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Paraclitus
November 12 at 8:30am ·
O sagrado Magistério, que Jesus deixou com Pedro e os apóstolos, o Papa e os bispos de
hoje, interpreta as duas fontes de revelação: a sagrada Tradição e a sagrada Escritura.
Os documentos pontifícios são designados por diversos nomes: Bula (o mais importante
de todos os títulos), Breve (Bula menos longa), Rescrito (resposta a uma pergunta ou
solicitação), Motu Próprio (Carta de iniciativa do próprio Papa), Encíclica (Carta
Circular que orienta os fiéis). As definições sobre fé e a Moral (dogmas) são geralmente
publicadas sob forma de Bula. Cabe aqui, uma pequena explicação sobre esses
documentos e o grau de importância de cada um, a qual devemos a Dom Estevão
Bettencourt (Revista “Pergunte e Responderemos” nª 483 – Ano : 2002 – pág. 344):
Cartas Apostólicas
Constituição
É um documento de grande autoridade, que pode ser sobre os mais diversos temas: –
Constituição Dogmática (tais são a Lumen Gentium, a Gaudium et Spes, a
Sacrosanctum Concillum, a Dei Verbum, do Concílio do Vaticano II, promulgadas pelo
Papa Paulo VI)…
– Constituição Apostólica: pode ser relativa ao governo da Igreja; por exemplo: a Const.
Regimini Ecclesiae Universae, de Paulo VI, datada de 1967, a Const. Pastor Bonus de
João Paulo II, promulgada em 1986 … Pode versar também sobre a Liturgia; assim a
Const. Divini Cultus, de Pio XI, promulgada em 1928. Sobre estudos e formação
doutrinária existe a Const. Deus Scientiarum Dominus, de Pio XI, datada de 1931.
Bula
A Bula começa pelo nome do Papa, dito servus servorum Dei (servo dos servos de
Deus), segue-se uma saudação e o conteúdo do documento. Utiliza-se o pergaminho.
Outrora a letra era de tipo gótico e apresentava diversas abreviações, que tornavam
difícil a leitura do documento. Leão XIII, em 1878, determinou que se utilizasse a
escrita comum. Até 1º de janeiro de 1908 as Bulas eram datadas a partir de 25 de março
(solenidade da Encarnação) e os dias eram contados segundo a nomenclatura romana
(kalendas, idus, nonas); Pio X determinou a contagem dos dias segundo a terminologia
corrente na sociedade atual. As Bulas de muito grande importância têm, pendentes de
cordões coloridos, um globo de chumbo no qual está gravada a imagem das cabeças de
São Pedro e São Paulo.
Breve
O Breve é um documento normalmente mais curto e menos solene do que uma Bula,
que normalmente trata de questões privadas, como dispensa de irregularidades para
exercer alguma função na Igreja, dispensa de certos impedimentos do matrimônio,
autorização de oratório doméstico com o Santíssimo Sacramento, autorização para
vender bens da Igreja, outros benefícios e favores especiais.
A Santa Sé pode responder a uma petição mediante um Rescrito; uma breve resposta à
petição. Bula e Breve são às vezes equivalentes. Por exemplo, mediante um Breve Pio
IX em 1850 restaurou a hierarquia episcopal na Inglaterra, mas foi mediante uma Bula
que Leão XIII a restabeleceu na Escócia em 1878. A Companhia de Jesus foi
reconhecida e aprovada oficialmente por uma Bula de Paulo III em 1540; foi extinta por
um Breve de Clemente XIV em 1773 e finalmente restaurada por uma Bula de Pio VII
em 1814.
Num Breve o nome do Papa é colocado no alto e no centro com o seu número de ordem
(assim João Paulo II). O destinatário é designado por um vocativo: Dilecte Fili (Dileto
Filho); após o quê há uma saudação: Salutem et Apostolicam Benedictionem, ou a
afirmação de perpetuidade: Ad perpetuam rei memoriam. O Breve termina com a
indicação da data e a menção do anel do Pescador (Pedro): Datum Romae, apud
Sanctum Petrum, sub annulo Piscatoris, die … O papel utilizado é branco e liso; os
caracteres são os da escrita corrente, com acentuação e pontuação.
Motu Proprio
Motu Proprio (do latim motivo próprio) é o documento que por iniciativa do próprio
Papa, com pleno conhecimento de causa. É um documento cujo conteúdo o Papa quer
recomendar com particular empenho. Tal tipo de documento traz sempre em seu título a
cláusula Motu Proprio, como aquele sobre alguns aspectos da celebração do sacramento
da Penitência, datado de 7 de abril de 2002 e assinado por João Paulo II. Os primeiros
documentos deste tipo apareceram durante o pontificado de Inocêncio VIII (1484-
1492). Faziam contraste às Cartas Decretais, que eram sempre a resposta dada a alguma
questão levantada e indicavam como o Direito deveria ser aplicado em determinadas
circunstâncias. O Motu Proprio, publicado sem nome de destinatário, tinha alcance mais
amplo.
Rescrito
Rescrito vem do latim rescribere, que significa responder por escrito a uma carta ou a
uma pergunta escrita.
“Por rescrito entende-se o ato administrativo baixado por escrito pela competente
autoridade executiva, mediante o qual, por sua própria natureza, se concede privilégio,
dispensa ou outra graça, a pedido de alguém” (cânon 59 § 1º).
Pode acontecer que no texto do rescrito venha inserida a cláusula motu Proprio, ficando
assim enfatizado que o favor é concedido com benevolência particular, sem que se
receiem os obstáculos que poderiam entravar a concessão.
Também é de notar que alguns rescritos concedem o favor “de maneira graciosa”, ou
seja, diretamente ao beneficiário; outros há que confiam ao Bispo local ou a algum
intermediário o encargo de conceder o favor solicitado.
Encíclica
Encíclica é uma Circular. Já nos primeiros séculos da Igreja os Bispos escreviam cartas
circulares aos seus irmãos no episcopado a respeito de assuntos doutrinários ou
disciplinares; assim fazia S. Atanásio (?373), tendo em mira a heresia ariana que,
fazendo do Filho a primeira criatura do Pai, ameaçava a integridade da fé. Ora o que um
Bispo efetuava em relação aos seus vizinhos, o Pontífice Romano teve a oportunidade
de o fazer em relação à Igreja inteira, ficando o termo (carta) encíclica reservado aos
escritos papais, ao passo que os demais Bispos escrevem Cartas Pastorais.
“Não se deve julgar que o que vem proposto nas encíclicas não exige assentimento, sob
o pretexto de que os Papas aí não exercem o supremo poder do seu magistério”.
“Se os Papas em seus atos proferem um juízo sobre temática até então controvertida,
todos hão de compreender que essa matéria, segundo o pensamento e a vontade do
Sumo Pontífice, já não deve ser considerada matéria de livre discussão entre os
teólogos”.