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ACÓRDÃO
Documento: 906493 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 14/09/2009 Página 1 de 5
Superior Tribunal de Justiça
AgRg nos EDcl nos EDcl no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 704.933 - SP
(2005/0146450-2)
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg nos EDcl nos EDcl no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 704.933 - SP
(2005/0146450-2)
EMENTA
LOCAÇÃO. PROMITENTE COMPRADOR. PARTE LEGÍTIMA PARA
FIGURAR NO POLO ATIVO DA AÇÃO DE DESPEJO. PROVA DA
PROPRIEDADE OU DO COMPROMISSO REGISTRADO.
DESNECESSIDADE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL SUPERADO.
AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
1 - A priori, a inexistência de prova da propriedade do imóvel ou do
compromisso registrado não enseja a ilegitimidade do promitente comprador
em propor o despejo da locatária que não adimpliu os aluguéis.
2 - Comprovada, na espécie, a condição de locador através do respectivo
contrato de locação, assinado pela ora agravante, compete à locatária o ônus
de comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor, nos termos do art. 333, II, do CPC, o que não ocorreu.
3 - Fere a boa-fé objetiva a conduta da locatária que, após exercer a posse
direta do imóvel por mais de duas décadas, alega a ilegitimidade do locador em
ajuizar a ação de despejo por falta de pagamento.
4 - Embora a ora agravante tenha demonstrado a existência da divergência
jurisprudencial, verifica-se que este Superior Tribunal de Justiça recentemente
asseverou que o ajuizamento da ação de despejo pelo promitente comprador
prescinde de prova da propriedade do imóvel locado, a evidenciar a superação
do dissídio
5 - Agravo regimental improvido.
VOTO
"Vale relembrar, uma vez mais, que o ponto nodal da demanda consiste
em saber se o embargado, locador, é parte legítima a intentar a demanda de
desalijo em face da locatária, ora embargante, visto não se tratar do
proprietário do imóvel objeto da locação.
Tal questionamento já fora objeto de análise por ocasião do
pronunciamento do juízo "a quo", consoante se confere:
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'Além disso, a locação tem mais de vinte anos, é admitida pela
locatária, há contratos escritos, o primeiro de 1979 e o segundo de
1982. Em tais instrumentos o locador está representado por ANGARÁ
- Administradora de Bens Ltda., a quem a locatária efetuava o
pagamento dos encargos da locação. Assim, aplicável o princípio da
aparência, para reconhecer que a administradora representava o
locador, por sua vez compromissário comprador do imóvel, constando
em seu nome recibos de IPTU emitidos pela Prefeitura de Guarulhos'."
"Art. 60. Nas ações de despejo fundadas no inciso IV do art. 9º, inciso
IV do art. 47 e inciso II do art. 53, a petição inicial deverá ser instruída
com prova da propriedade do imóvel ou do compromisso registrado."
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(...)
IV - para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder
Público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência
do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti - las."
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De fato, na concepção da boa-fé objetiva assume papel de fundamental
importância o binômio lealdade e confiança (Treu und Glauben) consagrado no § 242 do
Bürgeliches Gesetzbuch (BGB), de maneira que, na relação obrigacional, há de prevalecer um
comportamento de colaboração recíproco entre os parceiros contratuais, a fim de que o objeto
do contrato seja alcançado da forma mais benéfica ao credor e menos onerosa ao devedor.
In casu, a ora agravante, na qualidade de locatária, estabeleceu contrato de
locação com o promitente comprador do imóvel, permaneceu pacificamente com a posse
direta do bem por mais de duas décadas, pagou mês a mês os aluguéis, e, somente quando
passou à condição de inadimplente, resolveu alegar a ilegitimidade do locador em ajuizar a
ação de despejo.
Como se vê, o pagamento dos aluguéis, por mais de duas décadas, configurou
conduta apta a transcender a esfera da locatária para refletir fática e objetivamente sobre o
promitente comprador, estimulando-o a criar legítima confiança de que a obrigação continuaria
sendo adimplida.
A propósito, cumpre transcrever as seguintes ementas de julgados proferidos
por este Superior Tribunal de Justiça:
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NILSON NAVES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : MARIA DALZIZA PIMENTEL
ADVOGADO : ARISTIDES FRANCO
AGRAVADO : WALTER DE JESUS RODRIGUES
ADVOGADO : CLEBER DE JESUS FERREIRA E OUTRO(S)
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : MARIA DALZIZA PIMENTEL
ADVOGADO : ARISTIDES FRANCO E OUTRO
AGRAVADO : WALTER DE JESUS RODRIGUES
ADVOGADO : CLEBER DE JESUS FERREIRA E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto da Sra. Ministra Relatora."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP),
Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Nilson Naves votaram com a Sra.
Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.
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