DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA & ANTROPOLOGIA DISCIPLINA: LECS 3 CURSO: CIÊNCIAS SOCIAIS 4 PROFESSOR : KENNEDY ALUNO : JEFFERSON TROVÃO CANTANHEDE
RESENHA DO TEXTO O ENSINO DA SOCIOLOGIA NA ESCOLA SECUNDÁRIA (Florestan Fernandes)
O texto O ensino da sociologia na escola secundária brasileira , de Florestan Fernandes ,
escrito na década de cinquenta, e por incrível que nos pareça é bastante atual,traz o pensamento de que a escola secundária é um dos melhores momentos para se estudar e ensinar sociologia. Porque? Florestan Fernades afirma que esse tema é um dos mais importantes a ser estudado e debatido pelos sociólogos. Por que estudar sociologia? Ele afirma que é claro que os professores precisam de campo para lecionar e a sociologia precisa de escolas para que os professores tenham empregos e garantam sua sobrevivência e do curso. Porém ele afirma que esse não é o principal motivo para que se discuta a importância da sociologia nas escolas secundárias brasileiras. E vejamos a seguir por que. Para Florestan Fernandes manter professores empregados não é o fundamento da sociologia por mais que isso seja uma real necessidade. Para os especialistas nessa questão , o secundário é o melhor momento para o estudo de sociologia; um excelente meio para ensinar os jovens a terem sua opinião formada no que diz respeito à sociedade e suas complexidades. Que os jovens estão num momento em que precisam não apenas acumular conhecimentos mas também desenvolver um espírito crítico que possa participar de sua realidade social e política, entendendo o que acontece em sua época e o que aconteceu em períodos anteriores. O jovem tem as melhores condições para compreender o que pode ser feito para que sua geração tenha um melhor modo de vida, com melhores condições para todos. Podendo a partir dos estudos de ciências sociais, ajustar-se à sua própria realidade. Florestan Fernandes afirma que a sociedade ou os governantes não estão interessandos em que isso aconteça, por que é mais interessante preparar pessoas para suprirem os interesses comerciais do que desenvolver pessoas pensantes que possam participar ativamente da formação de opinião nas atividades políticas. A sociologia, para Florestan Fernandes visa preparar o jovem para sua emancipação e ajustamento de controles sociais conscientes. Como afirmou Mannhein; Do costume às ciências sociais, assim dizendo que a sociologia vem após os costumes sociais, no sentido de auxiliar numa melhor harmonia social,na compreensão racional das relações humanas. Dentre os temas importantes a serem discutidos tem-se: Como delimitar as funções da sociologia? O que estuda a sociologia, até que ponto vai a sua abrangência? Certo que é necessário que se prepare professores e estudantes que possam levar à frente essa ideia de mudança social. Emílio Wilems ,foi quem propôs problemas dessa ordem com maior rigor científico. Foi uma grande influência no meio das ciências sociais no sentido de ampliar a visão ou o leque de possibilidades. Um dos pontos principais na visão de Wilems é que o conhecimento de antropologia,por exemplo e sua prática, seria importante nas mudanças necessárias num sentido politicamente desejável, e a participação numa política democrática. Florestan está lutando contra um sistema que tem interesse em deixar o ensino secundário subserviente aos interesses de uma classe dominadora que vê o ensino apenas como um meio de preparar serventes para o sistema capitalista; pessoas que apenas fazem a sua tarefa sem questionar o porque dos problemas sociais. Para Florestan Fernandes, as transformações ocorridas nas sociedades modernas substituiram largamente os ajustamentos baseados no conhecimento pessoal íntimo e em normas estabelecidas pela tradição por ajustamentos sociais baseados em interesses. Por isso existe a necessidade de preparar os estudantes para entenderem o que realmente está acontecendo politicamente e socialmente. Não apenas em vagas teorias mas sim na verdadeira realidade atual com o intuito de se defender a liberdade e a segurançaq dos indivíduos. Esperar que a educação pelas ciências sociais crie personalidades mais aptas à participação das atividades políticas, como estas se processam no Estado moderno. Florestan Fernades realiza uma série de indagações sugestivas para serem analisadas e debatidas em futuros encontros com o objetivo de viabilizar as praticas de sociologia no contexto da escola secundária. Perguntas do tipo: Quais são as funções que o ensino de sociologia pode preencher na formação da personalidade? Ou por que se deve desejar a introdução da sociologia no ensino secundário Brasileiro? Ele realiza uma ponte entre a educação como processo social e o planejamento democrático nas sociedades modernas, influenciado pela sociologia de Karl mannheim, que envolvia o estudo sociológico do conhecimento ,a educação e o planejamento. Mannheim pensava que o homem precisaria se apropriar do conhecimento sociológico e entender as raízes sociais de seu pensamento e orientar que tipo de educação seria mais apropriado aos objetivos do planejamento democrático,uma educação de teor formativo conduzindo os indivíduos a escolhas e ajustamentos conscientes. Florestan Fernandes afirmava que : “A transmissão de conhecimentos sociológicos se liga à necessidade de ampliar a esfera dos ajustamentos e controles sociais conscientes na presente fase de transição das sociedades ocidentais para novas técnicas de organização do comportamento humano.”ou seja, promover a educação e o saber científico como fatores de mudança cultural provocada. O saber sociológico proporciona ferramentas para se participar ativamente do planejamento social. Essas aspirações de Florestan Fernande desafiam os interesses dos donos do poder político e dos empresários da educação que preferem os interesses mais imediatos , não interessados na formação do cidadão crítico ,mas em satisfazer as necessidades do mercado. Para Florestan Fernandes o currículo de sociologia não deve apenas reproduzir o velho padrão enciclopédico do ensino Brasileiro da coleção de nomes, da coleção de ideias,mas se voltar para o uso da reflexão sociológica e a abordagem de temas que desafiam a compreensão de nossa formação histórica e social.