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Ideologia em Marx
a ideologia tratava-se do meio pelo qual as ideias da classe dominante pareciam reais
e naturais aos olhos do povo. (IDEOLOGIA >>> VALORES BURGUESES NATURALIZADOS
E, POR CONTA DISTO, VISTO COMO UNIVERSAIS)
Marx dizia que a classe trabalhadora era levada a entender-se como classe, por classes
com interesses económicos, políticos e sociais que lhes eram activamente impostos,
ou seja, num estado de falsa consciência subentendida como natural, embora não o
fosse. O Homem não consegue sair das suas condições materiais de vida, por isso não
tem uma consciência real das suas necessidades. Trata-se de uma falsa consciência,
consciência do mundo material, tal como uma imagem distorcida. (IDEOLOGIA >>>
falsa consciência subentendida como natural)
Foi nos escritos de 1845-1846 que constituíram a obra A ideologia alemã que Marx e
Engels desenvolveram seu conceito de ideologia, embora seja justo dizer que os
autores não escreveram uma teoria das ideologias, mas uma crítica delas (BUEY, 2009,
p. 131). Essa crítica de Marx e Engels era dirigida, como se sabe, aos “ideólogos
alemães”, ou seja, os principais representantes da filosofia alemã pós-hegeliana (M.
Hess, B. Bauer, M. Stirner, entre outros). (CRÍTICA À IDEOLOGIA ALEMÃ)
Para os autores d’A ideologia alemã, o grande problema destes idealistas é que, ao
teorizarem, relegam a segundo plano a realidade material e, ao invés de partir da
realidade posta e chegar às ideias, partem das ideias para chegar à realidade. Óbvio
que, nesse processo, o íntimo entrelaçamento entre a produção de ideias e a atividade
material da vida é completamente obscurecido e, desse modo, a consciência aparece
não só como algo apartado da vida social e da história, mas também como a origem e
fundamento delas. (PROBLEMA DA CRÍTICA REALIZADA PELO IDEALISMO ALEMÃO
>>>> partem das ideias para chegar à realidade)
Os problemas com que os homens se deparam não podem ser resolvidos apenas pelas
ideias, pois estas ideias são apenas consequências de contradições reais, e só pela
atividade prática de demolição destas é que aquelas podem ser eliminadas – afinal,
“não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”.
(COMO COMBATER A IDEOLOGIA: só pela atividade prática de demolição das
contradições é que as ideias distorcidas da realidade (ideologia) podem ser eliminadas
Muitas vezes se caracteriza a ideologia como “a expressão da incapacidade de cotejar
as ideias com o uso histórico delas, com sua inserção prática no movimento da
sociedade” (KONDER, 2002, p. 40).
A ideologia, na sua conceituação de 1845-1846, configura, então, como é comum que
se diga, uma falsa consciência, uma representação invertida da realidade. Não é,
contudo, um processo que se passa somente na cabeça dos pensadores: há razões de
cunho social para que seja possível que a consciência dos homens se engane em
relação a si mesma, e estas razões não são ignoradas por Marx. Para ele, o
fundamento principal que abre as portas para a mistificação ideológica é a divisão
social do trabalho e a cisão da sociedade em classes antagônicas. (CAUSAS DA
IDEOLOGIA: a divisão social do trabalho e a cisão da sociedade em classes
antagônicas.)
Uma vez que o trabalho intelectual é autonomizado em relação ao material, também a
consciência pode se imaginar autônoma e desvinculada da história. É a divisão social
do trabalho, ou, o que é sinônimo, a existência da propriedade privada, que, ao cindir
a comunidade humana, ocasiona a inversão ideológica.
Os homens não se enxergam como produtores das suas próprias condições de
existência, mas, ao invés disso, se veem como produtos desta existência, e tudo aquilo
que é humanamente produzido aparenta ter uma essência exterior ao homem.
(CONSEQUÊNCIA DA IDEOLOGIA >>> Os homens não se enxergam como produtores
das suas próprias condições de existência)
“Até o momento, os homens sempre fizeram representações falsas de si mesmos,
daquilo que eles são ou devem ser. Eles organizaram suas relações de acordo com suas
representações de Deus, do homem normal e assim por diante. Os produtos de sua
cabeça tornaram-se independentes. Eles, os criadores, curvaram-se diante de suas
criaturas. Libertemo-los de suas quimeras, das ideias, dos dogmas, dos seres
imaginários, sob o jugo dos quais eles definham. Rebelemo-nos contra esse império
dos pensamentos.” (MARX; ENGELS, p. 523)
ideologia é, fundamentalmente, um conceito crítico-negativo, que indica uma falsa
representação, um conhecimento invertido da realidade que tem por consequência a
justificação de relações de dominação e poder.
Se, por um lado, seu alvo de investigação era especificamente a ideologia alemã, cuja
característica central era o idealismo – e ali foi circunscrita circunstancialmente a
noção de ideologia –, por outro, nada o impediu também de, ao longo dos anos,
perceber e denunciar criticamente as ilusões ideológicas de diversos intelectuais que
se encontravam a grande distância do idealismo.
nos parecem corretas as considerações de Jorge Larrain quando anota que o
significado de ideologia de 1845-1846 é negativo e restrito: “negativo porque
compreende uma distorção, uma representação errônea das contradições” e “restrito
porque não abrange todos os tipos de erros e distorções” (2001, p. 186). (IDEOLOGIA
>>> CONCEITO NEGATIVO E RESTRITO)
A ideologia não é caracterizada por ideias isoladas, mas por uma certa problemática,
um certo horizonte intelectual (LÖWY, 2007, p. 101), que estabelece os limites da
compreensão do real (ou seja, o que marca o pensamento ideológico não é tanto
aquilo que ele vê, mas aquilo que ele deixa de ver).
a crítica de Marx e Engels procura mostrar a existência de um elo necessário entre
formas “invertidas” de consciência e a existência material dos homens. É essa relação
que o conceito de ideologia expressa, referindo-se a uma distorção do pensamento
que nasce das contradições sociais (ver CONTRADIÇÃO) e as oculta. Em consequência
disso, desde o início, a noção de ideologia apresenta uma clara conotação negativa e
crítica. (IDEOLOGIA >>> SURGE DAS CONTRADIÇÕES SOCIAIS E AS OCULTA)
(IDEOLOGIA >> CONOTAÇÃO NEGATIVA E CRÍTICA)
a fonte da inversão ideológica é uma inversão da própria realidade.
Marx compreende que essa crítica depende das próprias premissas hegelianas, pois os
jovens hegelianos acreditam que a tarefa é libertar o homem das ideias errôneas.
“Mas eles esquecem – diz Marx – que a essas frases estão apenas opondo-se outras
frases e não estão, de modo algum, combatendo o mundo real que de fato existe.” (A
ideologia alemã, vol.I, I). Assim, a inversão que Marx passa a chamar de ideologia
subsume tanto os velhos como os jovens hegelianos e consiste em partir da
consciência em vez de partir da realidade material. Marx afirma, pelo contrário, que os
verdadeiros problemas da humanidade não são as ideias errôneas, mas as
contradições sociais reais e que aquelas são consequência destas. (MARX CONTRA
HEGEL E OS JOVENS HEGELIANOS)
enquanto os homens, por força de seu limitado modo material de atividade, são
incapazes de resolver essas contradições na prática, tendem a projetá-las nas formas
ideológicas de consciência, isto é, em soluções puramente espirituais ou discursivas
que ocultam efetivamente, ou disfarçam, a existência e o caráter dessas contradições.
Ocultando-as, a distorção ideológica contribui para a sua reprodução e, portanto,
serve aos interesses da classe dominante. Portanto, a ideologia surge como um
conceito negativo e restrito. É negativo porque compreende uma distorção, uma
representação errônea das contradições. É restrito porque não abrange todos os tipos
de erros e distorções. A relação entre as ideias ideológicas e não ideológicas não pode
ser interpretada como a relação geral entre erro e verdade. As distorções ideológicas
não podem ser superadas pela crítica, só podem desaparecer quando as contradições
que lhes deram origem forem resolvidas na prática. (IDEOLOGIA >>> CONCEITO
NEGATIVO E RESTRITO) (IDEOLOGIA >>> SERVE AO INTERESSE DAS CLASSES
DOMINANTES) (IDEOLOGIA É NEGATIVA >>> REPRESENTAÇÃO ERRÔNEA DAS
CONTRADIÇÕES) (IDEOLOGIA É RESTRITA >>>> NÃO ABRANGE TODOS OS TIPOS DE
ERROS E DISTORÇÕES)
Marx já havia chegado à conclusão de que, se algumas ideias deformavam ou
“invertiam” a realidade, era porque a própria realidade estava de cabeça para baixo.
Mas essa relação aparecia de maneira direta, não mediada. A análise específica das
relações sociais capitalistas leva-o à conclusão mais avançada de que a conexão entre
“consciência invertida” e “realidade invertida” é mediada por um nível de aparências
que é constitutivo da própria realidade. (REALIDADE INVERTIDA >>> CONSCIÊNCIA
INVERTIDA)
a ideologia oculta o caráter contraditório do padrão essencial oculto, concentrando o
foco na maneira pela qual as relações econômicas aparecem supercialmente. Esse
mundo de aparências constituído pela esfera de circulação não só gera formas
econômicas de ideologia, como também é “um verdadeiro Éden dos direitos inatos do
homem, onde reinam a Liberdade, a Igualdade, e Propriedade e Bentham”. (O Capital,
I, cap.VI). Sob esse aspecto, o mercado é também a fonte da ideologia política
burguesa: “a igualdade e a liberdade são, assim, não apenas aperfeiçoadas na troca
baseada em valores de troca, como também a troca dos valores de troca é a base
produtiva real de toda igualdade e liberdade.” (Grundrisse, Capítulo sobre o capital).
Mas é claro que a ideologia burguesa da liberdade e da igualdade oculta o que ocorre
sob o processo superficial de troca, em que “essa aparente igualdade e liberdade
individuais desaparecem” e “revelam-se como desigualdade e falta de liberdade”
(ibid.)
A ideia de uma dupla inversão, na consciência e na realidade, é conservada em todos
os momentos, embora no fim se torne mais complexa, graças à distinção de um duplo
aspecto da realidade o modo de produção capitalista. A ideologia, portanto, conserva
sempre a sua conotação crítica e negativa, mas o conceito só se aplica às distorções
relacionadas com o ocultamento de uma realidade contraditória e invertida. Nesse
sentido, a definição, tão frequente, de ideologia como falsa consciência não é
adequada na medida em que não especifica o tipo de distorção criticada, abrindo
dessa forma caminho a uma confusão de ideologia com todos os tipos de erro. (DUPLA
INVERSÃO/ O conceito só se aplica às distorções relacionadas com o ocultamento de
uma realidade contraditória e invertida.)
Ideologia em Adorno
Adorno: ideologia >> propagada pelas campanhas publicitárias e pelos bens culturais
de consumo massivo, lentamente é introjetada pelos seus receptores e propicia que
eles tenham como verdadeiros e inabaláveis os valores que recebem passiva e
subliminarmente sem notar que eles pertencem a uma estrutura psicológica
maliciosamente projetada para mantê-los em tal estado de submissão.
Causa e efeito da ideologia: exerce uma opressão psicológica, uma dominação a partir
de dentro, o que descamba em um esvaziamento da subjetividade e elimina com ela
qualquer possibilidade de atitude crítica que possa barrar ou amenizar este processo
de coisificação do mundo e das relações humanas e avaliação de todo o existente a
partir do ponto de vista da quantificação monetária e da possibilidade de lucro ou de
expansão de mercado consumidor. (IDEOLOGIA >>> OPRESSÃO PSICOLÓGICA >>>
ESVAZIAMENTO DA SUBJETIVIDADE >> IMPOSSIBILIDADE DE CRÍTICA
IDEOLOGIA >>> empobrecimento das relações humanas que não vai permitir
considerar o outro enquanto tal, e sim como um mero instrumento ao sabor de sua
vontade. Isto ocasiona, na esfera das relações interpessoais, um enfraquecimento
infame da lealdade e da sinceridade, pois ensina a todos, ao longo de toda a vida, em
cada dia um pouco e a cada dia mais, que é necessário saber mentir, fingir e manipular
para poder ter o sucesso propagandeado pela ideologia de consumo. (IDEOLOGIA >>>
INCONSISTÊNCIA DAS RELAÇÕES HUMANAS)
Através de um mecanismo psicológico que prefere uma mentira bem arquitetada a
uma verdade contundente, a indústria cultural forma as verdades convenientes
através dos meios de comunicação em massa e propaga a ideologia e o conjunto de
valores que mais lhe interessa. A verdade, então transformada em um exercício de
poder, serve com sua inverdade à dominação social mediante a propagação da
ideologia, que é tão opressiva quanto os antigos sistemas despóticos e transforma em
trabalho de Sísifo qualquer tentativa de uma verdade que se oponha a isso, pois ela
porta consigo tanto o ‘caráter do inverossímil como é, além disso, pobre demais para
entrar em concorrência com o aparato de divulgação altamente concentrado’
o produto espiritual imbuído de ideologia serve, antes de tudo, como instrumento de
dominação de seus idealizadores sobre os seus consumidores e destinatários. A
ideologia é, portanto, um preconceito que passa a ter o status de verdade. ‘Com
efeito, a ideologia é justificação.’ (ADORNO, 1973, p. 191.) (IDEOLOGIA >>>
INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO)
Um aspecto importante da ideologia é o psicológico. (ADORNO, 1973, p. 201 et seq.)
Assim, não cabe analisar especificamente o conteúdo da ideologia, pois este é vazio,
carece de bases argumentativas sólidas para serem atacadas e prescindem totalmente
de uma lógica, pois a ideologia age sobre a emoção humana. (IDEOLOGIA >>>
EMOÇÃO HUMANA >>> COLONIZAÇÃO DOS AFETOS)
O estudo da ideologia está, portanto, não nos conteúdos dela, que nunca tiveram a
pretensão de ser argumentos justificáveis senão como um arremedo, e sim o contexto
e o processo nos quais se desenvolve, as necessidades que finge satisfazer e os
objetivos que almeja. (ESTUDO DA IDEOLOGIA >>> CONTEXTO, PROCESSO,
NECESSIDADES QUE FINGE SATISFAZER E QUAIS OBJETIVOS ALMEJA)
IDEOLOGIA >>> APARÊNCIA SOCIALMENTE NECESSÁRIA
Benjamin
BENJAMIN: manifestava um espírito cujas afinidades com o de Marx eram mais fortes
do que as da postura cultivada por Adorno.
O conceito precisa ter disponibilidade para se comprometer com as diferenças
inesgotáveis que se manifestam na proliferação sempre perturbadora dos fenômenos
empíricos, grandes ou pequenos. Nenhum pormenor, nenhuma singularidade,
nenhum fragmento podem ser desperdiçados ou dissolvidos numa visão de conjunto
(que se tornaria, no caso, uma síntese harmonizadora, isto é, uma distorção ideológica
muito grave). Para Benjamin, o conceito precisa se aproximar da imagem. E, de certo
modo, a imagem dialética - que cristaliza o movimento de uma contradição, extraindo-
a do fluxo em que pode se dissolver e nos escapar - promove o encontro necessário
entre o conceito e a imagem.
O trabalho do conhecimento nem sempre pode ser equilibrado e sereno: ele depende
de aventuras espirituais apaixonadas e apaixonantes, capazes de proporcionar
"iluminações profanas", capazes de romper a carapaça da ideologia, que de algum
modo aprisiona a consciência a uma esmagadora supremacia da continuidade sobre a
descontinuidade, na compreensão do movimento do real. (RELAÇÃO ENTRE
CONHECIMENTO E IDEOLOGIA) (IDEOLOGIA >> APRISIONA A CONSCIÊNCIA)
As pessoas são induzidas a adotar critérios que implicam conivência com uma certa
percepção do tempo como algo linear, mecânico, homogêneo, vazio, anulador da
subjetividade, perfeitamente adequado à medida que os relógios lhe prescrevem. Os
indivíduos isolados pela competição desenfreada, típica da sociedade burguesa, não
dispõem mais de condições para digerir suas experiências, à luz de uma sabedoria
acumulada pela comunidade, como faziam os homens de antigamente: são
bombardeados por choques que precisam ser imediatamente assimilados.
(IDEOLOGIA, EXPERIÊNCIAS SUBJETIVAS E TEMPO)
A aura que existia em torno das obras de arte originais (como manifestação de uma
realidade distante, mesmo quando próxima) tende a desaparecer. No lugar dela,
cresce o "valor de exposição", ligado à possibilidade de que as criações artísticas
reproduzidas em ampla escala sejam postas imediatamente ao alcance de um número
enorme de pessoas. (IDEOLOGIA E ARTE)
Nas condições atuais, o capitalismo aproveita a "reprodutibilidade técnica" da
produção artística para fins de lucro, impondo-lhe critérios utilitários, imediatistas, que
resultam na sua banalização. (REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA >> CAPITALISMO >>>
BANALIZAÇÃO DA ARTE)
A dimensão histórica - absolutamente essencial à possível vitória do conhecimento
sobre a ideologia - é sacrificada pela distorção ideológica típica do chamado
historicismo: as pessoas que olham para o passado são levadas a se identificar, por
empatia, com os vencedores, quer dizer, com aqueles que têm levado a melhor nos
conflitos. Em outras palavras: são levadas a se identificar com os privilegiados, com os
opressores. A interrupção dessa má continuidade - segundo Benjamin - depende da
nossa disposição para "escovar a história a contrapelo" (Benjamin, GS I, 2).
(DISTORÇÃO IDEOLÓGICA >>> HISTORICISMO >>> AS PESSOAS SÃO LEVADAS A SE
IDENTIFICAR COM OS OPRESSORES)
Benjamin é, decididamente, um pensador da ruptura, hostil a qualquer determinismo,
a qualquer evolucionismo. Para ele, as noções de progresso e desenvolvimento são
ideológicas. A história se baseia num tempo incompleto, inacabado, que em si mesmo
é uma exigência de mudança. O passado jamais se entrega imediatamente a nós, por
isso devemos considerar ideológica a pretensão de estabelecer "o que efetivamente
aconteceu". Nosso ponto de partida é o tempo-de-agora (Jetztzeit); é nele que
tomamos consciência da nossa temporalidade e é com base nele que podemos nos
relacionar em termos novos com o passado. (IDEOLOGIA E HISTÓRIA) (IDEOLOGIA >>
NOÇOES DE PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO)
Na rememoração, o que é rememorado é dito, isto é, se expressa na linguagem. A
História, segundo Benjamin, depende da rememoração, o que significa que ela
depende da linguagem. Mas a rememoração, em si mesma, e a linguagem - por
essenciais que sejam - não bastam para transformar o mundo A emancipação humana,
a saída do inferno do capitalismo, depende de uma intervenção política, de uma ação
material. O capitalismo, advertia o filósofo, não vai morrer de morte natural: cabe aos
homens que o combatem a iniciativa de liquidá-lo (REMEMORAÇÃO >>> LINGUAGEM
>>> HISTÓRIA >>> NECESSIDADE DE PRÁXIS)
Para tomarem a imprescindível iniciativa e se lançarem à práxis, os homens precisam
possuir uma forte convicção e precisam estar possuídos por ela. Deve ser, portanto,
uma convicção grande, capaz de canalizar para a ação todas as energias libertárias
disponíveis. Deve ser um movimento suficientemente vigoroso para recuperar
simbolicamente tudo que foi dito e feito, tudo que foi desejado e pressentido pelos
rebeldes do passado, pelos que se revoltaram contra a injustiça e buscaram justiça.
Um movimento que alcança uma dimensão na qual é possível à revolução honrar seus
prenunciadores e vingar o que se passou com eles. (PRÁXIS >>> CONVICÇÃO >>
ENERGIAS LIBERTÁRIAS >>> REBELDES DO PASSADO >>> REVOLUÇÃO)
IDEOLOGIA EM BENJAMIN >>> Agravamento da situação dos consumidores da
produção cultural no século XX, denunciando as novas e poderosas formas de
distorção ideológica de que esses consumidores eram vítimas.
Apesar da denúncia da gravidade das novas formas de distorção ideológica, Benjamin
realizou um imenso esforço no sentido de discernir elementos pelos quais o
conhecimento podia avançar. Em sua abordagem da questão da ideologia, ele
procurava tanto reconhecer a ideologia infiltrada no conhecimento como discernir
elementos importantes de conhecimento lutando para abrir caminho no próprio
campo da ideologia. (IDEOLOGIA E ELEMENTOS DO CONHECIMENTO)
Habermas
Érico
Ideologia do vencedor
Loser: Trata-se de pessoas que não são mais capazes de agirem por si, se
determinarem e estão, por conseguinte, resignadas a seguirem os outros. São pessoas
que se anonimatizam. Elas continuam acreditando no autocontrole, cumprem a função
ideológica de propagar o ideal liberal, materializada no sistema capitalista, mas não se
reconhecem como capazes de dar conta desse tipo de investimento. No limite perdem
a sua própria condição de cidadão para serem a antítese do que socialmente se deseja.
O loser não é, insisto, um desempregado, mas uma categoria que nucleia diversos
afetos ligados, sobretudo, a uma forma de melancolia em virtude da qual os
indivíduos, quando entram em colapso quanto ao seu florescimento, afundam numa
mesmidade sem fim. O loser é quem perde o domínio de si e, por conseguinte, do
tempo e passa a se subjetivar como alguém que não pode mais constituir uma
identidade própria e capaz de determinar-se por si só; capacidade de ser autônomo. O
óbice à construção de identidade é a perda da autonomia e mais radicalmente a perda
do desejo pela autonomia. O loser perde a identidade para assumir a forma de um
impessoal.