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Os

Almofadinhas. Os Dandies. Os Flaneurs.


Os artistas.


No mundo de hoje, há uma excessiva normatização das coisas, dos fatos, 
dos sentimentos e, consequentemente, o cerceamento à vida. É a era do 
homem  eficiente  e  materialista  dedicado  integralmente  ao  trabalho.  
Nosso  tempo  é  o  das  palavras  de  ordem  e  a  máxima  desse  mundo  de 
homens (machos velhos políticos, conservadores) que dominam a vida é, 
“não pense, trabalhe!” 
 
A  humanidade  perde  assim  sua  essência.  Somos  dotados  de  alma 
contemplativa,  ociosa  e  reflexiva  que  nos  leva  para  o  devaneio,  para  a 
cultura,  para  a  arte.  O  lugar  onde  não  temos  controle  do  nosso 
pensamento,  onde  a  mente  fica  livre  e  divagante.  “É  o  homem,  na  visão 
[de Sêneca], uma criatura nascida tanto para a contemplação como para a 
ação  –  [significaria]  essa  [ação]  um  agir  em  prol  da  humanidade,  e  não 
exatamente [na ação apenas] um produzir, um fabricar coisas  materiais1”. 
Mercadorias, guerras e dinheiro, é só o que sabem fazer. Trabalhar para a 
vida material e de acúmulo é, eminentemente, do universo masculino. 
 
As relações estão racionalizadas com o excesso de objetivação das coisas 
pautadas  pelo  desempenho  (Byung‐ChulHan,  em  Sociedade  do  Cansaço). 
O mal da sociedade contemporânea é empenhar‐se a superar‐se em tudo. 
 
Faz sentido, cada vez mais, resistir a esta coisificação da vida e a perda da 
nossa  capacidade  de  desobediência,  de  contemplação,  de  não  aceitar 
coisas ditas como são ou como devem ser feitas. “Vivemos em um mundo 
sem  limites,  psicanalistas  especulando  que  o  homem  está  cada  vez  mais 
sem âncora, sociólogos teorizando que as pessoas se sentem inseguras e 
infelizes  precisamente  porque  elas  parecem  ter  mais  escolhas  em  suas 
vidas  do  que  costumavam  ter  no  passado”  (Renata  Saleci,  em  Sobre  a 
felicidade). Não sabem o que querem. 


1 SENECA. Sobre a Tranquilidade da Alma – Sobre o Ócio. Tradução João Câmara

Neiva. Editora Nova Alexandria: São Paulo, 1994. Pág. 8.


 
Três  artistas  com  desvios  sérios  dessa  normalidade  se  juntaram  há  mais 
ou menos um ano para refletir sobre suas questões artísticas em comum e 
como  consequência  desse  encontro  familiar  pensaram  a  mostra 
Almofadinhas.  Uma  exposição  que  reúne  trabalhos  desses  artistas  na 
Galeria GTO do SESC Palladium, de Belo Horizonte.  
 
Formam essa ‘entidade’ artística o mineiro Rodrigo Mogiz, o carioca Fábio 
Carvalho  e  o  capixaba  Rick  Rodrigues.  Todos  no  entorno  de  uma  técnica 
artística muito usada hoje na arte contemporânea, o bordado. O trio tem 
essa  linguagem  como  suporte  do  devaneio  estético  que  dá  um  novo 
sentido ao gesto de bordar e, consequentemente, às suas obras. 
 
Junto  com  o  tricô  e  o  crochê,  estão  ligados  à  tradição  inventada  pelo 
homem,  o  artesanato.  Vem  dos  costumes  antigos,  remotos,  de  se  fazer 
coisas  com  as  mãos.  Não  se  sabe  quando  ou  onde  foi  inventado.  Com 
certeza  depois  que  inventaram  a  agulha  e  a  linha.  Ou  a  linha  primeiro  e 
depois a agulha. Faz sentido. Daí outro devaneio. Da costura inventaram o 
bordado,  o  adorno.  Enfeitar,  adornar  é  um  desvio  da  vida  prática  de 
resultados que pauta a tal sociedade do desempenho. 
 
Costurar é de utilidade. Bordar, não. É embelezar.  
 
O gesto criativo de bordar sempre esteve ligado a uma prática do universo 
social e doméstico feminino, de tornar ou imaginar a vida mais bela, mais 
sossegada  e  preenchida  na  sociedade  disciplinar,  que  antecede  a  do 
desempenho,  segundo  Byung‐ChulHan.  Fazia  sentido  bordar  como 
disciplina. Hoje não mais.  
 
Fazer  o  adorno  servia  como  lazer  para  as  mulheres  no  ambiente 
doméstico.  Preenchiam  o  tempo  ocioso  com  resultado  utilitário.  Era 
motivo  de  encontros  familiares  e  de  amizades,  servia  para  troca  de 
conhecimento,  de  novos  pontos  de  bordado,  conversar,  contar  histórias 
ou apenas, flanar. Divagar com o pensamento. 
 
Os  homens  ficavam  de  fora  dessa  atividade  contemplativa,  silenciosa, 
delicada, considerada feminina.  
 
Tecer  e  bordar  é  antes  um  costume  e  cultura  que  vêm  de  longa  data.  A 
primeira  imagem  que  se  faz,  geralmente,  é  a  de  senhoras  tranquilas, 
serenas, em repouso, com a atenção relaxada. Apenas compenetradas nos 
pontos e mistura de linhas para tecerem no imaginário as formas e cores 
no  vai  e  vem  da  linha  trespassada  no  tecido,  levada  pela  agulha  e  mãos 
ágeis.  
 
Uma técnica que conta com a destreza humana de repetir um gesto curto, 
infinito  e  introspectivo  com  lógica  e  cálculos  numéricos  para  sua 
elaboração.  São  artefatos  para  uso  doméstico  com  fins  decorativos.  Em 
algumas  culturas  tradicionais,  é  usado  como  enfeite  de  roupas  festivas  e 
do dia a dia, como nas populações andinas.  
 
Em  alguns  casos,  de  extrema  beleza,  como  os  bordados  coloridos 
portugueses usados em xales pelas mulheres, os de desenhos sofisticados 
feitos  pelos  Shakerse  Quakers,  nos  Estados  Unidos  da  América,  e  os  das 
muitas regiões do Brasil com  suas variações, como os de ponto em cruz, 
de  Japaratuba,  cidade  sergipana  onde  o  artista  Bispo  do  Rosário  nasceu.  
Assim como os realizados pelo trio de artistas da exposição Almofadinhas.  
 
Ousadia  de  bordar  como  forma  de  fazer  arte.  Fábio  Carvalho,  Rodrigo 
Mogiz  e  Rick  Rodrigues  tiveram  precursores.  O  primeiro  a  ser  lembrado 
são  “Os  Almofadinhas”,  justamente,  que  inspiram  o  título  da  exposição. 
Grupo de rapazes do final do século XIX e começo do XX que quebraram 
as convenções sociais da época à contragosto da sociedade.  
 
Homens ‘atrevidos’ quebrando o tabu de que bordar era ou é, coisa só de 
mulher. 
 
Além desses almofadinhas do século passado, temos três nomes dos mais 
influentes  e  recentes  conhecidos  da  arte  contemporânea  e  da  moda. 
Fizeram,  do  bordado,  arte,  Arthur  Bispo  do  Rosário  (1909‐1989),  Zuzu 
Angel  (1921‐1976)  e  Leonilson  (1957‐1993).  Dois  expoentes  da  arte 
brasileira no século XX e Angel, destaque na moda brasileira, também no 
século  passado.  Artistas  que  influenciam  com  essa  prática  gerações 
inteiras de artistas e estilistas.  
 
Bispo,  como  a  Penélope  (a  esposa  na  mitologia  grega  que  ficou  a  fazer, 
desfazer e refazer um vestido por anos à espera do marido que foi para a 
guerra),  desfiou  as  próprias  roupas  do  manicômio  onde  passou  a  vida 
internado.  Refez  novelos  de  linha  e  bordou  como  obrigação  ditas  pelas 
vozes  que  ouvia,  a  de  registrar  sua  passagem  pelo  mundo,  museificando 
objetos do quotidiano e listando nomes de pessoas. 
 
Bordou, costurou e recobriu com linha azul os objetos que compunham o 
seu  museu  pessoal  com  missão  e  desejo  de  organizar  o  caos  do  mundo. 
Acumulou na sua cela, na forma de um “tesouro”, sua obra que carregaria 
por  toda  vida.  Todo  esse  trabalho  para  o  encontro  final  com  Deus,  no 
Juízo Final. Bordar a palavra foi sua maneira de permanecer no mundo. 
 
Zuzu Angel, estilista carioca, destacou‐se na moda e é uma das referências 
mais  importantes  que  temos  da  roupa  como  resistência  e  manifestação 
política. Bordou pássaros e anjos negros. Na verdade, bordou a morte do 
filho  assassinado  de  forma  vil  pelos  militares  do  golpe  de  1964.  Não  dá 
para  ficar  imune  ou  indiferente  ao  se  deparar  com  suas  roupas.  São  de 
uma beleza desesperadora e desconcertante, de mãe que não se resignou 
com  a  morte  do  filho.  Queria  tê‐lo  de  volta,  (Stuart  Edgard  Angel  Jones, 
1946‐1971).  Ela  também,  mais  tarde,  foi  morta  em  acidente 
automobilístico. 
 
Leonilson,  como  Bispo  e  a  Penélope,  foi  além  do  gesto  de  bordar.  O 
bordado  passou  a  ser  sua  expressão  artística  mais  visceral,  lhe  deu 
plasticidade  e  força  estética.  O  gesto  de  bordar,  a  linha  encravada  no 
tecido,  costurada  e  que  desenha  palavras  e  formas,  dão  sentido  ao  que 
queria expressar no seu relato íntimo. O tecido passa ser segunda pele do 
artista. Bordar passa ser forma de suturar feridas abertas pela vida. Como 
em Bispo, a obra registra sua passagem pela Terra. Como em Zuzu Angel, 
deixou trabalhos “cicatrizes” como se quisesse fechar as feridas e curar a 
angústia  diante  da  verdade,  da  condição  humana,  além  de  ter  que 
carregar como em Bispo, o peso de uma doença que o consumiu. 
 
Para Fábio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz, o bordado permite 
uma experiência interior estética, tal  qual os artistas citados que servem 
de  referência  para  o  gesto  silencioso  do  bordar  e  de  contemplar  a  si 
mesmo.  Cada  um  à  sua  maneira,  todos  imprimem  com  o  bordado  a  sua 
mensagem poética. 
 
Artistas  contemporâneos,  os  ‘almofadinhas’  do  título  da  exposição,  se 
inspiram  naqueles  homens,  os  ‘almofadinhas’  do  começo  do  século  XX, 
que  resolveram  não  ficar  de  fora  do  gesto  de  bordar  e  criaram  um 
concurso  na  cidade  de  Petrópolis,  nas  montanhas  do  Rio  de  Janeiro. 
Concurso que deu o que falar. Até Machado de Assis, jornalista de jornal 
carioca à época, comentou incomodado com o que viraria moda entre os 
rapazes. 
 
Certamente  para  conhecer  os  melhores  entre  eles,  mais  provocaram 
indignação  e  chacotas,  despertando  a  ira  do  preconceito  de  uma 
sociedade arcaica nos costumes que nunca chegou a se modernizar.  Daí, 
que  ainda  hoje  não  se  permite,  melhor,  se  resiste  às  transformações. 
Ainda  hoje  percebemos  o  estranhamento  de  termos  homens  bordando, 
tricotando,  fazendo  crochê  ou  mesmo,  ter  homens  que  contemplam  a 
vida,  que  fazem  arte.  Não  são  bem  vistos  porque  a  sociedade  do 
desempenho não entende e não vê sentido na Arte Contemporânea. 
 
Os três artistas se juntaram por terem em comum o bordado como meio 
de  expressão.  Têm  necessidade  dessa  técnica  ancestral  de  “enfeitar” 
tecidos.  Usam  a  técnica  para  expressar  visões  do  mundo  e  desde que  se 
encontraram influenciam e interferem um no trabalho do outro.  
 
O resultado do que fazem com a técnica, como não poderia deixar de ser, 
é bonito, tocante e sedutor. Causam impacto pelas cores, pela delicadeza 
e,  claro,  quanto  mais  se  aproxima  e  com  atenção  redobrada  para  os 
trabalhos,  descobre‐se  que  não  é  só  de  estética  que  tratam. 
Surpreendem. Na verdade, causam estranhamento. 
 
Mimetizam  a  beleza  vista  nos  objetos  de  pano  pois,  de  fato,  leva‐se  um 
‘susto’  quando  se  descobre  o  real  motivo  dos  bordados,  pois  estamos 
acostumados com o bordado de enfeite.  Gênero, sexualidade, memória, 
família, guerras, violência e os costumes, a ambiguidade de ser sensível na 
sociedade contemporânea. Todos os temas abordados em seus trabalhos 
são ainda tabu para a humanidade.  
 
Rodrigo  Mogiz  nunca  fez  cursos  para  aprender  a  técnica.  Com  suas 
narrativas fantásticas feitas sobre camadas de tecidos translúcidos, onde o 
gesto  de  bordar  parece  carregado  de  dor,  cria  profundidade  em 
perspectiva para as cenas retratadas.  
 
A  agulha  perfura  o  tecido  e  fere  como  se  quisesse  sangrá‐lo.  Gesto 
dolorido  de  bordar  como  o  de  Leonilson.  Passar  a  linha,  pintar,  aplicar 
alfinetes,  deixar  o  bordado  tosco  com  os  resíduos  do  desenho  e  escrita, 
feitos  com  linha  e  agulha,  sem  se  preocupar  em  fazer  um  bordado 
perfeito,  para  tratar  do  simbólico  e  expressivo  do  comportamento  das 
pessoas.  
 
O  “mal  feito”  se  mistura  a  materiais  como  se  quisesse  sujar  esses 
desenhos alinhavados sobre tecido. Borra com tinta (pode ser tinta de um 
batom vermelho), alfineta imagens, aplica rendas e objetos diversos como 
miçangas  e  pedrarias  para  criar  matéria  sedutora  que  dá  o  contorno  e 
volume da obra.  
 
São narrativas visuais e textuais de histórias e estórias que faz, de amor, 
das relações interpessoais, do sexo, do gênero masculino e feminino e de 
suas  variações.  Fabulações  da  vida  contemporânea  com  suas  armas  de 
fogo misturadas a corpos sobrepostos aos mapas. Transforma o bordado 
em uma constelação de relações e reflexão sobre esta luta de gêneros. 
 
Os  artistas  subvertem  o  universo  cultural  da  feminilidade  em  suas 
poéticas.  Dos  três,  Fábio  Carvalho  trabalha  com  mais  evidência  os 
conflitos dos estereótipos da masculinidade, da sexualidade e da violência 
em  seus  bordados.  Fica  entre  o  forte  e  o  frágil,  a  delicadeza  e  a 
brutalidade. 
 
São estranhos pois, dos três, é o que mais se preocupa com a qualidade do 
acabamento dos seus ‘artefatos’. Estudou os pontos do bordado em busca 
de  dominar  a  técnica  e  a  perfeição.  Faz  bem  feito.  São  atraentes  e  de 
colorido  até  ‘exagerado’,  surpreendendo  assim  pela  beleza  feminina  do 
gesto e do colorido, e o seu contrário, o sentido violento do contrassenso 
do universo bruto do macho, a que aludem.  
 
Exemplo dessa natureza dicotômica vista em sua obra, entre o feminino e 
o  masculino,  é  a  série  Macho  Toys,  de  2009  a  2013,  em  que  explora  o 
mundo  adulto  viril,  do  trabalho  e  do  território  militar  com  suas  armas  e 
soldados  (camuflados  na  instalação  Invasão  Monarca,  de  2016).  Tem 
origem no universo violento do trabalho operário e homens engravatados. 
Os  halterofilistas  do  universo  dos  homens  fortes,  exageradamente 
musculosos, que vivem insanamente a superar‐se.  
 
Subverte o senso comum das coisas, das regras, das convenções. Quebra 
os códigos sociais da virilidade e da fragilidade, do feminino vulnerável e 
do  masculino  dominador.  Nos  questiona  o  porquê  do  não  direito  de  ser 
sensível do homem. 
 
Rick Rodrigues é puro, talvez o mais Penélope dos três (chega a ser quase 
pueril o seu gesto de bordar). Na família tem bordadeiras.  
 
Quando  se  depara  em  um  primeiro  instante  com  seus  trabalhos,  se 
observarmos  bem,  são  melancólicos.  Não  resistiriam  ao  mundo  da 
possibilidade  sem,  com  a  fragilidade  do  tema  e  da  matéria,  a  crueza  do 
sentido  de  ser  homem.  Trata,  também  como  Rodrigo  Mogiz,  do 
homoerótico, do sensual, da violência e do amor. O material que usa são 
os lenços de padrões temáticos feminino e masculino. 
 
Casa.    Foi  das  primeiras  palavras  proferidas  pelo  artista  em  uma  reunião 
que juntou os três. Casa da família. Casa misteriosa do tio. Casa abrigo. É a 
casa memória.  
 
Para o ser humano a casa, a ideia de morar, de estar abrigado, protegido, 
de ter um lugar para se esconder, escapar, fugir do mundo de fora, é o seu 
bem maior.  
 
Casa é dos bens mais desejados e essenciais do homem. Do homem que 
vive  em  comunidade  desde  os  tempos  imemoriais  em  que  transformou 
cavernas em moradias. É um desejo característico do humano. Dos povos 
mais primitivos aos ditos civilizados, a casa ou a oca, o barraco ou casarão, 
não  importa,  têm  o  mesmo  valor  simbólico.  Ter  um  lugar  para  habitar 
consigo  mesmo.  É  ilusão,  é  necessidade,  é  o  devaneio  de  se  sentir  em 
porto  seguro.  Mas  o  corpo  não  seria  a  primeira  morada  da  alma?  Não 
seria a casa a segunda morada do corpo da alma? Os bordados vêm para 
exposição  junto  da  sua  coleção  de  miniaturas  (escadas,  mobiliários  de 
casa). Cria um ambiente onírico com os seus trabalhos. O irmão bordava 
couro e foi quem despertou o seu interesse por bordar. Foi ele quem deu 
o ensinamento mais simples de como bordar. “Você vai e depois volta”, a 
regra do bordado “um ponto atrás”. 
 
Contrariamente  ao  pensamento  de  Michel  Foucault,  os  artistas  aqui  não 
são  seres  disciplinados,  tão  pouco  conformados  e,  muito  menos, 
‘bonzinhos’. Não. Eles subvertem os modos, subvertem a própria criação 
artística ao fazerem da frugalidade dessa atividade feminina, arte. 
 
“Deus  chamou  ao  sétimo  dia  de  sagrado.  Sagrado,  portanto,  não  é  o  dia 
do para‐isso, mas o dia do não‐para, um dia no qual seria possível o uso 
do inútil” (Byung‐ChulHan), do bordado. Um gesto lento e demorado.  
 
Ricardo Resende 
Curador 
Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea 
Rio de Janeiro 
 

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