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(a) (b)
Figura – Modelo de sinterização de duas esferas, mostrando: (a) a formação do pescoço entre as
esferas e (b) criação da interface de contorno de grão.
As lacunas podem percorrer o trajeto até o pescoço através do interior do grão, dos
contornos de grãos e da superfície externa dos grãos. Deve-se observar que a quantidade de
material transportado através de cada um desses percursos influi na taxa de crescimento do
pescoço e é dependente do coeficiente de difusão de cada trajeto e da extensão da área de cada
um destes trajetos. O coeficiente de difusão depende da temperatura.
À medida que o tempo passa, mais material chega ao pescoço, alterando sua geometria, ou
seja, o gradiente de concentração de lacunas – e a extensão da área de cada percurso. Portanto, a
contribuição de cada trajeto de difusão para o crescimento do pescoço varia com a evolução da
sinterização.
A velocidade de aquecimento (ou resfriamento) influencia a taxa de transporte de material.
Quanto mais rapidamente a amostra se aquece, mais rápido é o transporte de material.
Quando o transporte de matéria ocorre por difusão através do interior do grão e dos
contornos de grãos, material é retirado do interior das partículas. Com isso, os centros das
partículas se aproximam, ocasionando a contração da estrutura de partículas.
2. SISTEMAS CRISTALINOS COM MAIS DE UM COMPONENTE
Tabela – Mecanismos de transporte de matéria no estágio inicial de sinterização por fase sólida.
Transporte Origem Destino Densificação
Difusão superficial Superfície Pescoço Não
Difusão volumétrica Superfície Pescoço Não
Evaporação- condensação Superfície Pescoço Não
Difusão volumétrica Contorno do grão Pescoço Sim
Difusão volumétrica Discordância Pescoço Sim
Difusão no contorno de grãos Contorno de grão Pescoço Sim
No estágio inicial, os mecanismos que conduzem à densificação são aqueles onde a fonte de
matéria a ser transferida para a região do pescoço não é a superfície. Ainda assim, a densificação
nesse estágio é limitada ( ~3 a ~5%).
Figura – Representação das
trajetórias de transporte de matéria
no estágio inicial da sinterização:
A sinterização via fase líquida possui uma série de vantagens em relação a sinterização por
fase sólida. Dentre elas pode-se citar: uma maior velocidade de sinterização (devido ao alto
coeficiente de difusão no estado líquido em relação ao estado sólido), um rápido rearranjo (a
presença de líquido entre as partículas sólidas diminui a força de atrito entre as partículas), há um
melhor empacotamento microestrutural e um controle maior do tamanho dos grãos.
Por outro lado, a presença de uma fase líquida diminui a resistência mecânica do corpo
cerâmico em trabalhos à altas temperaturas, pelo amolecimento desta fase intergranular formada.
Vantagens Desvantagens
I) Rápida (difusão) • Colapso do corpo quando a quantidade de
II) Pressão normal (forças capilares líquido é muito grande
internas) • Difícil controlar os parâmetros que vão
III) Rápido rearranjo (líquido diminui a influenciar na microestrutura – sinterização
força de atrito entre as partículas) muito rápida
IV) Melhor empacotamento micro- • Necessidade de tratamento térmico
estrutural • Baixa resistência do produto em
V) Controle de tamanho de grão temperaturas elevadas
O uso de pressão simultaneamente ao aquecimento faz com que a sinterização ocorra mais
completamente e mais rapidamente. Este recurso porém possui um custo em termos de
equipamento, de dificuldades de processo e de escala de produção. Os equipamentos são mais
caros de que os fornos de sinterização.
O uso da sinterização sob pressão justifica-se em três situações:
- O material a ser sinterizado possui alto ponto de fusão. Se realizada a sinterização sem pressão,
seriam necessárias altas temperaturas, inviabilizando o processo.
- O material a ser sinterizado apresenta baixa sinterabilidade em todo o intervalo de tempo em
que pode ser sinterizado.
No caso da sinterização sob pressão, a diminuição da energia superficial não é a sua força
motora. Embora exista, a força motora não se compara ao efeito da pressão sobre o material em
alta temperatura.
Nestas condições, são três as causas principais para a sinterização: o escoamento plástico, a
fluência e o deslizamento de contornos de grãos.
Figura – Esquema ilustrando a mudança na forma do grão que ocorre durante a prensagem a
quente. Os grãos são achatados na direção da pressão aplicada. Quando o transporte de matéria
ocorre por difusão, o deslizamento do contorno de grão é necessário para acomodar a mudança na
forma do grão.
Fluência: pode ocorrer por deslocamento de discordâncias, por escalada de discordâncias
ou por difusão de lacunas. Os dois primeiros mecnismo são sensíveis à pressão, e são os mais
importantes. São chamados de fluência por lei de potência, pois produzem deformações
relacionadas com a tensão aplicada através de uma lei de potência cujo expoente é uma
característica do mecanismo.
A fluência por difusão é um processo lento. Gradientes de concentração de lacunas sã
formados entre regiões sob compressão (baixa concentração) ee regiões sob tração (alta
concentração). Os caminhos de difusão de lacunas podem ser o contorno de grão ou o interior da
rede cristalina. Geralmente quando a densificação está muito lenta, é o mecanismo responsável
pela sinterização.
Fluência por lei de potência e por escoamento são mecanismos que independem do
tamanho de grão do material, mas a fluência por difusão é dependente. Quanto maior o tamanho
de partícula, mais rápida se dará a difusão.
A sinterização sob pressão pode ocorrer na presença de uma fase líquida, como no caso do
nitreto de silício, pois a presença da fase líquida facilita o transporte de material sob ação da
pressão.
Neste caso, os mecanismos de densificação são: fluxo viscoso do conjunto sólido-líquido,
fluxo viscoso apenas do líquido, acomodação de forma devido à solução-precipitação ativada pela
pressão. Desses mecanismos, apenas o último ocorre se a fase sólida for solúvel na fase líquida.
O fluxo viscoso do líquido deve ser evitado, pois provocará a separação da fase líquida da
fase sólida. Isto depende não apenas da pressão aplicada, mas da viscosidade e quantidade do
líquido e do tamanho dos canais entre as partículas sólidas. Via de regra, a pressão aplicada não
pode exceder a presão capilar, do contrário o líquido será expulso da estrutura, em caso de
sinterização sem encapsulamento