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In: Emili Casanova Herrero e Cesareo Calvo Rigual (eds.

), 2013,
Actas del XXVI Congreso Internacional de Linguística y de Filologia
Románicas (Valencia 2010). Vol.I. De Gruyter. 543-554.

Do português médio ao clássico: o Cancioneiro Geral de


Garcia de Resende
Esperança Cardeira (Universidade de Lisboa)

Introdução

Em geral, as histórias do português desenvolvem aprofundadamente os séculos


formativos da língua mas apenas esboçam em traços gerais a evolução do português
europeu a partir do século XV. Esta assimetria é uma consequência inevitável da tradição
dos estudos linguísticos em Portugal, que sempre favoreceu a análise do português arcaico.
Nos últimos anos, contudo, têm vindo a lume alguns trabalhos que incidem sobre o período
médio do português, mostrando que o limite entre português antigo e médio (final do século
XIV, início do XV) deve ser entendido como uma franja de separação1 ou seja, um período
de extrema variação linguística, e que as décadas iniciais do português médio podem ser
encaradas como uma transição de fase (Cardeira 2005).
Aceitemos a data da impressão da Grammatica de Fernão de Oliveira (1536) como
fronteira simbólica entre o português médio e o clássico: conhecidas as profundas
transformações linguísticas que o português sofre na primeira metade do século XV e
entendendo o período clássico como uma nova fase, é previsível que o final do português
médio configure outra franja de separação que aponte para a progressiva estabilização da
língua. Este período não foi, ainda, objecto de uma análise linguística sistemática. Trata-se,
no entanto, de um período particularmente significativo da história do português, já que
corresponde à fase inicial da expansão da língua, estando nele mergulhadas as raízes do
português do Brasil. O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, impresso em 1516,
abrange toda a poesia palaciana dos reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I e
afigura-se-me um documento precioso para o estudo da língua da segunda metade do
século XV e princípios do XVI.

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1
A expressão franja de separação é de Vitorino Magalhães Godinho que prefere «para dividir a
história de Portugal, não escolher datas mas sim balisar franjas de separação» (Godinho 1968: 12)
e foi já utilizada por Clarinda Maia a propósito da periodização do português (Maia 1995).
Esperança Cardeira

Do século XV ao XVI

Nas palavras de Teófilo Braga (s.d.: 67), «no século XV três descobertas vieram suscitar
uma extraordinária actividade mental e social: foram a Bússola, a Pólvora e a Imprensa.
Pelo emprego da Bússola pode estabelecer-se a grande navegação […]; pela Pólvora
acabou a valentia individual do cavaleiro […]; pela Imprensa revivesceu o humanismo».
No caso português, pode dizer-se que a bússola determinou o desenvolvimento da
navegação oceânica que abriu portas à expansão territorial e comercial do reino,
proporcionando a Portugal condições económicas que garantiram a autonomia e a
afirmação da nacionalidade. Quanto à pólvora, creio que a sua descoberta terá sido, em
termos sociais, menos marcante para o português comum que a actividade comercial que
lhe permitiu almejar riqueza e posição social. Já a imprensa, uma vez que em Portugal as
primeiras obras impressas surgem no final do século XV, será o veículo da difusão do
pensamento apenas no século seguinte.
Os primeiros anos da Dinastia de Avis foram marcados, ainda, pelo espírito
cavaleiresco2: na corte de Filipa de Lencastre liam-se os poemas da Távola Redonda
enquanto D. João se via como um rei Artur rodeado dos seus cavaleiros e Nuno Álvares
Pereira se imaginava Galaaz. A criação do cargo de Cronista do Reino, entregue a Fernão
Lopes por D. Duarte em 1434, reflecte este interesse pelos feitos heróicos. No acervo de
códices que pertenceram a D. Duarte e a D. Pedro contam-se livros que representam ainda
o elemento medieval a par de textos clássicos, em latim ou traduzidos para linguagem.
Afonso V, por outro lado, e a julgar pelas descrições de Rui de Pina, reuniu na sua Livraria
principalmente textos clássicos e humanistas, incluindo Dante, e deu carta de privilégio a
impressores estrangeiros.3 Terminava, assim, o espírito medieval e penetrava em Portugal a
corrente humanista.4 Os interesses sociais de D. João I e de D. Duarte impunham uma
cultura cavaleiresca que privilegiava a prosa; no tempo de D. Afonso V, a ligação a Castela,
o comércio e a centralização do poder real permitiram que se desenvolvesse uma cultura
cortesã que fomentava a poesia.
O triunfo da monarquia, a generalização da economia comercial e o desenvolvimento
das cidades provocaram violentos reajustamentos no ambiente social. As imensas
deslocações populacionais (do campo para a cidade e daí para as viagens ultramarinas), a
crescente importância do Estado (que monopoliza o comércio da Índia) e da classe
guerreira (que garante a ocupação das feitorias) mudam a face da sociedade portuguesa. A
política do reino vira-se para a expansão territorial e para o lucro do comércio marítimo; a
corte vive um luxo até então desconhecido e os cortesãos alteram os seus gostos,
disputando o favor do rei e das damas, suplantando-se uns aos outros na forma de vestir, de
seduzir e de trovar. Segundo Rodrigues Lapa (1981: 437) «o português da segunda metade
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2
É significativo que nas Ordenações Afonsinas figure um Regimento de Guerra, introduzido pelo
Infante D. Pedro, com a descrição das cerimónias de investidura dos graus da Cavalaria.
3
Na protecção que Afonso V deu às Letras pode ver-se a influência dos seus educadores, os
humanistas italianos Mateus de Pisano e Estêvão de Nápoles.
4
Note-se que até à Reforma da Universidade de Lisboa os fidalgos portugueses frequentavam as
escolas humanistas de Itália ou rumavam a Paris. Para a corte de D. João II, veio Cataldo Siculo,
professor de retórica em Pádua, ensinar os príncipes e os moços fidalgos.
Do português médio ao clássico: o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

do século XV aparece-nos já como um tipo razoavelmente equilibrado e forte: a fina


sensibilidade e inteligência do amor, o gosto incipiente das letras, de mãos dadas com o
rude prazer das armas e com a distante aventura heróica. Era assim que se preparava entre
nós o homem da Renascença.»
Ao fim do período trovadoresco segue-se um século sem actividade lírica significativa: a
tradição literária dos cancioneiros não morre mas tem continuação em Castela e Aragão,
não em Portugal.5 Os portugueses não desconheciam, contudo, as obras dos seus vizinhos:
vários participaram nos cancioneiros castelhanos do século XV; sabe-se que o Infante D.
Pedro era admirador de Juan de Mena e que ao Condestável D. Pedro eram familiares os
poetas aragoneses, como se vê na Carta que lhe envia o Marquês de Santillana. O acordo de
paz firmado em Alcáçovas entre Afonso V e os Reis Católicos em 1479 e as negociações
diplomáticas (as terçarias de Moura) fomentaram o intercâmbio entre Portugal e Castela,
promovendo a penetração da língua e cultura castelhanas na corte portuguesa, e a moda de
coleccionar a poesia cortesã, que se materializa no Cancionero de Baena (Juan Alfonso de
Baena, 1445) e no Cancionero General (Hernando del Castillo, 1511), viaja de Espanha
para a corte portuguesa.

O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

Nas cortes peninsulares, o fortalecimento do poder monárquico reuniu em torno do rei


uma aristocracia palaciana; o mesmo se passou em Portugal, desde Afonso V. A vida
intelectual concentrava-se na corte (mesmo a Universidade estava sob o controlo do rei). É
neste cenário que Garcia de Resende (1470-1536), conhecendo por dentro o ambiente
cortesão e gozando da simpatia de D. João II e de D. Manuel, se encontra em situação
privilegiada para empreender a compilação que constitui o Cancioneiro Geral. Trata-se de
uma colecção de aproximadamente um milhar de composições de quase 300 poetas da corte
portuguesa da segunda metade do século XV e inícios do XVI, impressa em Almeirim e
Lisboa por Hermão de Campos, um tipógrafo alemão. Resende reuniu, aparentemente sem
respeitar qualquer ordem (cronológica ou outra), um conjunto de pequenos cancioneiros
dispersos ou rolos avulsos de coplas, um imenso conjunto de livros de mão.6 Criou, assim,
uma colectânea que abre com a tenção Cuidar e Suspirar (fls. 1-15) a que se seguem dois
conjuntos de composições, o primeiro de autores individuais (fls. 15-142) e o segundo de
produção colectiva. Este segundo conjunto é subdividido consoante a natureza das
composições: Louvores (fls. 142-154) e Cousas de folgar (fls. 154-182). Finalmente, um
novo conjunto de trovas ordenadas por autor fecha a compilação com as obras do próprio
Resende (fls. 215-226).
No Cancioneiro Geral encontramos o cruzamento entre a tradição lírica galego-
portuguesa, o espírito clássico e as novas influências de Dante. O longo poema colectivo
–––––––
5
Na sequência da crise de 1383-85 muitos fidalgos e trovadores portugueses refugiaram-se em
Castela, aí contribuindo para a produção dos cancioneiros castelhanos.
6
A vontade de incluir na sua compilação o maior número possível de poetas levou Resende a
pressionar os seus contemporâneos, como se vê nos poemas que dirige a Jorge de Vasconcelos e a
João Fogaça.
Esperança Cardeira

Cuidar e Suspirar, é um perfeito testemunho do sincretismo que caracteriza a época: a


antiga tradição amorosa, aliando-se a imagens e conceitos novos e vertendo-se nos moldes
da Jurisprudência. A poesia que aqui encontramos, de qualidade muito heterogénea, traduz
o espírito da época, que encarava esta produção como uma forma de convívio cortesão.
Muitas vezes qualificada como fútil, o seu carácter predominantemente lúdico pode ser
justificado pelo ambiente que se vivia na corte. A paz recentemente conquistada7 permite
uma despreocupação que favorece este tipo de composições e a centralização da nobreza
em torno do rei propicia a organização de festividades em que os poetas se promovem
socialmente. Acresce que os portugueses viviam acontecimentos (a empresa dos
Descobrimentos) sobre os quais iriam, mais tarde, escrever; os momentos passados na corte
seriam valorizados como a contrapartida fútil dos perigos do comércio marítimo ou, até,
como uma fuga da realidade corporizada em ânsia de diversão.

Do português médio ao clássico

O português médio, definido como um período crítico na história da língua portuguesa,


pode ser caracterizado como uma transição de fase8 que ocupa a primeira metade do século
XV e que corresponde a um processo de elaboração da língua, liderado pela Geração de
Avis e concretizado num conjunto de mudanças linguísticas. Imediatamente antes deste
período crítico encontramos uma franja de separação, uma transição entre português antigo
e médio, em que formas arcaicas e mudanças em curso se confrontam, que a grande
instabilidade linguística na segunda metade do século XIV deixa transparecer. Será de
presumir que imediatamente depois do período crítico se verifique uma nova franja de
separação, desenhando um patamar de estabilização dos novos traços linguísticos, uma
transição entre português médio e clássico. É esta a hipótese que quero testar.
Para caracterizar o português médio seleccionei um conjunto de variáveis que observei
num corpus constituído por edições modernas de documentação literária e não literária
datada (ou datável) dos séculos XIV e XV, produzida em ambiente diversos, quer em termos
geográficos (documentos setentrionais/meridionais) quer em termos socioculturais (corte
portuguesa/escribas regionais e isolados).9 As variáveis, seleccionadas com base nas

–––––––
7
O relacionamento intenso entre Portugal e Castela, na segunda metade do século xv justifica a
presença de composições castelhanas no Cancioneiro Geral. Aliás, os cancioneiros bilingues
estavam na moda (veja-se o Cancioneiro de Stuñiga, composto por volta de 1458, que inclui
poetas aragoneses, castelhanos e catalães).
8
Uso aqui a expressão transição de fase no sentido em que ela é aplicada à descrição de processos
evolutivos em sistemas dinâmicos complexos: uma mudança de estado, precedida por grande
instabilidade e representável por uma curva sigmóide que tende para um patamar estacionário. As
descrições de Labov de processos de mudança apresentam o mesmo tipo de curva: «The rate of
sound change thus follows an S-shaped curve» (Labov 1994: 65-6).
9
Para recolha de dados utilizei a seguinte documentação: Livro dos Conselhos de El-Rei D. Duarte
(1423-38, Dias, 1982); Colecção Mística de Frei Hilário da Lourinhã (1431-46, Castro, 1985);
Do português médio ao clássico: o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

propostas de Evanildo Bechara (1991), Clarinda de Azevedo Maia (1995) e Paul Teyssier
(1982) incidiram sobre os seguintes aspectos fonológicos e morfológicos: a convergência
em -ão das terminação nasais; a inserção de iode na sequência -eo, -ea; a síncope de -d- no
morfema número-pessoal; a substituição da terminação nominal -vil por -vel; a substituição
dos particípios em -udo por -ido; o desaparecimento das formas átonas dos possessivos.
Aplicando a mesma grelha de variáveis ao Cancioneiro Geral (ed. Aida Fernanda Dias,
1990-93) estaremos a observar a implementação destes processos evolutivos na segunda
metade de Quatrocentos, verificando se este período (franja de separação) configura, de
facto, um patamar de estabilização dos novos traços linguísticos. Analisemos, portanto,
essas variáveis.

Terminação nasal: convergência em -ão

As terminações -ã-o, -ã e -õ do português antigo convergiram no ditongo -ão. Assim,


formas nominais como mão, cão, leão e verbais como dão, são, bem como palavras
gramaticais como tão e não, tiveram, no português antigo, terminações que correspondiam
à etimologia: mã-o < MANU, cã < CANE, leõ < LEONE; dã < DANT, sõ < SUNT; tã < TAM, nõ
< NON.10
A documentação que observei revelou que entre 1375 e 1475 a oscilação gráfica e a
adopção de grafias não etimológicas apresentam um claro crescimento que atesta a
tendência para a convergência: se em 1400 as grafias que não correspondem à terminação
etimológica não chegam a perfazer 5% do total de formas registadas na documentação
analisada, em 1475 já se aproximam dos 30%, o que aponta para uma inversão da tendência
no último quartel de Quatrocentos.
No Cancioneiro Geral as terminações sem correspondência etimológica são abundantes,
sendo a grafia predominante -am (ou -ã).11 É significativo que na flexão verbal
encontremos esta terminação -am, alternando com -om e -ão em todos os tempos, quer nas
terminações átonas quer nas tónicas e independentemente do étimo: chamam ~ chamão;
dam ~ dão; faram ~ farão; deram ~ derão, etc. Alguns exemplos serão suficientes para
percebermos como a memória etimológica foi já apagada:

–––––––
Livro Verde da Universidade de Coimbra (1367-1456, Madahil, 1940); Documentos notariais
portugueses do Noroeste e da região de Lisboa (1350-1500, Martins, 2001); Documentos
Históricos da Cidade de Évora (1355-1470, Pereira, 1885-87); Actas das Vereações de Loulé
(1384-1408, Moreno, 1984) ; Cortes (1404-49, Moreno, 1978 e 1982; Iria, 1990).
10
Para uma descrição mais pormenorizada deste e dos outros processos de mudança em análise, bem
como para a metodologia de constituição do corpus referido e de recolha e interpretação dos
dados, vd. Cardeira 2005.
11
É conhecido o facto de o Cancioneiro Geral ter uma história tipográfica peculiar, já que parte do
texto da compilação foi composto por duas vezes, por dois compositores que trabalharam em
momentos diferentes. Estas duas versões apresentam variação de hábitos ortográficos individuais
(sobre esta questão vd. Castro / Dias 1976-77). Não se regista, todavia, variação significativa no
que se refere à grafia das terminações nasais.
Esperança Cardeira

A 3ª pessoa do plural do verbo ser surge apenas uma vez com a grafia antiga som, 21 vezes
como são e 258 (92%) como sam. As grafias não etimológicas perfazem, portanto, 99.6%.12

Uma palavra gramatical muito frequente, o advérbio de negação, surge ainda com a grafia
tradicional e etimológica nom (432 ocorrências) e já com a moderna grafia não (23 ocorrências)
mas a grafia claramente predominante é nam (2770 ocorrências). Ou seja, a grafia etimológica
representa apenas 13.3% do total.

Nos nomes, a terminação -om aparece residualmente (apenas contemplaçom e revelaçom, em


rima (79213) alternando com -ão e com -am. Note-se que a grafia -am pode ocorrer em formas
cuja terminação etimológica é -ANU, como sam (< SANU) e que -ão surge para todas as
etimologias (pão < PANE, sermão < SERMONE).

Tudo indica, pois, que -am representa já o ditongo. Aliás, as rimas confirmam esta
observação. Repare-se nos seguintes exemplos, todos retirados da primeira composição
(Cuidar e Suspirar): melão:pam; cortesam:mão; questão:paixam; afeiçam:razão:condiçam;
darão:poderão:paixam.
Uma vez que o texto em análise é muito extenso, recolhi todas as grafias etimológicas e
não etimológicas (nomes, flexão verbal e palavras gramaticais) numa amostra constituída
por 25 fólios (fls. XX r. – XXX v.; LXXX r. – XC v. e CL r. – CLV v.).14 Nesta amostra
encontrei um total de 459 grafias que respeitam a etimologia (31.6%) e 1453 grafias não
etimológicas (68.4%). Das grafias não etimológicas apenas uma pequena parte (1.6%)
corresponde à moderna grafia -ão; -om representa somente 24% das etimológicas. Quer isto
dizer que, de facto, a grafia mais frequente para todas estas terminações,
independentemente da etimologia, é -am. E, note-se, formas como veram ou mam (por
verão < VERANU e mão < MANU, 324) confirmam a conclusão de que -am representa, já, o
ditongo e de que as várias possibilidades gráficas podiam ser usadas, indiferentemente,
pelos poetas. Veja-se, por exemplo, como nos versos pois que nom posso dizer / o que nam
posso calar (580) o advérbio de negação apresenta, numa mesma frase poética, duas
diferentes grafias.
Só em meados do século XVI os gramáticos se preocuparão com a normalização gráfica
destas terminações. Em 1516 a oscilação é ainda a regra mas trata-se de uma oscilação que
é meramente gráfica. Dela podemos inferir que foi precisamente durante a segunda metade
do século XV que a tendência se inverteu, passando a grafia não etimológica a ser a mais
frequente.

–––––––
12
Quanto à 1ª pessoa do singular do mesmo verbo (cujo étimo é SUM e que poderia, também,
convergir no ditongo) ocorrem as formas som (grafia etimológica, com 10 ocorrências) são (14) e
sam (186). Além destas, surge já, também, a forma moderna sou (15 ocorrências). Acrescente-se
uma única ocorrência de soom, na composição 480; não se registam as formas soo ou so nem sejo,
que ocorrem em Gil Vicente (Teyssier 2005: 96).
13
Referência à numeração das composições na edição utilizada (Dias 1990-93).
14
Desta amostra, como da restante análise, excluí, naturalmente, as composições em castelhano.
Do português médio ao clássico: o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

Encontros vocálicos: a sequência -eo, -ea

Uma das características do português antigo é a abundância de hiatos resultantes da


síncope de consoantes intervocálicas. À grafia -eo, -ea correspondia uma realização hiática
que irá resolver-se por ditongação: quando /e/ era tónico antes de vogal átona desenvolveu
uma semivogal palatal, daí resultando um tritongo; quando era átono antes de vogal tónica
semivocalizou-se. A questão que nos interessa aqui é a da datação da inserção do iode.
Fernão de Oliveira, em 1536, propõe uma utilização específica para o grafema y, a de
representar a semivogal palatal, exemplificando-a precisamente com formas como meio,
seio, palavras em que se desenvolveu o iode. 15 A inserção da semivogal estava, pois,
decididamente aceite na língua, de tal forma que um gramático podia propor uma grafia
própria para a glide, exemplificando-a justamente com estes novos tritongos: o processo de
inserção de glide anti-hiática ter-se-á, portanto, desenrolado durante o século XV, se não a
nível da língua escrita, pelo menos na oralidade.
Encontro a presença de representação gráfica deste iode esporadicamente desde o último
quartel do século XIV (p. ex. nos Documentos Históricos da Cidade de Évora ocorre cheio,
em 1376 e nas Actas das Vereações de Loulé regista-se alheio, em 1385). O que todos os
documentos que observei mostram bem é, por outro lado, a dificuldade de penetração desta
inovação na língua escrita já que, em conjunto, registam uns meros 2% de formas com
representação explícita da semivogal; se é de admitir que na primeira metade do século XV
a inserção da semivogal fosse já uma realidade, é um facto que essa realidade não resulta
evidente na análise grafemática, nem dos documentos de tipo notarial nem de textos de
cariz mais literário. Quer isto dizer que ou as formas hiáticas alternavam com as formas
tritongadas, ou se trata, aqui, de um caso de enquistamento de uma grafia que, apesar de
não corresponder à realização oral, criou fortes raízes na tradição escrita. 16 No Cancioneiro
Geral encontro 381 terminações com as grafias -eo, -a, -s, face a apenas 45 com a
semivogal: embora a grafia tradicional continue a ser predominante, as formas com
representação do iode ultrapassam já os 10%. Repare-se que ambas as terminações ocorrem
em rima: meo:descreo:creio (308); veio:cheo (390); meio:receo:veo (800); meo:veio (803).
Os mesmos exemplos permitem ver que um vocábulo pode ocorrer alternadamente com as
duas grafias: é o caso de meo ~ meio, (des)creo ~ creio e veo ~ veio, mas também de cheo ~
cheio, feo ~ feio, etc. No entanto, esta alternância não se apresenta homogénea para todas as
formas: enquanto cheo tem 54 ocorrências frente a apenas 1 de cheio, a 3ª pessoa do
singular do verbo vir surge 44 vezes como veo, em clara concorrência, já, com veio (20
ocorrências). Parece, portanto, que não só a grafia da semivogal ganha terreno neste final
do século XV como essa difusão se verifica de forma mais acentuada em algumas formas.
–––––––
15
Citando Oliveira (cap. XIV): «quando vem hua vogal logo tras outra nos pronuçiamos ãtrellas hua
letra como e meyo. seyo. moyo. joyo. e outras muitas a qual letra a mi me pareçe ser .y. e não . i.
vogal porque ella não faz syllaba por si».
16
Na opinião de Leite de Vasconcellos (1911: 167-8), que refere rimas dos Lusíadas como
alheia:recreia:arreceia a par de fea:area:arrecea, as grafias -eo, -ea justificam-se «umas vezes
pelo respeito da orthographia tradicional portuguesa, outras pelo d’esta combinado com o da
orthographia latina». Note-se que no galego moderno a semivogal anti-hiática é facultativa a nível
da oralidade mas raramente surge no registo escrito (Vazquez Cuesta 1980: 100).
Esperança Cardeira

Síncope de -d- no morfema número-pessoal

Uma mudança morfologicamente condicionada que é, na opinião de Bechara (1991: 70)


«o fenômeno balizador por excelência» entre o período arcaico e o arcaico médio é a
síncope do -d- intervocálico no morfema número-pessoal da flexão verbal.17 Na franja de
separação entre português antigo e médio registam-se esporádicas emergências, nos
documentos escritos, de formas sincopadas, testemunhos prováveis de uma alternância, na
oralidade, entre formas plenas e sincopadas, já na segunda metade do século XIV (Cardeira
2005: 175-9). No conjunto, a documentação observada revela que a inversão da tendência
se verifica na viragem do primeiro para o segundo quartel do século xv, tornando-se as
formas plenas residuais.18
Vejamos o que ocorre no Cancioneiro Geral: presença quase generalizada da síncope.
Excepções são, apenas: fazede (93); gozedes (802) e levade ora levade (589).
A primeira ocorre em composição de Nuno Pereira e justifica-se por necessidade
métrica; a segunda nas trovas de Anrique da Mota a uma «mula muito magra e velha», para
rimar com vedes; o último caso é uma glosa em composição de Nuno Pereira. Em todos
estes textos, note-se, abundam as formas sincopadas. Fica confirmado, portanto, que a
síncope do -d- se tornou regra estável ao longo da segunda metade do século XV.
É de notar que a síncope estava tão generalizada que atinge formas em que o -d-
sobreviverá: o presente ides e o imperativo ide não ocorrem no Cancioneiro Geral
enquanto as formas sincopadas i(s) têm 25 ocorrências.19
Desta nova regra de apagamento do -d- intervocálico decorrem duas outras novas regras:
uma de assimilação /a/  /e/  - /e/ e outra de ditongação /e/  /i/ [-silábico]. Ambas as
regras se aplicam nas terminações de formas proparoxítonas, que se tornam, assim,
paroxítonas, (amavades > amava-es > amave-es > amaveis); as terminações paroxítonas, a

–––––––
17
Em determinados contextos não houve síncope: em caso de travamento nasal da sílaba anterior e
depois de consoante vibrante. Há também algumas formas em que o -d- não sincopou,
provavelmente porque da síncope resultariam monossílabos ou homomorfia com a 2ª pessoa do
singular. Williams (1986: §155.4) apresenta uma lista que não chega a atingir a vintena de formas.
18
A análise revelou diferenças significativas entre tipos textuais: entre 1425 e 1450, enquanto nos
textos literários a frequência de formas plenas é quase nula, os documentos notariais apresentam
quase exclusivamente formas com -d- intervocálico. Os textos notariais, de carácter formalizante,
tendem a cristalizar a língua, opondo-se a documentos literários ou com origem na corte, que
parecem acolher e, porventura, promover a inovação linguística. A difusão da nova variante terá
sido mais ou menos célere conforme os centros produtores de documentos se encontravam mais ou
menos próximos - diatópica ou diastraticamente - do núcleo difusor. Outra particularidade que se
pode observar neste processo de substituição de formas plenas por sincopadas é o facto de as
formas antigas se terem rapidamente tornado um recurso estilístico: quando D. Duarte, no Leal
Conselheiro, cita textos antigos, recorre à conservação do -d- para, presumivelmente, garantir a
autenticidade das citações (Vasconcellos 1906); alguns anos mais tarde as formas plenas
reaparecerão em Gil Vicente para a caracterização das comadres (Teyssier 2005: 227).
19
Encontro estas formas sincopadas, a par das plenas, em Documentos Históricos da Cidade de
Évora (hiis, em 1461) e no Livro dos Conselhos de D. Duarte (his, com 2 ocorrências). Gil
Vicente continuará a usá-las (Teyssier 2005: 216-7, n. 2).
Do português médio ao clássico: o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

que se aplica apenas a regra da ditongação, tornam-se oxítonas (amades > ama-es > amais;
fazedes > faze-es > fazeis).20
A partir de 1420 cresceu gradualmente o número de formas sincopadas sem que se tenha
verificado, na documentação estudada, evolução significativa na representação gráfica das
terminações: a representação da nova semivogal, se ela já existia, fazia-se quase
exclusivamente com o grafema e21, já que entre 1440 e 1450 grafias como i, y ou j ocorrem
em apenas 7.4% das formas. Ora, este é um dos processos em que o Cancioneiro Geral
espelha um patamar de estabilização, uma vez que a representação explícita da semivogal
atinge, aqui, 80.4%.22 Acresce que rimas como habitais:daes:mostraes (102), levaes:mais
(341) ou levais:mortaes (459) mostram bem a presença do ditongo, indicando que a
oscilação -ae(s) (18.3%) / -ai(s) (81.7%) será meramente gráfica.
Em formas do tipo fazedes > faze-es parece ter sido ensaiada uma solução craseada a par
da ditongada.23 No Cancioneiro encontramos a terminação -ei(s) (79.4%) em oscilação com
-e(s) (20%) e -ee(s) (0.6%):24 o ditongo alterna, assim, com a crase. Esta grafia com
duplicação vocálica poderá ser interpretada como ditongo (com o grafema e a representar a
semivogal), como manutenção do hiato ou como crase. Adolfo Coelho (1871: 33) supõe
que no século XV e até no começo do XVI, a constância da ortografia em formas como
louvees, fazees, indica que «a dissimilação dos dois ee não se tinha ainda operado; isto é,
que não se ouvia o ditongo ej mas um duplo ee». Ora, o que a observação das rimas no
Cancioneiro permite verificar é que terminações monotongadas rimam com formas com a
duplicação vocálica (metês:provês:dizêes, 1) e que terminações craseadas rimam com
terminações com iotização do segundo elemento (querês:sabeis, 490).
A multiplicação de rimas deste tipo vem demonstrar que, embora a solução ditongada
fosse maioritária nos finais do século XV, a crase persistia, ainda, nas terminações tónicas e
que o convívio entre as duas soluções não incomodava os poetas do Cancioneiro.

Substituição do singular paroxítono em -vil por -vel

Outro processo que poderemos acompanhar é o da substituição da terminação do


singular -vil por -vel. No português antigo existia alternância entre palavras paroxítonas
terminadas em -vil (< -BĪLE, p. ex. perduravil) e em -vel (< -BĬLE, p. ex. favoravel).
Parece ter-se tratado de uma variação opcional, dependente do estilo textual: o prestígio que

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No presente do indicativo e no imperativo dos verbos da 3ª conjugação não se aplica a regra da
ditongação, mas uma regra de crase; para a análise dessas terminações que não vou, aqui, analisar,
remeto para Cardeira 2005.
21
Note-se que a ocorrência, no mesmo documento, de alternância entre formas como leixaay e
mandaae é forte argumento para aceitar e como grafema que pode representar a semivogal.
22
Eis os valores absolutos: -ai(s) 1012 / -ae(s) 227; -ei(s) 1304 / -(e)e(s) 338.
23
No galego encontramos a solução craseada. Também no português ela foi tentada, apesar de não ter
vingado. De facto, nas formas verbais em que a síncope deixa em contacto duas vogais
articulatoriamente idênticas a crase seria uma solução esperável para o hiato. No Livro dos
Conselhos de D. Duarte registam-se oscilações do tipo deueis ~ deuees ~ deues.
24
As percentagens correspondem aos seguintes valores absolutos: -ei(s) 1304, -ee(s) 328, -e(s) 10.
Esperança Cardeira

a variante em -vel adquiriu devido à sua selecção em textos literários terá determinado o
desaparecimento da antiga variante em -vil, que era a mais frequente no período do
português antigo. A inversão da tendência verifica-se no primeiro quartel do século XV.
Decorrente do singular, o plural destas formas apresenta oscilação em -veis, -ves ou -viis,
-vis. Portanto, também aqui a crase foi uma solução para a terminação hiática, alternando
com a iotização da segunda vogal. O tipo de plural com representação explícita do ditongo
regista-se a partir de 1400, embora esporadicamente. Note-se que desde os começos do
século XIV a prosa notarial apresenta a variação -vis ~ -ves para estes plurais, enquanto nos
textos de carácter literário a variação registada, ainda durante o século XV, ocorre entre -viis
~ -vees. Assim, a alomorfia parece depender do estilo textual: nos documentos notariais a
crase é a solução preferida, enquanto as grafias dos textos literários podem ser interpretadas
como conservação da variante hiática ou já como plurais com semivocalização.
No Cancioneiro já não se regista a antiga variante em -vil e as formas do plural
terminam sempre em -veis, com uma única excepção: horrives (102).25

Substituição dos particípios em -udo por -ido

Das quatro conjugações do latim clássico só três subsistiram em português, já que a


segunda e a terceira se fundiram. A terminação do particípio passado da conjugação
resultante dessa fusão foi, em galego-português, tal como em castelhano e em leonês, -udo.
No português antigo, portanto, os particípios fracos terminavam em -ado, -udo e -ido.
A terminação -udo será substituída pela terminação -ido, após um longo período de
oscilação entre os dois particípios. Esta foi uma alternância admitida pelo português desde
época remota e que se terá mantido como mera variação durante todo o século XIV, sendo a
selecção de -ido acolhida, nos inícios do século XV, pela língua da corte. O prestígio assim
adquirido por esta variante terá conduzido à sua rápida expansão, de tal modo que a meio
do século a variante em -udo surge somente em determinadas fórmulas petrificadas, mais
frequentes em documentos de tipo notarial do que em textos literários, como é o caso do
particípio teudo. A inversão da tendência verifica-se no início do segundo quartel do século
XV seguindo-se um período em que os antigos particípios se tornam residuais.
No Cancioneiro Geral já só encontramos o novo particípio, com, apenas, uma excepção,
que se justifica por necessidade rimática: sofruda (:acuda).
O processo de substituição de -udo por -ido pode, pois, considerar-se completo no
momento da elaboração do Cancioneiro. Mas a possibilidade de recorrer a uma terminação
-udo para facilitar a rima revela-nos que a memória dos antigos particípios ainda persiste.

Desaparecimento das formas átonas dos possessivos

Na análise do sistema de possessivos do português, uma particularidade que merece


relevo é a alternância das chamadas formas tónicas e átonas dos adjectivos possessivos. No
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25
No Livro das Obras de Garcia de Resende também estes plurais registam o ditongo (Verdelho
1994: 665-6 e n.31).
Do português médio ao clássico: o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende

português arcaico desenvolveram-se como proclíticas as formas ma, ta, sa, embora a
distinção entre átonas e tónicas nem sempre fosse observada. O uso de formas absolutas em
função adjectiva começa a registar-se ainda na segunda metade do século XIII: minha, tua e
sua ocorrem já com função de determinante quer em documentos galegos quer em
portugueses a partir de meados desse século. Trata-se, contudo, de ocorrências esporádicas.
Embora a inversão da tendência se verifique na viragem do século do século XIV para o
XV , as formas átonas ainda continuam a ocorrer no segundo quartel do século.
No Cancioneiro já não encontramos a forma átona ma(s) mas continuam a registar-se
ta(s) e sa(s): ta(s) tem 10 ocorrências (12.8%) e tua(s) 68 (87.2%); sa(s) ocorre 69 vezes
(13%) e sua(s) 460 (87%). Pode espantar esta - ainda - elevada percentagem de formas
átonas. Lembremo-nos, contudo, de que lidamos com composições poéticas e que as
necessidades métricas podem favorecer o recurso a estas formas que, apesar de
tendencialmente em desuso, se conservam vivas na memória linguística dos poetas de finais
do século XV.

Conclusões

A análise do Cancioneiro Geral mostrou que:

O processo de convergência das terminações nasais se completou ao longo do último quartel do


século XV;

O singular em -vil de formas nominais paroxítonas desapareceu, substituído por -vel;

A grafia explícita da semivogal em formas em que um hiato se resolveu por ditongação tendia
ao crescimento;

Os antigos particípios em -udo se tornaram residuais, bem como as formas verbais de 2ª pessoa
do plural com -d- e as formas átonas dos possessivos.

Podemos, pois, inferir que na segunda metade do século XV se concluiram e


estabilizaram processos iniciados na primeira metade desse século e que esta fase final do
português médio configura, de facto, um patamar de estabilização, correspondente à franja
de separação entre português médio e clássico. Nos anos seguintes, o desenvolvimento da
literatura, da imprensa e do pensamento metalinguístico traduzir-se-ão na elaboração e
estandardização da língua. Se as convulsões histórico-sociais de finais do século XIV se
materializaram em uma fase crítica para a evolução da língua portuguesa (o período do
português médio), é esperável que a uma época de marcantes mudanças económicas,
sociais e culturais (os Descobrimentos, o Humanismo português, o intercâmbio cultural
com Castela) correspondam, também, grandes mudanças linguísticas.
Esperança Cardeira

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