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CURSO DE DIREITO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


Prof. Marcílio Florêncio Mota
profmarciliomota@hotmail.com

Tema: O AGRAVO DE INSTRUMENTO, O AGRAVO INTERNO E O AGRAVO


REGIMENTAL NO PROCESSO DO TRABALHO

1. O AGRAVO DE INSTRUMENTO

1.1. Referências: art. 897, alínea “b” e §§ 2º, 5º, 6º e 7º do mesmo artigo da
CLT;

1.2. Definição:
É o recurso que no sistema do processo do trabalho serve para destrancar um
recurso cujo seguimento foi negado na instância que proferiu a decisão atacada.
Como sabemos, as decisões interlocutórias no processo do trabalho não são
recorríveis de imediato - § 1º do art. 893 da CLT. Assim, o Agravo de Instrumento do
processo do trabalho não guarda qualquer semelhança com o AI do processo civil no
que respeita ao cabimento.
No processo do trabalho, o AI só tem cabimento para atacar decisão que nega
seguimento na origem ao recurso interposto pela parte, ainda assim observando-se a
regra do art. 897-A da CLT quanto à possibilidade da reforma desse tipo de decisão
pelo próprio órgão que negou seguimento ao recurso por meio de Embargos de
Declaração.

1.3. Prazo e efeito:


O prazo para a interposição do recurso é de oito dias, conforme o caput do art.
897. O efeito do recurso é meramente devolutivo, ou seja, não impede a exigência
imediata e provisória da decisão impugnada.

1.4. Requisitos específicos:


a) Local de apresentação: Ele é apresentado no juízo que trancou o recurso,
inclusive quando a negativa de seguimento for de Recurso Ordinário. No processo
civil, quando a decisão atacada é de juiz singular, ele é apresentado diretamente ao
Tribunal, o que não se aplica no processo do trabalho;
b) Formação do instrumento: Como o AI não tem efeito suspensivo, o
agravante deve formar autos nos quais tramitará o recurso. Ele deverá juntar à peça
de AI a cópia do recurso interposto e cujo seguimento foi negado e mais os
documentos referidos nos incisos do § 5º do art. 897. O advogado pode declarar a
autenticidade das cópias que juntar ao AI. A cópia do recurso trancado será
imprescindível porque o provimento do AI será com imediato conhecimento do recurso
trancado. A possibilidade de julgamento do recurso trancado nos remete a que o
agravado deve ser intimado para falar sobre o AI e sobre o recurso trancado, caso ele
ainda não tenha tido a oportunidade para tal. É muito comum, o que é lamentável, o
não conhecimento do recurso por defeito de formação. O Substitutivo
ao Projeto de CPC que tramita na Câmara prevê prazo para a correção de defeito no
AI, o que entendemos seja incompatível com o processo do trabalho.

1.5. Competência:
O julgamento do AI é pelo órgão que conheceria o recurso cujo seguimento foi
negado. O juízo que efetuou a admissibilidade negativa não pode negar seguimento
ao AI em hipótese alguma.

1.6. Juízo de retratação:


O AI comporta o juízo de retratação por parte do órgão que negou seguimento
ao Recurso. O juiz da admissibilidade pode reconhecer que errou ao efetuar a análise
dos pressupostos e determinar que o recurso negado seja processado nos autos em
que ele foi apresentado.

1.7. Preparo:
Tendo em vista a Lei n. 12.275/2010, o AI passou a exigir o depósito recursal,
restrito à metade do valor previsto para o recurso principal que tenha sido negado. A
medida foi prevista com o fito de desencorajar o uso do AI pela parte que sabe que o
seu recurso não será provido pelo órgão recursal. O preparo desse teor será exigido
das pessoas das quais se exige o preparo do recurso principal e no limite da
condenação. A completa garantia da condenação por depósito anterior ou penhora
torna desnecessário o preparo. O TST editou a Resolução 168 sobre o tema.

1.8. Processamento do AI:


a) Ele é recebido pelo órgão que proferiu a decisão agravada e que determina,
depois do juízo de retratação, caso não volte atrás na decisão de negativa de
seguimento, que o agravado fale sobre o AI e sobre o recurso cujo seguimento foi
negado;
b) Após a manifestação do agravado os autos seguem para o órgão de
conhecimento do AI, onde o recurso é distribuído para um Relator;
c) O AI não tem revisor;
d) O AI ingressa em “extrapauta”, ou seja, não há publicação no DO da
inclusão do AI em pauta.

2. O AGRAVO INTERNO

2.1. Definição
É o Agravo previsto na legislação processual, com o prazo de cinco dias, para
atacar decisão proferida por juiz de Tribunal – Parágrafo único do art. 120, 532, 545 e
§ 1º do art. 557, todos do CPC. Parágrafo único do art. 9º da Lei n. 5.584/70.

2.2. Cabimento
Nas hipóteses previstas em lei. No caso do Parágrafo único do art. 9º da Lei n.
5.584/70, o recursio é para o enfrentamento da decisão do relator que nega
seguimento a Recurso de Revista, Recurso de Embargos e Agravo de Instrumento,
todos os atos de Ministro do TST.
2.3. Prazo e efeito
O prazo para a interposição do recurso é de oito dias, conforme a Instrução
Normativa n. 17/2000 do TST com a redação dada pela Resolução Normativa n.
131/2005. O TST considerou que o recurso em questão deveria assumir o prazo para
os recursos previstos na ordem trabalhista. O efeito do recurso é meramente
devolutivo, ou seja, não impede a exigência imediata e provisória da decisão
impugnada.

2.4. Objetivo
O agravo interno objetiva conduzir um recurso ao órgão natural de julgamento
no tribunal. A legislação processual reconhece aos relatores dos recursos o poder
para negar seguimento a recurso ou mesmo para decidi-lo em seu mérito. Nesses
casos, o julgamento do recurso que teria no órgão colegiado o seu “juízo natural” é
substituído pelo julgamento do relator. Assim, interpretando a parte que foi
prejudicada pela decisão do relator, apresenta o agravo interno para levar a questão
ao órgão colegiado de julgamento do recurso. Ao colegiado cumprirá analisar se a
decisão do relator foi correta e, caso reforme a decisão, passará a analisar o recurso
apresentado.

3. O AGRAVO REGIMENTAL

3.1. Definição
Poderíamos definir o Agravo Regimental como sendo o recurso previsto nos
Regimentos dos Tribunais para atacar decisão de juiz monocrático (Relator) em ação
da competência originária do Tribunal. No processo do trabalho, contudo, temos
previsões legais do Agravo Regimental, conforme observamos do § 1º do art. 709 da
CLT, que impedem essa definição que encontramos para o AR do processo comum.

3.2. Cabimento: §1º do art. 709 da CLT; art. 2º, II, d e art. 3º, III da Lei n.
7.701/88. Nas demais hipóteses previstas nos Regimentos.

3.3. Prazo: Conforme a previsão do Regimento, mas de cinco dias


normalmente.

Prof. Marcílio Florêncio Mota

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