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218 p.
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ISI3N: 85-7041-396-3
CDD: 193.9
CDU: 1(430) CAP ÍTULO I EVENTOS PRELIMINARES DA CRÍTICA À
INDÚSTRIA CULTURAL 13
Ficha catalogrMica elaborada pela CCQC- Central de controle de Qualidade da
Catalogação da Biblioteca Universitária - UFMG Contexto dl! surgimento da teoria crítica 13
CONSELHO EDITOHIAL
TITULAJ<Es: Antônio Luiz Pinho Ribeiro, Beatriz Rezende Dantas, CAPÍTULO IV A INDÚSTRIA CULTURAL E AS ABORDAGENS
Carlos Antônio Leite Brancl:to, Heloisa Maria Murgcl Starling, ESTÉTICAS DE ADORNO 101
Luiz Otávio Fagundes Amaral, Maria elas Graças Santa Bárbara,
A inclC•stria cultural e os Mínima mora/ia 102
Maria Helena Damasceno e Silva Megale, Romeu Cardoso Guimar:1es,
Wander Melo Miranda (Presidenll!)
A indústria cultural e a Filosoj)a da 1toua llllísica 105
SUPLENTES: Cristiano Machado Gontijo, Denise Ribeiro Soares, Leonardo Barci
A inclüstria cultural l! a 'f'eoria. estélica 109
Castriota, Lucas José Eretas dos Santos, Maria Aparecida elos Santos Paiva,
Maurílio Nunes V ieira, Newton Bignotto de Souza, Reinaldo Martiniano
A inclüstria cultural l! os escritos sobre
M:trqul!s, Ricardo Castanheira Pimenta Figueiredo
televisão e cinema 115
enq uanto u ma forma de general ização indébita q u e prati
"INDÚSTRIA CULTURAL- O ESCLARECIMENTO
camente não concede aos indivíduos a possibil idade ele
COMO MISTIFICAÇÃO DAS MASSAS" expressões a u t ô nomas q u e retroajam sobre a total idade
social. E a cultur a é especialmente atingida por esse processo,
No capítulo sobre indústria cultural, trata-se de mostrar já que o modelo de autonomia ela arte é nele declarado como
que, já a partir do título dado ao fenômeno por Adorno e obsoleto, tendo em vista a organização fabril pela qual são
Horkheimer, não se trata de cultura feita pela massa para seu confeccionados os produ tos ela i ndú s tria cu l t ur a l : "Eles
próprio consumo, mas de um ramo de atividade econômica, se definem a s i mesmos como i n d ú strias, e as cifras p u bl i
industrialmente organizado nos padrões dos grandes conglo cadas dos rendimentos de seus diretores gerais su primem
merados típicos da fase monopolista elo capitalismo, embora, qualquer dúvida quanto à necessidade social de seus pro
como se verá adiante, ele "flerte" com procedimentos ainda dutos . " (DA, 14 2)
característicos elo capitalismo liberal. Entretant o , q uando falam e m " neces sidade social dos
Os autores dividiram o texto em sete seções, sem títulos, produ tos", os au tores não q u erem dizer que exi sta u ma
que, apesar ela i nerente imbricação dos diversos motivos em demanda espontâ nea pelas mercadorias culturais específicas
função ela complexidade do fenômeno estudado, tratam ele oferecidas pela indústria cultural , e sim por u ma conexão dos
seus aspectos específicos. Adoto aqui a divisão das matérias indivíduos a u ma esfera espiritual que seja condizente com
entre essas sete partes proposta por Steinert, 15 segundo a qual s u a au tocompreensão (mu itas vezes i nt u itiva) , enquanto
os aspectos específicos seriam os segu intes: 1- a indú stria, a seres diferenciados do restante da natureza: seres que projetam
produção de mercadorias culturais; 2- o " hobby sta" nas garras algo para além de suas fu nções metabólicas e reprodutivas .
do " estilo" da indústria cultural; 3- as origens históricas no A partir dessa demanda genérica, os produtos são oferecidos
liberalismo, cultura como adestramento, diversão como disci levando em consideração não as necessi dades específicas elo
plina; 4- a atualidade da confiscação C Vereinnah m u ng) - pú blico, mas aquelas ela própria indú stria e do sistema ele
(sobre)viver como jogo de azar, a promessa de obediência; exploração que a abriga. É por isso que Horkheimer e Adorno
5- prov imento autoritário e a liqu idação do trágico; 6- o i ndi denu nciam como falacioso o argumento apologético, segu ndo
víduo confiscado, propaganda; 7- cultura como reclame . o qual a padronização e o baixo nível dos produtos culturais
A seção "A indústria, a produção de mercadorias culturais" é reflexo daqu ilo que o próprio pú blico deseja:
se inicia com a constatação de que o declínio da religião e ele
o utros resquícios pré-capitalistas, enquanto elementos estru Os padrões resultariam originariamente elas necessidades dos
turantes da sociedade, não levou a um caos cultural como consumidores: eis por que são aceitos sem resistência. Na
temiam certos teóricos, exatamente porque em seu l u gar verdade, isso é o círculo de mani pulação e necessidade retro
ativa, n o qual a un idade elo sistema concentra-se cada vez
surgiu u m verdade iro sistema de cooptação ideológica,
mais densamente. Cala-se, aqui , sobre o fato ele que o s o l o ,
composto pelo cinema, pelo rádio e pelas revistas ilustradas.
sobre o qual a técnica adquire poder sobre a sociedade é o
Tal sistema é a manifestação tipicamente tardo-capitalista de poder daqueles economicamente mais fortes sobre a socie
u ma tendência mundial existente desde meados do século dade (DA, 142).
XX, segundo a qual, "até mesmo as manifestações estéticas
de tendências políticas opostas entoam o r�1esmo louvor elo Preocu pados em i nterpre tar o significado social dos
ritmo de aço. As decorativas sedes ele administração e repre aparatos tecnológicos em fu nção do modelo econômico que
sentação ela indústria são m u ito pouco diferentes nos países lhes dá origem, os autores vêem como sintomática da passagem
au toritários e nos outros" (DA, 141). do capitalismo li beral para o monopol ista a evol ução do
Tal tendê ncia é considerada por H orkheimer e Adorno telefone em direção ao rádio: o primeiro é " liberal" , pois
um tipo de "falsa ident idade do u niversal e elo part icu lar" , permitia que os participantes ainda desempenhassem o
50 51
rapei de sujeito . o rádio é " democrático " , pois transforma os Digna ele nota é a consideração que Adorno e Horkheimer
antigos interlocutores em meros ouvintes, " para entregá-los fazem com relação à então nascente tecnologia ela televisão
au toritariamente aos programas elas estações". O termo "demo como síntese de rádio e cinema, i . e . , com o poder sinestésico
crático" denota aqu i, naturalmente, não o direito ele voz e elo filme sonoro, mas com a característica ele, a exemplo elo
voto elo povo, mas o fato ele que os dispositivos tecnológicos rádio, flagrar os consumidores em sua privacidade doméstica,
empregados pela indústria cultural possibilitam u ma comu em seus raros momentos ele descontração e lazer. Outra obser
n icação ele massa. Ao contrário, o caráter au toritário desses vação interessante sobre a televisão diz respeito ao fato ele
meios é atestado pelo fato de que "nu nca se desenvolveu seu grande poder de penetração aliado à inevitável padroni
qualquer dispositivo ele réplica e as emissões privadas são zação material e formal ele seu s programas engendrar uma
s ubmetidas a rígido controle" (DA, 143). espécie ele Gesamtkunstwerk (obra de arte total) às avessas:
H orkheimer e Adorno observam ainda que, apesar elo
claro pertencimento da indústria cultural ao àmbito do capita A televisão v isa a uma síntese do rádio e do cinema, que é
lismo monopolista, ela não chega a se constituir em um ramo retardada enquanto os interessados não se põem de acordo,
totalmente autõnomo, se mostrando bastante dependente com mas cujas possibilidades ilimitadas prometem a umentar o empo
relação aos setores impulsionaclores da grande indú stria, brecimento dos materiais estéticos a ta l ponto que a identidade
mal disfarçada dos produtos da indústria cultural pode vir a
como o eletro-eletrõnico, o siderú rgico e o petroqu ímico:
triu n fa r abertamente já amanhã - n u m a real ização escarninha
do sonho wagneriano da obra de arte total (DA, 145).
Se, e m nossa época , a tendência social objetiva se encarna nas
obscuras i ntenções subjetivas dos diretores gerais, estas são
A segunda seção elo capítulo, intitu lada por Steinert "O
basicamente as dos setores mais poderosos da indústria: aço,
petróleo, eletricidade, química . Comparados a esses, os mono
'hobb y sta' (Freizeitler) nas garras elo 'estilo' ela indú stria
pól ios cultu rais são fracos e dependentes C. ..). A dependência c u l t u ral " , se inicia com u ma sagaz observação sobre o proce
das mais poderosas emissoras com relação à indústria elétrica dimento ela indú stria cultural, a qual remete a u ma página
ou d a s e mpresas ci nema tográficas com relação aos ba ncos clássica ela filosofia moderna, a saber, o capítu lo da Crítica
caracteriza toda a esfera, cujos ramos i n d ividuais são mais uma
da razão p u ra relativo ao " e s q u emat ismo elos conceitos
vez imbricados entre s i (DA, 143-144).
p u ros elo entendimento " . Para sua compreensão se faz neces
sária u ma rápida abordagem elo conceito kantiano de "facu l
Nesse quadro, os autores observam que as diferenças entre
dade de julgar", i.e., de nossa capacidade subsumir casos espe
os produtos não levam em consideração suas características
cíficos sob regras gerais: para Kant, ela é u m talento peculiar
materiais, mas sua possível subsunçào a categorias A ou B
que disti ngue aquele que apenas conhece as regras do que
para os q u ai s eles estão mercaclologicamente orientados.
sabe aplicá-las corretamente, sendo que sua insuficiência
No mesmo espírito elo " esclarecimento" que se viu anterior
coincide com u ma forma de estu pidez. 16 A parte ela doutrina
mente, segundo o qual tudo deveria ser reduzido a n ú meros ,
transcendental da faculdade de j ulgar, que trata das condições
a hierarq u ia ele qualidades elos objetos serve apenas para
sensíveis sob as quais as categorias - ou conceitos puros do
u ma q uantificação mais completa:
entendimento - podem se referir a objetos externos , é cha
mada por Kant ele "esqu ematismo dos conceitos p u ros elo
As distinções enfáticas que se fazem e n tre os filmes das cate
entendimento" e é de i ndispensável utilidade para a crítica
gorias A e B, ou entre as h istórias p u blicadas em revistas de
diferentes preços, têm menos a ver com seu conte údo do que
da i ndú stria cultural proposta por Adorno e Horkheimer.
com sua u tilidade para a class ificação, organização e compu Para Kant, a subsu nçào de intuições empíricas sob as cate
tação estatística dos consumidores (DA, 144). gorias é problemática, porque nessas últimas nada há de
52 53
A fun ção q u e o esquematismo kant iano a i n d a atr ibuía a o
propriamente empuxo, havendo portanto u ma total hetero
sujeito, a saber, referi r e l e antemão a multiplicidade sensível
geneidade entre ambas as parcelas, cuja confluência levaria aos conceitos fundamentais, é tomada ao sujeito pela indCistria.
a uma forma de conhecimento objetivo do mu ndo externo ao E l a executa o esquematismo como primeiro serviço a seus
sujeito. Não havendo possibilidade de um relacionamento c l ientes. Na alma dever ia func i onar um mecanismo secreto,
direto, resta o recurso a um tipo ele mediação: o qual já prepara os dados imediatos de modo que eles se
adaptem ao sistema ela razão pura. O segredo foi hoje deci
frado. Se também o planejamento elo mecanismo por parte
E n tão é claro que deveria haver um terceiro el emento que deve daqueles que agrupam os dados é a inc!Cistria cultural e ela
estar em igualdade, por um lado, com a categoria e, por outro, própria é coagida pela força gravitacional ela sociedade irra
com o fenômeno e torna possível a aplicação daquela e esse. c i o nal - apesar ele toda racionalização -, então a maléfica
Essa representação mediadora deve ser pura (sem qualquer tend ência é transformada por sua disseminação pelas agências
elemento empírico): por um lado, entretanto, intelectual; por do negócio em sua própria intencionalidade tênue. Para os
outro, deve ser sensível. Uma representação desse tipo é um consumidores nada há mais para c l assificar, que não tenha
esquema transcendental.17 sido antecipado no esquematismo da produção. A arte para o
povo desprov ido de sonhos p reenche aquele onírico idea
Kant explícita em seguida a natureza do que ele chama ele l i smo, que para o critic ismo ia longe demais. Tudo vem da
"esquema", chamando a atenção especialmente para a carac consciência, em Malebranche e Berkeley ela consciência d e
Deus; n a arte para a s massas, da consciência terrena das equipes
terística que a temporaliclade (no sentido transcendental )
de produção (DA, 145-J 46).
possui d e , ao mesmo tempo, s e r a condição formal para a
a p reensão da m u l ticiplicid acle pelo sentido interno e el a
Com isso , os au tores apontam para u ma espécie ele previ
mesma natureza que a categoria , já que é universal e repousa
sibilicla de qu ase absol u ta nos produtos ela indústria cultural,
sobre u ma regra a prio ri: "Por isso será possível u ma ap li
a qual é fo rjada pela típica expropriação elo "esqu ematismo" .
cação ela categoria aos fenômenos mediante a determinação
Um exemplo disso é a relação à música ele massa : " O ouvido
transcendental elo tempo , a qual, enquanto o esquema elos
treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos,
conceitos elo entendimento, media a s ubsu nção elos últimos
de adivin har o desenvolvimento elo tema e sente-se feliz
sob a primeira . " 18 A partir daí, segu e-se uma distinção entre
quando ele tem lugar como previsto . " (DA, 146) Tal processo
imagem e esquema , segundo a qual esse último é explicitado
contrasta , segu ndo Horkheimer e Adorno, imensamente com
como um método ele tornar comensurável uma imaoem o a um
o da arte a u tônoma, não dominada pelos imperativos ela
conceito (puro elo entendimento, i.e., uma categoria) . Segue-se
lu crativi dade e ela geração de conformidade ao status quo.
ta mbém u ma explicitação elos esquemas segundo suas cate
Isso se torna especialmente claro no que tange ao elemento
gorias correspondentes , sendo ele especial interesse para
particu lar numa composição ela arte convencional: ele signi
nosso tema a colocação mais genérica, de acordo com a qual
fica o momento imprevisto que, assim mesmo, é assimilado
"os esqu emas elos conceitos puros elo entendimento são, por
em fu nção ele sua reciprocidade com relação ao todo:
tanto, as únicas e verdadeiras condições ele proporcionar a
esses u ma relação a objetos e , com isso, significado ( . . . ) . " 19
Emancipando-se, o detalhe tornara-se rebelde c, do roman
É a partir dessa "rela ção a objetos" que Horkheimer e tismo ao expressionismo, afirmara-se como expressão in dô
Adorno se apropriam do conceito de esqu ematismo no sen mita, como veículo do protesto contra a organ ização. (...) A
tido ele mostrar em que medida u ma instâ ncia exterior ao tudo isso deu fim a indCistria cultural mediante a totalidade. Ela
su jeito , industrialmente organizada no sentido de propor ataca o todo e as partes em igual medida. O todo se apresenta
cion<tr rentabilidade ao capital inve stido , u s u rpa dele a aos detalhes inexoravelmente e sem relação (DA, 147).
55
O pressuposto técnico da usurpação do esquematismo, no A indústria cu ltural, o mais inflexível de todos os estilos, rev<.:
la-se como a meta do l iberalismo, ao qual se cens u ra a falta de
caso do cinema, foi a invenção do filme sonoro na década de
estilo. Não apenas são suas categorias e conteúdos oriundos
20, a qual permitiu que a mercadoria cu ltural se tornasse mais da esfera liberal, do naturalismo domesticado, como das ope
e mais u m prolongamento da vida cotidiana e dela não se retas e teatros de revistas: as modernas companhias c u lturais
distinguisse mais . Isso contribuiu para o aparecimento do que são o l u gar econômico onde ainda sobrevive, juntamente com
os a u tores chamam de uma " reprodução simples do espírito" os correspondentes tipos de empresários, uma parte da esfera
(DA, 148 ) , que - numa paráfrase ao conceito econômico de ele circu lação já em desag regação em ou tros setores ( DA, 153).
enclave oriu ndo d o capitalismo liberal e m plena vigência elo crático na viela teve um efeito paradoxal. M u ita coisa ficou
excluída daq u e le mecanismo de mercado que se desencadeou
ca pitalismo monopolista:
56 57
nos países ocidentais. (. .. ) Isso fortificou a retaguarda da arte Arte "leve" como tal, divertimento, não é forma decadente. Quem
tard ia contra o veredicto da oferta e da procura e aume ntou a lastima como traição do ideal da expressão pura está alimen
sua resistência para muito além da proteção propriamente d ita tando ilusões sobre a sociedade. A pureza da arte burguesa,
(DA, 154). que se hipostasiou como re i n o da l i berdade em oposição ;1
práxis material, foi obtida desde o i n ício ao preço da exclusão
Um dos elementos críticos mais marcantes apresentados das classes inferiores, mas é à causa destas classes - a verda
deira u n i versalidade - que a arte se mantém fiel exatame nte
nesse capítulo é a indicação de que, a partir elas necessidades
pela l iberdade dos fins da falsa universalidade (DA, 157).
simultâneas e contraditórias de conferir, por um lado, uma
certa possibilidade de escolha à clientela e garantir, por outro,
Em relação àquilo que Horkheimer e Adorno chamam de
a lucratividade e a adesão ideológica incondicional ao sistema
"arte leve" , eles reconhecem que ela possui seus próprios
que perfazem a razão ele ser da indústria cultur a l , seus agentes
cânones, bastante diferentes dos da arte culta - talvez a nti
estimulam no público o conformismo, o qua l , não ra ro se
téticos -, porém não necessariamente inferiores a ela . Aliás ,
manifesta numa espécie ele masoquismo. No tocante à censura
eles c hegam a comparar, no que concerne à recepção pelo
dos produtos, por exemplo: "O amor funesto do povo pelo
grande público, "a excentricidade do circo, elo panótico e do
mal que a ele se fa z , chega a se a ntecipar à astúcia das
bordel" com aquela de Schónberg e de Karl Kraus . Aquilo em
instâ ncias de controle . " (DA, 155) Isso significa dizer que as
re lação a que eles se posicionam diametralmente contra é a
tendê ncias conservadoras freqüe ntemente observadas em
fusão de entretenimento e cultura que para eles é típica da
amplas pa rcelas da população - na maior partes dos casos
indústria cultural: "A pior maneira ele reconciliar essa antítese
oriundas de sua insegura posição na estrutura social - são
é absorver a arte leve na arte séria ou vice-versa. Mas é isto
exploradas ao máximo no sentido de afastar o contato com
que tenta a indústria cultura l . " (DA, 157)
novidades perigosas, ainda que apenas no âmbito da cultura:
E essa tentativa não é sem razão: ao contrário elos outros
"O que é novo na fase da cultura de massas em comparação
dois modelos mencionados - o da arte culta "autônoma" e
com a fase elo liberalismo avançado é a exclusão do novo. A
ela arte " leve " , popular, que possuem, em diferente medida e
máquina gira sem sair do lugar. O menor acréscimo ao inven
com diferentes graus de elaboração, a espontaneidade elas
tá rio cultural comprovado é um risco excessivo . " (DA, 156)
expressões ele anseios e sentimentos elas sociedades em que
Tal posição não representa , no entanto, como se pensa surgem -, a indústria cultural é, antes de tudo, um negócio
freqüentemente , uma pura e simples condenação do entrete que tem seu sucesso condicionado a empréstimos e fusões
nimento: os autores estão cientes de que não só ele, como ela cultura, ela arte e ela distração, subordinando-se totalmente
outros elementos ela indústria cultural já existiam muito tempo às já mencion adas finalidades ele lucro e el e obtenção ele
antes ele seu surgimento. A diferença é que a indústria cultural , conformidade ao status quo.
em função elos novos meios técnicos c d e uma nova situação
A partir daí, pode-se compreender a mencionada sobrevi
histórica, erigiu em princípio a transferência da arte para a
vência elo mercado em meio ao predomínio dos monopólios
esfera do consumo, "despindo o entretenimento de sua inge
não como uma tênue afinidade eletiva com o liberalismo, mas
nuidade enfática" e aprimorando a confecção das mercadorias
possuindo um fundamento econômico determinado pela neces
cultur ais . Na mesma passagem em que se reconhece a re le
sidade ele ajustar a oferta às demandas, num mecanismo, já
vâ ncia do entretenimento, assevera-se , mais uma vez , que a
referido a nteriorme nte, que visa oferecer ao público a quilo
arte autônoma , apesar do seu inegável comprometimento com
de que , pelo menos apa rentemente, ele "n ecessita " :
a ideologia burguesa, tem no seu vislumbre de uma univer
salidade verdadeira um ponto de vista necessariamente crítico
Com a absorção d e todas as tendências d a indústria cultural na
ao capitalismo tardio e à sua cultura industrializa da :
carne e n o sangue do públ ico se realiza, at ravés do processo
soc ial i n t e i ro; a sobrevivência do mercado neste ramo atua
'iH
'i9
favoravel mente sobre essas tendências. A demanda não é su bs não raro difu ndidas através dos próprios mass media. Par::�
tituída por p u ra e simp les obed iência. (. ..) A verdade em t u do os autores, tais críticas deixam intocados os fundamentos d::�
isso é q u e o poder da indústria c u ltural reside em sua identifi exploração na medida em que não toquem na ameaça de
cação com a necessidade produ zida, não em oposição a ela, castração tacitamente percebida por todos:
como se fosse aquela de onipotência c impotência (DA, 158).
61
60
indébita repete, através dos meios tecnológicos , o caso clás tal, i . e . , os meios ele reprodutibilidade técnica permitem u ma
sico da ideologia : espécie de reconstrução elo mundo, que, à maneira elo que se
viu em relação ao esquematismo kantiano, dispensa inter
Agora os fel izardos na tela são exem plares do mesmo gênero pretações - o que se vê e ouve é o que de fato existe: "Para
que todos os do püblico, mas nessa identidade está posta a demonstrar a divindade do real , a indú stria cu ltural limita-se
in transponível separação dos elementos hu manos. A completa a repeti-lo cin icamente. Uma prova fotológica como essa, na
semelhança é a d iferença abso l u t a. A identidade elo gênero verdade, não é rigorosa, mas é avassal adora . " (DA, 170)
proíbe a elos casos. J nclü stria cultural realizou maldosamente o
homem como ser genérico (DA, 168). A q u i nta seção, i ntitu lada por Steinert " P rovimento a u tori
tá rio e a liqu idação do trágico" , trata da ambientação socia l ,
A referência ao "ser genérico" , termo com o qual o jovem tendencialmente totalitária , propícia à indústria cultura l , a
Marx caracterizara a capacidade criativa da espécie humana e qual não admite espaço para manifestações individuais que
fu ndamentara a crítica ao trabalho alienado, tem como obje a pareçam como excessivamente desviantes daq u i lo que é
tivo explicitar a degradação das pessoas à mera pertença ao regu lamen tado . Não se trata , entretanto, ele um regime tota
gênero do qual algum representa nte anôn imo pode ser o litário ipsis literis, pois "a liberdade fo rmal de cada u m está
sorteado (daí a realização " ma ldosa" do ser genérico). É por garantida" (DA, 172) : mas ele u ma sociedade na qual só têm
isso que os a u tores consideram esse expediente como u m a as melhores chances aqueles que se identificam inteiramente
espécie d e " planej amento elo acaso " , pois o processo é de tal com seu fu nda mento ú ltimo, i . e . , com a exploração do tra
forma , que qualquer resultado - que não é ele modo algum balho alheio: "A escala do padrão ele viela é mu ito exatamente
ind iferente para o paciente - o é para os agentes, i . e . , para adequada à interna conexão dos estamentos e dos indivíduos
os detentores do poder. Tal processo não se aplica, natural com o sistema . " É exatamente por isso que a miséria , antes
m ente, apenas aos sorteios ou seleção de atores, mas per de ser considerada u ma conseq ü ência necessária do caráter
meia todo o processo ele produção - inclusi ve o mercado exclusivista do capitalismo, é tida como u ma excentricidade
de trabalho - como u ma tendência geral elo capitalismo imperdoáve l: " Q uem tem frio e fome , sobretudo qua ndo já
monopolista: teve boas pers pectivas, está marcado. Ele é u m outsider e,
abstração feita ele certos crimes capitais, a culpa mais grave é
a de ser um outsider. " (DA, 173)
É j u stamente p o rque a s forças d a sociedade j :í se desenvol
veram no caminho da racional idade, a tal ponto que qualquer Daí os procedime ntos do sistema produtivo, lembrados
u m poderia tornar-se um engenheiro o u u m mcmager, que se por Horkheimer e Adorno, no sentido de gera r um compro
tornou inteiramente irracional a escolha da pessoa e m que a m isso afetivo dos indivíduos com o sistema, manifesto princi
sociedade deve investir uma formação prévia ou a confiança
palmente naquele companheirismo no trabalho, estimu lado
para o exercício dessas funções (DA, 1 68- 169).
pela própria empresa numa espécie de " reprivatização" da
imediatez das relações hu manas com o objetivo de au mentar
O concu rso dessa irracional idade sobre a base de u ma
a produtividade. A conexão aos expedientes da cultura ele
produção q u e se tornou a ltamente raciona l i zada reduziu '
massa é u ma conseqüência óbvia desses procedimentos: " Essa
segu ndo H orkheimer e Adorno, a h u manidade inte ira ��
' assistência el e inverno' espiritual lança u ma sombra concilia
condição de clie ntes ou empregados da i nd ústria . E a u tili
tória sobre os produtos au diovisu ais da indú stria cu ltural
zação dos meios tecnológicos para a confecção de prod u tos
m u ito antes que esse au xílio saia da fábrica e se estenda
c u l t urais significou u ma grande transformação na própria
sobre toda a sociedade . " (DA, 173)
concepção ele ideolog i a : enquanto as formas ideológicas
tradicionais eram veiculadas mediante interpretações da reali É nesse qu adro que su rge a referência ao trágico, como
dade, a nova ideologia tem por objeto o mundo enqu anto um exemplo ela possibilidade de o indivíduo se defrontar com
62 63
as forças muito mais poderosas elo que ele com u ma chance Na sexta seção, "O indivídu o confiscado, propaganda " , a
de - mesmo que venha a ser derrotado - deixar sua própria despotencialização do trágico é retomada a partir da noção
marca e servir de exemplo e inspiração para os pósteros. Mas de " pseudo-individualidade " , i . e . , a ideologia da privacidade
no âmbito elo capitalismo tardio, muito especialmente no ela como um pretexto para encobrir o fato de que os indivíduos
i ndústria cu ltu ral por sua própria vincu lação à inarredável j á não têm, em si mesmos , qualquer poder de decisão, mesmo
sedimentação estética do trágico , esse se encontra ameaçado sobre o mais íntimo de suas vidas particu lares. Com isso, o
de pura e simples extinção pelo fato ele que tendem a desapa principal requ isito tragédia - u m elemento individual que
recer os indivíduos com a coragem ele se posicionar diferente se mede com as potências u n iversa is - fica totalmente elimi
mente ela massa, que, por sua vez, é - com raras exceções nado : "É só porque os indivíduos não são mais indivíduos,
u ma reprodutora , natu ralmente sem consciência porém com mas meras e ncru zilhadas das tendências do u niversal , que
fidel idade , da ideologia dominante: é possível reintegrá-los totalmente n a u n iversalidade . " (DA,
178) O p ú blico, já previamente a nestesiado em virtude de
A mentira não recua d iante do trágico. Assim como a sociedade tantos solava ncos no mundo do trabalho e do bombardeio de
total não elimina o sofrimento de seus membros, mas o registra imagens e sons da indú stria cultural , "agradece" a ela a possi
e planeja, do mesmo modo a cultura de massa procede com o bil idade de evitar o esforço ele individuação, i . e . , de cada
trágico. Daí seus insistentes empréstimos �� arte. Ela fornece a
pessoa se lançar ao exercício mu itas vezes doloroso - mas
substância trágica que a pura d iversão não pode por si só
sem pre compensador - de se compreender como u m a ins
trazer, mas da qual ela precisa, se quiser se manter fiel de uma
ou de outra maneira ao princípio da reprodução exata d o tância ele decisão sobre s u a p rópria vida , infl u enciando,
fenômeno. (... ) O trágico é reduzido à ameaça d a destruição dessa fo rma, a configu ração da totalidade soci a l :
de quem não coopera, ao passo que seu sentido paradoxal
consistia outrora numa resistência desesperada à ameaça mítica
N o s rostos d o s heróis do cinema o u das pessoas privadas ,
(DA, 1 74-1 75).
confeccionados segundo o m o d e l o das capas de rev istas,
d i s sipa-se uma aparência na qual, de resto, ninguém mais acre
Uma aplicação polêmica desse princípio surge no comen dita, e o amor por esses modelos ele heróis nutre-se ela secreta
tário sobre o jazz, que, como se viu no capítulo anterior, já satisfação ele estar afinal dispensado de esforço ela individuação
fazia parte elo inventário crítico ele Adorno desde a redação pelo esforço (mais penoso, é verdade) da i mitação (DA, 1 79 ) .
64 65
fetiche ela mercadoria a todo o âmbito ela arte , em vez ele se u ma sobrevalorização de suas mercadorias, não em fu nção
limitar à música, tematizanclo também, além ela insp iração de sua utilidade, mas ele sua virtual " inutilidade", i.e., exclusão
marxiana, algo que ficara apenas implícito no texto ele 1938 , do rol elos gêneros de p rimeira necessidade, fazendo com
a saber, a concepção kantiana el a " finalidade sem fim" para que elas possuam, portanto, certa " nobreza" , u ma espécie ele
compreender o fetichismo ela mercadoria cultura l . charme próprio ele tudo que é "supérfl u o" . Em termos econô
E s s a concepção, ele acordo c o m a qual a obra ele arte micos, isso significa que a carência ele valor ele uso, que nas
su btrai-se ele qualquer utilidade prática imediata, reporta-se mercadorias comu ns significa a impossibilidade ela existência
à Crítica da faculdade de julgar, segu ndo a qual o j u ízo que ele valor ele troca - a pura e simples exclusão elo mercado -,
fazemos sobre o objeto belo é desprovido ele qualquer inte na mercadoria cu ltu ral é o passaporte para o estabelecimento
resse, embora seja u niversal e necessário. Esse aju izamento ele um valor ele troca s u perior, o qual ataca s u a essênc ia,
não atribui u m p redicado a u m sujeito, mas ocorre a partir de acabando por destru ir a sutil dialética entre utilidade e inuti
um sen timento ele p razer desinteressado, q u e pode ser lidade , típica elos objetos estéticos. O que resta é apenas o
co m u ngado por todos quantos se puserem na presença do valor ele troca ela ostentação :
objeto. Essas características fazem com que o j u ízo estético
seja, paradoxalmente, sem conceito, ori u ndo, como diz Kant, O que s e poderia chamar de valor d e uso n a recepção dos
apenas elo "livre jogo da imaginação e elo entenclimento " , 23 o bens culturais é s u bstituído pelo valor de troca; ao invés do
prazer, o que se b usca é assistir e estar informado, o que se
que, por s u a vez, remete a u ma finalidade apenas formal,
quer é conquistar prestígio e não se tornar um conhecedor. ( . . . )
delineada a partir de características da coisa avaliada, que
O valor de uso da arte, seu ser, é considerado como u m fetiche,
pode ser u ma obra ela bela arte ou u m objeto da bela natu e o fetiche, a avaliação social que é erroneamente entend ida
reza. No que tange a essa clefinitória a u sência ele fi nalidade como hierarquia das obras de arte - torna-se seu único valor
" material " no j u ízo de gosto - portanto, também no objeto de uso, a única qualidade da qual elas desfrutam ( DA, 1 8 1- 182).
que o ocasiona -, Kant se expressa da segu inte maneira :
A realização elo fetichismo na mercadoria cultural depende
Portanto nada pode haver a não ser a finalidade s u bjetiva na ele instâncias praticamente onipresentes na sociedade, o que,
representação do objeto, sem qualquer fim (seja subjetivo ou para Horkheimer e Adorno, é desempenhado a contento pelo
objetivo); conseqüentemente a mera forma da finalidade na sistema ele rádio comercial, com sua estru tura extremamente
representação, através da qual um objeto nos é dado, na medida rígida até mesmo se comparada com a elas grandes indú strias
em que d e l a estamos conscientes e o agrado, o qual nós,
cinematográficas (cf. DA, 182) . Eles chegam mesmo a associar
sem conceito, aju izamos como universalmente comunicável,
d i reta mente a consolidação do sistema de rádio com o
perfazem, com isso, o fundamento d a determinação do juízo
de gosto. 24
adve nto elo nazismo, na E u ropa, nas primeiras décadas elo
sécu lo XX, advertindo para a possibilidade ele a p ropaganda
Horkheimer e Adorno se apropriam dessa desvincu lação comercial se transformar num puro e simples Diktat autoritário:
elos objetos considerados belos a desígnios imediatos ela vida
prática no sentido ele compreender a inversão, operada pela Os próprios nacional-social istas sabiam que o rádio dera forma
indústria cu ltural, daquilo que, para Kant, e todo o Ideal ismo à sua causa, do mesmo modo que a imprensa fizera para a
Reforma. ( ... ) Colocar a palavra hu mana como algo de abso
Alemão, conferia à obra ele arte seu valor específico. Segundo
l u to, como um falso imperativo, é a tendência imanente do
eles, "o p rincípio ela estética idealista, a finalidade sem fim, é
rádio. A recomendação transforma-se em comando. ( ... ) U m
a inversão elo esquema a que obedece socialmente a arte dia, a propaganda de marcas específicas, i. e., o decreto d a
b u rguesa: a falta ele finalidade para os fins determinados pelo produção escondido na aparência da possibi lidade de escolha,
mercado" (DA, 181) . Isso significa que a autonomia ela arte, pode acabar se transformando no comando aberto do führer
por assim dizer, " inspira" a indústria cu ltura l na efetu ação ele ( DA, 1 82- 183).
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Entretanto, essa tendência autoritária do sistema de radio P o i s q u a n to m a i s c o m p l e t a m e n t e a l i n g u agem se a b s o rve
na c o m u n i ca ç ã o , q u a n t o m a is a s p a l a vras se convertem de
difu são coincidiria , de modo curiosamente paradoxal , com
v e íc u l o s s u bstanciais do significado e m signos desti t u ídos de
uma suposta democratização da i nformação e da cultura que, q u a lidade, q u anto maior a p u reza e a transparência com que
antes, era claramente u m privilégio de poucos. Mas os autores transmite m o q u e se q u e r dizer, m a i s i m penetráveis elas se
p revinem contra qualquer i l u são que possa existir a esse torna m . ( . . . ) Mas deste modo a palavra , q u e não eleve sign i ficar
respeito, pois, sob a tutela do capitalismo monopolista, o mais nada e agora só pode designar, fica tão fixada n a coisa
que ela se torna u ma fórmu la petrificada. ( ... ) Então as próprias
- tecnolog icamente viável - acesso à cultura é desvirtuado
designaçõ es se t o rn a m i mpene trávei s : e l as conservam u ma
em fu nção dos objetivos da classe dominante : "A eliminação
força ele a taque, u m poder ele adesão e choque, que as tornam
elo privilégio ela cultura pela venda em l iqu idação elos bens seme l h a n te a o seu extremo oposto, à s fórmulas mágicas (DA,
culturais não introduz as massas nas áreas ele que eram a ntes 1 87- 188).
exclu ídas , mas serve , ao contrário , nas condições sociais
existentes, j u stamente para a decadência ela cu ltura e p a ra o
progresso da i ncoerência bárbara . " (DA, 183)
Na sétima e ú lt ima seção do capítu l o , denominada por "ELEMENTOS DO ANTI-SEMITISMO.
S t e i nert " C u l t u ra como re c l a me " , trata-se exatamente de I LIMITES DO ESCLARECIMENTO"
e x p l i c i t a r o caráter p ublicitário assumido pela cultura sob a
égide do capitalismo tardio. Isso se traduz numa confl u ência Como já se afirmou, o capítulo dedicado ao anti-semitismo ,
quase total entre o produto propriamente dito e a mensagem assim como o ela i ndústria cultural, não fazia parte do plane
do patroci nador, sendo que Horkheimer e Adorno observam jamento inicial do " livro sobre dialética" que Horkheimer
nas principais revistas ilustradas norte-americanas ela é poca ansiava tanto por escrever (cf. su pra, p. 39). As razões mais
u ma grande indistinção entre a parte redacional e os reclames objetivas que levaram os a u tores a decidir pela inclusão da
(cf. DA, 186) (o q u e , hoje, certamente valeria p ara q u ase parte sobre indú stria cultural não são muito claras; mas no
todas as p u b licações congêneres do m u ndo) . Para eles, a que ta nge à p arte sobre o a nti-semitismo são mais do que
publicidade é o elixir de vida da indústria cultu ral, encetando evidentes: em primeiro l ugar, como se assinalou , no i nício
o infindável circuito de promessas e frustrações que mantém dos a nos 40 intensifica-se a persegu ição dos j u deus, a qual
a economia em funcionamento. Além disso, os exorb itantes cul minará com a política nazista de seu p u ro e simples exter
c ustos ela p u b l icidade acabam por retornar aos cofres elas mínio. Em segu ndo l u gar, a obtenção de um financiamento
corporações, na medida em que ajudam a e liminar, no nasce elo American Jewish Committee no período ele p ior situação
douro, qualquer possível concorrênci a . fin anceira do "Instituto", fez com que Horkheimer e Adorno
Para Adorno e Horkheimer, a publicidade aparece como um retirassem a lgumas horas por dia do trabalho de redação ela
dos principais responsáveis pela plena i nserção da indústria " dialética" para dedicar à pesquisa sobre o anti-semitismo .25
cultural no âmbito da dialética do esclarecimento, i . e . , da Possivelmente as duas razões conjuntamente, não cada u ma
regressão à mitologia mediante u m - u nilateral - desenvol delas em separado, determinaram a i nclusão desse terceiro
vimento s u perlativo da racionalidade. Isso se torna parti capítulo principal da Dialética do esclarecimento. De fato, o
c u l a rmente visível na associação, feita pelos autores, entre a "Projeto sobre o anti-semitismo" , 26 o qual será sucintamente
supostamente superobjetiva linguagem publicitária e a extrema considerado no capítulo seguinte, apresenta uma série ele
fu ncionalização ela linguagem almejada pela ciência positi pontos de contato com os " Elementos elo anti-semitismo",
vista (cf. su pra p. 38) , as quais desembocam numa forma de capítulo elo q u a l clestacar-se-ão aqueles aspectos que tan
petrificação que se assemelha aos sorti légios da magia que genciam a crítica à i ndústria cultural.
se acreditara ter sido definitivamente su perada:
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