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Projeto Individual de Leitura

Escola: Escola Secundária de Francisco de Holanda

Disciplina: Literatura Portuguesa

Poemas: “Portugal” e “Conquista”

Aluna: Joana Vaz

11ºano
Professora Fernanda Freitas

1
Índice
Conhecimento do Passado Histórico ....................................................................................... 3
25 de abril ................................................................................................................................ 3
Estado Novo ......................................................................................................................... 4
Guerra Colonial .................................................................................................................. 5
Descolonização ................................................................................................................... 7
Democracia .......................................................................................................................... 9
❖ Portugal ........................................................................................................................... 13
❖ Conquista ........................................................................................................................ 16
Arte ............................................................................................................................................. 18
Cartazes antes e depois do 25 de abril – análise comparativa ................................................. 19
História: Vida viva/ testemunhos .............................................................................................. 20
Reflexão pessoal ......................................................................................................................... 22
Webgrafia ................................................................................................................................... 23

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Conhecimento do Passado Histórico
25 de abril

• Em vésperas do 25 de Abril, Portugal era um país retrógrado.


• A Guerra Colonial tinha começado em 1961, e opunha o Exército português aos
guerrilheiros que lutavam pela independência dos territórios africanos que Portugal
na altura governava: Angola, Moçambique e Guiné.
• Em 1973 ou 1974 essas colónias já se tinham tornado países independentes.
• Os governos portugueses da altura teimavam em manter a posse das colónias, e por
isso enviava para a guerra todos os jovens.
• Durante os 13 anos que durou a guerra, perderam a vida quase 9 mil e cerca de 30
mil ficaram feridos.
• Em 1973, Portugal tinha 150 mil homens a combater.
• Nesse tempo, não se podia criticar o governo, mas como a guerra se arrastava, os
mortos eram já muitos e as despesas cresciam cada vez mais, as pessoas passaram a
estar cansadas daquilo tudo.
• Ora, como eles sabiam melhor do que ninguém que uma guerra daquelas nunca
poderia ser ganha, resolveram derrubar o governo pela força.
• O dia escolhido para a ação foi o 25 de Abril de 1974.
• De madrugada, militares do MFA ocuparam os estúdios da Rádio Clube Português e,
através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o País fosse de novo
uma democracia, com eleições e liberdades de toda a ordem.
• Punham no ar músicas de que a ditadura não gostava, como Grândola Vila Morena,
de José Afonso.
• Uma coluna militar com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da
Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou
posições junto dos ministérios e, depois, cercou o quartel da GNR do Carmo, onde
se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura.
• Eventualmente, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares. E o que era um
golpe de Estado transformou-se numa verdadeira revolução.

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• A certa altura, uma vendedora de flores começou
a distribuir cravos. Os soldados enfiavam o pé do
seu cravo no cano da espingarda e os civis pu-
nham a flor ao peito. Por isso se fala de Revolu-
ção dos Cravos.

• Ao fim da tarde, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder ao general Spínola,


que, embora não pertencesse ao MFA, não pensava da mesma maneira que o go-
verno acerca das colónias.

Estado Novo

• Em 1933 entra em vigor a Constituição, que faz nascer o Estado Novo, substituin-
do a de 1911 que não vigorava desde o golpe militar de 1926.
• O documento submetia o Parlamento, e as liberdades individuais são também limi-
tadas.
• Apesar de possuir algumas características semelhantes ao fascismo italiano de Beni-
to Mussolini, o Estado Novo nunca se assumiu como sendo fascista.
• A nova Constituição, desenhada pelos militares e por Oliveira Salazar, entrou em
vigor a 11 de Abril de 1933.
• O regime vai perdurar até 1974, período durante o qual as liberdades individuais e
coletivas são limitadas.
• A primeira Assembleia Nacional foi eleita em 1934 por sufrágio direto dos cidadãos
maiores de 21 anos ou emancipados.
• Os analfabetos só podiam votar se pagassem impostos superiores a 100$00 e as
mulheres eram admitidas a votar se possuidoras de curso especial, secundário ou
superior.
• O direito de voto às mulheres já fora expressamente reconhecido pelo decreto 19/
894 de 1931, embora com condições mais restritas que as previstas para os ho-
mens.

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• A capacidade eleitoral passiva determinava que podiam votar, eleitores que sou-
bessem ler e escrever e que não estivessem sujeitos às inelegibilidades previstas na
lei, onde se excluíam os "presos por delitos políticos" e "os que professem ideias
contrárias à existência de Portugal como Estado independente, à disciplina social.…"

• A Assembleia Nacional, prevista nesta Constituição, tinha estrutura monocameralis-


ta. Existia também a Câmara Corporativa, que era um órgão de consulta, embora se
tivesse transformado num importante centro de grupos de pressão, representando
interesses locais e socioeconómicos.

• A Assembleia Nacional reuniria pela última vez, na manhã de 25 de Abril de 1974,


data do derrube do Estado Novo pelo Movimento das Forças Armadas.

• As dificuldades do regime vinham sendo agravadas com o problema colonial, sobre-


tudo desde 1961, tendo o serviço militar obrigatório sido progressivamente alarga-
do para um mínimo de dois anos de permanência na guerra nas colónias africanas.

• Em 1968, na sequência da queda de Salazar de uma cadeira, que o deixa mental-


mente diminuído, Marcelo Caetano é nomeado para a Presidência do Conselho de
Ministros, passando o partido único a ser designado por Ação Nacional Popular.

• Nas eleições de 1969 para a Assembleia Nacional, Marcelo Caetano pretende revita-
lizar a Ação Nacional Popular e ensaiar uma relativa mudança no regime, permitin-
do a concorrência de comissões eleitorais da oposição, sem, contudo, autorizar a
constituição de partidos, nem atualizar os cadernos eleitorais e restringindo a cam-
panha eleitoral apenas a um mês antes das eleições.

• Em 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, com imediata e vastís-


sima adesão popular, punha fim ao regime do Estado Novo que dominara o país du-
rante quase meio século.

Guerra Colonial

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• A Guerra Colonial Portuguesa foi designada por Guerra do Ultramar, designação
atribuída oficialmente em Portugal até ao 25 Abril.
• Esta foi uma guerra que durou cerca de 13 anos. Ao
desenrolar do teatro sanguíneo sobre esta guerra,
muita gente perdeu a vida e milhares acabaram por
ficar feridos.
• A Guerra Colonial Portuguesa teve início em África e desenrolou-se nas colónias de
Moçambique, Guiné e Angola, no período de, entre 1961 e 1974.
• Estiveram em confronto as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas
pelos movimentos de libertação de cada uma das colónias onde decorria os con-
frontos.
• Os primeiros confrontos ocorreram em Angola, traduziram-se, a partir de 15 de
Março de 1961, em bárbaros massacres de populações brancas e trabalhadores ne-
gros oriundos de outras regiões de Angola.
• Nos três cenários das operações em Angola, Moçambique e Guiné o número de
efetivos das forças portuguesas foi aumentando constantemente em relação ao
aumento das frentes de combate, atingindo-se, no início da década de 70, o limite
crítico da capacidade de mobilização de recursos.
• No final de 1964, já estavam envolvidos nas guerras em África 85 mil militares por-
tugueses, respetivamente cerca de 52 mil em Angola, 18 mil em Moçambique e 15
mil na Guiné.
• Pela parte portuguesa, a guerra era sustentada pelo princípio político da defesa do
que era considerado o território nacional, baseado no conceito de nação pluriconti-
nental e multirracial.
• Pela parte dos Movimentos de Libertação, a guerra justificava-se pelo inalienável
princípio de autodeterminação e independência, num quadro internacional de
apoio ao incentivo à sua luta.
• O Estado Novo manteve com grande rigidez o essencial da política colonial, fechan-
do todas as portas a uma solução credível para o problema de qualquer um dos ter-
ritórios.

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• O 25 de Abril de 1974, trouxe alterações à natureza do regime político português, os
novos dirigentes de Portugal, aceitavam naturalmente os princípios da autodeter-
minação e independência, pelo que as fases de transição foram negociadas com os
movimentos de libertação, traduzindo-se rapidamente no fim das ações militares
envolvendo forças portuguesas.

Descolonização
• O processo de independência na região central do continente africano iniciado em
finais dos anos 50 do século XX parou com a capitulação do Biafra (1967-70), tendo
o processo de descolonização no Sul da África também ficado atrasado.
• Quando se fala de um tema vasto e complexo como o da descolonização do império
africano português ocorrida após o golpe militar de 25 de Abril de 1974, tende-se a
destacar, narrar e analisar o seu caráter tardio, para não dizer arcaico. Tem-se para
isso em conta o facto de todos os grandes impérios coloniais e ultramarinos euro-
peus terem já praticamente desaparecido.
• A impropriamente chamada "descolonização das colónias portuguesas posterior ao
25 de Abril" mais não é do que o epílogo da experiência imperial portuguesa que
teve o seu início nos finais do século XV. Esta experiência histórica compreende três
períodos bem distintos, a que podemos chamar os "três ciclos do império" e é iden-
tificável uma lógica coerente nas formas que cada ciclo assumiu, quer no quadro da
expansão quer no da retração do império.
• O objetivo inicial da expansão portuguesa era o Oriente longínquo, o que exigia a
ocupação de feitorias e praças militares na costa africana, de apoio à navegação. O
ciclo do Oriente não corresponde a um império no sentido rigoroso da expressão,
porque lhe faltava continuidade e extensão territorial, ocupação humana de colo-
nos deslocados da metrópole, e porque ainda nem sequer se adivinhava a Revolu-
ção Industrial que geraria o modelo de exploração colonial europeu.
• O encerramento deste ciclo ocorreu em meados do século XVII, quando a metrópo-
le atravessava uma crise prolongada, sob o domínio da coroa espanhola. Portugal
perdia, para as novas potências marítimas emergentes, Holanda e Inglaterra, a qua-

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se totalidade das suas possessões do Oriente, apenas salvando os territórios residu-
ais de Goa, Damão, Diu, Macau e Timor.
• Encerrado o ciclo do Oriente, Portugal investe no continente americano. No Brasil
tem lugar a colonização de um verdadeiro império, de grande extensão e continui-
dade territorial, com a fixação de elevado número de colonos que se lançaram na
penetração do interior e instalaram estruturas de uma economia colonial com base
na exploração do trabalho escravo.
• Portugal enfrentava uma profunda crise, que se iniciara com as invasões napoleóni-
cas e a consequente retirada da Casa Real para o Brasil, substituída pelo humilhante
consulado britânico de Beresford, a que se seguiu a convulsão da Revolução Liberal
de 1820. No continente americano, a exemplo da independência dos Estados Uni-
dos ocorrida em 1776, as primeiras décadas do século XIX eram marcadas pelo fim
dos impérios coloniais espanhol e português.
• O encerramento do ciclo brasileiro do império correspondeu ao modelo da desco-
lonização norte-americana, que marcou aquela época.
• Uma vez fechado o ciclo americano, as potências coloniais europeias descobriram
no continente africano o novo palco da luta pelas suas ambições preponderantes e
pela busca das matérias-primas que a Revolução Industrial requeria. Portugal, re-
clamando interesses que queria preservar, abre assim o ciclo africano do império,
ainda que, durante o ciclo do Oriente, tivesse procedido, por antecipação, à coloni-
zação dos arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
• Depois da Guerra Mundial de 1914-1918, com a abertura de uma nova era em que
os valores da autodeterminação e dos direitos humanos ganham espaço de afirma-
ção, os Movimentos Pan-Africano e Pan-Negro iniciam a campanha pela descoloni-
zação da África, que vai receber uma nova dinâmica depois da segunda Guerra
Mundial de 1939-1945. Este movimento atinge as colónias portuguesas e é, então,
que se inicia a descolonização do ciclo africano do império português.
• A natureza ditatorial repressiva do Estado Português procurou ignorar a marcha da
história, obrigando a luta de libertação das colónias a ascender ao patamar da luta
armada, que se traduziu numa guerra colonial de 13 anos e em três teatros de ope-
rações distintos e distantes.

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Democracia
• O 25 de Abril conseguiu muito mais do que simplesmente fazer regressar a demo-
cracia a Portugal, como se tem constatado de forma cada vez mais clara com o pas-
sar do tempo.
• A revolução que se iniciou há quarenta anos foi uma revolução simultaneamente
democrática e social; foi uma plataforma para grande criatividade e progresso que
ainda hoje se mantém. O progresso e a inclusão social que o 25 de Abril tornou pos-
síveis tiveram efeitos diretos em Portugal, mas a Revolução dos Cravos também
deixou marcas profundas a nível global.
• A Revolução dos Cravos mudou o país com extraordinária rapidez e profundidade –
apesar dos problemas e dos desafios que obviamente continuaram a existir. Afinal,
antes de 1974 Portugal era o país mais pobre e atrasado da Europa Ocidental. Mas,
após o 25 de Abril, em certos aspetos Portugal tornou-se o país do Sul da Europa
com maior sucesso a nível social. A participação das mulheres na força de trabalho e
nas universidades, uma importantíssima marca de progresso humano, aumentou
rapidamente após o 25 de Abril. Portugal tornou-se rapidamente o único país do Sul
da Europa em que a presença de mulheres na força laboral era muito mais elevada
do que a média europeia.
• Em democracia, os jovens portugueses desenvolveram gostos musicais “omnívo-
ros”, um sinal claro de competências culturais e tolerância que são muito menos
habituais em outros países do Sul da Europa.
• As práticas educativas implementadas após o 25 de Abril eram menos hierárquicas
e mais centradas no estudante do que no resto do Sul da Europa – com resultados
extremamente positivos. Muitos estudantes portugueses nos anos após 1974 cres-
ceram em lares cujos pais tinham tido oportunidades de estudo limitadas, devido ao
acesso universal à escolaridade ter sido implementado muito tarde.
• No campo económico, o progresso de Portugal nos
25 anos a seguir a 1975 e antes da adesão ao euro
foi extraordinário. O nível de vida aumentou mais
do que no resto do Sul da Europa, a produtividade
também cresceu, juntamente com a inovação nas

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empresas. Com a introdução do euro em 1999, o país perdeu a sua independência
monetária e iniciou-se um período de resultados económicos desapontadores.
• Apesar disso, este 25 de Abril ocorre num contexto em que existem também muitos
motivos para tristeza. A crise económica e a austeridade tiveram muitos custos para
Portugal e a sua democracia. Mas neste caso Portugal não está sozinho. A crise eco-
nómica e a austeridade em muitos países da periferia da Europa foram originadas
por dinâmicas e forças sistémicas e poderosas que atravessam as fronteiras nacio-
nais. A população é fortemente a favor de esforços governamentais para limitar as
desigualdades e a forma predominante de entender a política toma como adquirido
a legitimidade e a importância das vozes discordantes.

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Biografia do autor

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, foi um dos


mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX.
Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu
também romances, peças de teatro e ensaios.
Foi laureado com o Prémio Camões de 1989, o mais importante da
língua portuguesa.
Em 1917, foi para uma casa apalaçada do Porto, habitada por fami-
liares.
Mais tarde, em 1918, foi mandado para o seminário de Lamego, onde Estudou Portu-
guês, Geografia e História, aprendeu Latim e ganhou familiaridade com os textos sa-
grados. Pouco depois, comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil em 1920, para trabalhar na fazenda do tio. Ao fim de quatro
anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais no Ginásio
Leopoldense, em Leopoldina. Em 1925, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como re-
compensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal e a concluir
os estudos liceais.
Em 1928, entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o
seu primeiro livro de poemas, Ansiedade.
Em 1929, deu início à colaboração na revista Presença, com o poema “Altitudes”. Em
1930, rompe definitivamente com a revista Presença.
Em 1934, ao publicar o ensaio intitulado A terceira Voz, o médico Adolfo Rocha adota
expressamente o nome de Miguel Torga.
A obra de Torga traduz a sua rebeldia contra as injustiças e o seu inconformismo dian-
te dos abusos de poder. Reflete, igualmente, a sua origem aldeã, a experiência médica,
em contacto com pessoas pobres, e ainda os cinco anos que passou no Brasil.
Ama a cidade de Leiria, onde exerce a sua profissão de médico, a partir de 1939 e até
1942, e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933, concluiu a licenciatura em
Medicina pela Universidade de Coimbra. Dividiu o seu tempo entre a clínica de otorri-
nolaringologia e a literatura.

11
Em 1974, Torga surge na política para apoiar a candidatura de Ramalho Eanes à presi-
dência da República (1979).
Autor prolífico, publicou mais de cinquenta livros, ao longo de seis décadas, e foi, vá-
rias vezes, indicado para o Prémio Nobel da Literatura.
Miguel Torga, sofrendo de cancro, publicou o seu último trabalho, em 1993, vindo a
falecer em janeiro de 1995.
❖ Obras

1930 – Rampa

1931 – Tributo

1932 – Abismo

1940 – Bichos

1941 – Contos da Montanha

1942 – Rua

1947 – Sinfonia

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❖ Portugal Nos primeiros três versos, o sujeito
lírico recorda o estado de Portugal an-
tes do regime salazarista. Nos seguintes
Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
três versos, ele relata a situação em
E torno mais real o rosto que te dou. que Portugal se encontrava depois da
Anáfora ascensão de Salazar ao poder.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou. No último verso, apesar de tudo, ele
vê-se em Portugal.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.

Nesta sextilha, o eu lírico usa muitas


E eu sou a liberdade dum perfil palavras com referência ao mar. De
Desenhado no mar. certa maneira, ele relaciona-se com o
Gradação
mar “sou a liberdade dum perfil dese-
Ondulo e permaneço.
nhado no mar”.
Cavo, remo, imagino,
No penúltimo verso ele refere que o
E descubro na bruma o meu destino seu destino está no mar.
Que de antemão conheço:

Nesta estrofe, encontramos as carac-


Teimoso aventureiro da ilusão,
terísticas do sujeito poético nos pri-
Surdo às razões do tempo e da fortuna, meiros 4 versos.
Achar sem nunca achar o que procuro,
E nos últimos 3 versos volta a fazer
Exilado uma referência ao regime salazarista.

Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.

Tema: A situação vivida em Portugal


Assunto: A relação de semelhança entre Portugal e o autor

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Estrutura externa:

− É constituído por 3 estrofes, duas sextilhas e uma sétima. No total 19 versos.


− O esquema rimático é a/b/c/b/c/b, d/e/f/g/g/f, h/i/j/k/j/k.
− A rima dos versos na primeira estrofe é rima cruzada, mas o primeiro verso
não tem rima. A segunda e a última estrofe a rima é cruzada também, sendo
que os primeiros dois versos não têm rima.

Estrutura interna:
− Este poema pode ser dividido em duas partes: 1ª parte – a primeira estrofe; e
2ª parte – a segunda e última estrofes.
− Na primeira parte, nos primeiros três versos, o sujeito poético lembra o esta-
do em que Portugal estava antes do regime salazarista. Refere-se a Portugal
com o pronome “teu”. Nos seguintes dois versos, menciona o regime salaza-
rista como o “destruidor” de Portugal – “Quem te desfigurou/ Criatura da tua
criatura”. No último verso, o sujeito poético diz que apesar de todas as mu-
danças que Portugal sofreu, irá sempre assemelhar-se a Portugal.
− Na segunda parte, o eu lírico relaciona-se com o mar “E eu sou a liberdade
dum perfil”. Esta relação vem como uma caracterização do eu lírico. Depois, a
gradação “Cavo, remo, imagino e descubro…” tem como objetivo demonstrar
a vontade do eu lírico alcançar a sua liberdade, algo que durante a ditadura
em Portugal não existia. Posteriormente, o sujeito lírico autocaracteriza-se
como “Teimoso aventureiro da ilusão, / Surdo às razões do tempo e da fortu-
na”. Também há uma potencial referência à censura que havia em Portugal –
“Achar sem nunca achar o que procuro”.
− Resumidamente, o sujeito poético relaciona-se com a figura de Portugal e ar-
gumenta que apesar de “desfigurarem” o seu país ele irá sempre se relacionar
a esta nação. Aproveita esta semelhança para fazer referência à ditadura e, de
certo modo, protestar contra a mesma.

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Recursos estilísticos
− Anáfora – Repetição das palavras “rosto” e “criatura”.
− Gradação - “Cavo, remo, imagino e descubro”.

Relação do título com o poema


− O título deste poema antecipa o tema do poema – “Portugal”.

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❖ Conquista
Neste poema, o sujeito poético refere
que não tem liberdade, mas que irá
Livre não sou, que nem a própria vida
lutar por ela.
Mo consente.
Com a sua “aguerrida teimosia” irá re-
Mas a minha aguerrida cuperar a sua liberdade.
Teimosia
Desejo enorme de conquistar a sua
É quebrar dia a dia liberdade que lhe foi retirada pela dita-
Anáfora
Um grilhão da corrente. dura.

Livre não sou, mas quero a liberdade.


Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Tema: A liberdade
Assunto: Recuperação da liberdade, perante o salazarismo.
Estrutura externa:
− O poema é constituído por duas estrofes, duas sextilhas, com 12 versos.
− O esquema rimático é a/b/a/c/c/b, d/e/e/f/d/f.
− Na primeira estrofe a rima é interpolada no 1º e 3º verso, e no 2º e 6º verso;
emparelhada no 4º e 5º verso. Na segunda estrofe a rima é interpolada no 1º
e 5º verso, e no 4º e 6º verso; emparelhada no 2º e 3º verso.
Estrutura interna:
− O poema é dividido em duas partes, a primeira para a 1ª estrofe e a segunda
para a 2ª estrofe.
− Na primeira parte, o sujeito poético menciona que não tem a sua liberdade,
caraterística do regime salazarista, mas que “dia a dia” irá lutar para conquis-
tá-la.
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− Na segunda parte, o eu lírico demonstra o seu desejo de ter liberdade, que é
seu direito ter. Reprime a pessoa ou pessoas que estão a destruir esse direito.
− Este poema, como o outro, serve como repreensão ao regime salazarista por
tirar a liberdade ao povo português.

Recursos estilísticos:
− Anáfora – repetição das palavras “Livre não sou”.
− Comparação – “Trago-a dentro de mim como um destino”
− Personificação – “E vão lá desdizer o sonho de um menino/ Que se afogou
e flutua/ Entre nenúfares de serenidade”

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Arte
Pintura de Mário Cesariny – Soprofigura.
Cesariny foi, dos surrealistas portugueses,
quem levou o automatismo à sua dimensão
mais extremada e o mais feroz crítico do talen-
to artístico convencionado. Liberto dos ditames
da prática oficinal instaurada, realiza composi-
ções intituladas Soprofiguras, lançando sobre o
suporte da obra jatos de tinta posteriormente
soprados. Assim arbitrariamente estendida so-
bre a superfície, a tinta é em seguida trabalha-
da com tinta-da-china, guache e materiais in-
comuns, como vernizes industriais (em assun-
ção de uma anti pintura), com recurso igual-
mente a técnicas pouco ortodoxas, como o grattage, que reforçam o carácter aleatório
e espontâneo da composição. Liberta de condicionantes racionais, espaciais e tempo-
rais, bem como de quaisquer preocupações estéticas ou morais, esta anti pintura
apreende as imagens inconscientes no seu estado nascente e, na medida em que
qualquer um a pode praticar, adquire um carácter universal que derroga decisivamen-
te o estatuto do artista como génio criador e aproxima eficazmente a arte da própria
vida.
Por esta pintura consigo associar facilmente ao tema deste portefólio. A meu ver, são
duas pessoas retratadas na pintura, uma que está a repreender a outra de forma
agressiva. Relaciono essa pessoa agressiva a um agente de PIDE, que a estava a repre-
ender por algo que ela fez. Esta polícia política não dava qualquer liberdade ao povo
para falar ou mesmo ter uma opinião contra a ditadura, e é isso que o pintor retratou
na sua pintura. Acho que esta pintura representa a inexistência da liberdade, que era
imposta pelo Estado Novo. Cesariny, com esta pintura, quis alertar e criticar esta soci-
edade.

18
Cartazes antes e depois do 25 de abril – análise comparativa

Cartaz antes do 25 de abril:

Esta imagem é um cartaz eleitoral com o objetivo de Salazar ser eleito. Este cartaz diri-
ge-se à mulher portuguesa com o propósito de que
elas devem ser gratas a Salazar e, consequentemente,
votar nele. Usa como argumentos:
− A estabilidade da família
− A liberdade religiosa
− A ordem social
− A paz que preservou o nosso país de catástro-
fe e das destruições de guerra
Ainda usam o sentimentalismo da mulher contra si
mesma ao afirmar que “Se teu marido, teus irmãos,
teus filhos vivem, se não marcharem para os cam-
pos de batalha, A SALAZAR O DEVES!”.
Por este cartaz, conseguimos perceber que os cartazes que eram permitidos ser co-
locados na rua, tinham de enaltecer o Estado Novo e o Salazar, ou, por outras pala-
vras, não eram permitidos cartazes que o seu conteúdo era contra o Estado Novo
(censura).

Cartaz depois do 25 de abril:


Após o 25 de abril e a queda da ditadura, as pessoas
tiveram uma maior liberdade de expressão e isso
permitiu-lhes dar a sua opinião, quer na rua quer na
arte.
No seguinte cartaz conseguimos ver um cravo, flor
que simboliza a liberdade (Revolução dos Cravos),
num solo extremamente seco. Isso representa a luta
que o povo português teve para desfazer a ditadura
e instituir a democracia em Portugal. Essa luta resultou no retorno da liberdade
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em Portugal. O cartaz que eu escolhi retrata mesmo isso, que a luta pela liberda-
de foi dura e que não deve ser esquecida e, consequentemente, a luta diária pela
liberdade. Ao contrário do cartaz anterior, este representa a liberdade de ex-
pressão e de opinião e de que após o 25 de abril não há qualquer tipo de censura
na nossa arte, artigos, entre outros. Enquanto o outro, representava a ditadura,
o Salazar, o Estado Novo.
Em suma, estes dois cartazes são a verdadeira prova da evolução do país em re-
lação à liberdade e à ditadura.

História: Vida viva/ testemunhos


No âmbito deste projeto, eu e os meus colegas entrevistamos duas pessoas, Torcato
Ribeiro e Carlos Poças Falcão, que viveram o 25 de abril.
• Que memórias guarda do período Salazarista?
“Lembro-me que quando frequentava esta escola, as raparigas e os rapazes eram di-
vididos, não podíamos ir para o lado das raparigas ou vice-versa. Vivíamos numa socie-
dade de medo, mas isso não nos impedia de ser felizes, aliás, apesar disso tudo fazía-
mos festas e convivíamos entre nós, mas continuava a ser uma sociedade sem liberda-
de. “
“Perante essa separação entre raparigas e rapazes na escola, eu e os meus colegas
convencemos a diretora a criar uma sala de convívio misto. Isto foi uma grande con-
quista para nós, mas corríamos sempre o risco de haver uma inspeção pela PIDE. “
“Há uma memória que me marcou bastante. Sempre que alguém era recrutado havia
um desfile onde tocavam concertinas, era uma imagem surrealista, pois eles agiam
como se fosse a melhor coisa do mundo, enquanto eles iam para a guerra e muito pro-
vavelmente morreriam ou iriam ficar extremamente feridos.”

• Que idade tinha quando ocorreu o 25 de abril?


“Quando ocorreu o 25 de abril eu tinha a vossa idade (15-18 anos) e foi exatamente
nessa sala que eu estava com os meus colegas e com a professora. Nós queríamos sair,
queríamos ver o que era, mas a professora não deixava, pois estava com medo do que
estava a acontecer.”

20
• Alguma vez participou num ato de rebeldia?
“A vontade de participar na mudança era grande, portanto, ao longo do tempo, fui
participando em alguns atos de rebeldia. Os alunos do Liceu faziam várias manifesta-
ções e eu, apesar da rivalidade entre as escolas, ia participando em algumas.”
“Um dia, com os meus amigos, fomos a uma espécie de cave, sem ninguém ver, de
noite, para imprimir panfletos contra o regime da ditadura e da guerra colonial. No dia
seguinte, corremos para uma sala e atirámos os panfletos para uma sala e começámos
a correr para não sermos apanhados. A sensação da adrenalina era fantástica, a sensa-
ção de estarmos a fazer algo proibido, mas que iria fazer a mudança.”
“Um dia houve um comício em Guimarães pelo CDS e houve uma manifestação, da
qual participei. Supostamente iria ser pacífica, mas de repente começaram a arrancar
pedras do chão e a atirar, e eu normalmente não sou muito violento, mas, no calor do
momento, peguei numa pedra e ia atirá-la, mas depois ganhei juízo e pousei-a. Entre-
tanto a PIDE começou a vir atrás de nós e, então, fugimos pelas ruas estreitas e eles
tentavam apanhar-nos sem sorte, e acabámos por dar-lhes um baile.”
• Aqui em Guimarães havia algum espaço onde se reuniam para encontrar
alguma estratégia de oposição?
“Como não era permitido ler, ouvir, falar algo contra o regime salazarista, devido à
censura, nós íamos ouvir os rádios, que emitiam as notícias que em Portugal não eram
permitidas (BBC), escondidos na Mumadona. Apesar do Estado Novo querer que
permanecêssemos ignorantes, nós escolhíamos o contrário.”

• Em Guimarães as pessoas tinham noção da ditadura que viviam e da sua


gravidade?
“Embora tivéssemos várias restrições e falta de liberdade, penso que o povo
português só se apercebeu tarde demais, pois para chegarmos ao ponto de uma
ditadura algo não está certo. Nós, portugueses, acomodámo-nos à situação e isso
foi muito mau. Só mais tarde é que “nos caiu a ficha” e sabíamos que tínhamos a
obrigação de fazer alguma coisa.”
• Encontrou alguma forma de exteriorizar esse sentimento de opressão?
“Sim, através de manifestações.”

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Reflexão pessoal

Na minha opinião, o tema deste portefólio foi muito importante para mim, pois
trata-se de uma Revolução que aconteceu no nosso país, que resultou no retorno da
democracia e da liberdade. Este acontecimento foi muito marcante para a nação
portuguesa.
Este episódio histórico, a que chamamos Revolução dos Cravos, resultou duma
revolta da população contra a ditadura salazarista. Portugal esteve na influência deste
regime por muito tempo, mas chegou a uma altura em que o povo estava saturado e,
então, decidiram-se revoltar, sem medos, com o intuito de serem um país livre e
democrático. Isto serve de exemplo para a nossa geração atual para que não cometa o
mesmo erro e que se se encontrar numa situação semelhante que faça algo para
mudar. Não precisa de ser necessariamente uma situação semelhante, por exemplo, se
for algo que esteja a comprometer o bem-estar da população e a evolução do país é o
dever do povo de defender o próprio país e não se deixar levar pelo medo ou receio.
Resumidamente, o 25 de Abril e tudo o que envolveu a ditadura serve de lição para os
portugueses serem corajosos ao ponto de defender Portugal, e a si mesmos.
Em suma, este tema (25 de abril) que foi selecionado para o portfólio, na minha
opinião, foi mais que adequado, porque para além de ter aprendido muito mais sobre
esta data, aprendi que para fazer a mudança é inevitável libertarmo-nos do medo e
entregarmo-nos à coragem de defender o nosso país.

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Webgrafia

− https://reflexodigital.com/tertulia-do-programa-do-ne-25-abril-evoca-os-
valores-da-liberdade/
− https://vilanovaonline.pt/2017/10/25/guerra-colonial-historia-contar-aspetos-
nao-revelados-da-guerra-colonial-portuguesa/
− http://www.citador.pt/poemas/portugal-miguel-torga
− http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/ArtistPieces/view/71/artist
− http://ensina.rtp.pt/artigo/mario-cesariny/
− http://www.cgtp.pt/informacao/comunicacao-sindical/11806-milhares-de-
pessoas-participaram-nas-comemoracoes-do-25-de-abril

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