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Artigo 210 – Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira
a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
Este mesmo artigo, no inciso 2, especifica como deverá ser a educação indígena quando
afirma:
Em relação à LDB, nos artigos 78° e 79° há também uma defesa da conservação dos
aspectos fundamentais da cultura indígena:
Nesse sentido, podemos afirmar que por lei os indígenas possuem pleno direito à
educação inclusiva e diferenciada de qualidade, que respeite seus costumes, diversidade
linguística e cultural, valores, etc. Diante de até onde discorremos, obviamente, pode-se surgir
a questão: por que educação inclusiva e diferenciada, e não apenas inclusiva? O termo
diferenciada refere-se justamente ao fato de que à Educação Indígena é ministrada e gerenciada
em escolas exclusivas para índios, isto é, em aldeias ou próximas a elas. Por isso, os professores
aqui devem ter uma formação também diferenciada, onde na maioria das vezes os mesmos são
índios, sendo que o cargo não é restrito apenas à índios, mas é acessível a qualquer cidadão
brasileiro, desde que passe pela formação adequada. Mas por que se faz necessário uma escola
específica para índios? Por que ao invés não coloca-os em escolas tradicionais-ocidentais? Para
responder a tal questão basta-se olhar para os documentos legais, ou seja, reconhecer que é um
direito deles ter acesso a este modelo específico de educação, isto é, à educação inclusiva
diferenciada. Mais especificamente, se faz necessário uma educação e escola inclusiva e
diferenciada indígena, porque apenas elas podem garantir que afirmem-se e assegurem-se a
cultura e história indígena, por meio, sobretudo, do ensino bilíngue, onde ao mesmo tempo,
paralelamente, também inclui-os na civilização ocidental, seja por aprender o idioma português,
seja por adquirir conhecimentos científicos e tecnológicos ocidentais, que também são direitos
deles, enquanto cidadãos e habitantes da população brasileira. Ao contrário desta, a escola
tradicional ocidental é excludente e forma o cidadão nos moldes ocidentais. Por mais que esta
ao longo dos anos venha ganhando mais autonomia no que concerne aos conteúdos que são
trabalhados no currículo, infelizmente, ainda não é plena o suficiente – e não se sabe se um dia
será – para acolher e receber bem o indígena, salvando seus valores culturais, históricos e
linguísticos, de modo geral. Portanto, podemos afirmar que, não apenas a educação inclusiva e
diferenciada para os indígenas é necessária, como também é direito deles terem tal acesso a este
modelo específico de educação.
O problema é que, infelizmente, o que é garantido por lei muitas vezes não efetiva-se
na prática, pois sabemos que o nosso contexto social-político é, em grande medida, corrupto e
cheio de contradições. Além de todos os problemas, que se referem, sobretudo, à investimentos
público, há muita demanda de professores para as escolas diferenciadas indígenas e ainda pouco
incentivo para a formação dos mesmos. Além disso, sabe-se que, grande parte da população
ainda mostra-se indiferente ou ignorante em relação às questões indígenas, o que é muito ruim,
pois além de contribuir, mesmo que indiretamente, para a manutenção da desigualdade e
injustiça com estes povos que tanto já sofreram, também faz com que perpetue-se o preconceito
que, infelizmente, ainda se faz presente fortemente na sociedade. Apesar de tudo, cabe a todos
o dever de conscientizar, na medida do possível, à população, para que assim, o governo seja
pressionado e, consequentemente, sejam reivindicados à garantia dos direitos das diversas
etnias indígenas ainda existentes na nossa população.