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PINHEIRO MOURA

ADVOGADOS ASSOCIADOS

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA


___ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA BAHIA

O MUNICÍPIO DE LAFAIETE COUTINHO, pessoa juríídica de direito puí blico


interno integrante do Estado da Bahia, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Juríídica
(CNPJ) do Ministeí rio da Fazenda sob nº 14.205.959/0001-78, neste ato representado
por seu prefeito municipal, Sr. Zenildo Brandaã o Santana, inscrito no CPF nº
917.331.035-20, devidamente empossado conforme documentaçaã o anexa, por seus
procuradores e advogados que a esta subscrevem, constituíído na forma da procuraçaã o
anexa, com escritoí rio para fins de comunicaçaã o processual situado na Av. Professor
Magalhaã es Neto, nº 1450, Edf. Millenium Empresarial, salas 103, Pituba, Salvador-BA,
vem, mui respeitosamente, perante V. Exa., propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA
com pedido de antecipaçaã o da tutela

contra a Uniaã o (Fazenda Nacional – Receita Federal do Brasil - Lei


11.457/2007), representada judicialmente por sua Procuradoria, no endereço
conhecido por esse Juíízo, pelas razoã es de fato e de direito a seguir expostas.

1. DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL.

Ab initio, mister se faz tecer algumas consideraçoã es acerca da competeê ncia


para processar e julgar a presente demanda, salientando os criteí rios de prorrogaçaã o da
competeê ncia relativa em razaã o do territoí rio, bem como enaltecendo o princíípio do
livre acesso a justiça.

Com relaçaã o aà competeê ncia territorial da Justiça Federal, dispoã e a Carta


Magna que:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

§ 2º - As causas intentadas contra a União PODERÃO ser aforadas na


SEÇÃO JUDICIÁRIA em que for domiciliado o autor, naquela onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde
esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.Grifos nossos

BA: Avenida Professor Magalhães Neto, n. 1450, sala 103. Edíficio Empresarial Millenium. CEP: 41810-012 Salvador/BA.
Fones: (71) 3341.2679/3728.
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Da leitura detida dos balizamentos normativos tracejados no 2° paraí grafo


do artigo 109 da CF, extrai-se claramente a intençaã o do legislador constitucional, em
atribuir ao Autor da demanda contra a Uniaã o Federal, a faculdade expressada pelo
emprego do vocaí bulo “poderão”, para a escolha da seçaã o judiciaí ria em que ajuizaraí sua
demanda contra Uniaã o, privilegiando, dessa forma, o princíípio do acesso aà Justiça. Vale
dizer, a Uniaã o Federal pode ser demandada em qualquer dos foros, sem que exista
prejuíízo pra sua defesa.

EÉ indene de duí vidas que em relaçaã o aà competeê ncia territorial da Justiça


Federal, o legislador constituinte consignou expressamente a sua vontade de conceder
uma faculdade ao Autor de demandas contra a Uniaã o Federal, para ajuizar suas causas
na seçaã o judiciaí ria em que, em conformidade com sua anaí lise, possam ser superados
de maneira mais eficaz os eventuais percalços processuais que ocorram no tramite da
sua pretensaã o, v.g., citaçaã o por carta precatoí ria, efetivar o cumprimento de decisaã o
judicial favoraí vel, etc.

O balizamento normativo insculpido no artigo 109, §2º da CF, o qual faculta


ao Autor ajuizamento da demanda em qualquer das circunscriçoã es em que se divide o
Estado em que eí domiciliado, em certa medida buscou equilibrar a batalha processual
que se travaraí entre o Autor e a Fazenda Nacional, em vista dos privileí gios concedidos
a Uniaã o Federal em mateí ria processual.

Nesse espeque, mister se faz trazer a baila recente julgado, proferido pela
Ilustre Magistrada Nilza Reis, Juííza titular da 8ª Vara Federal da Seçaã o Judiciaí ria da
Bahia, ao julgar contenda ajuizada pelo Municíípio de Lamaraã o, sujeito aà jurisdiçaã o da
Subseçaã o Judiciaí ria de Feira de Santana, reconheceu a competeê ncia para
processamento e julgamento da demanda em razaã o da opçaã o manifestada pelo autor,
in verbis:

“Inicialmente, verifico que o Município de Lamarão está sujeito à


jurisdição da Subseção Judiciária de Feira de Santana. Entretanto, por
força do que dispõe o § 2º do art. 109 da Constituição Federal (que diz:
“As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal”), o autor pode optar por
ajuizar a ação perante o Juízo Federal daquela cidade ou nesta Seção
Judiciária, conforme aliás já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. COMPETÊNCIA TERRITORIAL.


EXEGESE DO ARTIGO 109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
1. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que a
expressão "seção judiciária" do § 2º do artigo 109 da Constituição
Federal, também engloba a expressão "capital do Estado", podendo o
autor ajuizar a ação contra a União tanto na vara federal da capital,
quanto na vara federal da comarca onde tiver domicílio.

BA: Avenida Professor Magalhães Neto, n. 1450, sala 103. Edíficio Empresarial Millenium. CEP: 41810-012 Salvador/BA.
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2. A divergência jurisprudencial, a par de não ter sido demonstrada na


forma regimental, não restou configurada porquanto o aresto
paradigma não guarda similitude fática com a hipótese em exame,
sendo imprescindível para a caracterização do dissídio que os
acórdãos confrontados tenham sido proferidos em situações fáticas
semelhantes, o que não se evidencia no caso dos autos.
3. Recurso provido parcialmente. (STJ, RESP 200101860484, RESP –
RECURSO ESPECIAL – 395584, Relator Min. PAULO GALLOTTI, DJ
DATA:02/10/2006 PG: 00317 RT VOL.: 00856 PG:00145)
Assim, reconheço a competência deste Juízo para processar e julgar a
presente demanda.” (Processo nº2009.33.00.019776-6 – 8ª Vara Federal da
Seção Judiciária da Bahia)

Assim, nos termos do decisum supra evidenciado, temos o posicionamento


jaí propagado por essa Seçaã o Judiciaí ria, haja vista a melhor hermeneê utica
constitucional aplicada aà mateí ria, resguardando, a ratio legis do dispositivo invocado,
qual seja permitir ao autor o exercíício pleno do direito ao acesso a justiça, configurado
pela faculdade no ajuizamento das demandas contraí rias aà Uniaã o dentre as hipoí tese
expressamente elencadas pela Constituiçaã o Federal.

Em recentííssimo julgado em decisaã o de lavra do Desembargador Federal


Reynaldo Fonseca, o Egreí gio Tribunal Regional Federal da 1ª Regiaã o com base
principalmente na jurisprudeê ncia consolidada no STF assim se pronunciou, verbis:

Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo MUNICÍPIO DE CAIRÚ/BA


em face de decisão do Juízo Federal da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do
Estado da Bahia, que declinou da competência para processar e julgar a Ação
Ordinária Nº 2009.33.00.019488-0, bem como determinou a remessa dos
autos para Subseção Judiciária de Ilhéus/BA, sob fundamento de que não
haveria possibilidade de escolha de foro pelo demandante "o que somente se
admitiria entre a Subseção Judiciária de Ilhéus, que como visto, possui
jurisdição para as causas relativas ao domicílio do autor, e o Distrito Federal".
Cinge-se a questão sobre competência para julgar ação ordinária movida por
ente Municipal contra a União, objetivando provimento que afaste a exigência
contida no artigo 4°, inciso I da Portaria do Ministério da Previdência Social
n. 133 (confecção de novo lançamento como condição para compensação),
bem como supere a aplicação do inciso III (mesma Portaria), que versa sobre
o prazo prescricional, o que lhe permitirá promover a compensação ou obter
a devolução de valores recolhidos (contribuição previdenciária sobre os
subsídios dos seus agentes políticos). O agravante pugna pela concessão do
efeito suspensivo ativo à decisão agravada, a fim de que seja suspensa a
decisão do MM Juízo a quo, mantendo o processamento e julgamento da lide
na Seção Judiciária da Bahia, sediada no Município de Salvador-BA. É o
sucinto relatório. 2) O recurso merece prosperar, vez que quando presente a
União no polo passivo da ação ordinária, incide o disposto no art. 109, inciso
I, §2nº, da Constituição Federal, o que possibilita o aforamento da causa na
localidade em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o
ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal. Confira-se o previsto na Magna Carta: Art. 109. Aos

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juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União,


entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho; § 2nº - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas
na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a
coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. Registre-se que a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido d e que as ações intentadas
contra a União Federal, por autor domiciliado no interior (situação sob
análise neste agravo) poderão ser aforadas também na Capital do Estado,
conforme facultado pelo art. 109, § 2nº, da Constituição. Nesse sentido,
incide, na espécie, a seguinte diretriz pretoriana: DECISÃO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. CAUSAS
AJUIZADAS CONTRA A UNIÃO. COMPETÊNCIA: JUSTIÇA FEDERAL. ARTIGO
109, § 2nº, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA: FORO DA CAPITAL DO ESTADO.
RECURSO PROVIDO. Relatório 1. Recurso extraordinário interposto com base
no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República, contra o seguinte
julgado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região: "PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO AJUIZADA CONTRA A UNIÃO EM VARA DA
CAPITAL, POR SERVIDOR DOMICILIADO EM MUNICÍPIO SOB JURISDIÇÃO DE
VARA DO INTERIOR. COMPETÊNCIA FUNCIONAL ABSOLUTA. DECLINAÇÃO DE
OFÍCIO. POSSIBILIDADE. 1. Residindo o autor em Município sob jurisdição da
Var a da Subseção Judiciária de Uberlândia, o feito em que demanda contra a
União Federal deve ser processado naquela Subseção Judiciária, e não em
uma das Varas da Capital, em face da competência funcional absoluta.
Provimento 356/88 do Conselho da Justiça Federal. 2. Agravo de instrumento
não provido" (fl. 58). 2. O Recorrente alega que teriam sido contrariados os
arts. 109, § 2nº, e 110 da Constituição da República.
... (omissis)
1) . Esta Corte Regional também já manifestou sobre o tema, verbis:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA.
COMPETÊNCIA DE FORO. DECLINAÇÃO DE OFÍCIO. ART. 109, § 2nº, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL.1. Nos termos do art. 109, § 2nº, da Constituição
Federal, "As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o
ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal".2. Na espécie dos autos, a autora ajuizou ação
ordinária anulatória de ato administrativo (multa DRT) contra a União, em
Vara Federal de Salvador/BA, cuja jurisdição abrange o lugar em que
sediada.3. Merece reforma a r. decisão agravada proferida pelo Juízo Federal
da 8ª Vara Federal/BA que reconheceu de ofício sua incompetência e
determinou a remessa dos autos para a Seção Judiciária do Ceará, vez que o
Juízo demandado detém competência para processar e julgar o feito, nos
termos do art. 109, § 2nº, da Constituição Federal.4. Agravo de instrumento
provido. (TRF1, AG 2004.01.00.052027-0/BA, DESEMBARGADOR FEDERAL
LEOMAR BARROS AMORIM DE SOUSA, OITAVA TURMA, 01/06/2007 DJ
p.142). Recorde-se, por fim, que não se trata de execução fiscal, mas sim de
ação de procedimento ordinário. 3) Por estes fundamentos, na esteira da
diretriz pretoriana do colendo STF, DOU PROVIMENTO ao Agravo de
Instrumento (art. 557, § 1nº A, do CPC) para manter o processamento e

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julgamento da lide na Seção Judiciária da Bahia, Município de Salvador-BA.


Int. Dil. Legais. Brasília, 17 de março de 2010.
DESEMBARGADOR FEDERAL REYNALDO FONSECA Relator
(AI nº 0005283-87.2010.4.01.0000; Órgão Julgador: Sétima Turma; Relator:
Desembargador Federal Reynaldo Fonseca; e-DJF 1 de 26.03.2010)

Diante dos fundamentos expostos, mostra-se indeclinaí vel a competeê ncia


desta Seçaã o Judiciaí ria, especificamente sua sede, ao processamento e julgamento do
feito, razaã o pela qual perfeitamente possíível a tramitaçaã o da presente demanda junto a
esta serventia.

Ultrapassada a presente preliminar passa-se aà s discussoã es de meí rito.

2. DOS FATOS.

Prescrevem os artigos 151 e 155-A do Coí digo Tributaí rio Nacional que o
parcelamento eí forma de suspensaã o do creí dito tributaí rio:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial;
VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001).

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição


estabelecidas em lei específica.

EÉ sabido que o parcelamento eí uma oportunidade tanto para o Fisco receber


os valores devidos que dificilmente seriam pagos por outras vias, como para os
devedores liquidarem deí bitos e alcançarem situaçaã o de regularidade fiscal. Tomando
como referencial as singularidades de cada deí bito, foram criados treê s tipos de
parcelamento, o Ordinaí rio, o Simplificado e o Especial.

Com o advento da Lei 10.522 de 19 de julho de 2002, que dispoã e sobre o


Cadastro Informativo dos creí ditos naã o quitados de oí rgaã os e entidades federais, foi
proporcionado aos entes devedores da Receita Federal do Brasil modalidades para a
quitaçaã o dos deí bitos, tendo em vista que a lei em comento buscou regulamentar o
instituto dos parcelamentos Ordinaí rio e Simplificado.

A lei nº 10.522/02, que dispoã e sobre o Cadastro Informativo dos creí ditos
naã o quitados de oí rgaã os e entidades federais, em seu art. 14-C, estabeleceu as regras
atinentes ao Parcelamento Simplificado, verbis:

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Art. 14-C. Poderá ser concedido, de ofício ou a pedido, parcelamento


simplificado, importando o pagamento da primeira prestação em confissão
de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito
tributário.
Parágrafo único. Ao parcelamento de que trata o caput deste artigo não se
aplicam as vedações estabelecidas no art. 14 desta Lei.

Por sua vez, o art. 14-F do mesmo diploma legal previu que a SRF –
Secretaria da Receita Federal e a PGFN devem editar os atos administrativos
disciplinadores das diversas modalidades de parcelamento, a saber:

“Art. 14-F. A Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Procuradoria-Geral


da Fazenda Nacional, no âmbito de suas competências, editarão atos
necessários à execução do parcelamento de que trata esta Lei. (Incluído pela
Lei nº 11.941, de 2009)”

Sendo assim, em 23.12.2009, foi publicada a Portaria Conjunta PGFN/RFB


nº 15/2009 que, ao tratar do parcelamento simplificado, estabeleceu em seu artigo 29
(com redaçaã o dada pela Portaria PGFN/RFB nº 12/2013) o seguinte:

Art. 29. Poderá ser concedido, de ofício ou a pedido, parcelamento


simplificado para o pagamento dos débitos cujo valor seja igual ou inferior a
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). ( Redação dada pela Portaria PGFN/RFB
nº 12, de novembro de 2013)

§ 1º Não poderá exceder o valor estabelecido no caput o somatório do saldo


devedor dos parcelamentos simplificados em curso, por contribuinte,
considerados isoladamente: (Renumerado com nova redação dada pela Portaria
PGFN/RFB nº 2, de 26 de fevereiro de 2014)
I - o parcelamento dos débitos de que trata o § 1º do art. 1º; ( Incluído pela
Portaria PGFN/RFB nº 2, de 26 de fevereiro de 2014 )
II - o parcelamento dos débitos administrados pela RFB relativos aos demais
tributos; e
III - o parcelamento dos débitos administrados pela PGFN relativos aos
demais tributos. (Incluído pela Portaria PGFN/RFB nº 2, de 26 de fevereiro de
2014)

§ 2º Em virtude do art. 2º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, a


administração tributária poderá considerar os débitos do inciso I como
integrantes de parcelamentos dos débitos dos incisos II e III, hipótese em que
comporão, no respectivo parcelamento, o limite de que trata o caput.
(Incluído pela Portaria PGFN/RFB nº 2, de 26 de fevereiro de 2014 )

§ 3º A RFB divulgará, na internet, as situações que se enquadram no § 2º.


(Incluído pela Portaria PGFN/RFB nº 2, de 26 de fevereiro de 2014 )

Como se percebe, o art. 29 do diploma administrativo regulamentador,


estabeleceu restriçaã o ao parcelamento simplificado, limitando a inclusaã o nesta
modalidade de deí bitos cujo valor naã o ultrapasse um milhaã o de reais.

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Determinou tambeí m, em seu § 1º, que caso o contribuinte jaí possua outros
parcelamento simplificados em curso, a soma do saldo devedor de todos naã o poderaí
ultrapassar o mesmo limite.

Ocorre, contudo, que naã o haí no texto do art. 14, da Lei 10.522/2002,
instituidor do parcelamento simplificado, qualquer restriçaã o quanto ao limite de valor
dos deí bitos a serem incluíídos na modalidade simplificada de parcelamento. O que se
percebe, assim, eí que ao limitar o valor dos deí bitos passííveis de inclusaã o no
parcelamento simplificado, a Portaria Conjunta nº 12/2013 extrapolou os limites da
Lei instituidora do parcelamento que naã o preveê tal restriçaã o, o que caracteriza evidente
violaçaã o ao princíípio da hierarquia das normas e da reserva legal.

A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/09 constitui espeí cie juríídica de


caraí ter secundaí rio, cuja validade e eficaí cia resulta, imediatamente, de sua estrita
observaê ncia aos limites impostos por leis, tratados, convençoã es internacionais ou
decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares.

O art. 29 do referido diploma infralegal aponta exegese que rompe com a


hierarquia normativa que deve ter com a lei de regeê ncia, in casu, Lei nº10.522/02, o que
implica afronta ao princíípio da legalidade estrita, porquanto estabelece condiçaã o naã o
prevista em lei. Caso tíípico de ato normativo que extrapola de seu poder regulamentar.

Neste sentido, transcreve-se:

TRF-1 - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AGA


330679720144010000 (TRF-1)

Data de publicação: 24/10/2014


Ementa: PROCESSUAL CIVIL - TRIBUTÁRIO - AGRAVO REGIMENTAL -
PARCELAMENTO - LEI Nº 10.522 /02 - POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO
PREENCHIDAS AS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS NA LEI ORDINÁRIA -
PORTARIA CONJUNTA PGFN/RFB 15/2009- INOVAÇÃO - VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL - CPD-EN - POSSIBILIDADE. 1. A Lei nº 10.522 /
02 estabelece requisitos à concessão de parcelamento, sem estipular limites
de valores, prevendo, inclusive, a inaplicabilidade das proibições
estabelecidas no art. 14 ao parcelamento simplificado. 2. "Uma vez que a Lei
10.522 /02 dispõe sobre o parcelamento simplificado sem considerar limites
de valores, não há como a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/09 inovar onde
a lei ordinária não dispõe, sob pena de violação ao princípio da reserva legal
em matéria tributária". (in AC553046/CE, Relator: Desembargador Federal
Ivan Lira de Carvalho (Convocado), Quarta Turma, julgamento: 05/02/2013)
7 - Apelação e remessa oficial improvidas. (TRF-5 - REEX:
13520820124058500, Data de Julgamento: 28/05/2013, Quarta Turma). 3.
No caso vertente, autorizada a realização de parcelamento simplificado dos
débitos demonstrados em anexo (contribuições previdenciárias patronais
referentes às competências 11/2013, 13/2013, 01/2014, 02/2014 e
03/2014), nos termos do art. 10 , da Lei nº 10.522 /2002, sem o limite de
valor previsto em ato infralegal, e consequentemente a suspensão da

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exigibilidade dos referidos créditos tributários, garantindo, nos termos do


art. 206 do CTN , a expedição de CPD-EN, até ulterior deliberação. 4. Agravo
regimental não provido.

EÉ inadmissíível que o poder regulamentar extrapole seus limites, ensejando


a ediçaã o dos chamados 'regulamentos autoê nomos', vedados em nosso ordenamento
juríídico, a naã o ser pela exceçaã o do art. 84, VI, da Constituiçaã o Federal, conforme os
precedentes do Eg. Superior Tribunal de Justiça: REsp 584798/PE, Primeira Turma, DJ
de 06.12.2004; REsp 491304/PR, Relator Ministro Joseí Delgado, Primeira Turma, DJ de
18.08.2003; e REsp 443910/PR, Primeira Turma, DJ de 19.12.2002.

Necessaí rio frisar, inclusive, que a depender dos encargos financeiros do


Municíípio, restringir a quantia a ser parcelada obsta um direito legalmente previsto,
gerando, portanto, uma ilegalidade, situaçaã o essa inaceitável pelo ordenamento
juríídico brasileiro.

Nessa linha de pensamento, cumpre asseverar que sob pena de grave


ingereê ncia na administraçaã o puí blica Municipal, naã o se pode admitir a atual sistemaí tica
de restriçaã o do valor a ser parcelado, adotado pela portaria retro. Em tal sistema o
gestor municipal fica a merceê de uma limitaçaã o ilegalmente prevista, causando grave
lesaã o aà Urbe, restringindo direito previsto em lei e afetando os recursos financeiros do
Municíípio, obstando, inclusive, a obtençaã o de Certidoã es CPD-EN (Certidaã o Positiva com
efeito negativo) ou CND (Certidaã o Negativa de Deí bito).

Dessa forma, naã o tendo condiçoã es de suportar a anomalia supra, pugna o


Municíípio-autor pelo afastamento da restriçaã o imposta e anulaçaã o parcial do diploma
administrativo, pelos fundamentos que passa e expor.

3. DO DIREITO.
3.1 DA NATUREZA JURÍDICA DA PORTARIA. HIERARQUIA DAS NORMAS.
IMPOSSIBILIDADE DE O ATO INFRALEGAL INOVAR NO ORDENAMENTO JURÍDICO,
CRIANDO RESTRIÇÕES AO DIREITO DO ADMINISTRADO INEXISTENTES NA LEI.

A portaria eí um ato administrativo vinculado e carrega consigo a funçaã o


regulamentadora. Essa espeí cie normativa deve ser sempre antecedida por uma lei,
seguindo todos os ditames legais previstos, regulamentando o que vier expressamente
disposto, naã o podendo, portanto, alterar (ampliar, subtrair, inovar, etc.) o quanto
prescrito.

Segundo Joseí dos Santos Carvalho Filho, ato administrativo eí “a


exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delegatários,
nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos,
com o fim de atender ao interesse público.” 1

1
FILHO, Joseí dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris. 2007, p. 92.
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A portaria, por ser um ato administrativo vinculado, precisa vir alicerçado


em norma expressa, ou seja, a exteriorizaçaã o da vontade de quem a fizer naã o comporta
a anaí lise discricionaí ria da questaã o, devendo ser, portanto, devidamente produzida de
acordo com a lei.

Aleí m disso, competeê ncia administrativa para execuçaã o de um ato precisa


decorrer de uma autorizaçaã o expressa contida em alguma norma legal, uma vez que
naã o haí presunçaã o dessa competeê ncia, isto conforme pensamento do autor supra. Senaã o
vejamos:

“Sendo o Estado integrado por grande quantidade de agentes, e estando a seu


cargo um número incontável de funções, não é difícil concluir que a
competência tem que decorrer de norma expressa. Enquanto no direito
privado a presunção milita em favor da capacidade, no direito público a regra
se inverte: não há presunção de competência administrativa; esta há de
originar-se de texto expresso.

Sendo a função administrativa subjacente à lei, é nesta que se encontra, de


regra, a fonte da competência administrativa. Consoante o ensinamento de
todos quantos se dedicaram ao estudo do tema, a lei é a fonte normal da
competência. É nela que se encontram os limites e a dimensão das
atribuições cometidas a pessoas administrativas, órgãos e agentes públicos.” 2

A Lei 10.522/02 foi a fonte que originou a competeê ncia administrativa da


Procuradoria Geral da Fazenda Nacional para criar o diploma regulamentador do
Parcelamento Simplificado nela previsto. Ocorre que, em seu texto, não há previsão
de limites/restrições quanto ao valor a ser parcelado.

Dessa maneira, seguindo entendimento da doutrina e jurisprudeê ncia


mencionada, naã o pode a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada pela
Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013) ultrapassar o quanto disposto na lei que
autorizou sua criaçaã o, uma vez que eí a Lei que tem que dispor sobre os “limites e a
dimensão das atribuições cometidas a pessoas administrativas, órgãos e agentes
políticos.”

Assim, a situaçaã o descrita gera grave ofensa ao arcabouço hieraí rquico do


ordenamento juríídico paí trio, tendo em vista haver uma previsaã o na Portaria
Conjunta, limitadora de direito expresso em lei, ferindo assim, a hierarquia normativa.

Esse pensamento encontra guarida em decisoã es recentes que deferiu a


tutela antecipada para alguns Municíípios da Bahia, a saber:

DECISÃO

Classe: 1100 - Ação Ordinária/Tributária


Autos nº: 60-38.2015.4.01.3312
Autor: Município de Lapão
2
FILHO, Joseí dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris. 2007, p. 97
BA: Avenida Professor Magalhães Neto, n. 1450, sala 103. Edíficio Empresarial Millenium. CEP: 41810-012 Salvador/BA.
Fones: (71) 3341.2679/3728.
9
PINHEIRO MOURA
ADVOGADOS ASSOCIADOS

Réu: União (Fazenda Nacional)

Trata-se de Ação Ordinária ajuizada pelo Município de Lapão em face da


União, visando, em sede de liminar, "seja afastada a limitação imposta pelo
art. 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº15/2009 (alterada pela Portaria
Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013), permitindo ao Município-Autor o
parcelamento de qualquer valor, bem como afastar toda e qualquer restrição à
emissão de Certidão Negativa (art. 205 do CTN) ou certidão positiva com
efeitos negativos (art. 206 do CTN) para o Município-Autor por óbices
decorrentes da restrição supra" (fl. 32). Alega o autor, em apertada síntese,
que o artigo 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 estabelece
restrição ao parcelamento simplificado, limitando-o ao valor de R$
1.000.000,00 (um milhão de reais), sendo que a Lei nº 10.522/02,
instituidora do parcelamento simplificado, não previu tal restrição, o que
violaria os princípios da hierarquia das normas e da reserva legal. Juntou
procuração e documentos às fls. 34/48.
Os autos vieram-me conclusos.
Brevemente relatados, passo a decidir.
A Portaria nº 15/2009 estabelece, no tocante ao parcelamento simplificado, o
seguinte:
Art. 29. Poderá ser concedido, de ofício ou a pedido, parcelamento
simplificado para o pagamento dos débitos cujo valor seja igual ou inferior a
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
§ 1° Não poderá exceder o valor estabelecido no caput o somatório do saldo
devedor dos parcelamentos simplificados em curso, por contribuinte,
considerados isoladamente.
Apesar de a Lei nO10.522/02 autorizar a edição de atos à execução do
parcelamento, a discussão gira em torno da validade da norma contida no
artigo 29 da referida Portaria. O que se discute nos presentes autos é a
validade da norma limitadora, já que nenhum agente público pode utilizar
critérios exclusivos para edição de normas, mesmo que haja autorização
legislativa para a edição de tais atos.
No caso em comento, a Lei nO10.522/02 não faz qualquer menção ao
quantum a ser parcelado, estabelecendo apenas que os débitos de qualquer
natureza poderão ser pagos em até 60 (sessenta) parcelas mensais. A
limitação imposta pela referida Portaria afronta o princípio da legalidade
estrita, já que restringe a faculdade prevista em lei, criando um limite de
valor a ser incluído em programa de parcelamento.
Eis, sobre o tema, preciso julgado:
TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTOSIMPLIFICADO. VALORSUPERIORA
R$500.000,00. POSSIBILIDADE. PORTARIAQUE EXTRAPOLAOS LIMITES
LEGAIS. PRECEDENTESDO COLENDO STJ E DESTA CORTE REGIONAL. 1. A
sentença concedeu segurança para determinar que o impetrado proceda ao
parcelamento simplificado do débito referenciado, em nome do impetrante,
sem as limitações do art. 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFBnO15/2009, bem
como se abstenha de negar a expedição de CPD-EM com fundamento na
inadimplência da referida dívida. 2. A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/09
constitui espécie jurídica de caráter' secundário, cuja validade e eficácia
resulta, imediatamente, de sua estrita observância aos limites impostos por
leis, tratados, convenções internacionais ou decretos presidenciais, de que
devem constituir normas complementares. 3. O art. 29 do referido diploma
infralegal aponta exegese que rompe com a hierarquia normativa que deve
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10
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ter com a lei de regência, in casu, Lei nº 10.522/02, o que implica afronta ao
princípio da legalidade estrita, porquanto estabelece condição não prevista
em lei. 4. Caso típico de ato normativo que extrapola de seu poder
regulamentar. Inexiste lei em sentido estrito que proíba a concessão de
parcelamento simplificado de valor superior a R$ 500.000,00. 5. Vastidão de
precedentes do colendo STJ e deste Tribunal. 6. Apelação e remessa oficial
não providas.
Desembargador Federal Marcelo Navarro, TRF5 - Terceira Turma,
DJE - Data:11/09/2013 - Página:127.)
Desse modo, reputo presente o fumus boni juris, primeiro dos requisitos
legais necessários à concessão da liminar requestada. O periculum in mora,
por sua vez, também resta configurado, na medida em que o Município de
Lapão se encontra impedido de aderir ao parcelamento simplificado de
débito superior a R$1.000.000,00, o que implica, dentre outros, a
impossibilidade de obter certidão negativa de débito ou positiva com efeitos
negativos.
Diante do exposto, ante a presença dos seus requisitos autorizativos, defiro a
medida liminar, determinando que a União afaste a limitação monetária
imposta pelo artigo 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFBnO15/2009 à adesão
ao parcelamento simplificado.

Cite-se o réu para que apresente, querendo, defesa no prazo legal, sob pena
de revelia.

DECISÃO

PROCESSO: Nº 5919-29.2015.4.01.3314
CLASSE: 1110- Ação Ordinária (Tributária)
AUTOR: Município De Catu
RÉU: UNIÃO

Cuida-se de AÇÃO ORDINÁRIA, com pedido de antecipação de tutela, ajuizada


pelo MUNICÍPIO DE CATU em face da UNIÃO, objetivando que seja
determinado à parte ré que afaste a limitação imposta pelo art. 29 da
Portaria Conjunta PGFN/FRB15/2009, permitindo à municipalidade autora o
parcelamento simplificado de débitos de qualquer valor, bem como que não
imponha qualquer restrição à emissão de certidão negativa ou, positiva com
efeitos de negativa por óbices decorrentes daquela limitação.
Juntou procuração e documentos (fls. 11/21).
É o que interessa relatar. Decido.
01 - De início, observo que não é preciso qualquer esforço para se constatar
que o interesse econômico objeto da disputa é, em muito, superior àquele
indicado como valor da causa. "
E para que não passe em branco, vale o registro de que o valor a ser atribuído
à causa deve refletir, tanto quanto possível, o aspecto patrimonial da eventual
vitória completa da parte autora (CPC art. 259).
Diante disto, deve a parte autora, no prazo de 10 (dez) dias, requerer a
emenda da petição inicial, de modo a ser atribuída causa valor consentâneo
com o que prevê o ordenamento jurídico.

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11
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Anoto, de logo, que o sistema jurídico processual impõe, para o caso de


descumprimento de determinação como esta, a sanção de indeferimento da
petição inicial (CPC art. 284 e seu parágrafo único), motivo pelo qual, deve a
parte autora ter especial cautela ao cuidar de atender às exigências legais.
02 - No mesmo prazo, deverá o demandante apresentar o original da
procuração de 35, sob pena de extinção do feito.
Como tudo indica que aquelas determinações devem ser cumpridas, passo a
apreciar a medida de urgência.
03 - Para a concessão da, tutela antecipada pretendida é necessária a
existência, concomitante, da verossimilhança das alegações, demonstrada
através da prova inequívoca, e do fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação (art. 273 caput c/c inciso I, CPC).
No caso em tela, o Município autor comprova que sua dívida junto a Receita
Federal do Brasil supera R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), consoante se
extrai da leitura da inicial e dos documentos de fls. 41 e 43. Assim, a
municipalidade não pode aderir ao parcelamento simplificado previsto no
art. 14-C da Lei n. 10.522/02, em virtude da limitação prevista no art. 29 da
Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 15/09, que regulamentou aquele dispositivo.
Confira-se a seguir a transcrição dos dispositivos mencionados:
Art. 14-(, Lei n. 10;522/02.foderá ser concedido, de ofício ou a pedido,
parcelamento simplificado, importando o pagamento da primeira prestação
em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do
crédito tributário. (Incluído pela lei nº 11.941, de 2009)
Parágrafo único. Ao parcelamento de que trata o caput deste artigo não se
aplicam as vedações estabelecidas no art. 14desta Lei. (Incluído pela Lei n°
11.941, de 2009)
Art. 29. Portaria Conjunta PGFN/RFBn. 15/09. Poderá ser concedido, de
ofício ou a pedido, parcelamento simplificado para o pagamento dos débitos
cujo valor seja igualou inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
Fincadas essas premissas, tenho que a tese esgrimida pelo autor na peça
inaugural é verossímil. Com efeito, ao estabelecer limite de valor não previsto
na lei que disciplina a matéria, a portaria conjunta PGFN/RFB desbordou dos
limites do poder regulamentar, violando o princípio a reserva legal em
matéria tributária. Por conseguinte, a restrição estabelecida pelo ato
infralegal deve ser afastada. Em apoio a esse entendimento, colaciono o
seguinte precedente:
PROCESSUALCIV/L- TRIBUTÁRIO - AGRAVO REG/MENTAL- PARCELAMENTO –
LEI N° 10.522/02 - POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTOPREENCHIDASAS
CONDIÇÕES ESTABELECIDAS NA LEI ORDINÁRIA - PORTARIA
CONJUNTAPGFN/RFB 15/2009- INOVAÇÃO - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
RESERVA LEGAL - CPD-EN - POSSIBILIDADE.
1. A Lei n° 10.522/02 estabelece requisitos à concessã0fte parcelamento, sem
estipular limites de valores, prevendo, inclusive, a inaplicabilidade das
proibições estabelecidas no art. 14 ao parcelamento simplificado.

2. "Uma vez que a Lei 10.522/02 dispõe sobre o parcelamento simplificado


sem considerar limites de valores, não há como a Portaria Conjunta
PGFN/RFBn°15/09 inovar onde a lei ordinária não dispõe, sob pena de
violação ao princípio da reserva legal em matéria tributária". (in
AC553046/CE, Relator: Desembargador

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Federal Ivan Lira de Carvalho (Convocado), Quarta Turma, julgamento:


05/02/2013) 7 - Apelação e remessa oficial improvidas. (TRF-5 - REEX:
13520820124058500, Data de Julgamento: 28/05/2013, Quarta Turma).
3. No caso vertente, autorizada a realização de parcelamento simplificado dos
débitos demonstrados em anexo (contribuições previdenciárias patronais
referentes às competências 11/2013, 13/2013, 01/2014, 02/2014 e
03/2014), nos termos do art. 10, da Lei nOHJ.522/2002, sem o limite de valor
previsto em ato infra legal, e consequentemente a suspensão da exigibilidade
dos referidos créditos tributários, garantindo, nos termos do art. 206 do CTN
a expedição de CPD-EN, até ulterior deliberação.
4. Agravo regimental não provido. (Tribunal Regional Federal da 1°Região –
AGA 0033067-97.2014.4.01.000, Sétima Turma, julgado em 14.10.2014,
publicado em 24.10.2014)
Noutro giro, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação é
evidente no presente caso. A existência de crédito tributário exigível impede
a obtenção de certidão de regularidade fiscal, vedando o repasse de verbas
públicas destinadas às atividades governamentais voltadas para a melhoria
da qualidade de vida dos habitantes locais. Como consequência direta, é de
'supor que ficariam obstadas as execuções de convênios.
Do exposto, defiro o pedido de antecipação dos efeitos tutela para determinar
à parte ré que afaste a limitação constante do art. 29 da Portaria Conjunta
PGFN/RFBn. 15/09, permitindo ao Município autor a inclusão dos débitos
objeto desta ação, sem limitação de valor, no parcelamento previsto na Lei n.
10.522/02, desde que inexistam outros óbices, bem como que não imponha
restrição à expedição de Certidão
Positiva de Débito com efeitos de Negativa em favor da municipalidade, se o
empecilho decorrer dos débitos tratados nesta demanda.
04- Cumpridas as determinações contidas nos itens 01e 02, intime(m)-se.
Cite-se.
Sendo o caso, abra-se oportunidade, em seguida, à parte autora, para replicar
e/ou para se manifestar sobre documentos que eventualmente instruam a
peça de defesa.

O que se percebe, assim, eí que ao limitar o valor dos deí bitos passííveis de
inclusaã o no parcelamento simplificado, o diploma administrativo extrapolou os limites
da Lei instituidora do favor legal que naã o preveê tal restriçaã o, o que caracteriza evidente
violaçaã o ao princíípio da hierarquia das normas e da reserva legal.

Destarte, o pedido de liminar formulado pela impetrante deve ser acolhido,


autorizando o parcelamento simplificado dos deí bitos inscritos em díívida discutidos
nos autos sem a restriçaã o de valor prevista pelo artigo 29 da Portaria Conjunta
PGFN/RFB nº 15/2009.

Neste sentido, transcrevo:

TRIBUTÁRIO.PARCELAMENTO SIMPLIFICADO. VALOR SUPERIOR A


R$500.000,00. POSSIBILIDADE. PORTARIA QUE EXTRAPOLA OS LIMITES
LEGAIS. PRECEDENTES DO COLENDO STJ E DESTA CORTE REGIONAL. 1. A
sentença concedeu segurança para determinar que o impetrado proceda ao
parcelamento simplificado do débito referenciado, em nome do impetrante,
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sem as limitações do art. 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009,


bem como se abstenha de negar a expedição de CPD-EN, com fundamento na
inadimplência da referida dívida. 2. A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/09
constitui espécie jurídica de caráter secundário, cuja validade e eficácia
resulta, imediatamente, de sua estrita observância aos limites impostos por
leis, tratados, convenções internacionais ou decretos presidenciais, de que
devem constituir normas complementares. 3. O art. 29 do referido diploma
infralegal aponta exegese que rompe com a hierarquia normativa que deve
ter com a lei de regência, in casu, Lei nº 10.522/02, o que implica afronta ao
princípio da legalidade estrita, porquanto estabelece condição não prevista
em lei. 4. Caso típico de ato normativo que extrapola de seu poder
regulamentar. Inexiste lei em sentido estrito que proíba a concessão de
parcelamento simplificado de valor superior a R$ 500.000,00. 5. Vastidão de
precedentes do colendo STJ e deste Tribunal. 6. Apelação e remessa oficial
não providas. (negritei)(TRF 5ª Região, Terceira Turma, APELREEX
00019179320124058201, Relator Desembargador Federal Marcelo Navarro,
DJE 11/09/2013)

Destarte, a Lei nº 10.522/02 (norma superior) eí quem direciona como a


instituiçaã o da Portaria (norma inferior) deveraí ser realizada e, portanto, eí nela (lei
10.522/02) que encontram-se todas a limitaçoã es, regras e direcionamentos a serem
seguidos. Assim, nada do que naã o for previsto nem autorizado pela norma superior,
poderaí ser restringido pela norma inferior, sob pena de insultar a hierarquia constante
no ordanamento juríídico.

3.2. PORTARIA CONJUNTA PGFN/RFB Nº 15/2009 (ALTERADA PELA PORTARIA


CONJUNTA PGFN/RFB Nº 12/2013). IMPOSIÇÃO DE RESTRIÇÃO NÃO PREVISTA
EM LEI. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.

Todo e qualquer ato juríídico deve obedecer ao princíípio constitucional da


legalidade, naã o apenas por ser este legitimador do ato, mas tambeí m por estar
expressamente previsto na Carta de Cuí pula do ordenamento juríídico brasileiro.

O referido princíípio encontra apoio nos arts. 5º, II, 37, caput, da CF/88,
senaã o vejamos:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
[...]

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte [...]”
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Conforme o autor Pedro Lenza, o princíípio da legalidade deve ser lido de


forma diferente para o particular e para a administraçaã o, a saber:

“No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não
proíbe, vigorando o princípio da autonomia da vontade, lembrando a
possibilidade de ponderação desse valor com o da dignidade da pessoa
humana e, assim, a aplicação horizontal dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares, conforme estudado.

Já em relação à administração, ela só poderá fazer o que a lei permitir. Deve


andar nos “trilhos da lei”, corroborando a máxima do direito inglês: rule of law,
noto f men. Trata-se do princípio da legalidade estrita, que, por seu turno, não
é absoluto! Existem algumas restrições como as medidas provisórias, o estado
de defesa e o estado de sítio, já analisados por nós neste trabalho.” 3

A inobservaê ncia deste preceito constitucional gera uma ilegalidade, portanto,


passíível de anulaçaã o. EÉ o que se observa no presente caso.

Imperioso destacar que, o Douto Juíízo da 11ª Vara deste E. Tribunal


Regional Federal da 1ª Regiaã o, em caso ideê ntico, exarou recentííssima decisaã o
(29/01/2015) que fortalece os argumentos trazidos na presente, senaã o vejamos:

“Diante do exposto, DEFIRO EM PARTE o pedido de liminar para determinar a


parte ré que, mediante a comprovação do pagamento da primeira parcela
(art. 11 da Lei nº 10.522/2002), POSSIBILITE AO MUNICÍPIO – AUTOR O
PARCELAMENTO DE QUALQUER VALOR, bem como afaste toda e qualquer
restrição à emissão de Certidão Negativa (art. 205 do CTN) para o Município –
Autor por óbices decorrentes da restrição em questão, até ulterior
deliberação.”

No caso em comento, a Lei nº 10.522/02 naã o faz qualquer mençaã o ao


quantum a ser parcelado, estabelecendo apenas que os deí bitos de qualquer natureza
poderaã o ser pagos em ateí 60 (sessenta) parcela mensais. A limitação imposta pela
referida Portaria afronta o princípio da legalidade estrita, já que restringe a
faculdade prevista em lei, criando um limite de valor as ser incluído em
programa de parcelamento.

A Lei nº 10.522/02 traz o parcelamento simplificado como direito do


Municíípio-contribuinte, e a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada pela
Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013) traz limitaçaã o naã o prevista em lei (art. 29), a
qual restringe direito outrora concedido, bem como modifica conteuí do de lei.

Em obedieê ncia ao princíípio da legalidade, jamais pode ser permitido a uma


Portaria, modificar conteuí do estabelecido por lei, norma hierarquicamente superior e
legalmente estabelecida.

3
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15 ed. Saã o Paulo: Saraiva. 2011, p. 880.
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Dessa forma, observa-se que a legalidade simboliza o primado e o


impeí rio da lei e, nesse sentido, representa um princíípio que abriga as leis em geral,
incluindo os diplomas de igual categoria, entre os quais, o direito paí trio contempla as
leis complementares, as leis ordinaí rias, as leis delegadas, as medidas provisoí rias, os
decretos legislativos e as resoluçoã es do Senado, nos estritos termos do disposto no art.
59, incisos II a VII, da Constituiçaã o da Repuí blica.

Ainda sobre o tema, o autor Paulo de Barros Carvalho (2013), aduz que
somente a lei pode estabelecer a instituiçaã o de direitos e deveres juríídicos, reforçando,
assim, o entendimento de que a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada
pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013) naã o tem o condaã o de restringir o valor
a ser parcelado, por naã o ser algo anteriormente previsto, tampouco
determinado/delegado por lei.

Cumpre, ainda, salientar que estamos diante do Poder Regulamentador da


Administraçaã o, no entanto, eí preciso que a Portaria tenha como fundamento de
validade uma lei, naã o sendo admissíível, portanto, que a Portaria inove, vale dizer, exija
mais do que exige a lei que trata do assunto.

Ademais, o ato administrativo encontra vinculaçaã o direta com outro


requisito importantííssimo, constante na teoria dos motivos determinante, qual seja: a
compatibilidade do ato administrativo com a situaçaã o que o gerou. Nas palavras do
ilustre Joseí dos Santos Carvalho Filho:

“... a teoria dos motivos determinantes baseia-se no princípio de que o motivo


do ato administrativo dever sempre guardar compatibilidade com a situação
de fato que gerou a manifestação de vontade. E não se afigura estranho que se
chegue a essa conclusão: se o motivo se conceitua como a própria situação de
fato que impele a vontade do administrador, a inexistência dessa situação
provoca a invalidação do ato.
Acertada, pois, a lição segundo a qual: ‘tais motivos é que determinam e
justificam a realização do ato, e, por isso mesmo, deve haver perfeita
correspondência entre eles e a realidade.’” 4

Assim, a portaria, como ato administrativo vinculado, precisa apresentar


compatibilidade com a lei que lhe deu causa, sob pena de ilegalidade. Este também é o
posicionamento sedimentado da jurisprudência. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. MILITAR. CABO DA MARINHA.


CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO NÃO PREVISTOS EM LEI. CRIAÇÃO POR MEIO DE
PORTARIA. IMPOSSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. JUROS
MORATÓRIOS. NATUREZA MATERIAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. "Para o atendimento do requisito do prequestionamento, não é necessário
que o acórdão recorrido mencione expressamente os preceitos legais tidos
como contrariados nas razões do recurso especial, sendo suficiente que a
questão federal tenha sido apreciada pelo Tribunal local" (AgRg nos EDcl no
Ag 1.335.973/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe
4
FILHO, Joseí dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris. 2007, p. 107
BA: Avenida Professor Magalhães Neto, n. 1450, sala 103. Edíficio Empresarial Millenium. CEP: 41810-012 Salvador/BA.
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16
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14/12/10).
2. Versando a lide acerca de suposta preterição do autor quanto ao direito de
participar do Estágio de Habilitação a Sargento e, por conseguinte, de ser
promovido à graduação de Terceiro-Sargento da Marinha, está-se diante de
típica relação de trato sucessivo, uma vez que tal ilegalidade estaria
consubstanciada na manutenção do militar na graduação de Cabo, que se
renova a cada dia. Incidência da Súmula 85/STJ.
3. "Os atos da Administração Pública devem sempre pautar-se por
determinados princípios, entre os quais está o da legalidade. Por esse
princípio, todo e qualquer ato dos agentes administrativos deve estar em total
conformidade com a lei e dentro dos limites por ela traçados" (REsp
983.245/RS, Rel. Min. DENISE ARRUDA, Primeira Turma,
DJe 12/2/09).
4. As portarias são "atos administrativos internos pelos quais os chefes de
órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a
seus subordinados" (MEIRELLES, Hely Lopes. In "Direito Administrativo
Brasileiro". 30ª ed. atualizada por
AZEVEDO, Eurico de Andrade et al. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 184).
5. Nos termos do art. 17 da Lei 6.880/80 c/c 24 do Dec. 4.034/01, o critério de
antiguidade refere-se ao tempo no posto ou graduação, que não pode ser
alterado por mero ato administrativo – portaria expedida pelo Comandante
da Marinha.
6. Reconhecido pelo Tribunal de origem que a Administração, utilizando-se
de critério não previsto nos arts. 17 da Lei 6.880/80 e 24 do Decreto
4.034/01, mas em Portaria expedida pelo Comandante da Marinha, concedeu
a promoção de Terceiro-Sargento a Cabos mais modernos que o ora
recorrente, fica caracterizada a afronta direta aos respectivos dispositivos
legais.
7. Tem o autor o direito de ser incluído no Estágio de Habilitação a Sargento e,
cumpridas as demais determinações legais pertinentes, de ser promovido à
graduação de Terceiro-Sargento, retroativamente à data de edição da Portaria
1.011, de 12/12/02, data de sua preterição, em virtude da promoção
concedida pelo Comandante da Marinha a Cabos mais modernos, inclusive no
que concerne aos efeitos financeiros, respeitada a prescrição quinquenal, nos
termos da Súmula 85/STJ.
8. "A Corte Especial, por ocasião do julgamento do Recurso Especial n.
1.205.946/SP, pelo rito previsto no art. 543-C do Código de Processo Civil
(Recursos Repetitivos), consignou que os juros de mora são consectários
legais da condenação principal e possuem natureza eminentemente
processual, razão pela qual as alterações do art. 1º-F da Lei 9.494/97,
introduzidas pela Medida Provisória n. 2.180-35/2001 e pela Lei 11.960/09,
têm aplicação imediata aos processos em curso, com base no princípio
tempus regit actum (cf. Informativo de Jurisprudência n. 485)" (AgRg no
AREsp 68.533/PE, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma,
DJe 9/12/11).
9. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, "tratando de
condenação imposta à Fazenda Pública para pagamento de verbas
remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, os juros de
mora incidirão da seguinte forma: (a) percentual de 1% ao mês, nos termos
do art. 3.º Decreto n.º 2.322/87, no período anterior à 24/08/2001, data de
publicação da Medida Provisória n.º 2.180-35, que acresceu o art. 1.º-F à Lei

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n.º 9.494/97; (b) percentual de 0,5% ao mês, a partir da MP n.º 2.180-


35/2001 até o advento da Lei n.º 11.960, de 30/06/2009, que deu nova
redação ao art. 1.º-F da Lei n.º 9.494/97; e (c) percentual estabelecido para
caderneta de poupança, a partir da Lei n.º 11.960/2009" (REsp 937.528/RJ,
Rel. Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJe 1º/9/11).
10. Inversão do ônus da sucumbência, com a condenação da UNIÃO a pagar ao
autor, ora recorrente, honorários advocatícios arbitrados em 10% sobre o
valor da condenação, nos termos do art. 20, § 4º, c/c 260 do CPC.
11. Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp 1215714 / RJ, Relator:
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA,
Data do Julgamento 12/06/2012)

“ADMINISTRATIVO. MULTA CRIADA POR RESOLUÇÃO DO TRIBUNAL DE


CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. ILEGALIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DAS PENAS (ART. 5º, XXXIX, DA CF). 1.
A Resolução nº 12/2001 do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, ao
regulamentar o art. 56 da Lei Orgânica daquele órgão, extrapolou os limites aí
estabelecidos, criando nova hipótese de incidência de multa, o que ofende,
além da própria Lei Orgânica, o princípio constitucional da legalidade. 2. A
ilegalidade manifesta-se na criação de nova hipótese típica, não prevista na lei,
bem como pelo caráter automático da multa, que não permite a sua gradação,
o que afronta o comando contido no § 2º do art. 56 da referida Lei Orgânica. 3.
Voto pelo provimento do recurso”.5

Por conseguinte, a Ministra Eliana Calmon assim assevera:

“ADMINISTRATIVO - SANÇÃO PECUNIÁRIA - LEI 4.595/64. 1. Somente a lei


pode estabelecer conduta típica ensejadora de sanção. 2. Admite-se que o tipo
infracionário esteja em diplomas infralegais (portarias, resoluções, circulares
etc), mas se impõe que a lei faça a indicação” 6

O Ministro Luiz Fux filia-se ao mesmo entendimento, a saber:

“Forçoso, ainda, registrar, que o poder sancionatório do Estado pressupõe


obediência ao principio da legalidade do qual se dessume a “competência da
autoridade sancionadora”, cuja carência de aptidão inquina de nulidade o ato
administrativo”.7

Ademais, o ato administrativo, no Estado Democrático de Direito, está


subordinado ao princípio da legalidade (CF/88, arts. 5º, II, 37,caput, 84, IV),
5
STJ. RMS 15578 (PB). Disponíível em:
<http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?
livre=RMS+15578+&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=3>. Acesso em: 11 ago 2014.
6
STJ. Resp. 324181. Relatora: Min. Eliana Calmon. Disponíível em:
<http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?
livre=multa+e+administrativa+e+portaria&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=11> . Acesso em: 11 ago
2014
7
STJ. REsp 645024 (CE). Relator: Min. Luiz Fux. Disponíível em:
<http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=multa+e+administrativa+e+princ
%EDpio+e+legalidade&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=39> . Acesso em: 11 ago 2014
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equivale a assentar que a Administração só pode atuar de acordo com o que a lei
determina. Desta sorte, ao expedir um ato que tem por finalidade regulamentar a lei
(decreto, regulamento, instruçaã o, portaria, etc.), naã o pode a Administraçaã o inovar na
ordem juríídica, impondo obrigaçoã es ou limitaçoã es a direitos de terceiros.

Consoante a melhor doutrina, "é livre de qualquer dúvida ou entredúvida


que, entre nós, por força dos arts. 5, II, 84, IV, e 37 da Constituição, só por lei se regula
liberdade e propriedade; só por lei se impõem obrigações de fazer ou não fazer. Vale
dizer: restrição alguma à liberdade ou à propriedade pode ser imposta senão estiver
previamente delineada, configurada e estabelecida em alguma lei, e só para cumprir
dispositivos legais é que o Executivo pode expedir decretos e regulamentos." (Celso
Antoê nio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo, Saã o Paulo, Malheiros
Editores, 2002).

Aplicaçaã o analoí gica do entendimento assentado nos precedentes do Eg.


Superior Tribunal de Justiça: REsp 584798/PE, Primeira Turma, DJ de06.12.2004; REsp
491304/PR, Relator Ministro Joseí Delgado, Primeira Turma, DJ de 18.08.2003; e REsp
443910/PR, Primeira Turma, DJ de 19.12.2002, no sentido de que "inadmissíível que o
poder regulamentar extrapole seus limites, ensejando a ediçaã o dos chamados
'regulamentos autoê nomos', vedados em nosso ordenamento juríídico, a naã o ser pela
exceçaã o do art. 84, VI, da Constituiçaã o Federal", que naã o verifica-se no presente caso.

Assim, diante do quanto exposto, resta evidente que a doutrina e a


jurisprudeê ncia possuem entendimento firme no sentido de que naã o cabe aos atos
normativos infralegais estabelecerem restriçaã o ao exercíício de direitos conferidos por
lei, reforçando assim, as disposiçoã es legais previstas e jaí mencionadas aqui, bem como
o entendimento de cunho doutrinaí rio, tambeí m jaí transcritos na presente. Senaã o
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


CONHECIMENTO.FUNDAMENTO INFRACONSTITUCIONAL
AUTÔNOMO. DEMONSTRAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. IPI. PRAZO DE
RECOLHIMENTO. ALTERAÇÃO POR PORTARIA.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ.
1. Demonstrado, no arrazoado de Recurso Especial, a existência de
dissídio jurisprudencial, é viável o processamento do inconformismo
pela alínea "c". mormente quando o Tribunal a quo dirimiu a
controvérsia valendo-se de fundamento infraconstitucional autônomo.
2. "É pacífica e remansosa a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça no sentido de que norma de hierarquia inferior (portaria)
não tem o condão de alterar/modificar disposições contidas em lei
(in casu, prazo de recolhimento de IPI) sem que haja expressa
autorização legal." (Resp, nº 386.420/PR, Relator Ministro José
Delgado).
3. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no REsp 512182/DF, Rel Ministro
LUIZ FUX, primeira turma, julgado em 09/09/2013.)

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Veja, meritííssimo, manter tal ilegalidade, vai de encontro a preceitos


constitucionais, doutrinaí rios e jurisprudenciais, bem como trazem inuí meros prejuíízos
para o Municíípio-autor.

Dessa forma, deve ser afastada a aplicaçaã o do art. 29 da Portaria Conjunta


PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013), uma
vez que, a limitaçaã o fora imposta por instrumento inadequado, criando uma anomalia
do sistema juríídico que deve ser urgentemente sanada.

Nesse sentido, esclarecedores saã o os seguintes julgados do Tribunal


Regional Federal da 5ª Regiaã o:

"TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO SIMPLIFICADO. LEI 10.522/02.


POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO PREENCHIDAS AS CONDIÇÕES
ESTABELECIDAS NA LEI ORDINÁRIA. PORTARIA CONJUNTA PGFN/RFB 15.
INOVAÇÃO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. 1 - Ação que visa
assegurar à autora o parcelamento simplificado do débito fiscal resultante de
processos administrativos, nos termos das Leis 10.522/2002 com as
alterações da Lei 11.941/2009. 2 - O parcelamento é uma opção do
contribuinte para regularizar sua situação fiscal diante de uma concessão da
Administração Fazendária e, em razão do princípio da legalidade estrita em
Direito Tributário, suas condições devem estar previamente estabelecidas
em lei específica. 3 - A autora pretende a inclusão dos créditos fiscais, objeto
de Autos de Infração, no programa de parcelamento simplificado regido pela
Lei 10.522/2002, com as alterações da Lei 11.941/2009. 4 - Conforme se
extrai dos autos, a autora foi autuada por diversos débitos fiscais que
totalizaram valor acima de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), valor este
que ultrapassa o teto estabelecido pela Portaria Conjunta PGFN/RFB
15/2009. 5 - Uma vez que a Lei 10.522/02 dispõe sobre o parcelamento
simplificado sem considerar limites de valores, não há como a Portaria
Conjunta PGFN/RFB nº 15/09 inovar onde a lei ordinária não dispõe, sob
pena de violação ao princípio da reserva legal em matéria tributária. 6 - Esta
Turma, em recente julgado, já se posicionou no sentido de que a Portaria
Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 não pode inovar no ordenamento jurídico,
estabelecendo limite máximo de valor para a concessão do parcelamento
simplificado, uma vez que a lei assim não o fez. (AC553046/CE, Relator:
Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho (Convocado), Quarta Turma,
julgamento: 05/02/2013) 7 - Apelação e remessa oficial improvidas."
(APELREEX 27309/SE, Rel. Des. Federal Rogério Fialho Moreira. DJe
31/05/2013)

TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. ARTIGO 29 DA PORTARIA CONJUNTA


PGFN/RFB Nº 15/2009 QUE IMPOSSIBILITA A CONCESSÃO DE
PARCELAMENTO SIMPLIFICADO DE DÉBITOS DE VALOR SUPERIOR À R$
500.000,00. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. HIERARQUIA DAS NORMAS.
RESTRIÇÕES INEXISTÊNTES NA LEI. INCABIMENTO DE ATO INFRALEGAL
INOVAR NO ORDENAMENTO JURIDICO.
I. Esta Corte já se posicionou no sentido de que deve ser observado o
princípio da legalidade, bem como o da hierarquia das normas, não sendo

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possível restringir, por meio de ato infralegal, a possibilidade concedida por


lei aos contribuintes, de pagarem seus débitos tributários através de
parcelamento. Dessa forma, não poderia a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº
15/2009, inovar no ordenamento jurídico, estabelecendo limite máximo de
valor para a concessão do parcelamento simplificado, uma vez que a lei assim
não o fez. Precedente: TRF5. Primeira Turma. AGTR 121647/CE. Rel. Des.
Federal MANOEL ERHARDT. Julg. 12/4/2012. Publ. DJe 19/4/2012, p. 202
II. Na hipótese, apesar da informação da Fazenda Nacional no sentido de que
já implementou o parcelamento requerido, ante a decisão proferida na MCTR
n.º 3143/CE-TRF5, ressalte-se que a questão foi tratada diante de concessão
de tutela antecipada, a qual se está confirmando julgando procedente o
mérito na presente ação.
III. Apelação provida. Inversão do ônus da sucumbência.
(PROCESSO: 00003364920124058102, AC553046/CE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO), Quarta
Turma, JULGAMENTO: 05/02/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 07/02/2013 - Página
753)

3.3. DA EXISTÊNCIA DE PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA DO E. SUPERIOR TRIBUNAL


DE JUSTIÇA QUANTO À IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DE PRECEITO LEGAL
POR ATOS INFRALEGAIS (PORTARIAS E INSTRUÇÕES NORMATIVAS) – SITUAÇÃO
ANÁLOGA AOS AUTOS - RESP 990313/SP E RESP Nº 386.420/PR

O C. STJ, deparando-se com o confronto entre lei e atos infralegais que a


procuram regulamentar, de forma reiterada confirma seu entendimento no sentido de
que ato infralegal naã o pode restringir direitos decorrentes de lei, em atençaã o ao
princíípio da hierarquia das normas.

Em situaçaã o anaí loga a dos presentes autos, a Lei nº 6.321, de 14 de abril de


1976, previu, em seu art. 1º, que as pessoas juríídicas poderaã o deduzir, do lucro
tributaí vel para fins do imposto sobre a renda o dobro das despesas comprovadamente
realizadas no perííodo base, em programas de alimentaçaã o do trabalhador, previamente
aprovados pelo Ministeí rio do Trabalho na forma em que dispuser o Regulamento desta
Lei, e no §1º, que a deduçaã o a que se refere o caput deste artigo naã o poderaí exceder em
cada exercíício financeiro, isoladamente, a 5% (cinco por cento) e cumulativamente com
a deduçaã o de que trata a Lei nº 6.297, de 15 de dezembro de 1975, a 10% (dez por
cento) do lucro tributaí vel.

Por meio da Portaria Interministerial MTB/MF/MS nº 326, de 07 de julho


de 1977 e da Instruçaã o Normativa SRF nº 143/86, foram fixados valores maí ximos para
as refeiçoã es a serem oferecidas pelo Programa de Alimentaçaã o do Trabalhado – PAT.

A Fazenda Nacional tem defendido, em juíízo, a legalidade dos referidos atos


normativos. Todavia, o e. Superior Tribunal de Justiça entende que essas limitaçoã es saã o
ilegais, posto que estabelecidas por normas hierarquicamente inferiores, que,
indevidamente, restringem lei ordinaí ria; que a fixaçaã o dos valores maí ximos das
refeiçoã es atraveí s de portaria e instruçaã o normativa viola o princíípio da hierarquia das
normas, eis que extrapolam o poder regulamentar.
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Vejamos as seguintes decisoã es, julgadas aà unanimidade, que exprimem a


pacíífica jurisprudeê ncia do Superior Tribunal de Justiça:

TRIBUTÁRIO. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR-PAT.


IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO FISCAL. LEI Nº 6.321/76. LIMITAÇÃO.
PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 326/77 E INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº
143/86. OFENSA.
PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA HIERARQUIA DAS LEIS.
1. A Portaria Interministerial nº 326/77 e a Instrução Normativa nº 143/86,
ao fixarem custos máximos para as refeições individuais como condição ao
gozo do incentivo fiscal previsto na Lei nº 6.321/76, violaram o princípio da
legalidade e da hierarquia das leis, porque extrapolaram os limites do poder
regulamentar. Precedentes.
2. Recurso especial não provido.
(REsp 990313/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado
em 19.02.2008, DJ 06.03.2008 p. 1)

Naã o obstante terem sido identificados apenas treê s precedentes que tratam
diretamente da mateí ria, ou seja, que abordam expressamente os limites fixados pela
Portaria Interministerial MTB/MF/MS nº 326/77 e pela Instruçaã o Normativa SRF nº
143/86, a mateí ria tratada eí pacíífica no aê mbito do Superior Tribunal de Justiça, pois,
como se observa, naã o haí divergeê ncia entre a Primeira e a Segunda Turmas, que
compoã em a Primeira Seçaã o, especializada em mateí rias de Direito Puí blico.

De se notar que a questaã o naã o tem natureza constitucional, pois se trata de


conflito entre lei e normas infralegais, motivo pelo qual naã o caberaí ao Supremo
Tribunal Federal manifestar-se sobre o mesmo. Ademais, os acoí rdaã os referidos tomam
por fundamento premissa claí ssica do direito administrativo, de que “ato infralegal naã o
pode restringir, ampliar ou alterar direitos decorrentes de lei. A lei eí que estabelece as
diretrizes para a atuaçaã o administrativa-normativa regulamentar” (extraíído do voto do
Recurso Especial nº 990.313/SP, cuja ementa foi acima reproduzida).

Outrossim, reiteradas saã o as decisoã es em que o C. STJ, deparando-se com o


confronto entre lei e atos infralegais que a procuram regulamentar, confirma seu
entendimento no sentido de que ato infralegal naã o pode restringir direitos decorrentes
de lei, em atençaã o ao princíípio da hierarquia das normas. Vejamos,
exemplificativamente, os seguintes julgados:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ICMS. REGIME ESPECIAL DE EXPORTAÇÃO.


RESTRIÇÃO DE BENEFÍCIO DE NÃO INCIDÊNCIA ASSEGURADO POR LEI
COMPLEMENTAR. PORTARIA N.º 075 - SEFAZ-MT. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA
HIERARQUIA DAS LEIS.
1. O benefício fiscal da não incidência de ICMS sobre operações e prestações
que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e
produtos industrializados semi-elaborados ou serviços, é assegurado pela
Lei Complementar 87/96, que não impõe qualquer restrição ao seu gozo.
2. Destarte, as exigências impostas pelas Portarias 026/96 e 75/00, da
Secretaria de Fazenda do Estado do Mato Grosso, encontram-se eivadas de

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ilegalidade, porquanto os aludidos diplomas infra-legais exorbitam sua


função meramente regulamentar, impondo ao contribuinte a necessidade de
garantia hipotecária ou fiança bancária para a concessão da referido
benefício, restringindo direito subjetivo assegurado pelos arts. 3º, II, e 32, I,
da Lei Complementar 87/96 e afrontando, consectariamente, o princípio da
hierarquia das leis.
3. Precedentes: REsp 595.796/MT, DJ 01.02.2006; REsp 788.964/MT, DJ
10.04.2006; REsp 418.957/MT, DJ de 26.8.2002; RMS 15.194/MT, DJ de
29.3.2004. 4. Recurso especial provido. (REsp 853.040/MT, Rel. Ministro LUIZ
FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01.04.2008, DJ 02.06.2008 p. 1)

ADMINISTRATIVO. IMPORTAÇÃO DE BEBIDAS ALCÓOLICAS. PORTARIA Nº


113/99, DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO.
IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO NÃO PREVISTA EM LEI. AFRONTA AO PRINCÍPIO
DA LEGALIDADE. 6
1. O ato administrativo, no Estado Democrático de Direito, está subordinado
ao princípio da legalidade (CF/88, arts. 5º, II, 37, caput, 84, IV), o que
equivale assentar que a Administração só pode atuar de acordo com o que a
lei determina. Desta sorte, ao expedir um ato que tem por finalidade
regulamentar a lei (decreto, regulamento, instrução, portaria, etc.), não pode
a Administração inovar na ordem jurídica, impondo obrigações ou limitações
a direitos de terceiros.
2. Consoante a melhor doutrina, "é livre de qualquer dúvida ou entredúvida
que, entre nós, por força dos arts. 5, II, 84, IV, e 37 da Constituição, só por lei
se regula liberdade e propriedade; só por lei se impõem obrigações de fazer
ou não fazer. Vale dizer: restrição alguma se impõem à liberdade ou à
propriedade pode ser imposta se não estiver previamente delineada,
configurada e estabelecida em alguma lei, e só para cumprir dispositivos
legais é que o Executivo pode expedir decretos e regulamentos." (Celso
Antônio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo. São Paulo,
Malheiros Editores, 2002, págs. 306/331)
3. A Portaria nº 113/99, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, a
pretexto de regulamentar o cumprimento do disposto na Lei 8.918/94 e no
Decreto nº 2.314/97, sobre os requisitos para a importação de bebidas
alcóolicas, inovou na ordem jurídica, impondo obrigação não prevista em lei,
in casu, a apresentação, para o desembaraço aduaneiro das mercadorias, da
declaração consular da habilitação do importador pelo estabelecimento
produtor, em afronta ao princípio da legalidade.
4. Deveras, a imposição de requisito para importação de bebidas alcóolicas
não pode ser inaugurada por Portaria, por isso que, muito embora seja ato
administrativo de caráter normativo, subordina-se ao ordenamento jurídico
hierarquicamente superior, in casu, à lei e à Constituição Federal, não sendo
admissível que o poder regulamentar extrapole seus limites, ensejando a
edição dos chamados "regulamentos autônomos", vedados em nosso
ordenamento jurídico, a não ser pela exceção do art. 84, VI, da Constituição
Federal.
5. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 584.798/PE, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04.11.2004, DJ 06.12.2004
p. 205)

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As decisoã es judiciais, ora citadas exemplificativamente, manifestam a


reiterada jurisprudeê ncia do STJ no sentido de reconhecer a ilegalidade de ato infra-
legal que exorbita os limites do poder regulamentar.

Por essas razoã es, impoã e-se reconhecer que os argumentos que poderiam ser
levantados em defesa dos interesses da Uniaã o foram rechaçados pelo STJ nessa mateí ria,
circunstaê ncia esta que conduz aà conclusaã o acerca da plausibilidade dos pedidos
autorais constantes da presente exordial, devendo a açaã o ser julgada procedente.

Cumpre, ainda, ressaltar que, diante da pacificaçaã o da jurisprudeê ncia quanto


a mateí ria da presente demanda, com fulcro no art. 19 da lei 10.522/02, pode a
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional naã o apresentar contestaçaã o, a saber:

“Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não


contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto,
desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão
versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004)

[...]

II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal


Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e
do Tribunal Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do
Procurador-Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da
Fazenda; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)”

Dessa forma, diante das jurisprudeê ncias aqui colacionadas, bem como dos
outros argumentos lançados na exordial, naã o haveraí interesse em a Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional apresentar contestaçaã o, uma vez que, jaí estaã o autorizados por lei.

A ilustre Procuradora da Fazenda Nacional, Karol Teixeira de Oliveira, em


seu parecer, PGFN/CRJ/Nº 2623/2008, lançou maã o dessa autorizaçaã o e aconselhou que
fosse adotada tal medida, a fim de naã o sobrecarregar o Poder Judiciaí rio e a proí pria
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

Ademais, a referida Procuradora, admitiu que “a Fazenda Nacional tem


defendido, em juíízo, a legalidade dos referidos atos normativos. Todavia, o e. Superior
Tribunal de Justiça entende que essas limitaçoã es saã o ilegais, posto que estabelecidas
por normas hierarquicamente inferiores, que, indevidamente, restringem lei ordinaí ria;
que a fixaçaã o dos valores maí ximos das refeiçoã es atraveí s de portaria e instruçaã o
normativa viola o princíípio da hierarquia das normais, eis que extrapolam o poder
regulamentar.”

Apesar do conteuí do da Portaria, objeto de discussaã o no parecer


supracitado, ser diferente das disposiçoã es da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009
(alterada pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013), a ilegalidade cometida eí a
mesma, eis que ambas Portarias restringem direitos estabelecidos em lei.

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4. DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA


VINDICADA.

Nos termos do artigo 294 do NCPC, a antecipaçaã o de tutela pode


fundamentar-se em urgeê ncia ou evideê ncia, in fine:

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.

Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou


antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.

No caso dos autos, tem-se pedido pautado na urgeê ncia, razaã o pela qual
exige-se a demonstraçaã o da "probabilidade do direito”, do "perigo de dano” e da
inexisteê ncia de risco de irreversibilidade da decisaã o, previstos art. 300 do NCPC, verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o


caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos
que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se
a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

EÉ de se notar que naã o haí diferença nos requisitos previstos no antigo Art.
273 do CPC de 1973, razaã o pela qual passa a demonstrar o preenchimentos dos
referidos requisitos.

A plausibilidade do direito restou evidenciada nos inuí meros precedentes


acima colacionados, sendo exaustivamente demonstrado que a manutençaã o da
restriçaã o imposta pelo art. 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada
pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013), aleí m de corroborar com a ilegalidade
do ato administrativo, gera prejuíízos irreparaí veis para o Municíípio-autor, eis que
limitar o valor a ser parcelado eí um requisito imposto sem levar em consideraçaã o
importantes aspectos financeiros do Municíípio.

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Vossa Exceleê ncia haí de sopesar, tambeí m, que as despesas do Municíípio saã o
altas, e nem sempre a receita eí suficiente para arcar com todos dispeê ndios financeiros,
levando, portanto, o Municíípio a aderir aos Parcelamentos oferecidos a fim de
suspender a exigibilidade dos creí ditos.

Assim, manter a restriçaã o imposta pela Portaria supra, faraí com que, ao
chegar no limite estabelecido, o valor acima da ressalva imposta naã o possa ser
parcelado e, dessa maneira, impediraí o Municíípio de firmar conveê nios necessaí rios com
a Uniaã o, bem como outros negoí cios de crucial importaê ncia para o bom
desenvolvimento da Urbe.

Noutra quadra, importante referir, afastar em sede de liminar a restriçaã o


estabelecida, possibilitaraí que o Municíípio parcele o que for necessaí rio e suspenda a
exigibilidade dos creí ditos, podendo obter as Certidoã es - CPD-EM (Certidaã o Positiva com
efeito negativo) ou CND (Certidaã o Negativa de Deí bito) emitida pela Receita Federal e
que teraí o precíípuo papel de viabilizar os conveê nios firmados entre a Urbe e a Uniaã o,
pois, ainda que ilegalmente (cf. art. 25, § 3º da LC 101/2000 e art. 26, § da L.
10.522/2002) eí exigida pela Caixa Econoê mica Federal e pela proí pria Uniaã o como
requisito para a liberaçaã o de recursos ao Municíípio mesmo quando os recursos saã o
destinados a obras que possuam caraí ter de assisteê ncia social, sauí de e educaçaã o.

Se a Administraçaã o Puí blica, que deve atuar aà luz dos vetores constitucionais
da legalidade (art. 5º, II, e 37 da Constituiçaã o Federal de 1988), sistematicamente
descura desses deveres, deve o julgador estar autorizado a afastar os atos arbitraí rios
da Administraçaã o Fiscal, ante o risco de dano irreparaí vel ou de difíícil reparaçaã o para os
contribuintes que estaí presente caso esse estado de coisas persista de forma indefinida.

Portanto o que fica evidenciado na presente vestibular eí que Portaria


Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada pela Portaria Conjunta
PGFN/RFB nº 12/2013) pretende impor ao Município-autor nova sistemaí tica de
Parcelamento Simplificado, em total afronta aà forma prevista em Lei.

A verossimilhança das alegaçoã es resta clara, posto que se constata a


violaçaã o a diversos postulados normativos, inclusive constitucionais, bem como com
julgados pacííficos do Superior Tribunal de Justiça que atestam a ilegalidade e ofensa ao
princíípio da hierarquia das normas.

Ademais, o bom direito aqui perseguido naã o se sustenta apenas em


fundamentos juríídicos de cunho doutrinaí rio, e sim, adveí m da proí pria legislaçaã o e de
farta jurisprudeê ncia do STJ, aleí m da proí pria estrutura da Administraçaã o Puí blica e do
Parecer da proí pria Procuradoria Geral da Fazenda Nacional que consagra o direito aqui
perseguido, colacionados a presente peça inaugural.

Assim eí que o Autor requer a antecipaçaã o dos efeitos da tutela para afastar a
limitaçaã o trazida pelo art. 29 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada
pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013), concedendo o direito do Demandante
de parcelar qualquer valor e obter a CND (art. 205 – CTN) ou CPDEn (art. 206 – CTN).

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Naã o se pode retirar do interessado aquilo que eí a uí ltima salvaçaã o: ter


proteçaã o judicial.

Haí de se recordar a ceí lebre frase de Carnelutti: "o tempo eí um inimigo do


direito, contra o qual o juiz deve travar uma guerra sem treí guas" (apud Caê ndido Rangel
Dinamarco, A Reforma do Coí digo de Processo Civil, 2ª ediçaã o, Malheiros, Saã o Paulo,
1995, p. 138).

Quanto ao “perigo de dano irreparável ou de difícil reparação",


evidencia-se em face da gravidade das ofensas, com lesaã o a previsoã es constitucionais e
consagradas na jurisprudeê ncia e da irreversibilidade dos atos praticados com base nos
dispositivos inquinados.

O oí bice aà emissaã o da CND causa diversos prejuíízos irreparaí veis ao


Municíípio descritos pelo art. 338 da INSTRUÇAÃ O NORMATIVA MPS/SRP Nº 3, DE 14 DE
JULHO DE 2005 - DOU DE 15/07/2005:

“Art. 338. A inexistência de débitos em relação às contribuições devidas à


Previdência Social é condição necessária para que os estados, o Distrito
Federal e os municípios possam receber as transferências dos recursos do
Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE e do Fundo de
Participação dos Municípios - FPM, celebrar acordos, contratos, convênios ou
ajustes, bem como receber empréstimos, financiamentos, avais e subvenções
em geral de órgãos ou entidades da administração direta e indireta da União,
consoante art. 56 da Lei nº 8.212, de 1991.

Parágrafo único. Para o recebimento do Fundo de Participação dos Estados e


do Distrito Federal - FPE e do Fundo de Participação dos Municípios - FPM,
bem como para a consecução dos demais instrumentos citados no caput, os
estados, o Distrito Federal e os municípios deverão apresentar aos órgãos ou
às entidades responsáveis pela liberação de fundos, pela celebração de
acordos, de contratos, de convênios ou de ajustes, pela concessão de
empréstimos, de financiamentos, de avais ou de subvenções em geral, os
comprovantes de recolhimento das suas contribuições à Previdência Social
referentes aos três meses imediatamente anteriores ao mês previsto para a
efetivação daqueles procedimentos.”

Por outro lado, naã o haí perigo de irreversibilidade na decisaã o que defere o
pedido de tutela antecipada, sobretudo devido ao prazo de validade das Certidoã es
Negativas.

Os fundamentos suso dispostos configuram, de modo cristalino, a existeê ncia


do periculum in mora, razaã o pela qual imperioso o deferimento da tutela initio litis.

5. DO PEDIDO.

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Diante do exposto nessa açaã o ordinaí ria, eí que se requer a concessaã o da


antecipaçaã o da tutela, ante a presença dos requisitos autorizadores da medida (art.
300, CPC/2015), para o fim de que:

 Seja concedida a tutela antecipada, com fundamento no art. 294


c/c p art. 300, CPC/2015, ante a presença dos requisitos autorizadores
da medida, a fim de seja afastada a limitação imposta pelo art. 29 da
Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada pela Portaria
Conjunta PGFN/RFB nº 12/2013), permitindo ao Município-Autor o
parcelamento de qualquer valor, bem como afastar toda e qualquer
restrição à emissão de Certidão Negativa (art. 205 do CTN) ou certidão
positiva com efeitos negativos (art. 206 do CTN) para o Município-
Autor por óbices decorrentes da restrição supra;

 Requer seja determinada à Ré a prática de todos os atos


necessários à efetivação da ordem judicial; sendo expressamente
vedada a adoção de qualquer medida retaliativa, tais como inscrever o
Município no CADIN, relativamente aos débitos que ultrapassaram o
valor limite imposto e não puderam ser parcelados;

 Ad argumentandum tantum, caso V. Exa. entenda não restarem


presentes os requisitos autorizadores da antecipação da tutela de
mérito, requer a observância do preceituado no art. 305 do CPC/2015;

5.2 – DO MÉRITO:

 Requer que seja anulada, em definitivo, a limitação quanto ao valor


a ser Parcelado, previsto no art. 29 da Portaria Conjunta
PGFN/RFB nº 15/2009 (alterada pela Portaria Conjunta
PGFN/RFB nº 12/2013), garantido o expurgo da restrição à emissão de
Certidão Negativa (art. 205 do CTN) ou certidão positiva com efeitos
negativos (art. 206 do CTN) para o Município-Autor em função da
impossibilidade do parcelamento dos valores que ultrapassem o
quanto estabelecido na referida restrição.

Requer, por fim:

 Seja citada a UNIÃO FEDERAL (Fazenda Nacional – Receita Federal


do Brasil - Lei 11.457/2007), na pessoa de seus respectivos
representantes legais (com endereço conhecido por este MM. Juízo),
para que, no prazo da Lei, venha responder aos termos da presente
ação;

 Que seja notificado o DD. Membro do Ministério Público Federal;

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 A condenação do réu nas custas e honorários advocatícios no


percentual de 20% sobre o valor da condenação.

Atribui-se à ação o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para efeitos


meramente fiscais.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Salvador (BA), 03 de maio de 2016.

RODRIGO PINHEIRO DE MOURA


OAB/BA nº 18.420

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