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x fns. 3:—
MINISTÉRIO DA FAZENDA
i-i CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS
TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO
T- -
Processo n0 18471.002524/2003-13
Recurso n° 149.457 Voluntário
Acórdão n° 3402-00.132 — 4' Câmara / r Turma Ordinária
Sessão de 02 de junho de 2009
Matéria IRPF
Recorrente GUILHERME DE ALBUQUERQUE
Recorrida 3TURMA/DRJ-RIO DE JANEIRO/RJ II
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A,7bNIO LOO A 'EZ — Redator-Designado
EDITADO EM:
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Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa, Heloisa
Guarita Souza, Antonio Lopo Martinez, Rayana Alves de Oliveira França, Amarylles Reinaldi
e Hemiques Resende (Suplente convocada), Pedro Anan Júnior, Gustavo Lian Haddad e
Nelson Mallmann (Presidente).
Relatório
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Rio de Janeiro — RJ II, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando
a sua refouna, nos termos da petição de fls. 1145/1210.
\k.
- que averbado e arquivado o Contrato Social no Conselho da Ordem dos
Advogados do Brasil. Seção do Estado do Rio de Janeiro sob o 2.785/97, a sociedade
adquiriu personalidade jurídica própria no dia 31/03/1997, pertencendo-lhe, a partir de então,
todas as receitas de honorários auferidos com o trabalho dos seus sócios, no exercício
individual ou conjunto da advocacia, salvo, excepcionalmente, quando um deles atuasse de
maneira individual, fel ações de clientes particulares e alheias à sociedade, e desde com
aprovação dos outros sócios, o que jamais ocorreu em toda sua existência, como comprovam as
petições exibidas à fiscalização, sempre cia papéis timbrados dos quais constam os nomes dos
três sócios e não raramente assinadas por mais de um sócio, as procurações outorgadas pelos
clientes, sempre designando todos eles seus procuradores, e a declaração de fls. 74 firmada
pelos mesmos sócios certificando a inocontencia dessa excepcionalidade;
- que, é fato que, mesmo depois de regularizada sua situação perante o CNPJ
os sócios continuaram a adotar os procedimentos descritos nos subitens 2.1.4 a 2.1.5 acima, o
que se reconhece deveria ter sido evitado, mas somente o foi a partir de março de 2003, quando
a sociedade começou a operar com conta bancária própria;
espirito, a voltar às instituições financeiras em que mantinha tais contas para reiterar o
fornecimento daqueles documentos, assim como solicitar os que estavam sendo intimado a
apresentar;
- que em adição a tudo o que foi aduzido nos itens precedentes, aflora a
impertinência de computar no lançamento de oficio a multa prevista no inciso III do § I° do
artigo 44 da Lei n° 9.430, de 1996, tendo em vista a ofensa notória que este dispositivo enseja
aos artigos 97, inciso V, e 113 do Código Tributário Nacional;
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ano, não sendo válido o raciocínio de que a contagem do prazo decadencial deva ser feita de
forma parcelada, com inicio em cada mês, à medida que as receitas vão sendo apuradas. Assim
é que, no presente caso, a decadência referente ao ano-calendário de 1998 somente ocorreria
em 31/12/2003, não sendo aplicável ao lançamento de oficio ora apreciado, formalizado em
26/11/2003;
- que, dessa coima, haja vista que os débitos relativos à multa isolada por
falta ou insuficiência de carrê-leão são lançados apenas de oficio, não há que se falar em
lançamento por homologação, não se podendo confundir o debito de camê-leão com o débito
de multa isolada por insuficiência de recolhimento de camê-leão, esse último decorrente de
lançamento de oficio, de modo que o prazo decadencial se desloca, nesse caso em particular,
para o artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional;
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- que quanto aos demais honorários, entendo que deve ser mantida a sua
tributação em nome do impugnante, visto que há uma presunção legal de que os valores
creditados em suas contas correntes lhe pertencem e, cai principio, ao contrário do que alega o
impugnante, não há nbnhuma prova ou indicativo real de que, nestes casos, o contribuinte agia
em nome da pessoa jurídica. Assim é que, se os honorários recebidos em suas contas correntes
não foram comprovadamente creditados à sociedade para posterior rateio dos lucros na exata
proporção a que cada participante do quadro social teria direito, e se também não há provas ou
quanto à participação dos demais sócios nos serviços profissionais prestados ou quanto à
atuação do impugnante como membro de urna sociedade de advogados, não se pode falar aqui
em erro na identificação do sujeito passivo;
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mais tarde foram atribuídas pessoalmente ao recorrente, bem como, no prazo legal, as
respectivas DCTF (anexo 04), e (iii) vem recolhendo mensalmente o valor do débito parcelado,
tendo quitado as 12 (doze) primeiras parcelas (anexo 5), nos termos do artigo 1°, § 3', inciso II,
da Portaria Conjunta/SRF if 1/03;
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- que repisamos que não há qualquer documentação hábil que justifique a
transferência dos rendimentos omitidos da Pessoa Física tributada para a Pessoa Jurídica
controlada pelo autuado, a não ser a ligação ideológica como pretendido no recurso.
É o relatório.
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Voto Vencido
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A decadência em matéria tributária consiste na inércia das autoridades fiscais,
pelo prazo de cinco anos, para efetivar a constituição do crédito tributário, tendo por inicio da
contagem do tempo o instante em que o direito nasce. Durante o qüinqüênio, qualquer
atividade por parte do fisco em relação ao tributo faz com que o prazo volte ao estado original,
ou seja, no caso de um tributo cujo prazo para sua decadência esteja para ocorrer faltando um
dia, e ocorrendo o lançamento por parte do fisco, não há mais que se falar em decadência.
Aliás, a despeito da inovação introduzida pelo artigo 2' da Lei n' 7.713, de
1988, pelo qual estipulou-se que "o imposto de renda das pessoas fisicas será devido,
mensalmente, a medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem recebidos", há que se
ressaltar a relevância dos arts. 24 e 29 deste mesma diploma legal e dos arts. 12 e 13 da Lei n°
8.383, de 1991 mantiveram o regime de tributação anual (fato gerador complexivo) para as
pessoas físicas.
Não é sem razão que o § 2' do art. 2" do decreto n°3.000, de 1999— RIR/99,
cuja base legal é o art. 2" da lei n° 8.134, de 1990, dispõe que: "O imposto será devido
mensalmente na medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem
prejuízo do ajuste estabelecido no art. 85". O ajuste de que trata o artigo 85 do RIR/99 refere-
se à apuração anual do imposto de renda, da declaração de ajuste anual, relativamente aos
rendimentos percebidos no ano-calendário.
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Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do Código Tributário
Nacional, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribui ao sujeito passivo
o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual,
tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo
essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador
do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o
montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes
posteriores.
É fantasioso. Em primeiro lugar, porque não é isto que está escrito no caput
do art. 150 do CTN, cujo comando não pode ser sepultado na vala da conveniência
interpretativa, porque, queiram ou não, o citado artigo define com todas as letras que "o
lançamento por homologação (...) opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa".
Em segundo lugar mesmo que assim não fosse, é certo que a avaliação da
suficiência de uma quantia recolhida implica, inexoravelmente, no exame de todos os fatos
sujeitos à tributação, ou seja, o procedimento da autoridade administrativa tendente à
homologação fica condicionado ao "conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
na linguagem do próprio CTN".
Ora, quando o sujeito passivo apresenta declaração com prejuízo fiscal num
exercício e a fiscalização reconhece esse resultado para reduzir matéria a ser lançada em
período subseqüente, ou no mesmo período-base, ou na área do IN, com a apuração de saldo
credor num determinado período de apuração, o que traduz inexistência de obrigação a cargo
do sujeito passivo. Ao admitir tanto a redução na matéria lançada como a compensação de
saldos em períodos subseqüentes, estará a fiscalização homologando aquele resultado, mesmo
sem pagamento.
Assim sendo, ainda que não haja pagamento, ocorrendo o fato imponível, isto
é, nascida à obrigação tributária, após o decurso de 5 (cinco) anos considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito tributário se a Fazenda, nesse período,
pennanecer silente, privilegiando o principio que o direito não socorre ao que dorme.
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Nestes casos o Código Tributário Nacional não fixa um prazo especifico para
operar a decadência, exigindo um esforço enorme do hermeneuta para a solução dessa questão
sem deixar, no entanto, de atender, também, o principio da segurança nas relações jurídicas, de
modo que os prazos não fiquem ad eternum em aberto. Os prazos do Direito Civil são
inaplicáveis por serem específicos às relações de natureza particular.
Por isso, ainda que tenha havido pagamento, a existência de dolo, fraude ou
simulação causa suspeita, razão pela qual o Código Tributário Nacional impede a extinção do
crédito tributário no caso da ocorrência desses ilícitos.
Quanto a isso, vale lembrar o que dispõe o art. 136 do Código Tributário
Nacional, verbis:
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Art. 135 Salvo disposição de lei em contrário, a
responsabilidade por infrações da legislação tributária
independe da intenção do agente ou do responsável e da
efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
Sem embargo da exposição feita nesse tópico, costuma-se apontar nessa parte
final do § 4.° do art. 150 do CTN uma lacuna, uma vez que não haveria tratamento legal quanto
ao prazo para lançar quando presente dolo, fraude ou simulação (LUCIANO AMARO. Direito
Tributário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 356; p. 394).
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Ora, não restam dúvidas, que só a pessoa jurídica estaria, em principio, apta a
comprovar os ingressos, recorrendo a seus assentamentos contábeis e respectivos documentos,
assim como somente o sócio titular das contas correntes envolvidas poderia colher e fornecer
os comprovantes relativos às operações ou negócios particulares de que participou e que deram
origem aos recursos utilizados nos depósitos bancários efetuados.
23
•
inquestionável, que os depósitos bancários realizados em contas bancárias de sua titularidade
fossem de fato da pessoa jurídica (sociedade civil) do qual é sócio.
O que não se pode, a meu ver e com a devida vênia, é se eleger como sujeito
passivo, principalmente para fins de gozar de tributação minorada pelo imposto de renda, tudo
o que, "lato sensu", todo o contribuinte entenda ser conveniente para si e quando estiver com
-vontade de fazê-lo.
Assim sendo, entendo que está correta eleição do sujeito passivo, tendo em
vista que Guilherme de Albuquerque (o autuado) foi responsável pela administração de suas
contas correntes, praticando as transações levantadas, mesmo que em alguns casos os depósitos
pudessem estar vinculados à sociedade civil do qual e sócio e que foram, devidamente,
excluídas da tributação pela decisão de Primeira Instância, não houve, por parte do interessado,
a apresentação de documentação hábil e idónea que comprovasse de forma irrefutável o fato,
restam alegações, que por si só, não tem o condão de modificar o sujeito passivo da obrigação
tributária.
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Observa-se da análise dos autos que o Auto de Infração tem como suporte as
contas bancárias abaixo relacionadas:
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receitas que mais tarde foram atribuídas pessoalmente ao recorrente, bem como, no prazo legal,
as respectivas DCTF (anexo 04), e (iii) vem recolhendo mensalmente o valor do débito
parcelado, tendo quitado às 12 (doze) primeiras parcelas (anexo 5), nos termos do artigo E§ §
3', inciso II, da Portaria ConjuntalSRF n" 1103.
É claro que o meu entendimento pessoal é no sentido de que não deve ficar
ao alvitre do contribuinte, a estipulação de valores quaisquer para a regularização de suas
operações, ainda mais quando busque reduzir a tributação. Mas, por outro lado, em nome da
segurança jurídica que deve reinar em tenros de tributação, é absolutamente indispensável que
o imposto exigido repouse em base sólida, nunca em mera presunção fiscal, ou que remanesça
alguma dúvida quanto à exigência fiscal. Nesse sentido entendo que cabem, aqui, os conceitos
de justiça invocados na peça recursal.
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Não há dúvidas, como o seu sécio majoritário estava sob ação fiscal no
período da vigência da Lei n°10684, de 2003, a pessoa jurídica Albuquerque & Barbosa Lima
e Miranda Advogados Associados S/C tinha o prazo até 28 de novembro de 2003 (Portaria
PGFN/SRF n° 5, de 23 de outubro de 2003) para proceder à inclusão de débitos não declarados.
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Para o PAES tanto faz, se que havia um procedimento de fiscalização em
andamento (do sócio majoritário ou da própria sociedade), já que a Lei n° 10.684, de 2003,
deve ser encarada, como norma especial em relação à regra geral, ela veio estabelecer uma
outra realidade, de forma temporária e em caráter de exceção.
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(omissis).
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— isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao
pagamento mensal do imposto (carnê-leão) na forma do art. 8°
da Lei n.° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar cle fazê-
lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração
de ajuste.
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Acórdão It .' 3402-00.132 Fl, 17
r •SJ I • driSeV77.
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Voto Vencedor
Ante o exposto, voto por DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir
da exigência os valores lançados nos anos-calendário de 1999, 2000 e 2001, respectivamente e,
com relação ao ano-calendário de 1998, excluir da base de cálculo da exigência os valores
lançados a titulo de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários, bem como
excluir da exigência a multa isolada, por falta de recolhimento do camê-leão, aplicada
concomitantemente com a multa de oficio.
•jm 4••
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TERMO DE INTIMAÇÃO
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Data da ciência: