que o método de avaliação mais usual no


campo da escolaridade é a memória. Isto é: quanto e quantas
fizeram avaliações em que se recorria à memória e não ao
conhecimento. Recorria-se a capacidade de guardar informação.

Se trabalho com a ideia de conhecimento, como aquilo que vai


servir para operar a vida; fazê-la funcionar; o conhecimento como
solução de problemas; o conhecimento como maneira de existir de
maneira mais consciente, mais nítido, menos alienado... A
informação será só base para o conhecimento [...].

Mário Sérgio Cortella2

2
Fragmento: “Cortella: o que importa é saber o que importa!” Disponível em:
https://youtu.be/jjZrTltzlvg. Acessado em: 02 mar. 2017
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APRESENTAÇÃO

O que é Segurança Pública? Se partirmos apenas da expressão, seria: o estado de


normalidade que permite o usufruto de direitos e o cumprimento de deveres,
constituindo sua alteração ilegítima uma violação de direitos básicos, geralmente
acompanhada de violência, que produz eventos de insegurança e criminalidade. É um
processo, ou seja, uma sequência contínua de fatos ou operações que apresentam certa
unidade ou que se reproduzem com certa regularidade, que compartilha uma visão
focada em componentes preventivos, repressivos, judiciais, de saúde e sociais.
É um processo sistêmico, pela necessidade da integração de um conjunto de
conhecimentos e ferramentas estatais que devem interagir a mesma visão,
compromissos e objetivos. Deve ser também otimizado, pois dependem de decisões
rápidas, medidas saneadoras e resultados imediatos. Sendo a ordem pública um estado
de serenidade, apaziguamento e tranquilidade pública, em consonância com as leis, os
preceitos e os costumes que regulam a convivência em sociedade, a preservação deste
direito do cidadão só será amplo se o conceito de segurança pública for aplicado.
A segurança pública não pode ser tratada apenas como medidas de vigilância e
repressiva, mas como um sistema integrado e otimizado envolvendo instrumento de
prevenção, coação, justiça, defesa dos direitos, saúde e social. O processo de segurança
pública se inicia pela prevenção e finda na reparação do dano, no tratamento das causas
e na reinclusão na sociedade do autor do ilícito.
Muitos autores apontam para a necessidade de uma visão sistêmica da segurança
pública, o que também é reforçado pelas instâncias federal e estadual, tendo em vista a
edição de planos específicos para a área da segurança pública.
Além disso, dentre as várias abordagens teóricas das organizações que permitem
tratar as questões de segurança, criminalidade e violência; a abordagem sistêmica - que
descreve a segurança pública como um sistema de estruturas interligadas, com certo
nível de autonomia - é a que mais possibilita a compreensão dos órgãos e instituições de
segurança pública.
Sendo assim, é de crucial importância que o profissional de segurança pública
possua uma visão sistêmica da sua profissão, assumindo um comprometimento mais
amplo, que abranja não só as ações do órgão, mas também toda a realidade social (o
sistema social) em que atua.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6
2 PLANO DE DISCIPLINA 8
3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 10
REFERÊNCIAS 20
ANEXOS 21
6

1 INTRODUÇÃO

“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim


como a prática sem teoria, vira ativismo. No
entanto, quando se une a prática com a teoria tem-
se a práxis, a ação criadora e modificadora da
realidade.” (Paulo Freire)3

A necessidade de um novo modo de desenvolver a ação do profissional de


Segurança Pública se exacerba quando se analisa as ações produzidas no contexto social
em que surgem. A problemática da Segurança Pública se ancora nos conflitos sociais, e
as formas de resolução desses conflitos mantêm uma aparente distancia da práxis
profissional, entretanto, são subsidiárias. Ou seja, para resolver as questões da violência
não só a prática de um policiamento ostensivo resolve, haja vista que na realidade
brasileira, os problemas, cuja violência é o reflexo, emanam das carências sociais:
educação, saúde, alimentação, renda... A ação do profissional de Segurança Pública se
torna mediadora dessas carências, uma reação do Estado aos conflitos que não consegue
resolver, nem transferir a responsabilidade destes. Como preconiza a fala de Goldstain
(2003):

“[...] ninguém disse ao policial como lidar com aquilo de maneira


diferente. Um novo sistema de inciativas e recompensas deve ser
designado para conseguir a conduta desejada. O sistema atual, exposto
e denunciado com frequência cada vez mais maior, é absurdo.
Policiais são recompensados de diversas maneiras pelo numero de
prisões pela arrumação e limpeza de seus uniformes [...]. Algumas
dessas medidas podem ser importantes, mas poucas afetam
diretamente a natureza do serviço que diz respeito ao público.”

Atualmente, encontramos o fenômeno epistemológico de três paradigmas


coexistentes nas operações de Segurança Pública, sendo eles: O Paradigma Penalista, o
Disciplinador e o Prevencionista. O primeiro traz a atitude reativa como modelo de
operação, ou seja, falar em segurança é falar de crime, de um problema do governo e do
judiciário, distante da parte que cabe a sociedade dessa questão. A atividade do
profissional de Segurança Pública se restringe ao cumprir e fazer cumprir das leis

3
Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/ODUzNzg1/. Acesso em: 28 abr. 2012.
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penais. Foco na atividade de polícia judiciária, visto que o importante são os crimes
consumados, em prejuízo da prevenção e das vítimas (SILVA, 2012).
A partir da análise de Foucault (2009) sobre o processo de Disciplinar, podemos
deduzir que a segurança pública disciplinada tornou-se uma questão urbana e um dilema
do Estado: gerando o paradigma militarista – o militarismo tudo resolve. Esse persiste
na atitude reativa, na qual, tratar de Segurança Pública é falar em desordem, em controle
da ordem pública. Erige sua justificativa pelo discurso belicista que transfere o
entendimento da atividade do profissional de Segurança Pública como sendo apenas um
conjunto de táticas de guerra, termos como: inimigo, cerco, vitória... Reforçam o ideário
formalmente militar. Seu foco concentra-se no aparato bélico, em desfavor da polícia
com técnica e das técnicas de mediação e gerenciamento, não interessando os crimes já
acontecidos.
Esse paradigma traz ainda o traço maniqueísta, com o foco em “suspeitos
abstratos”, em “nós” contra “eles”. A fundada suspeita praticamente inexiste, o
empirismo é a tônica das abordagens, haja vista que se vislumbra que a equação para
acabar com o crime e “acabar com a desordem”, nem que seja necessário o uso
arbitrário da força. A eficácia é medida pela quantidade de prisões, de mortos em
confronto e de material apreendido. Os policiais formados sobe esse prisma tem em sua
pedagogia a ênfase em táticas militares, um ensino notadamente irreflexivo rechaçando
a gerência, ao controle externo (SILVA, 2012).
Por fim e para efeito desta discussão, destacamos o Paradigma Prevencionista
que trás a atitude proativa como mote de sua execução. O discurso sobre a Segurança
Pública versa sobre a prevenção e constrói a responsabilidade cidadã sobre o problema
sem, contudo, eximir a parte que cabe ao Estado, como preceitua o Art. 144 da
Constituição Federal de 1988. A Atividade do profissional da segurança pública referida
neste paradigma se consolida por políticas de prevenção ao crime, concentrando-se na
mediação dos conflitos no espaço público e nas técnicas de abordagem, seu aspecto
repressivo surge como parte da prevenção, não como modo de operação (Idem, 2012).
Conforme preceitua o Art. 144 da Constituição Federal (1988): A segurança
pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]
(Grifo nosso). Por essa égide, faz-se necessário repensar os paradigmas da Segurança
Pública – refletida em seus profissionais; e da parte que cabe a sociedade.
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O Instituto Técnico-Científico de Perícia – ITEP se insere nesse contexto como


„inovação‟ na relação da Segurança Pública e o contato com a sociedade, rompendo
paradigmas e efetivando o papel da perícia como meio de prova para elucidação dos
fatos correlatos à lide, e, em especial, apontar a relevância da perícia médico-legal no
esclarecimento dos fatos imputados ao acusado, frisando a busca da verdade real no
Processo Penal à luz da legislação brasileira vigente. Por fim, tratar cientificamente da
violência é corroborar com a comunidade dos profissionais da Segurança Pública, para
que possam seguir um mesmo norte: da profissionalização.

2 PLANO DA DISCIPLINA

Disciplina Sistema de Segurança Pública


Carga-horária 04 h/aula
 Para os profissionais da Segurança Pública, faz-se
premente ter uma visão sistêmica de como
funciona o Plano Estadual de Segurança Pública
PLANESP/RN 2017-2020.
 Além disso, dentre as várias abordagens teóricas
das organizações que permitem tratar as questões
de segurança, criminalidade e violência; a
abordagem sistêmica – que descreve a segurança
pública como um sistema de estruturas
Contextualização
interligadas, com certo nível de autonomia - é a
que mais possibilita a compreensão dos órgãos e
instituições de segurança pública.
 Sendo assim, é de crucial importância que o
profissional de segurança pública possua uma
visão da sua profissão, assumindo um
comprometimento mais amplo, que abranja não só
as ações do órgão, mas também toda a realidade
social (o sistema social) em que atua.
 Compreender a visão sistêmica da segurança
pública, os órgãos, as instituições, os profissionais
e as políticas e ações voltadas para a sociedade e o
cidadão, mediante o estudo dos seus antecedentes
Objetivos da disciplina históricos e da análise de cenários e perspectivas.
 Reconhecer a importância da formulação de
políticas públicas e da elaboração de planejamento
na área de segurança pública, através do
PLANESP/RN 2017-2020.
 Segurança pública nas sociedades democráticas;
Aspectos Conceituais  Estrutura organizacional e funcional da segurança
pública;
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 Atribuições das instituições de segurança pública;


 PLANESP/RN 2017-2020;
 Análise crítica das políticas públicas, funções e
atribuições das instituições de segurança pública;
Aspectos Procedimentais
 Pensamento crítico sobre seus compromissos e
responsabilidades como cidadão e profissional.
 Visão sistêmica e compartilhada;
 Senso de interdependência, autonomia;
 Trabalho de forma cooperativa e colaborativa;
 Ética;
 Alinhamento com a missão constitucional;
Aspetos Atitudinais  Comprometimento com a organização e com a
carreira no contexto global;
 Reconhecimento dos limites e das possibilidades/
legitimidade na prática de seus atos;
 Curiosidade intelectual;
 Valorização do espaço de atuação.
 Noções de Políticas Estruturais de Segurança
Conteúdo programático Pública;
 PLANESP/RN 2017-2020;
Estratégias de Ensino-
 Discussão teórica aliada a exercícios práticos;
aprendizagem
 Avaliação continuada a partir da execução dos
Avaliação da Aprendizagem
exercícios propostos.
BRASIL. Matriz curricular nacional para ações
formativas dos profissionais da área de segurança
pública. Brasília: Secretaria Nacional de Segurança
Pública, 2014.

_______. Vade mecum segurança pública. Brasília:


Referências Secretaria Nacional de Segurança Pública, 2010.

RIO GRANDE DO NORTE. Plano estratégico de


segurança pública do RN (PLANESP RN 2017-2020):
identidade estratégica e modelo integrado de governança.
Natal: Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social,
2016.
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3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

O Sistema de Segurança Pública necessita de conceitos fundamentais para o


entendimento do seu processo. Em virtude do direcionamento proposto no programa da
disciplina, trataremos apenas de noções, aspectos introdutórios sobre as etapas do
processo.

1.1 Noções de Políticas Estruturais de Segurança Pública

1.1.1 Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas:

O dever de proteção e promoção do direito à segurança pública do Estado passa


pela manutenção de uma ordem pública democrática, conforme com a Constituição e
assentada no respeito aos direitos fundamentais. A preservação da ordem pública não
constitui um fim em si mesmo, mas sim o meio pelo qual se protege a pessoa. Em
essência, a segurança pública, num regime democrático, tem por finalidade última,
embora não exclusiva, proteger e promover a intangibilidade da pessoa enquanto
membro de uma comunidade, da qual não pode prescindir para a realização plena e
efetiva de seus direitos fundamentais, cujo livre exercício e fruição por todos e por cada
um não prescindem de uma convivência pacífica e ordenada.

1.1.2 Atribuições das instituições de Segurança Pública:

A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - Polícia Federal: apurar infrações penais contra a ordem política e social ou


em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades
autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo
se dispuser em lei; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; exercer as funções
de polícia marítima, aérea e de fronteiras; exercer, com exclusividade, as
funções de polícia judiciária da União.
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II - Polícia Rodoviária Federal: destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento


ostensivo das rodovias federais.
III - Polícia Ferroviária Federal: destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.
IV - Polícias Civis: dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, exceto as militares;
V - Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares: cabem a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares,
além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de
defesa civil; As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças
auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias
civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
VI – Guardas Municipais: destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.
VII – Perícia Criminal: assegurada autonomia técnica, científica e funcional
para o exercício da profissão para exercer, com exclusividade, as atividades de
perícia oficial de natureza criminal; além de exercer as atividades de
identificação civil e criminal, necessárias à segurança pública, aos
procedimentos pré-processuais e aos processos judiciais; E ainda, desenvolver
estudos e pesquisas tendentes a aprimorar a qualidade dos exames periciais e de
todos os procedimentos compreendidos na área de atuação dos seus agentes; Por
fim, exercer outras atribuições previstas em lei ou regulamento, desde que
compatíveis com suas funções institucionais.

A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela


segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
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1.1.3 Abordagem sistêmica da segurança pública;

Sistema é um conjunto de objetos, órgãos ou organizações unidos por alguma


forma de interação ou interdependência. Dependendo da abordagem ou da análise que
se queira fazer, uma organização, por exemplo, pode ser entendida como um sistema, ou
subsistema, dependendo do grau de autonomia. Logo, um sistema possui um grau de
autonomia maior do que um subsistema e menor do que o supersistema. Assim, a
Polícia Militar é considerada um subsistema em relação ao sistema de segurança
pública, e este considerado como subsistema em relação ao sistema de administração do
poder executivo estadual.

1.1.4 Controle interno e externo das instituições de segurança pública;

Controle, por definição, é uma verificação administrativa, quem controla


supervisiona e orienta de forma fiscalizadora, podendo ser interno ou externo.
O controle interno da atividade de Segurança Pública significa uma verificação
administrativa e fiscalizadora do próprio órgão sobre seus atos. Sendo exercido através
dos poderes hierárquico e disciplinar que são poderes administrativos inerentes à
administração pública. As corregedorias internas devem orientar os profissionais de
Segurança Pública a agirem da forma adequada expedindo, por exemplo,
recomendações e determinações. Devem fiscalizar o cumprimento das leis e das ordens
emanadas e punir o desvio de conduta praticado pelos profissionais de Segurança
Pública.
O controle externo da Segurança Pública pode e deve ser exercido pelos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário. Embora sofram de algumas restrições operacionais
práticas, eles são extremamente necessários como complementação do controle interno.
A esses controles, que poderíamos denominar como institucionais é, ainda, acrescentado
um sistema de controle exercido pela própria sociedade organizada. Temos como
exemplos deste controle: a Lei; o Ministério Público; a Magistratura; as Autoridades
Políticas; as Ouvidorias e, os Mecanismos Comunitários.

1.1.5 Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições:

Os conceitos terminológicos e epistemológicos de circunscrição, região e área de


abrangência estão relacionados a uma divisão territorial e definição de área de
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competência onde os profissionais de Segurança Pública exercem sua autoridade, no


caso, toda extensão do estado do RN.
Esse entendimento pretende aperfeiçoar as ações de Segurança Pública,
especificamente a integração do planejamento e a coordenação operacional das
organizações, um a proposta de integração geográfica entre os órgãos que compõem a
Secretaria de Estado, responsável por gerir tais ações. Essa integração se justifica pela
necessidade de obter maior efetividade das ações operacionais em uma mesma área de
responsabilidade territorial, garantindo-se unidade de propósitos e apoio mútuo entre as
instituições de defesa social.
Como exemplo tangível destes conceitos, temos as Áreas Integradas de
Segurança Pública – AISP‟s, que são as unidades territoriais básicas para fins de
planejamento e execução das ações e operações policiais, estabelecimento de metas e
apuração de resultados decorrentes do emprego conjunto dos recursos de segurança
pública.

Áreas Integradas de Segurança Pública: Natal e Parnamirim/RN


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AISP CIRCUNSCRIÇÃO
01 Natal. Bairros: Tirol, Barro Vermelho e Lagoa Seca.
02 Natal. Bairros: Santos Reis, Rocas, Ribeira, Praia do Meio e Cidade Alta.
03 Natal. Bairro: Alecrim
04 Natal. Bairros: Petrópolis, Areia Preta e Mãe Luiza.
05 Natal. Bairros: Lagoa Nova, Nova Descoberta e Candelária.
06 Natal. Bairros: Lagoa Azul.
07 Natal. Bairros: Nordeste, Quintas e Bom Pastor.
08 Natal. Bairros: Dix-sept Rosado, Nossa Senhora de Nazaré, Cidade da Esperança e Cidade Nova.
09 Natal. Bairros: Nossa Senhora da Apresentação.
10 Natal. Bairros: Capim Macio e Neópolis.
11 Natal. Bairros: Guarapes, Planalto e Pitimbu.
12 Natal. Bairros: Potengi, Igapó e Salinas.
13 Natal. Bairros: Pajuçara e Redinha.
14 Natal. Bairros: Felipe Camarão.
15 Natal. Bairros: Ponta Negra.
16 Parnamirim. Área da BR-101 a leste. Inclui os setores censitários do centro de Parnamirim.
17 Parnamirim. Área da BR-101 a oeste. Exclui os setores censitários do centro de Parnamirim.
Fonte: Mapa base IBGE, 2010. Núcleo RMNatal do Observatório das Metrópoles. Departamento de
Políticas Públicas – UFRN. Elaboração Sara Medeiros, 2015.

1.1.6 Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento;

As políticas públicas são caminhos para se chegar ao desenvolvimento, é


composta por três fases de extrema importância: elaboração, implementação e
avaliação. Ainda é muito comum governos não terem um sistema de avaliação das
políticas públicas, no entanto é importante ter sistemas de avaliação para que os
programas atinjam suas metas com eficiência e eficácia. A avaliação é a parte mais
importante dentre todas, ela pode ser feita durante a elaboração da política e durante a
implementação da mesma. A avaliação de políticas públicas são investigações acerca
dos resultados dos programas implementados, ela pode ter seu viés ligado aos resultados
quantitativos, mas também pode abranger resultados qualitativos.
São uma resposta do Estado às necessidades do coletivo que, por meio do
desenvolvimento de ações e programas, objetivam o bem-comum e a diminuição da
desigualdade social. Esses programas e ações precisam ser estruturados de maneira
funcional e sequencial para tornar possível a produção e organização do projeto, como
exemplo, temos a PLANESP/RN 2017-2020.
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1.1.7 Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local;

A análise de cenários pode ser definida como um estudo do ambiente externo,


onde são consideradas todas as variáveis qualitativas ou quantitativas que predominem
nas situações presentes ou que venham a predominar nas situações futuras neste
ambiente.
No RN, foi desenvolvido através do foi norteado, ainda, entre outros insumos,
pela aplicação da Análise SWOT (Strengths, Weakneses, Opportunities and Threats).
Nas organizações, o planejamento estratégico tem a função de descrever e buscar
melhorias nas condições internas que possam responder ao ambiente externo, visando o
fortalecimento institucional.
Nesta visão, a Análise SWOT possibilitou à SESED conhecer sua verdadeira
situação no contexto estratégico do Rio Grande do Norte e do Brasil, e no que será
preciso concentrar suas ações para potencializar seus pontos fortes, amenizar seus
pontos fracos, identificar as oportunidades para alavancagem e mitigar ou amenizar as
ameaças, buscando soluções inovadoras para superar as dificuldades.

1.1.8 Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça criminal.

A Justiça Criminal é pressuposto imanente a qualquer política de segurança


pública. Nenhum programa de redução da criminalidade terá eficácia se não levar em
conta a efetividade de seu funcionamento. Partindo-se dessa premissa, é possível
avançar no entendimento de que o aprimoramento da Justiça Criminal não é tema
isolado de responsabilidade exclusiva do Poder Judiciário desta ou daquela unidade
federativa. Um eficaz plano de melhorias do sistema deve englobar o trabalho
harmônico de todos os entes estatais responsável pela segurança pública.
Há na Constituição Federal diversos dispositivos sobre segurança pública que
indicam essa responsabilidade compartilhada, como a previsão de que a segurança
pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos (art. 144), exercida por
intermédio da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Ferroviária
Federal, das polícias civis e militares e dos corpos de bombeiros militares, a partir de lei
que discipline sua organização e funcionamento de maneira a garantir a eficiência de
suas atividades (art. 144, §7º). Prevê a Constituição, ainda, a criação, pelos Municípios,
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de guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações (art.


144, §8º).
Além disso, cumpre à União legislar privativamente sobre direito penal e
processo penal (art. 22, I), sobre requisições civis e militares, em caso de iminente
perigo e em tempo de guerra (art. 22, III), sobre convocação e mobilização das polícias
militares e corpos de bombeiros militares (art. 22, XXI), sobre competência da polícia
federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais (art. 22, XXII).
União, Estados e Municípios detêm, portanto, nesse campo, atribuições próprias
e conexas que podem e devem ser exercidas de forma coordenada com indispensável
senso de cooperação. No caso dos Municípios, podemos citar, por exemplo, a
possibilidade de atuação conjunta entre suas guardas municipais e as demais forças de
segurança pública. Nesse contexto, um sistema integrado de segurança pública e Justiça
Criminal poderia ser pensado, por exemplo, em termos de um federalismo cooperativo,
cabendo a União assumir, em razão do seu vasto leque de responsabilidades nessa
matéria, a responsabilidade de coordenar e organizar esse novo enfoque de atuação.
Todo esse quadro legitima o que aqui se propõe: é preciso uma estratégia global de
segurança pública que contemple, com especial prioridade, o inadiável aprimoramento
da Justiça Criminal. É preciso pensar, com urgência, em soluções que imprimam maior
celeridade no julgamento das ações penais e uma completa reestruturação do sistema
prisional.
A eficácia na promoção de Segurança Pública existe um sistema de justiça
criminal, harmônico, integrado, ágil, tecnicamente independente, aproximado, coativo,
comprometido, contínuo numa rede de competências e ligações bem definidas
promovendo ações e processos sob o amparo de leis claras, objetivas e coativas.
a garantia de um direito não se da pela atuação isolada de nenhuma autoridade, mas sim
pelo conjunto, pelo sistema de segurança pública como um todo, que passa desde a
prevenção, o atendimento da ocorrência, o reestabelecimento da ordem pública, a
investigação, o processo, a punição e a ressocialização. Todas as autoridades envolvidas
são importantes para a garantia dos direitos.
O sistema de segurança pública como um todo tem que melhorar, mas o atraso
em um de seus aspectos, por exemplo: presídios, não pode obstaculizar outras melhorias
necessárias, como a reforma das competências das polícias. Secundariamente, o modelo
de ciclo completo viabiliza, com a devida aprovação legislativa, a possibilidade de
competência formal para conciliação por parte dos policiais na ponta da linha, que na
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prática já são os maiores conciliadores, e o fariam formalmente, com respaldo técnico e


jurídico, acordos estes que seriam fiscalizados pelo Ministério Público e homologados
pelo Judiciário, auxiliando na redução do número de processos no Poder Judiciário e
desafogando o sistema como um todo.

3.2 PLANESP/RN 2017-2020

Um dos maiores desafios dos gestores na atualidade é prever as mudanças e


cenário e antecipar-se a elas, em virtude do nível de competitividade e incerteza nos
contextos organizacionais, políticos e econômicos. Diante disso, prevalecem às
reflexões sobre a importância das estratégias nas instituições e sua aplicabilidade.
As linhas da orientação estratégica da política pública de segurança, traçadas
pelo Governo do Rio Grande do Norte, visam fundamentalmente adotar políticas e
medidas concretas que contribuam para fazer o estado mais seguro, com o objetivo de
reforçar a sua autoridade, a eficácia e o prestígio das forças de segurança.
O presente Plano tem em vista uma gestão mais moderna, baseada no que há de
melhor nos estudos da área, para a otimização dos recursos disponíveis e a maximização
de resultados, com base num rigoroso planejamento estratégico e numa gestão por
resultados, que será operacionalizada ao longo dos próximos anos.
Toda a atividade da SESED será realizada em prol do cumprimento da sua
missão de “Promover a segurança pública no Rio Grande do Norte, fortalecendo a
integração das forças policiais, do órgão de perícia oficial e dos órgãos de defesa social,
contribuindo para a melhoria na qualidade de vida das pessoas” e para o alcance da sua
visão de futuro que é “Ser reconhecida, pelo residente no Rio Grande do Norte e
nacionalmente, pela excelência nos serviços prestados na Segurança Pública e Defesa
Social”. Sendo assim, afiguram-se imprescindíveis a modernização e o incremento da
proatividade no seio das instituições integradas, melhorando a qualidade dos serviços,
privilegiando a relação de proximidade com o cidadão e promovendo a qualificação e o
desenvolvimento humano.
O maior desafio após a elaboração do plano estratégico é a sua implantação e
sua execução, pois será o momento de se confirmar a sua viabilidade e efetivação por
todos na organização. Os esforços serão no sentido de mudar de intenções para
realizações, de desejos para concretizações, por meio de ações efetivas e, nesse
momento, poderão surgir interesses convergentes e/ou conflitantes que venham a
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determinar as prioridades. Contudo, para Rezende (2012, p. 148)¹, “o importante é


articular e equalizar os interesses em prol do êxito ou sucesso do planejamento
estratégico da organização pública ou privada, evitando competições inoportunas e
desgastes desnecessários.”
Tornar o PLANESP RN 2017-2020 um processo organizacional contínuo exige
dedicação da organização na utilização de modelos, métodos, instrumentos e
procedimentos pertinentes, onde esse planejamento possa proporcionar decisões
profícuas, facilitar a competitividade e contribuir com a inteligência organizacional.
O acompanhamento da execução do Plano ocorrerá pelo Alinhamento da
Estrutura Implementadora e pelo processo de Monitoramento e Avaliação. O primeiro,
dar-se-á, entre outras medidas, com a elaboração dos planos estratégicos dos órgãos
vinculados, com a Contratualização de Resultados – as assinaturas dos Contratos de
Gestão e a consequente implantação dos Escritórios de Projetos, Processos, de
Monitoramento e Avaliação da Gestão em todo o Sistema de Segurança Pública. O
segundo, através da implantação do Processo de Monitoramento e Avaliação do Plano
que fora desenhado com a assessoria do Instituto Publix, na frente de Processos, do
Projeto GoveRNança Inovadora RN 2035.
O Comitê Gestor, a Nível Estratégico, deverá cuidar de toda a documentação do
PLANESP RN 2017-2020, assim como de sua atualização anual. Também deverá
disponibilizar as informações dos resultados auferidos para todo o Sistema Estadual de
Segurança Pública, bem como aos demais stakeholders. Enfim, deverá realizar todo o
acompanhamento dos indicadores e metas, além da definição e execução dos protocolos
policiais e não policiais, voltados para o cumprimento da Missão e o alcance da Visão
de Futuro. Para tanto, terá, a Nível Tático/Executivo, as Câmaras Temáticas Setoriais
que realizará todo o debate e proposições acerca da execução do Plano e, a Nível
Operacional/Ação, contará com a atuação dos órgãos vinculados e setores que compõem
a estrutura organizacional da SESED.
19

REFERÊNCIAS

DANTAS, Gleydson Rodrigues Dantas. Nem sempre 190: proatividade em segurança


pública. Revista Ação Policial – Ano XXIII/ n. 124 – Edição Nacional

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: a história da violência nas prisões. 37.ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2009

GOLDSTEIN, Herman. Policiando uma sociedade livre. São Paulo: Editora da


Universidade de São Paulo, 2003 – (Série Polícia e Sociedade; n. 9)

http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/SESED_RN/DOC/DOC000000000166560.PDF

http://www.dhnet.org.br/redebrasil/executivo/nacional/anexos/pnsp.pdf

http://meriva.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/2421/1/000416548-Texto%2BParcial-
0.pdf

https://jus.com.br/artigos/30693/por-um-novo-modelo-de-seguranca-publica

http://www.pmpr.pr.gov.br/arquivos/File/cultura/ATeoriadeSistemasaplicadanagestaoda
Polici
aMilitar.pdf

https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/1188/o-controle-atividade-policial

file:///C:/Users/2016702/Downloads/controle_policial_souza.pdf

https://pt.slideshare.net/bengo54/a-justia-criminal-e-a-segurana-pblica

https://www.conjur.com.br/2015-abr-04/observatorio-constuticional-seguranca-publica-
justica-criminal

http://www.ciclocompleto.com.br/pagina/1339/10-perguntas-sobre-o-ciclo-completo-
de-poliacutecia

MATRIZ curricular nacional para ações formativas dos profissionais da área de


segurança pública. Brasília: Secretaria nacional de segurança pública, 2014.

SILVA, Valdenor Félix Da. Criminologia. Natal, 2012. (Anotações de sala de aula).
20

ANEXO
21
22

ESTUDO DIRIGIDO

1. Conceitue Segurança Pública.


2. Conceitue Ordem Pública.
3. Discorra sobre onde começa e termina a Segurança Pública.
4. Correlacione o aspecto Prevencionista e o Art. 144 da Constituição Federal.
5. Correlacione o papel do ITEP e a profissionalização da Segurança Pública.
6. Construa uma relação entre a Segurança Pública e o Sistema de Justiça Criminal.
7. Sintetize o PLANESP/RN 2017-2020.
8. Para o contexto das atividades desempenhadas pelo ITEP: Qual a significância de se
conhecer a circunscrição territorial, as políticas públicas e a análise de cenário?
9. Sintetize as atribuições das instituições de Segurança Pública.
10. Discorra sobre a Segurança Pública na Sociedade Democrática.

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