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CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
CURSO DE LETRAS
LUANA LEONARDO
NATHÁLIA TREICY
FORTALEZA
2019
LUANA LEONARDO
NATHÁLIA TREICY
Resumo:
SUMÁRIO
1 TEMA ................................................................................................................... 3
1.1 Delimitação do tema ............................................................................................ 3
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 3
2.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 3
2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 3
3 PROBLEMAS ...................................................................................................... 3
3.1 Problema geral ..................................................................................................... 3
3.2 Problemas específicos .......................................................................................... 3
4 HIPÓTESES ......................................................................................................... 4
4.1 Hipótese geral ....................................................................................................... 4
4.2 Hipóteses específicas ............................................................................................ 4
5 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 4
6 METODOLOGIA ................................................................................................ 5
7 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 6
8 CRONOGRAMA ................................................................................................. 10
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 10
1 TEMA
2 OBJETIVOS
3 PROBLEMAS
3
4 HIPÓTESE
Uma vez que a base da estética naturalista se firma em tratar o real, esta proposta não é
bem desenhada e não condiz a sua intenção ao analisarmos a personagem Paula (A
Bruxa) que aparece sob a ótica de um viés ideológico, que acaba por estigmatizar,
sempre com características que aludem ao grotesco, a figura da mulher que detém os
conhecimentos da natureza.
4.2.2 Por tratar-se de uma mulher, já velha, que pratica feitiçaria e domina o uso de
ervas, Paula é respeitada por seus vizinhos
5 JUSTIFICATIVA
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Este trabalho se originou da observação do livro O Cortiço utilizado pela cadeira
de teoria da literatura na Universidade Federal do Ceará, atraindo nossa total atenção
para uma personagem específica que normalmente não tem o mesmo destaque que os
outros personagens, visto que normalmente esta personagem passa completamente
despercebida e muitas vezes até malvista. Pensávamos nessas lacunas, enquanto
participávamos das aulas de literatura e analisávamos o livro com cuidado. Procuramos
então pesquisas e artigos que nos servissem de referencial teórico, que certamente serão
utilizados em nossa pesquisa.
6 METODOLOGIA
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Para realizarmos as análises necessárias, que terão teor qualiquantitativo,
procuraremos através de comparações entre o livro O Cortiço e os artigos encontrados,
lacunas referentes ao assunto proposto, tentaremos entender como a personagem Paula é
inserida na obra e quais motivos levam a deturpação da personagem, todos realizados
através de palavras ofensivas para uma mulher como qualquer outra. Compararemos o
discurso do livro com o discurso dos artigos, com a finalidade de observarmos como se
apresenta essa personagem e como ela é aceita, se há uma visão destorcida por parte do
escritor e também por parte dos leitores. Por fim entrevistaremos leitores da obra e
analisaremos a imagem que lhes é fixada e que consequências isso acarreta.
7 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste trecho, Paula não é à toa chamada de Bruxa, se a imagem fantasiosa que
temos de mulheres fazendo voos noturnos em suas vassouras, figurou-se como um dos
balizadores para a definição destas como bruxas, aqui, por enquanto, ele não se
estabelece. Temos ao contrário, esta descrição bem condizente com a verdade.
Maurício Menon (2008) melhor retrata:
Traça-se até aí, um perfil em que a Bruxa muito mais contribui para o benefício de
seus vizinhos, moradores do cortiço, que o contrário. Segundo Barstow, “o medo dos
poderes mágicos das parteiras e das curandeiras das aldeias, provocou a demonização
das habilidades curativas das mulheres”. Esta afirmativa é um pouco questionável, pois,
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sendo as bruxas lá da Idade Média, responsáveis por causar antes benefícios a
malefícios à comunidade, isto fora do campo fictício narrativo, a demonização dessas
habilidades só foram “legitimadas” pelo grande investimento da Igreja.
7.2 Em contrariedade com a bruxa que se apresentou até aqui, apenas como
curandeira, rezadeira, que vimos anteriormente; veremos agora uma Paula,
assemelhando-se em muito com as velhas bruxas típicas dos contos de fadas.
Esboçaremos algumas passagens importantes da obra O Cortiço, que nos dará de forma
substancial os fundamentos, para questionarmos a figuração atribuída à personagem
Paula (a bruxa). Na primeira menção feita à personagem, Aluísio Azevedo a descreverá
desta forma: “Seguia-se Paula, uma cabocla velha, meio idiota (...). Era extremamente
feia, grossa, triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta,
como dentes de cio, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade.
Chamavam-lhe “Bruxa”.”(AZEVEDO, 2014, p.31)
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análise uma obra de cunho fantasioso, mas naturalista, cuja grande premissa consiste em
tratar de ‘coisas’ reais.
Seguimos para cena em que o cortiço está em febre, após a briga de Firmo e
Jerônimo por Rita Baiana. Firmo atinge Jerônimo passando-lhe a navalha no ventre; a
polícia chegará ao local, mas será impedida pelos moradores de entrar ao cortiço, pois
todos se unem compondo uma barricada na entrada, impedindo a passagem da polícia.
Enquanto todos os vizinhos ocupavam-se nisto, Paula (a bruxa) tentará incendiar sem
sucesso o cortiço. “A Bruxa, (...) piorou do juízo e tentou incendiar o cortiço. Enquanto
os companheiros o defendiam com unhas e dentes, ela, com todo disfarce, carregava
palha e sarrafos para o número 12 e preparava uma fogueira.” (AZEVEDO, 2014,
p.118).
Teremos agora o momento que será balizador para concluirmos nossas questões,
Paula morrerá sob fogo do incêndio que ela mesma causara, remetendo às bruxas que
morreram sob o fogo da inquisição:
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava
horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que
nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as
éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se,
ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela
orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante
de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa
incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.
(AZEVEDO, 2014, p.176)
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Paula não poderia ter morte mais sugestiva que esta. Após a morte da Bruxa, que
deixara o cortiço destruído pelo incêndio, João Romão irá reconstruí-lo agora com
pedras de alvenaria, como que para promover a purificação do local e extrair a
malignidade deixada pela pobre cabocla:
Esse novo cortiço abrigará, por sua vez, novos moradores, pessoas de nível econômico
um pouco melhor que o das lavadeiras e dos trabalhadores que lá habitavam
anteriormente. Purifica-se, assim, o cortiço e, não há como negar que isso ocorre após a
morte da Bruxa, o que se torna altamente sugestivo na narrativa. (MENON, 2008, p.6)
7.3 Caminhamos agora para o fim de nossas considerações, cuja intenção é apenas
propor a reflexão quanto ao que propõe o Naturalismo, e a formulação tendenciosa em
foi dada à personagem, não queremos com isto, diminuir a qualidade da obra, Djacir
Menezes (1954) dirá quanto a obra que: “Não há dúvida de que Aluísio Azevedo deixou
muitas páginas vivas, onde há uma aguda intuição das realidades humanas e sociais de
seu tempo: é no Cortiço onde essas qualidades de observador se mostram em grau mais
alto e apurado.” (MENEZES, 1954, p.237)
7.4 Contudo vale aqui ressaltar que em um romance que antecede em três anos O
Cortiço (1890) intitulado O Homem (1887), o autor foi criticado por querer ressaltar
demais o temperamento histeróide dos personagens, pode ter pecado nisto quanto a
Paula (A Bruxa) em O Cortiço, novamente, já que se refere a ela muitas vezes como
“louca”. “ misturou demasiado com leituras psiquiátricas, que parecem ter prejudicado a
idealização artística”. (MENEZES, 1954, p. 240)
8 CRONOGRAMA
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Coleta de dados bibliográficos
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Aluísio, O Cortiço, Ed. Especial, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
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MENON, Maurício. Das Bruxas na Literatura brasileira do século XIX, São Paulo, 17 de
julho,2008.
<http://www.abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/077/MAURICIO_M
ENON.pdf>
ALDA, Eliana. Bruxas e contos de fadas: Mitos e representações, João Pessoa, 2003.
<http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.22/ANPUH.S22.197.pdf>
MENEZES, Djacir, Evolução do Pensamento Literário no Brasil, ed. Da “Organização Simões” Rio
de Janeiro, 1954.
SPRENGER, KRAMER. O Martelo das Feiticeiras, 1.ed, BestBolso, Rio de Janeiro, 2015.
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