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A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ

NOS SÉCULOS XVIII-XX:


AS ESPIRITUALIDADES ORTODOXA E PROTESTANTE

Trabalho de Espiritualidade Cristã


Professor: Gutemberg Feitosa
Aluno: Erico Rafael C. Correa
SÉCULOS XVIII-XX

 Período caracterizado pelas revoluções do pensamento, da


tecnologia e religião;

 E marcado, também, pelas tentativas de restauração e pelo


espírito encarnacionista da espiritualidade evangélica.
SÉCULO XVIII
 Devido ao RACIONALISMO e ao NATURALISMO, o ILUMINISMO foi a
exaltação da secularização, da laicização e da descristianização;

 O ILUMINISMO afirmou um novo absoluto, a razão autônoma, com


pretensões de substituir o absoluto religioso.

 A REVOLUÇÃO FRANCESA, foi ao mesmo tempo uma guerra civil no


âmbito europeu e o surgimento de uma nova mentalidade e na transformação
de pensamentos;
A pessoa CULTA FÉ, HUMILDADE E
podia admitir um CARIDADE, foram
substituídas por 
Deus como
RAZÃO,
princípio, mas não FILANTROPIA e
como pessoa AUTONOMIA
reveladora PESSOAL.

A CLASSE CULTA e
a BURGUESIA em
geral apostaram na
religião, e teve início
um lento e
intermitente processo
de secularização.
 O século XVIII assinalou-se por uma situação desfavorável em relação
a luta contra tudo o que pudesse representar o sagrado em geral;

 O JANSENISMO, por um lado, exaltava a importância de Deus, por


outro situava-o numa transcendência inacessível. Sublinhando desse
modo, uma ética rígida e severa, desprezando as devoções e as
considerando como supersticiosas;
Coube a Afonso de Ligório (1696-1787) combater o rigorismo dos
jansenitas:
 Com ele afirmou-se o princípio da vocação
universal à santidade;
 Para Santo Afonso a perfeição só é atingida
quando o ser humano unifica a própria vontade
com a de Deus;
 Sugere meios para se alcançar à perfeição: a
mortificação, a frequência aos sacramentos e a
oração;
 A razão iluminista conquistou boa parte da
Europa culta. Afonso, ao invés, votou-se ao
povo e transmitiu um estilo de piedade ardente
e simples.
No século das luzes, São Paulo da Cruz (1694-1775) foi um pregador de
uma theologia crucis:
 Quanto a CRUZ: Ela não é somente sofrimento de
Cristo, mas assume o aspecto de uma sabedoria
cristã em oposição a sabedoria do mundo;
 A cruz nutre-se da esperança, leva à posse da vida
divina, e esta posse conduz a alma ao otimismo
radicado na palavra de Deus;
 O específico da espiritualidade passionista
consistiu na vivência e experiência da Paixão de
Cristo;
 Para São Paulo da Cruz, a Paixão de Jesus é o
remédio mais eficaz para tratar os males do
mundo.
A devoção mariana representou o carisma particular de São Luís Maria
Grignion de Monfort (1673-1716):

 A santidade consiste na adesão ao Cristo da


cruz, oferecido aos cristãos pelos braços de
Maria, mãe do salvador;

 Cristo é um dom de Maria a todos os seres


humanos, e este dom será tanto mais perfeito
quanto maior for a união da alma cristã com
a mãe de Cristo.
Ainda no Século XVIII...
 Na Itália, França e Espanha surgiram novas congregações, voltada às
missões, na tentativa de renovar e conservar a religiosidade daquele povo;
 No que concerne à MÍSTICA herdaram-se as consequências do
QUIETISMO (doutrina difundida por Miguel de Molinos no final do século
XVII segundo a qual  a pessoa deve suprimir toda atividade própria,
deixando Deus de ter o domínio absoluto sobre suas ações, e agir somente
no caso de uma intervenção direta da parte de Deus;
 Tendo em vista tal fato, a Santa Sé, vigiava e controlava os pregadores e
diretores espirituais, a fim de que não emergisse nenhuma sombra do
quietismo;
SÉCULO XIX
 Restauração da estabilidade política e social;
 Separação entre Igreja e Estado, e a concepção laicista de Estado;
 O século XIX herdou do século precedente um senso difuso de DESVALORIZAÇÃO DA
MÍSTICA;
 As energias espirituais estavam apontadas mais para as devoções;
 As pessoas do século XIX tiveram de reconstruir sua história e readaptar-se à nova
mentalidade;
 Foi um período místico e missionário, no qual se destacaram: no apostolado juvenil, João
Bosco; no apostolado paroquial e pastoral, João Maria Vianey; no laicato católico, Frederico
Ozanan; no reencontro da Igreja anglicana com a católica, Henry Newman; como espírito
profético, Rosmini; na renovação da vida religiosa e da Liturgia, Guéranger; na fecundidade
da vida contemplativa, Teresa de Liseux; como contemplativo na ação, Charles de
Foucauld.
São João Bosco (1815-1888) recapitulou as correntes de espiritualidade
de seu tempo:
 Educador;
 Fiel a Virgem Maria;
 Sustentador do papado;
 Padre exigente;
 Homem de oração;
 Místico;
 Missionário;
 Animador da educação na fé e pela
confiança;
O Cristianismo do beato Charles de Foucauld (1858-1916):

 Descobre a vida oculta de Jesus, o mistério


de Nazaré;
 O amor a Jesus oculto gera contemplação e a
adoração silenciosa da presença eucarística;
 O desejo da pobreza, a imitação dos
sofrimentos de Cristo, e o serviço aos mais
pobres e humildes por meio da amizade e do
testemunho silencioso.
Em Santa Teresinha do Menino Jesus da Sagrada Face (1873-1897), o
menino é síntese de amor e doçura.

 Ela ensina a nunca perder de vista a


infância espiritual, a própria pequenez e
fragilidade, a desejar ser esquecido e não
contar em nada, a nutrir-se do amor
misericordioso de Deus.
SÉCULO XX
 O século XX foi marcado pelas grandes guerras, pela explosão da bomba
atômica, chegada do ser humano à lua, exploração do espaço, descolonização
e independência de muitos países;
 A espiritualidade continua sendo uma realidade querida, buscada, e também
desprezada;
 As linhas de força da espiritualidade contemporânea podem ser resumidas da
seguinte maneira: sentimento eclesial, comunitário, ânsia do absoluto, retorno
às fontes da vida cristã (Bíblia, liturgia e padres), abertura ao mundo e
engajamento;
 Movimentos que influenciaram na espiritualidade contemporânea: o
americanismo, o modernismo, o problema místico, litúrgico, bíblico,
Patrístico, mariano, ecumênico, missionário, e leigo.
SÉCULO XX
 No princípio do século XX, na França e Espanha, Augusto Saudreau e
Poulain, assinalaram o início das discussões sobre a natureza da VIDA
MÍSTICA e o CHAMADO DE TODOS À CONTEMPLAÇÃO.

 Em contraposição a visão maniqueísta e neoplatónica, firmou-se a


espiritualidade na imersão da vida, que acabou descobrindo o valor cristão
do mundo, do ser humano e da sua história
Teilhard de Chardin (1881-1955) plantou sementes da espiritualidade do
futuro:

 Suas investigações científicas na China e


África levaram-no a conclusão de que a
espiritualidade da vida cristã se desenvolve
em diálogo com o mundo e a cultura;
 Elaborou uma base de espiritualidade ao
afirmar que a natureza é sagrada e que, após
a encarnação, nada mais é profano;
SÉCULO XX
 A encíclica Mediator Dei pôs em foco os problemas teológicos, pastorais e
espirituais; a partir daí o movimento litúrgico desenvolveu-se sob o aspecto
pastoral e aprofundou as relações entre liturgia e espiritualidade;
 A Bíblia voltou a ser fonte direta de piedade e da vida espiritual;
 Em termos de espiritualidade, a novidade do Vaticano II foi á volta às fontes:
ESCRITURA; LITURGIA; IGREJA;
 Na década de 60, um ar secularizante e dessacralizador eclodiu na história do
cristianismo: Van Buren, Altizer, Cox e outros que criticaram a religião, a teologia
e a espiritualidade;
 Após alguns anos de iconoclastia, crítica e abandono das devoções clássicas, a
religiosidade popular retornou com força;
 Nos 70, assistiu-se ao despertar religioso: descobriu-se o gratuito, o festivo...
SÉCULO XX
 A espiritualidade se pôs o problema da SANTIDADE no mundo, ou da
integração dos valores de santidade. No plano de vida religiosa isto se
concretizou nos Institutos Seculares, aprovados em 1947. Esta nova forma
de vida religiosa revela uma das características de fundo da espiritualidade
contemporânea, que tende a realizar no mundo os ideais de presença e
testemunho, conciliando a sede do absoluto com os valores terrenos;
 Atualmente entre os grupos que configuram a sociedade e a Igreja, a
espiritualidade tem sido vivida dessa forma:
OS ARCAIZANTES – OS INTEGRISTAS – OS RADICAIS – OS GRUPOS
DINÂMICOS;
ESPIRITUALIDADE ORTODOXA
ESPIRITUALIDADE ORTODOXA
 No monaquismo oriental, a figura do mistagogo adquiriu uma nova
importância particular;
 Entre os ortodoxos, a partir do século XIX, a espiritualidade do coração foi
difundida especialmente pelos russos;
 O cristocentrismo foi a tendência principal dos pensadores russos do século
XIX: a inteligência russa buscou a estrada de sua instrução no Ocidente;
 Os ortodoxos sonhavam com um ideal: dar nova unidade ao pensamento
ocidental despedaçado.
ESPIRITUALIDADE ORTODOXA
Segundo seus principais representantes essa unidade deve ser viva e universal,
e buscada somente em Cristo:
 para G. S. Skovoroda (1794), Cristo é a lei interna do mundo;
 Dostoievsky (1881) afirma que tornar-se genuinamente russo significa
introduzir definitivamente a conciliação nas contradições europeias,
segundo a lei evangélica de Cristo;
 Florensky (1946), esta unidade não pode ser retomada da forma escolástica,
mas deve estar fundamentada na unidade das pessoas divinas;
ESPIRITUALIDADE PROTESTANTE
ESPIRITUALIDADE PROTESTANTE
 No século XVII, o pietismo promovera um despertar religioso, levando a
Bíblia ao povo e pregando uma piedade mais simples e humana;
 Na segunda metade do século XIX, com a crítica bíblica e a filosofia da
imanência, chegou-se à teologia liberal, com seu otimismo antropológico e
social, sua fé no progresso moral da humanidade;
 No início o movimento PENTESCOSTAL protestante não pretendia ser uma
nova Igreja, mas acabou por da origem a numerosas denominações. Suas
origens remontam aos movimentos de reavivamento, sua tipicidade consiste
na afirmação da necessidade de um segundo batismo;
ESPIRITUALIDADE PROTESTANTE
 Após a Segunda Guerra, o movimento neopentecostal, espalhou-se no seio
das Igrejas históricas, chegando à formação de novas denominações;
 No século XIX, tanto no anglicanismo como no protestantismo, surgiram
experiências de tipo comunitário-monástica.
 Entre os protestantes, as ordens diaconais femininas iniciaram-se nos anos
30: tinham a vida em comum, sem os votos perpétuos, e finalidade
assistencial;
 O protestantismo substituiu a ideia de perfeição pelo conceito de
cumprimento: a perfeição está em Cristo, que é a meta; na vida presente a
pessoa está sempre e somente a caminho. Os votos não são lei, se exprimem a
oferta total da vida do crente (oblação por amor do Reino).

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