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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIORES DO MARANHÃ O

CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA


TRABALHO DE CONCLUSÃ O DE CURSO

ESPIRITUALIDADE PRESBITERAL
DIOCESANA:
Apontamentos para o desenvolvimento
espiritual

Orientando: José Iná cio Lopes da Silva


Orientador: Prof. Pe. Gutemberg Feitosa
Problemática
 Qual é o ensinamento de espiritualidade
presbiteral na visão bíblica, na patrística, no
Vaticano II, nos teólogos, no magistério dos
papas?
 Qual é o ensinamento para a vida espiritual
do presbítero que propõe o Papa Francisco?
 Como o presbítero pode se constituir
espiritualmente para poder vencer o
desgaste emocional, pastoral em seu
ministério ordenado?
OBJETIVO GERAL

Expor de forma teórica sobre a


espiritualidade presbiteral: na visão
bíblica, Patrística, nos documentos
referentes a formação presbiteral, no
Magistério e também na reflexão de
alguns teólogos e na atualidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar os principais textos e
autores sobre o tema;
 Propor um guia para o estudo e
vivência da espiritualidade
presbiteral;
 Articular os principais elementos da
espiritualidade presbiteral com os
desafios da atualidade.
ESTRUTURA DO TRABALHO

1. ELEMENTOS BIBLICOS E PATRÍSTICOS


SOBRE A ESPIRITUALIDADE
PRESBITERAL DIOCESANA

2. CONTRIBUIÇÃO DO MAGISTÉRIO

3. ESPIRITUALIDADE PRESBITERAL
DIOCESANA A PARTIR DA REFLEXÃO
TEÓLOGICA
1 ELEMENTOS BIBLICOS E PATRISTICOS SOBRE
A ESPIRITUALIDADE
PRESBITERAL DIOCESANA

A Igreja, Povo de Deus, “sacramento da salvação

universal”, nascida segundo o desígnio divino de Deus,

constituída no mundo pela missão do Filho, animada e

sustentada constantemente pela força do Espirito Santo,

continua sua caminhada na terra distribuindo variedades de

dons divinos na vida e no testemunho de seus fiéis, sendo

formada, portanto, por uma comunidade de chamados,

onde todos são convidados a viverem sua vocação.


A vocação é um dom e uma condição para assumir o
ministério presbiteral. Sendo assim, isto significa que
ninguém pode apoderar-se do direito de escolher o
ministério, com base unicamente em suas aspirações.
Portanto, compreendemos assim, a entrega que o
presbítero faz de si mesmo pelo sacramento da ordem que
está enraizada e dependente de Cristo, para que Ele seja
o centro na vida espiritual e na ação pastoral do presbítero
e assuma, diariamente, em seu ministério ser exemplo do
Cristo, Mestre, Sacerdote, Rei e “Bom Pastor” (Jo 10, 1-
21), que dá a vida por suas ovelhas.
A espiritualidade sacerdotal do Antigo
Testamento apresenta um desenvolvimento
que afigura a nova compreensão do
sacerdócio na nova aliança. O sacerdócio não
será mais da linhagem de Aarão, e sim de
Melquisedec (considerado pela Tradição
cristã como uma prefiguração do sacerdócio
de Cristo); e Cristo será Sacerdote por
excelência (nisto consiste em Ele mesmo ser
a vítima) (Hb 7,27; 9,12;14,25; 10,5).
A Igreja, alicerçada na Sagrada Escritura,
no Magistério e na Tradição, tem
reconhecido que desde seu princípio, Deus
deu, aos homens, diversidades de
ministérios. Aqueles, marcados pelo
sacramento da ordem, exercem a missão
de epíscopos, presbíteros e diáconos.
Ao receber
o sacramento da ordem na unção do Espirito
Santo, os presbíteros são marcados
por um caráter indelével que os configura a Cristo
sacerdote e agem em seu lugar In
Persona Christi (na pessoa de Cristo).
Fundamentos patrísticos
A Tradição apostólica é sem dúvidas, uma
das grandes contribuições para a Igreja com
as reflexões dos Padres da Igreja,
contribuindo para a formação dimensional
presbiteral. Para eles, os presbíteros são,
dentro da Igreja, pessoas que participam do
múnus (latim munun = tarefa, dever, encargo,
obrigação) de Cristo, pois recebem a missão
de ensinar, santificar e governar.
O presbítero celebra o sacrifício de Cristo
não por suas palavras, ele “cala” para falar
as palavras de Cristo. Em que momento o
presbítero fala em nome de Cristo? Todas
as vezes que ele celebra os sacramentos,
ele faz em memória do Senhor. Jesus
Cristo é o autor de todos os sacramentos,
é Dele a instituição do sacerdócio, os
presbíteros participam pelo sacerdócio de
Cristo, n´Ele e por Ele. É a atualização da
presença do Senhor em nosso meio,
aquele que nós, comunidade celebrante,
aguardamos em sua segunda vinda
gloriosa.
Portanto, os antigos e novos Padres da Igreja, que tiveram e
têm inspiração na tradição bíblica, cheios de fé, buscaram e
buscam viver o ideal do sacerdócio de Jesus Cristo. Assim
como eles, esses novos presbíteros procuram testemunhar
uma
vida de experiência marcada por um zelo apostólico que
guarda, com muita preocupação, a fé em benefício dos fiéis,
presença salvífica de Cristo.
CONTRIBUIÇAO DO MAGISTÉRIO

O Concílio Vaticano II que definiu a Igreja como


sacramento de salvação não existe para si mesma,
mas sim para o mundo e no mundo e que o
presbítero seja formado para configurar-se a
Cristo, Bom Pastor e assim, tenha um sentido
pastoral e missionário. A missão apostólica que
Jesus confiou aos apóstolos é que presbítero foi
convidado no agir pastoral e missionário.
A exortação apostólica Pastores Dabo Vobis, entre
tantas outras do Papa São Joao Paulo II, apresentam
caminhos para àqueles que estão se preparando para
assumir a vida e a missão presbiteral, e também
diversos elementos para os que já estão cuidando da
comunidade eclesial. O presbítero, após receber o
sacramento da ordem, é chamado a se unir numa
comunidade, isto é, integrar-se no presbitério
diocesano, do qual seu bispo é pastor. Os presbíteros,
unidos fraternalmente entre si, devem manifestar essa
união pelo auxilio espiritual, material, pastoral, pessoal
nos trabalhos e nos exercícios de caridade (LG, nº 38).
Em 19 de março de 2013, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio,
escolhe como nome, Francisco, e assim, assume a cátedra de
Pedro. Em sua primeira missa do crisma, o Papa mostrou como
deve ser agir o presbítero no meio do povo, com a seguinte
reflexão: “o sacerdote que sai pouco de si mesmo, que unge
pouco, perde o melhor de nosso povo. Isto vo-lo peço: sede
pastores com o “cheiro das ovelhas” (PAPA FRANCISCO, 2013). O
papa Francisco é modelo de vida para todos os presbítero ele é
pobre para os pobres.
Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM e
Documento de
Aparecida
A Igreja da América Latina, olhando para sua realidade
adquiriu uma espiritualidade autenticamente mais encarnada
com a realidade presente no povo sofredor. Jesus Cristo, Filho
de Deus, foi compreendido e apresentado como aquele que
veio morar e encarnar-se no meio das pessoas sem dignidade
humana. É nesse contexto que o presbítero diocesano está
inserido, ele como discípulo-missionário é chamado a viver
uma espiritualidade libertadora e deve ser compassivo e
homem de esperança, fiel discípulo-missionário de Cristo,
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB, 2004,
p.22) tem conhecimento que “o presbítero brasileiro é pároco,
administrador, construtor, teólogo, pregador, professor e
comunicador”, e com isso, frequentemente o presbítero
experimenta tal sobrecarga humana de funções diversificadas
que se encaminham sem demora, para a situação difícil de
estresse. Na vida do presbítero sempre haverá perigos que, por
diversos ventos contrários, venham abalar a sua vida espiritual.
O ativismo está, com certeza, entre tantos esses perigos que o
leva ao individualismo. Quando chega a esse ponto, o
presbítero não tem mais tempo e amor para a interiorização,
para orar, rezar e nem preparar bem suas homilias.
Para a conferência de Aparecida (2007, nº 07), o
presbítero diocesano de ontem e de hoje precisa ser
discípulo, missionário e servidor em sua vida. E que
este presbítero movido pela caridade pastoral cuide do
seu rebanho e se coloque à procura dos pobres e
excluídos. Por isso, a importância da vida espiritual do
presbítero diocesano, pois sem ela, o presbítero
diocesano se esvazia e seu ministério se torna
cansativo e desgastado.
3 ESPIRITUALIDADE PRESBITERAL
DIOCESANA A PARTIR DA
REFLEXÃO TEÓLOGICA

Os desafios atuais busca compreender que, para o


presbítero ter uma boa ação pastoral, é preciso que ele
esteja bem espiritualmente em seu ministério
presbiteral. É necessário que o presbítero tenha sempre
o cuidado de pastor, que cotidianamente amadureça em
suas responsabilidades.
Teólogo Manoel Godoy
Segundo Godoy (2021, p. 23), a vivência da caridade pastoral,
sobretudo na proximidade aos pobres, é o eixo da vida e missão do
presbítero. A espiritualidade presbiteral leva o presbítero a viver sua
configuração a Cristo, no empenho da caridade pastoral, sobretudo
aos mais pobres. É em sua ação pastoral que a espiritualidade deve
ser um dos momentos importantes e necessários para o presbítero,
tornando-se zeloso na oração, conduzindo seu povo, assim como ele,
para ter comunhão com Deus, consigo mesmo e com os irmãos.
Portanto, muitos são os auxílios na vida do presbítero, que junto
com os apontamentos de Godoy, norteiam àqueles que se servirão
desta pesquisa para viver ou ensinar os outros a viverem um caminho
espiritual em sua vida e ministério presbiteral.
Teólogo Dom Aloísio Lorscheider

O presbítero diocesano que tem sua espiritualidade


diferente da espiritualidade do religioso, pois este
está ligado a um carisma de sua congregação, a
qual exerce uma caridade ligada ao seu carisma, já
a espiritualidade do presbítero diocesano tem como
fundamento Jesus Cristo, o Bom Pastor, como
modelo da caridade pastoral. Portanto, a sua
espiritualidade será resultado daquilo que ele está
vivendo, devendo sempre procurar se configurar a
Cristo, Bom Pastor, buscando a perfeição de vida e,
segundo a Palavra de Deus
Desafios da Atualidade

A espiritualidade presbiteral diocesana, sem


cuidados, afeta e desafia o ministério do presbítero
nos dias de hoje. A Igreja Católica, olhando para o
modelo de padre santo, no qual São João Maria
Batista Vianney (1786-1859), o Cura d ́Ars, o tem
como bom exemplo.
Em um mundo cada vez mais individualista, o presbítero
encontra dificuldades e cai no isolamento, o sentindo espiritual vai
se perdendo e, vez ou outra, fica escassa. Nesse contexto, o
presbítero precisa da força que vem do alto, que o mesmo pode
conseguir por meio de um encontro profundo com Jesus Cristo. A
oração é o cume da vida espiritual do presbítero, seu momento de
entrega total é na Eucaristia. A Eucaristia é alimento indispensável
para o presbítero. Assim, mesmo enfrentando as dificuldades
presente no ministério e no agir pastoral, o presbítero deve fazer a
experiência da missão como fonte de vigor ao seu exercício diário.
CONCLUSÃO

Os pastores de almas precisam ser


homens de espiritualidade e
intimidade profunda com Cristo,
Mestre dos homens consagrados. O
presbítero, ao configurar-se com
Cristo, deve se dedicar a uma vida de
vigilância constante, para que seu
ministério com o passar dos anos e
com a solidão e as provações, não
caia na rotina e, consequentemente,
no desânimo pastoral, na falta de fé e
no vazio espiritual.
Obrigado!

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