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1) dificuldade de tradução "música popular brasileira" para o inglês e francês

2) ambiguidade do adjetivo "popular" 1) sentido quantitativo e 2) qualitativo (povo


enquanto sujeito político). Contradição e paradoxos, mas também, riqueza e fecundidade
3) Século XIX -> Música -> Belas artes.
4) *Oneyda Alvarenga = Música Popular Brasileira (1946) e *José Eduardo (Zuza)
Homem de Mello - Música Popular Brasileira (1976). Ambos os livros possuem o mesmo
título, com a diferença de 30 anos. Mas o mais importante disso, é que ambos concebem
música popular brasileira de maneira bem distinta um do outro.
4) música popular: pressuposto comum à ideia de República: a ideia de "povo". Música
<> Ideais republicanos.
5) Alexandre Gonçalves Pinto, Francisco Guimarães, Almirante e Ari Barroso -> São os
primeiros intelectuais orgânicos da música popular urbana no Brasil.
6)Início do Século XX -> Distinção entre música popular e popularesca. Isso está ligado
a novas formas de expressão sonora, ligadas a 1) vidas na cidade e 2) novas tecnologias.
8) Decorrer do século XX -> Nova distinção surge. Oneyda Alvarenga propõe esta
distinção em 1950, o que implica dizer que os seguidores de Mario de Andrade e Silvio
Romero mudaram suas concepções acerca da música urbana, enquanto uma música
puramente comercial, ou melhor, passaram a se referir a ela não mais de maneira
pejorativa (música popularesca). A distinção deixa de ser valorativa e passa ao plano das
categorias analíticas: uma, rural, anônima e não-mediada; outra, urbana, autoral e
mediada (ou midiática, como se diz atualmente). Agora a oposição se dá entre música
popular e folclórica.
Década de 1960 > Música Popular Brasileira = músicas urbanas veiculadas pelo rádio e
pelos discos. Nos anos finais da década ela se transforma mesmo numa sigla, quase uma
senha de identificação político-cultural: MPB. MPB -> Identificação Político-Cultural.
SANDRONI: É neste momento que gostar de MPB, reconhecer-se na MPB, passa a ser,
ao mesmo tempo, acreditar em certa concepção de “povo brasileiro”, em certa concepção,
portanto, dos ideais republicanos. (p. 6) MPB: Relação entre estética e política. Dos anos
60 aos anos 80, a MPB é uma confluência de três fatores: 1) categoria analítica, 2) opção
ideológica, 3) perfil de consumo.
9) anos 90 -> fragmentação: MPB passa a ser um segmento específico do mercado
musical. 1990 -> MPB passa a ser encarada como etiqueta mercadológica. A partir dos
anos 90 -> MPB passa a ser um segmento do mercado musical (perca da força unificante
e sintética). Anos 90 -> Fragmentação das músicas populares. Impossível abranger a
diversidade através da sigla MPB. A partir dos anos 90 -> "relativização da dicotomia
entre [músicas populares] e a 'música folclórica'". (p. 9). -transgressão de fronteiras entre
manifestações “folclóricas” e “populares”
SANDRONI: De fato, a MPB inteira é, em grande parte, resultado de um processo de
elaborações e agenciamentos de materiais e práticas musicais “folclóricas”. (Não vai
nisso nenhuma crítica: ao contrário, muito do que há de maravilhoso nela está na maneira
como conseguiu combinar, a estes processos, as injunções e os recursos da indústria
cultural, do saber musical acadêmico e da criatividade de seus artífices.) Mas este grande
movimento de “tradução cultural”, devido a suas circunstâncias históricas, recalcava
aqueles materiais e práticas ao mesmo tempo que os transfigurava. (p. 10)
SANDRONI: Perguntar-se sobre o que se entenderá por “música popular brasileira”
daqui para a frente, ou se a expressão fará no futuro algum sentido, é também perguntar-
se sobre o que se poderá entender por “povo brasileiro”; pergunta que não diz respeito
apenas a música, mas também a nossos maltratados ideais republicanos. (p. 12)

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