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I CONGRESSO
NACIONAL DO MPA
“Aliança Camponesa e Operária por Soberania Alimentar”
(Mocinha - PI)
“As Mulheres no MPA”
Rosiele Cristiane Ludtke - Camponesa no RS, Tecnóloga em Agropecuária,
Militante do MPA, membro do Coletivo Nacional de Gênero.
Maria José da Costa - Camponesa no PI, Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento
Territorial da América Latina e Caribe, Militante do MPA, membro do Coletivo Nacional de Gênero.
Saraí Fátima Brixner - Camponesa no RS, Pedagoga, Militante do MPA, membro
do Instituto Cultural Padre Josimo e Produtora do Programa Vida no Sul.
Roseli Maria de Souza - Camponesa no ES, Militante do MPA, membro do Coletivo
Nacional de Comunicação, cursando Serviço Social na UFRJ.
Leila Denise Meurer - Camponesa em RO, Militante do MPA, membro do Coletivo Nacional de Gênero.
Letícia Chimini - Assistente Social, Mestre em Desenvolvimento Regional, técnica e militante
do MPA desde 2006. Integra a coordenação do Coletivo de Mulheres do MPA/RS.
PRONAF / créditos * Financiar a produção das famílias * Recuperar a estrutura de produção – * burocracia dos bancos;
(1997) camponesas. sistemas camponeses de produção; * falta de documentação das terras;
* Ampliar a produção * transporte para as feiras; * falta de informação;
* Permitir as famílias fazerem * agroindústrias; * picaretas-consultorias orientando
investimentos * etc... créditos errados.
* governo faz as regras e os bancos
operacionalizam – as regras e
condições tem melhorado em função
das lutas.
PRONAF Mulher O Pronaf Mulher é uma linha de crédito As possibilidades são de melhorar a O pronaf Mulher teve e tem muitos
(2003-2004) especico para as mulheres voltados renda das camponesas. limites na implementação como: falta
para atividades agrícolas e não de documentação pessoal e da
agrícolas. propriedade da terra, falta de
autonomia das mulheres no âmbito da
gestão e comercialização dos produtos,
DAPs é familiar mais a maioria não
incluía o nome das mulheres como
titulares, etc
Habitação Rural * recursos não retornáveis para * construir casas para as famílias * recursos insucientes para fazer um
(2002 – projeto construção de casas para as famílias viverem dignamente no campo; programa massivo;
piloto RS) camponesas; * discutir a casa e seu entorno; * excesso de burocracia;
* entidades interessadas em ganhar
dinheiro com o programa fazendo
casas de qualquer jeito;
PAA (2003) O Programa de Aquisição de Alimentos * A famílias camponesa tem comércio * burocracias trazem diculdades;
tem duas modalidades: garantido sabendo por quanto vai * Legislação sanitária é um empecilho
* Compra Direta com Doação vender e para quem entregar sendo um para muitos dos produtos;
Simultânea: entidade apresenta grande incentivo a diversicação; * a CONAB tem diculdade de gente
projeto, CONAB compra os alimentos, e * Melhoria de renda das famílias para atender as demandas;
a entidade entrega diretamente aos camponesas; * entidades sem compromisso fazendo
beneciários (creches, asilos, famílias * colocar alimentos de qualidade na PAA para beneciar políticos ou
carentes, etc); mesa de quem precisa; pessoas individualmente e
* Formação de Estoque: entidade * resgatar na sociedade a valorização politicamente;
apresenta projeto, CONAB compra os da agricultura camponesa; OBS: Os 40% de propostas em nome das
alimentos e faz estoques; 2013 foi aprovado de 40% das propostas mulheres tiveram muitos limites em
serem em nomes das mulheres. função das documentações (terra,
DAP, etc).
Educação do * há na legislação uma série de direitos * ter uma pedagogia própria e * desconhecimento da lei;
Campo-LDB e garantias para a educação do apropriada à realidade camponesa; * valorização extrema da cidade e
campo, porém os governos sempre se * ter uma educação que valorize a vida negação do campo;
negam a colocar em prática essas leis. camponesa, e que crie condições de * falta de professores com capacidade
* a lei garante a manutenção de todas melhorar a vida no campo; de fazer uma pedagogia diferenciada;
as escolas do campo, a inclusão de * ter acesso a todos os níveis de estudo Muitas escolas no campo já foram
temas de interesse das famílias no para o conjunto do campesinato; fechadas e a reabertura é um desao.
estudo das crianças, mudanças no
calendário escolar, etc.
Previdência A previdência social para os * é uma segurança para as famílias * o INSS não tem estrutura e pessoal
(1988) camponeses “Segurado especial” camponesas quanto ao futuro, ou em para atender a demanda da
Saúde (auxílio maternidade, auxilio doença, condições adversas; população;
aposentadoria, pensão, etc) – é uma * garante renda para as pessoas que * as famílias tem problemas com
conquista muito importante para a não estão em condições de trabalhar; documentação que comprove a
população camponesa, e há muitos É um direito conquistado. atividade rural;
interessados em acabar com o * existem combinados em postos do
segurado especial; INSS com advogados e sindicatos para
extorquir dinheiro dos camponeses;
Para as Mulheres, principalmente, as
reformas da previdência é um
retrocesso aos direitos já garantidos em
lei, onde está para acabar a condição
de segurada especial, burocracia
excessiva, corte de recursos - o que leva
a negação pelos peritos dos auxílios
doenças, aumento da idade para
aposentadoria, etc.
SUS como direito * através da luta das organizações os * ter em todas as comunidades postos * falta de recursos;
universal-1988 medicamentos naturais (toterápicos) de atendimento à saúde, com * recursos de saúde investidos muito no
foram incluídos no SUS, ou seja, foram prossionais que conheçam a pliquem a tratamento e pouco na prevenção;
reconhecidos. saúde alternativa; * muito investimento em ambulâncias e
* o SUS se implantado e garantido seu * Valorizar, respeitar e utilizar os transporte e pouco em atendimento;
funcionamento é um excelente sistema; conhecimentos populares no * formação de médicos controlada
tratamento da saúde; pelos interesses do mercado;
* romper com o modelo químico de * preconceito contra a saúde
tratamento; alternativa.
Podemos assim dizer que, o Estado Capitalista tem as suas estratégias com as Políticas
Sociais-Políticas Públicas que é Manter a Sociedade Capitalista, nós nas organizações
temos as nas nossas estratégias que são outras que é Transformar a Sociedade, e as políticas
públicas tem função importantíssima na melhoria da vida dos trabalhadores e
trabalhadoras, das camponesas em geral. Por isso, é necessário estudar e entender bem
cada ação nossa, para não cairmos nos objetivos deles. Importante ressaltar que o capital e
o Estado tenta amaciar a luta com políticas públicas, mais em última instancia se necessário
eles tem a força, a repressão para garantir seus interesses.
*Camponesas e invisíveis*
Nos países do Sul, as mulheres são as principais produtoras de comida, as
encarregadas de trabalhar a terra, manter as sementes, coletar os frutos, conseguir água,
cuidar do gado... Entre 60 e 80% da produção de alimentos nestes países recai sobre as
mulheres, sendo uns 50% em nível mundial (FAO, 1996). Elas são as principais produtoras de
cultivos básicos como o arroz, o trigo e o milho, que alimentam as populações mais
empobrecidas do Sul global. Entretanto, apesar de seu papel chave na agricultura e na
alimentação, elas são, juntamente com os meninos e meninas, as mais afetadas pela fome.
As mulheres camponesas se responsabilizaram, durante séculos, das tarefas
domésticas, do cuidado com as pessoas, da alimentação de suas famílias, do cultivo para o
autoconsumo e das trocas e comercialização de alguns excedentes de suas hortas,
encarregando-se do trabalho reprodutivo, produtivo e comunitário, e ocupando uma
esfera privada e invisível. Por outro lado, as principais transações econômicas agrícolas
estiveram, tradicionalmente, nas mãos dos homens, nas feiras, com a compra e venda de
animais, a comercialização de grandes quantidades de cereais... ocupando a esfera
pública camponesa.
Esta divisão de papéis, atribui às mulheres o cuidado da casa, da saúde, da
educação de suas famílias e outorga aos homens o manejo "técnico" da terra e dos
maquinários, e mantém intactos os papéis designados como masculinos e femininos, e que
durante séculos, e ainda hoje, perduram em nossas sociedades (Oceransky Losana, 2006).
Os dados falam por si só. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO) (1996), em muitos países da África as mulheres
representam 70% da mão de obra no campo; se encarregam pelo suprimento de água; são
responsáveis por 60-80% da produção dos alimentos para o consumo familiar e para venda;
e realizam 100% do processamento dos alimentos, 80% das atividades de armazenamento e
transporte da comida e 90% das atividades de preparação da terra. Estas cifras expõem a
relevância do papel crucial que as mulheres africanas tem na produção agrícola em
pequena escala e na manutenção e subsistência familiar.
No entanto, em muitas regiões do Sul global, na América Latina, África subsaariana e
sul da Ásia, existe uma "feminização" do trabalho agrícola assalariado, especialmente em
setores orientados para a exportação não tradicional (Fraser, 2009). Entre 1994 e 2000,
segundo White e Leavy (2003), as mulheres ocuparam 83% dos novos postos de trabalho no
setor da exportação agrícola não tradicional. Assim, muitas mulheres conseguiram
pela primeira vez um posto de trabalho remunerado, com ganhos econômicos que lhes
permitiram um maior poder de tomada de decisões e a possibilidade de participarem em
organizações fora do âmbito familiar (Fraser, 2009).
Entretanto esta dinâmica vem acompanhada de uma divisão marcada de
gêneronos postos de trabalho: nas plantações as mulheres realizam as tarefas não
qualicadas, como a seleção e a embalagem, enquanto os homens realizam acolheita e a
plantação.
Esta incorporação da mulher no âmbito do trabalho remunerado implica em carga
de trabalho dobrada para as mulheres, que continuam cuidando de seus familiares ao
mesmo tempo que trabalham para obter recursos nanceiros, na maioria das vezes em
empregos precários. Elas contam com condições de trabalho piores que de seus
companheiros, recebendo remuneração inferior pelas mesmas tarefas e tendo que
trabalhar mais tempo para receber os mesmos salários. Na Índia, por exemplo, o salário
médio das mulheres para o trabalho temporário na agricultura é 30% inferior ao dos homens
(Banco Mundial, 2007). No Estado espanhol as mulheres cobram 30% a menos, e esta
diferença pode chegar a 40% (Oceransky Losana, 2006).
*A Via Campesina*
A Via Campesina é o principal movimento internacional de pequenos agricultores e
promotor do direito dos povos à soberania alimentar. A Via foi constituída em 1993, na
aurora do movimento antiglobalização, e progressivamente se converteu em uma das
organizações de referência na crítica da globalização neoliberal. Sua ascensão é a
expressão da resistência camponesa ao colapso do mundo rural, provocado pelas políticas
neoliberais e a intensicação das mesmas com a criação da Organização Mundial para o
Comércio (Antenas e Vivas, 2009a).
Desde a sua criação, a Via Campesina congurou uma identidade "camponesa"
politizada, ligada à terra, à produção dos alimentos e à defesa da soberania alimentar,
construída em oposição ao modelo atual do agronegócio (Desmarais, 2007). A Via encarna
um novo tipo de "internacionalismo camponês" (Bello, 2009), que podemos conceituar
como o "componente camponês" do novo internacionalismo das resistências representado
pelo movimento antiglobalização (Antenas e Vivas, 2009b).
No ano de 1996, coincidindo com a Cúpula Mundial sobre a Alimentação da FAO,
em Roma, a Via levantou a proposta da soberania alimentar como uma alternativa política
a um sistema agrícola e alimentar profundamente injusto e depredador. Esta demanda não
implica em um retorno romântico ao passado, mas se trata de recuperar o conhecimento e
as práticas tradicionais e combiná-las com as novas tecnologias e novos saberes
(Desmarais, 2007). Nem deve consistir, como assinala McMichael (2006), em um enfoque
localista ou uma "misticação do pequeno", mas sim em repensar o sistema alimentar
mundial para favorecer formas democráticas de produção e distribuição de alimentos.
*Tecendo alianças*
No que diz respeito às alianças, a Via Campesina estabeleceu colaboração com
várias organizações e movimentos sociais em nível internacional, regional e nacional. Uma
das mais signicativas tem sido o trabalho conjunto, em cada um destes níveis, com a
Marcha Mundial das Mulheres, uma das principais redes globais feministas com quem
convocaram ações conjuntas, encontros e se tem colaborado em atividades e
conferências internacionais, juntamente com outros movimentos sociais, como por
exemplo o Fórum Internacional pela Soberania Alimentar, que aconteceu em Mali, em
2007, entre outros.
O encontro entre as redes se deu, inicialmente, na estruturação do movimento
antiglobalização, ao coincidir com contra cúpulas internacionais, assim como nas
atividades do Fórum Social Mundial, e serem ambas, juntamente com outras redes,
promotoras da Assembleia de Movimentos Sociais do Fórum Social Mundial. Desta
maneira,a incorporação de uma perspectiva feminista no seio da Via e do trabalho
camponês, e a favor da soberania alimentar gerou mais pontes de encontro que se
intensicaram ao passar do tempo.
Assim cou claro no Fórum pela Soberania Alimentar celebrado no início de 2007 em
Sélingué, um pequeno povoado rural do sudeste de Mali. Um encontro convocado pelos
principais movimentos sociais de escala internacional como a Via Campesina, a Marcha
Mundial das Mulheres, o Fórum Mundial dos Povos Pescadores, entre outros, e que permitiu
avançar na denição de estratégias conjuntas entre um amplo leque de movimentos
sociais (camponeses, pescadores, pastores, consumidores...) a favor da soberania
alimentar.
As mulheres tiveram um papel central neste encontro, como dinamizadoras,
organizadoras e participantes. Elas armaram o mito de Nyéléni, uma mulher camponesa
malinense que lutou para rmar-se como mulher em um entorno desfavorável. De fato, o
Fórum pela Soberania Alimentar recebeu o nome de Nyéléni em homenagem a esta lenda.
Delegadas de países da África, América, Europa, Ásia e Oceania, integrantes de diferentes
setores e movimentos sociais, participaram do encontro e indicaram o sistema capitalista e
patriarcal como responsável pelas violações dos direitos das mulheres, rearmando seu
compromisso em transformá-lo.
A Marcha Mundial das Mulheres, fruto deste trabalho e colaboração, assumiu a
demanda da soberania alimentar como um direito inalienável dos povos, e em especial,
das mulheres. Miriam Nobre, coordenadora do secretariado internacional da Marcha,
participou em outubro de 2006 do Congresso Mundial das Mulheres da Via Campesina com
uma intervenção sobre o movimento feminista global. E o 7º Encontro Internacional da
Marcha Mundial das Mulheres em Vigo, Espanha, em outubro de 2008, contou com a
organização de um fórum e uma feira pela soberania alimentar, mostrando a capacidade
de vincular a luta feminista com a luta das mulheres camponesas.
Esta colaboração se observa também a partir da dupla militância de algumas
mulheres que são membros ativos da Marcha Mundial das Mulheres, e que formam parte
das organizações da Via Campesina. Estas experiências permitem estreitar os vínculos e
colaborações entre ambas redes e fortaleces a luta feminista como camponesa, visto que
ambas se inserem em um combate mais amplo contra o capitalismo e o patriarcado.
*Como conclusão*
Ao longo das últimas décadas o sistema agrícola e alimentar global tem
demonstrado sua total incapacidade para garantir a segurança alimentar das
comunidades, visto que atualmente mais de um bilhão de pessoas no mundo passam fome,
ao mesmo tempo que demonstrou seu forte impacto no meio ambiente como um modelo
agroindustrial quilométrico, intensivo, gerador de mudanças climáticas, que acaba com a
agrobiodiversidade, etc. Este sistema se revelou especialmente agressivo com as mulheres.
Apesar delas produzirem entre 60 e 80% dos alimentos nos países do Sul global, e uns 50% em
todo o mundo, são elas que mais padecem com a fome.
Avanças na construção de alternativas ao modelo agrícola e alimentar atual implica
em incorporar uma perspectiva de gênero. A alternativa da soberania alimentar ao modelo
agroindustrial dominante deve ter um posicionamento feminista de ruptura com a lógica
patriarcal e capitalista.
A Via Campesina, o principal movimento internacional a favor da soberania
alimentar, tem isso muito claro. Trata-se de avançar nesta direção e criar alianças com
outros movimentos sociais, em especial com organizações e redes feministas, como a
Marcha Mundial das Mulheres. Promover redes e solidariedade entre as mulheres do Norte e
Sul, urbanas e rurais, e destas com seus companheiros para, como diz a Via: "Globalizar a
luta. Globalizar a esperança".
*Bibliografía*
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Asamblea Internacional de Mujeres Campesinas en:
http://movimientos.org/cloc/show_text.php3?key=2903
EHNE y La Vía Campesina (2009) La Vía Campesina. Las luchas del campesinado
en e mundo: http://viacampesina.net/downloads/PDF/viacas.pdf
Ezquerra, S. (2010) “La crisis de los cuidados: orígenes, falsas soluciones
y posibles oportunidades” en Viento Sur, nº 108, pp. 37-43.
3/Segundo o índice de preços dos alimentos da FAO, entre 2005 e 2006, houve
um aumento de 12%; no ano seguinte, 2007, um crescimento de 24%; e entre
janeiro e julho de 2008, uma elevação de cerca de 50%. Os cereais e outros
alimentos básicos foram os que sofreram os aumentos mais importantes
(Vivas, 2009).
Desde que o MPA assumiu o campesinato como identidade política e como sujeito
histórico e o Plano Camponês como projeto político desse sujeito histórico, percebe que
seria necessário revelar o que há por trás das cortinas da vida familiar camponesa, ou seja,
quem são seus membros e que relações estavam sedimentadas nessa família, portanto
enxergar a mulher, a juventude e as crianças nesse universo impôs um grande desao para
o mesmo, veio também à certeza de que “sem a mulher a luta vai pela metade” e “a argila
fundamental de nossa obra é a juventude”.
Quando parte do campesinato do Piauí assume o MPA em 2001, Já imprime no
mesmo uma cara bem feminina e jovem.
As mulheres camponesas estão sempre pensando na família, na comunidade e na
sociedade. Todas as lutas históricas realizadas pelas mulheres trazem uma pauta de
benefício coletivo: saúde, educação, previdência, alimentos sem veneno, não
fechamento das escolas do campo, etc. É o viver bem que motiva as lutas das mulheres, por
isso as principais ameaças a esse sonho passa a ser encarado como enfrentamento
necessário na luta política. Talvez por isso, as mulheres camponesas abracem mais forte as
campanhas contra a violência, contra o uso de agrotóxicos, contra o fechamento de
escolas e tantas outras.
Contra o capital
Contra o machismo
Considerando que até aqui a história mostra que as mulheres são responsáveis por
metade da produção do planeta, chegando em algumas regiões a 80% é imoral a
invisibilidade de tamanha participação. Sem contar a violência representada na
dependência econômica e nanceira das mulheres em relação aos maridos e
companheiros, mesmo em situações em que o seu trabalho assegura o sustento cotidiano
da família.
Considerando que quando esse trabalho é tido como ajuda ou quando a
monetarização do resultado é apropriada pelo marido/companheiro passa a vigorar uma
violência econômica e essa violência é sustentada pela lógica do patriarcado, que
segundo Machado (2010), é o sistema sustentado na gura do patriarca e estruturalmente
as mulheres ocupam posições subalternas, estando sujeitas aos mais variados modos de
dominação pelos homens.
É muito expressiva para as mulheres camponesas a independência econômica, pois
embora várias camponesas exerçam uma liderança política na comunidade ou em
organizações populares e isso lhe assegure um grau de poder na esfera familiar pelo
conhecimento adquirido nos espaços políticos e coletivos, o fato de não ter acesso a
recursos nanceiros oriundos da produção familiar, as deixa vulneráveis.
Por isso ressaltamos a necessidade de políticas públicas que visibilize a participação
das mulheres na organização da produção camponesa.
Foi com essa capacidade de tirar leite de pedra que as camponesas no Piauí
aproximaram campo e cidade. Os colégios, as igrejas e as praças se transformaram em
espaços de distribuição de alimentos saudáveis. O encontro das mãos que plantam e
colhem abraçando as mãos que recebem em um gesto de solidariedade.
Em 2012 foram 9
projetos para a modalidade
doação simultânea,
beneciando mais de 100
famílias camponesas sendo
62% mulheres (em 2010 93%
da participação nos
Figura 05 – Entrega de alimentos diretamente ás famílias de Francisco Santos – Piauí na igreja de São Francisco de Assis.
contratos eram mulheres e
2011 foram 62%). Essa produção chegou às mãos de mais de sete mil pessoas em 8
municípios. Eram 21 produtos (bolos, doces, polpas, biscoitos, frutas). Em 2014 serão 18
projetos que beneciarão mais de 200 famílias, chegando as mãos de mais de treze mil
pessoas em 14 municípios. Em 2011 e 2012 quando a seca foi mais severa, várias famílias
camponesas recebiam até R$ 400,00 mensais apenas do PAA, por isso a primeira motivação
era a melhoria da condição da família, a renda, a autonomia.
Segundo as camponesas, foi na manutenção da família, na melhoria das condições
de vida, alimentação e moradia que as mulheres zeram os primeiros investimentos, porém
sob a decisão das mulheres.
O sentimento da autonomia, do poder de decisão sobre o fruto do seu trabalho é
evidente. Todas as mulheres entrevistadas acreditam que só conseguiram acessar o PAA
pela luta política do MPA.
Em 2010 foram 26 municípios atendidos com o programa no Piauí na modalidade
doação simultânea, isso signica 21% dos municípios atendidos, em 2011 foram 47% dos
municípios do estado e em 2012 foram 62% dos municípios participando do PAA na
modalidade doação simultânea. Há uma tendência de que a presença do PAA esteja
diretamente relacionada a existência de um tecido social organizado. O que deveria
sugerir ao estado uma necessidade de apoio institucional para operacionalidade do
programa. As entrevistas realizadas apontaram necessidades de melhorias no programa.
Das entrevistas realizadas 40% se referiram à burocracia como impedimento de
avanço, 70% apontaram a necessidade de investimento em local adequado, já que as
cozinhas das casas são pequenas pra continuar fazendo os produtos. 80% das famílias
entrevistadas disseram ser necessário o investimento em equipamentos, como fornos,
utensílios, fogão, batedeiras, liquidicadores industriais, empacotadeiras, seladoras, etc.,
todas motivadas pela necessidade de fazer melhor e com menos penosidade o trabalho,
além de terem um produto mais apresentável para quem vai receber. Muitas famílias criam
e adéquam tecnologias pra ir sanando as diculdades. A família da dona Angelita foi
pioneira em fazer forno à lenha com casco de geladeira que possibilitou fazer uma maior
quantidade de sequilhos e bolos de uma única vez. Essa tecnologia foi se espalhando por
outras comunidades e municípios, cada um adequando a sua necessidade e ao tamanho
do seu grupo.
É pelas mãos das mulheres que o PAA é um território quase livre de agrotóxicos, por
isso ele não avança sem a sensibilidade das camponesas. Elas se posicionam primeiro
contra os venenos, mesmo que isso seja intuitivo algumas vezes. Mas as camponesas que
hoje fazem parte de organizações, movimentos populares tem condenado por opção
humana, política e feminina os transgênicos, os agrotóxicos, os desertos verdes, a violência
contra as mulheres, e todas as ações do agronegócio, que tem seu efeito primeiro, sentido
pelas próprias mulheres.
Bibliograa Consultada:
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anos de Aquisição de Alimentos..Brasília – DF. MDS: Secretaria Nacional de Segurança
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NEVES, Delma Pessanha, MEDEIROS, Leonilde Sérvolo de. (Org). Mulheres
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VIA CAMPESINA, As camponesas e os camponeses da Via Campesina dizem: Basta
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Vivas, Esther. Soberania alimentar, uma perspectiva feminista. Disponível em
<http://esthervivas.com/portugues/soberania-alimentar-uma-perspectiva-feminista/ >,
acessado em 9 de março de 2013.
Soberania
Alimentar,
Soberania
Genética e
Agroecologia
Soberania Alimentar
Valter Israel da Silva
Movimento dos Pequenos Agricultores
"É o direito dos povos a denir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de
produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação a
toda a população, com base na pequena e média produção, respeitando suas próprias
culturas e a diversidade dos modos camponeses de produção, de comercialização e de
gestão, nos quais, a mulher desempenha um papel fundamental."
Via Campesina Internacional
3) CULTURA CAMPONESA:
3.1) - Conhecimentos e tecnologias – As famílias camponesas trazem um
grande acumulo de conhecimentos e tecnologias de produção, colheita, secagem,
armazenagem, inuência da lua, etc. Estes conhecimentos e tecnologias que fazem parte
da cultura camponesa, devem ser respeitados pelas políticas publicas de Soberania
Alimentar.
3.2) - Métodos de Secagem e Armazenagem – As famílias camponesas
observam as fases da lua para fazer a colheita, secam ao sol, de forma barata e
descentralizada, armazenam em tonéis, embalagens pet, tuias, caixões, etc, utilizando
cinza, pimenta, entre outros métodos de controle de pragas.
3.3) - Agro indústrias camponesas (familiares e/ou cooperativadas) – É de
fundamental importância a agregação de valor a produção camponesa, por isso algum
processo de transformação deve ser feito ainda na propriedade ou de forma
cooperativada. Temos visto uma legislação que diculta e na maioria dos casos até impede
esta industrialização caseira. Esta legislação muitas vezes é imposta pelas grandes
empresas e isto é feito em nome da “saúde pública”.
Crise alimentar.
Crise energética.
Crise ambiental.
2 – Por que devemos ter princípios para orientar nosso trabalho com sementes?
Ambiental, ecológica:
Supera a dicotomia entre agricultura e preservação do meio ambiente, as áreas de
preservação e produção têm diferenças mínimas, são sistemas de produção de baixo
impacto ambiental, que não utilizam produtos químicos, que preservam ao máximo os
ecossistemas naturais.
Social:
Gera equilíbrio social e qualidade de vida, produz alimentos saudáveis fazendo valer
verdade a frase que assim diz: “que seu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu
alimento”, capaz de gerar uma relação direta entre campo e cidade, valorizando as
famílias camponesas e a vida no campo recuperando assim a autoestima. Sistema de
produção capaz de envolver a todos e todas e superar as relações desiguais de gênero e
geração;
Dimensão econômica:
Sistema de produção que contempla a lógica econômica camponesa, ou seja, é um
sistema de produção em que a circulação se dá de forma simples, não há geração de
acúmulo no sentido capitalista, o gasto com insumos é muito pequeno necessitando
poucos investimento, a produção é diversicada e não especializada, produzida para o
¹ Conforme Guterres, todo agroecossistema é uma construção social, produto da coevolução dos seres humanos com a natureza... os
seres humanos ao articializar os ecossistemas para obter alimentos, domesticando plantas e animais, quebram as secessões e os
mecanismos de auto-regulação ecossistêmica, passando assim a depender do homem para se manter, regular-se e renovar-se.
abastecimento à partir do local e a renda gerada é utilizada para garantir a reprodução
familiar.
A produção agroecológica não é nicho de mercado, pressupõe um novo modelo de
relações econômicas, uma nova forma de se relacionar a comunidade humana.
Política:
Agroecologia antes de tudo é um ato político, não romântico. É político pois na sua
concepção e na sua ação prática é radicalmente diferente da lógica do agronegócio,
inevitavelmente faz o enfrentamento com o agronegócio, prova que outra forma de
produção, circulação e consumo é possível, e que outra sociedade é necessária.
Cultural:
Modelo de produção que é ligado à terra, que não enxerga a terra como base física
da produção, é um cuidar da terra no presente olhando para o futuro é cultivar. Há que se
conhecer e respeitar os ciclos da terra e da lua, agricultura é muito mais amplo que produzir,
é viver com a terra é viver para a terra. Se soubermos colaborar com a terra ela nos dará o
que precisamos.
Assim é uma forma de produção que se relaciona diretamente com a identidade
camponesa, fortalece as relações comunitárias, resgata a diversidade alimentar, os
conhecimentos, a culinária tradicional daquela dada cultura. Implica em um modo de
viver.
Agroecologia e campesinato:
Guterres 2006, assim nos diz:
“Eduardo Servilla Guzmán “se atreveria” a denir o campesinato
como uma forma de manejar os recursos naturais que permite a
reprodução do homem e a natureza (que são um todo), conservando a
biodiversidade ecológica e sociocultural.
A agroecologia é uma forma de entender e atuar para
campesinar a agricultura, a pecuária, o orestamento e o
agroextrativismo, a partir de uma consciência intergeneracional (não
exploração de crianças e velhos), de classe (não exploração do capital
ao trabalho), de espécie (não exploração dos recursos naturais), de
gênero (não exploração do homem à mulher), de identidade (não
exploração entre etnicidades).
Transição Agroecológica:
A construção da agroecologia deve ser feito num processo de transição, que terá
diferentes tempos dependendo de cada unidade camponesa de produção. A defesa de
uma ruptura, uma mudança radical em geral não é feita por quem conhece o dia-a-dia do
trabalho no campo, uma ruptura tem impactos que somente com uma política pública
dando suporte seja viável fazer.
De acordo com o nível de intensicação a transição para a agroecologia poderá ser
mais rápida ou mais demorada, mas é importante ter presente que a agroecologia é
radicalmente diferente do modelo intensivo de produção.
Temos que superar a visão antropocêntrica do mundo, onde tudo gira ao redor do ser
humano, temos que construir uma visão holística, onde tudo esta integrado. Trabalhar é
viver, viver as ideias, colocá-las em prática, viver uma nova vida.
É fundamental que haja uma transição integral, ou seja não é só nas técnicas de
produção que devem haver mudanças, mas deve implicar na recuperação da cultura, da
identidade, da racionalidade camponesa, implicar em mudança das relações humanas.
Isso quer dizer que o processo de transição deve vir da unidade camponesa de produção,
mas é preciso que aconteça também nas estruturas, na tecnologia, no modo de organizar,
nos consumidores... é todo um conjunto que precisa ser transformado, e que trata-se de
uma transformação social.
Não há receita para a transição, contudo há alguns princípios que devem orientar o
processo da transição agroecológica:
Participação de toda a família:
O processo de transição necessita do envolvimento de toda a família nas decisões e
no trabalho. Ter o envolvimento direto das mulheres é central para o êxito. Entretanto é
necessário que essa construção coletiva da família se dê desde uma perspectiva de novas
relações de poder e gênero. A transição deve implicar diretamente na superação do
modelo patriarcal.
Certicação:
Da forma como esta hoje colocada tem muitos limites, a começar pelo custo, pela
relação entre o agricultor e a certicadora, pelo nível de exigência padrão que ignora
inclusive a diversidade e multiplicidade da agroecologia. O que realmente vale é o contato
direto com o consumidor, é necessário desenvolver uma relação de conança, gerar o que
chamamos de acreditação mútua entre as famílias camponesas e as famílias
consumidoras.
Processo progressivo:
Começar com pouco – ir adiante progressivamente. Temos também que considerar
que tem tempo para tudo, não temos que ter pressa, cada coisa a seu tempo, melhorias
sempre haverá para fazer, o importante é fazer passo a passo. A transição agroecológica, o
processo de relação direta com os consumidores aponta para a autossuciência, aponta
como uma tendência, um processo em construção, pois não é algo que se faz de um dia ao
outro. Devemos caminhar para produzir 100% da cesta básica.
“mais importante que a velocidade é a direção” Clarice Lispector.
Planejamento:
No planejamento da transição passamos por quatro fases seja no nível familiar, seja
ao nível de grupos:
1-Ideias: fase onde todos opinam se colocam muitas ideias, se busca conhecimento,
informações, intercâmbios. Uma vez decidido o que será feito e qual é o objetivo, se passa a
segunda fase.
2-Desenvolvimento do plano: se faz um plano, levantamento de dados, estudos,
análises;
3-Aplicação: torna-se concreto o plano.
4-Produção – avaliar, monitorar, fazer correções...
Depois retorna para a fase das ideias para possíveis adaptações ou mudanças.
Se por um lado os processos coletivos têm suas complicações, possibilitam muitas
outras coisas gerando viabilidade, há que se enfocar nos pontos positivos e superar o que
há de complicado. Tratar os problemas de forma natural, enfrentá-los, dialogar
continuamente são caminhos para se resolver as diculdades colocadas.
Resgate da genética:
Recuperar a genética local, resistente, adaptada com características próprias do
lugar é algo imprescindível, para isso devemos recorrer a todas as ferramentas que temos
disponíveis. Cada família precisa ter tudo que se pode ter de sementes e raças tradicionais,
sempre.
É importante combinar os processos de produção de sementes em cada unidade
camponesa, cada camponês deve ter o máximo possível de sementes, mas também ter
processos mais complexos de resgate e reprodução de sementes, acompanhados,
fazendo chas e controles, para que se possa ter sementes para repassar a quem esta
começando e oferecer algo alternativo aos transgênicos.
Caráter do trabalho:
O trabalho é o que diferencia o ser humano dos demais animais, trabalhar é essência
humana. O problema é o trabalho alienado, a questão é que o trabalho da agroecologia,
da soberania alimentar (que é muito) deixa de ser alienado, torna-se parte de quem produz,
gera novas relações e outro nível de consciência nas famílias.
É um trabalho que liberta as consciências, assim trabalhar ainda que seja intenso não
é exaustivo ou estressante. Esse deve ser o caráter do trabalho na agroecologia.
PODER
POPULAR
Roteiro para
debate
PODER POPULAR - Roteiro para debate
“Todo poder nasce do povo e pelo povo deve ser exercido”
O poder no dia-a-dia
As pessoas não são diferentes, são únicas: não existem duas pessoas iguais. Esse fato
leva as pessoas a se relacionarem. Para haver essa relação cada pessoa precisa armar sua
originalidade. Então, só existe o eu porque existe o tu. E só existe o nós porque os dois sujeitos
decidiram ou foram obrigados a se juntar ou a disputar.
A criança disputa para ser reconhecida e para armar sua identidade. Ela tem
necessidade de ser notada e não aceita ser ignorada, colocada à sombra ou
menosprezada. Faz parte da luta pela sobrevivência, é uma armação de identidade e de
autoestima Quando alguém não se impõe ou não briga por sua dignidade, é tida como
covarde. A fraqueza e a ousadia contribuem na formação do caráter das pessoas. Se não é
justo bater, também não é justo apanhar.
Ninguém é uma ilha. A convivência social é a escola onde as pessoas aprendem a
exercício do poder. Numa sociedade, onde cada um age conforme sua ganância, vigora
a lei do mais forte, não se reconhece o valor das riquezas individuais e se cria a divisão entre
superiores e inferiores. Daí surge a dominação de classe, a discriminação de gênero, o
preconceito étnico e geracional e toda forma de intolerância cultural.
O que é o poder
Todas as relações sociais estão impregnadas e implicam em poder porque o poder
consiste na possibilidade de decidir sobre sua própria vida e sobre a vida de outro ser
humano. É a capacidade de intervenção, com fatos que obrigam, circunscrevem, proíbem
ou impedem. Se uma pessoa puder ela submete todas as outras à sua vontade ou a seu
modo de olhar a vida.
Quem exerce o poder, hoje, submete e inferioriza as demais pessoas, impõe fatos,
exerce o controle, arroga-se o direito ao castigo e à privação de bens reais e simbólicos. Ou
seja, tem força, domina. A partir dessa posição de poder julga, sentencia ou perdoa. E ao
fazer isso, acumula mais poder.
O poder é entendido como poder, quando se apropria das riquezas excluindo a
maioria e se coloca em posição de exercer o poder para domínio, controle e direção da
vida da maioria e expropriação de seus bens materiais e simbólicos.
Poderosa é a pessoa que possui elementos de poder por sua classe, gênero, riqueza
econômica, social ou cultural, nacionalidade, sexo, cor da pele, idade, etc. A posse
privada das riquezas, a exclusão social e a dependência dos pobres estruturam o poder,
desde sua origem, e permitem sua reprodução.
Todos os fatos sociais e culturais são espaços de poder: o trabalho, as atividades vitais,
o conhecimento, a sexualidade, os afetos, as qualidades, os bens e posses, o corpo e a
subjetividade, o próprio ser humano e suas criações.
A classe oprimida tem poder porque o poder sucede no espaço das relações sociais:
cada pessoa ao interagir, mesmo que não saiba, exerce poder. O mais débil dos oprimidos,
mesmo de forma inconsciente, tem e exerce o poder, quando se torna espaço de opressão
do outro que necessita dele para existir.
O poder corrompe?
No esforço para superar a cultura do silêncio e denunciar a impotência popular, não
se pode cair nas tentações do poder. Às vezes, as pessoas têm medo de ter poder porque
observam que, na vida cotidiana, um jeito estranho de ter o poder. A história está cheia de
exemplos onde o preço para ter mais e ser mais, não tem medida. O poder pode sim
corromper.
Nas famílias, no governo e até em organizações populares, quem assume um posto
de poder tende a fazer de tudo para tirar vantagens dessa posição. Depois, faz tudo para
continuar no cargo e, se for preciso, usa jogo sujo, faz alianças escusas, vende a alma, perde
a moral e mancha suas convicções. E, como o cargo torna as pessoas poderosas, elas
passam a sonhar em “subir mais” e já não conseguem viver como “pacatos cidadãos”.
O Novo Poder
O poder, como autoarmação das pessoas e das classes se dene pelo positivo e não
implica na opressão de ninguém. A esse poder deve aspirar a classe oprimida. Para ela o
poder nunca deveria criar a postura de chefe; e os abusos no uso do poder não poderiam
justicar o medo de querer o poder. Por isso, seu desao permanente será com+ordenar sem
autoritarismo, com+duzir sem manipulação e com+mandar com+partilhando o poder; e
certamente, cumprir e fazer cumprir os acertos coletivos, acima das vaidades e caprichos
individuais.
Transformar pessoas em sujeitos históricos exige a desmontagem dos mecanismos
que reproduzem a dependência, a impotência e a servidão como elementos do poder
estruturados em nós. Porque, uma vez submetidas a essas formas de poder, as pessoas
exercem o poder de maneira alienada. O novo poder ainda é uma construção: é
aspiração com algumas experiências, individuais e coletivas e com alguns elementos
desenvolvidos:
A tomada do Poder
A classe trabalhadora precisa conquistar o poder de estado se quiser resgatar a
riqueza produzida por suas mãos e construir uma sociedade sem exploração. Só com uma
força política é possível conquistar o estado, controlar a produção social e garantir
qualidade de vida para os habitantes de uma nação.
Para tanto, necessita mobilizar muita gente da classe trabalhadora que se disponha a
transformar, pela raiz, as estruturas da sociedade capitalista. A destruição do poder
burguês, o controle do aparelho de estado e a vitória do Poder popular, será um longo e
difícil caminho.
A transformação pela raiz, das estruturas da sociedade capitalista não se limita aos
momentos decisivos da luta popular. Passa pela elaboração de um projeto, de uma
estratégia de luta pelo poder e da organização de ferramentas para a conquista do poder.
A luta política
O povo, em geral, só consegue enxergar a política como um processo eleitoral. Mas,
a militância consciente, entende que, na luta popular, é necessário um Instrumento Político
que desmascare a exploração capitalistas e proponha a construção da sociedade
socialista. O movimento político é formado por pessoas conscientes que descobrem as
raízes da exploração e organizam sua ação para transformar a sociedade capitalista. Sem
mudar a sociedade, dividida entre explorados e exploradores, o povo vai continuar
oprimido.
A militância, nascida e metida nos movimentos, aprendeu que além de dar o peixe e
matar a fome é preciso ensinar o povo a pescar para sair da dependência e a tomar de
volta os rios que viraram propriedade da burguesia. Por isso, cria um instrumento político
para fermentar e dirigir, politicamente, o movimento de massa - ajudar o povo a entender a
realidade, a se levantar e a transformar a sociedade dividida em classes.
O desao constante da militância é potencializar o movimento popular para que
tenha a energia de construir uma nova proposta com nova base intelectual, moral e
política. A mudança estrutural do capitalismo não se faz só com as pequenas reformas; elas
são indispensáveis para acumular força, aprendizados e consciência política de
transformação.
Obs. Tabela apresentada pela Ministra de Estado do Meio Ambiente Isabela Teixeira
durante a apresentação dos vetos e mudanças no Código Florestal transmitido ao vivo
pela TV NBR, no dia 25/05/2012 que pode ser encontrado no link
http://www.youtube.com/watch?v=fGxyLbkLvmU
Podemos perceber que 65% dos imóveis rurais, o chamado minifúndio, que possui até
um módulo scal¹, detêm apenas 9% do total da área, 90% dos imóveis possuem até 4
módulos scais, detêm apenas 24% das terras enquanto 4% dos imóveis, que possuem
acima de 10 módulos cais detém 63% da área agricultável.
No gráco abaixo vemos esta mesma realidade da concentração das terras em
vários países latino americanos.
O Gráco demonstra que com apenas 14% dos créditos e 24% das terra, o
campesinato responde por 40% do PIB agrícola, 70% da produção de alimentos e gera 74%
dos empregos no campo.
Por outro lado, o Agronegócio (grandes propriedades) acessa 86% dos créditos, 76%
das terras e responde apenas por 60% do PIB agrícola, produz apenas 40% do alimento que
vai pra mesa do povo e gera apenas 26% dos empregos no campo.
Este gráco demonstra com muita clareza a viabilidade da pequena propriedade e
portanto, a viabilidade da agricultura camponesa focada na produção de alimentos e no
abastecimento popular.
O Censo do IBGE 2005/2006 apresenta ainda a renda média por há igual a R$ 368,00
na grande propriedade e R$ 667,00 na pequena.
Diante destes números o Movimento dos Pequenos Agricultores apresenta uma
análise, demonstrando o que seria do Brasil com a realização da reforma agrária, sendo
divididas todas as propriedades acima de mil há, (que são 47 mil propriedades) em lotes de
100 há.
Segundo o MPA, seriam criados 2.920 mil novos estabelecimentos agrícolas, quase 3
milhões de novas famílias camponesas. Contando que a agricultura camponesa ocupa 15
pessoas a cada 100 há esta reforma agrária geraria 21.000.000 de empregos, ao invés das
2.400.000 criados hoje pelo agronegócio. Contando que a pequena propriedade gera
uma renda média de 667,00 por há, geraria um PIB de 99 bilhões, ao invés dos 53 bilhões
gerados hoje. (MPA 2010).
Elementos de controle do território:
Texto extraído da Cartilha: Plano Camponês, construindo o novo caminho da roça,
produzido pelo Movimento dos Pequenos Agricultores no ano de 2007, a partir do Seminário
Nacional de produção.
•O território camponês é um espaço de vida, espaço de produção e espaço de
enfrentamento. O território é estratégico, concreto, nos da governabilidade social e
política, unica nossa base social. Lá a gente come, lá a gente vive, lá nossos lhos estudam,
lá a gente produz, lá a gente enfrenta o agro negócio, ...
•A identidade territorial é uma opção política.
•Valorização do local através dos vínculos afetivos: vizinhança,
•Administração direta de nossas experiências produtivas; Acompanhamento
técnico e político pelo MPA;
•Organização de Base;
•Comunicação;
•Educação ( Escola local voltada para a nossa realidade );
•Soberania Territorial: Agrária, Genética, econômica, hídrica, energética, cultural,...
Família tem papel principal na construção da autonomia, Autonomia na produção de
proteína (milho é produto estratégico)
•Formação de massa, base, militância e de quadros.: capaz de armar a Identidade
Social uma Visão de mundo própria do campesinato, que fortaleça a compreensão de que
camponês e capitalista são mundos distintos; que trabalhe Valores e princípios coletivos
•Armação política do campesinato.
•Políticas públicas estruturantes.
•Ações coletivas, Metodologias participativas
•Valorizar as experiências espontâneas que surgirem na base;
•Desenvolver a cooperação nas suas mais variadas formas, mas articuladas através
da organicidade política do movimento e tenha instrumentos de gestão econômica que
garantam industrialização, acesso a mercado, tecnologias adequadas,
acompanhamento técnico.
•O controle do território não é só geográco e material, mas, cultural, ideológico,
afetivo.
•Terra, água,energia e sementes são base material para o controle do território.
•Política, ideologia, cultura, religiosidade, símbolos, festividades, são base subjetivas
para o controle de território.
Elementos Culturais:
•Elementos de Revalorização da Cultura: a identidade camponesa expressa pelos
Hábitos alimentares, Comidas típicas, Agroindústrias caseiras; Musicalidade camponesa,
Recuperação de culturas locais, Religiosidade popular, Danças, Teatro popular, Reisado;
nosso jeito de se expressar, o jeito de cuidar da terra;
•Elementos contraditórios da questão cultural: Em muitos casos cou a cultura de
derrubar e queimar as matas, especialmente em regiões de fronteira agrícola, os impactos
da revolução verde ainda permanecem, jovens camponeses com comportamento de
agro boys,
(MPA 2007)
ORGANICIDADE
DO MPA
ROTEIRO PARA DEBATER A
ATUALIZAÇÃO ORGÂNICA DO MPA¹
“Se se fala de um movimento social, os
verdadeiros dirigentes revolucionários devem
não só ser capazes de corrigir os erros existentes
em suas ideias, teorias, plano e projetos..., mas
ainda, por ocasião da passagem desse
processo objetivo determinado de um grau a
outro do seu desenvolvimento, se tornar a si
próprios e a todos os demais participantes da
revolução, capazes de seguir essa passagem
no seu conhecimento subjetivo, isto é, chegar a
fazer a correspondência das novas tarefas
revolucionárias, dos novos planos de trabalho,
às novas modicações surgidas na situação.
Num período revolucionário, a situação se
modica muito rapidamente; se a consciência
dos revolucionários não chega a seguir com
rapidez tais modicações, eles são impotentes
para conduzir a revolução à vitória”.
Mao Tse-Tung.
I – APRESENTAÇÃO
O debate sobre a atualização do modelo orgânico do MPA tomou evidência no
último período. Com o objetivo de atualizarmos nossa organicidade frente a realidade da
luta de classes e lançarmos o desao da construção do projeto organizativo no Congresso
do Movimento, a ser realizado em outubro de 2015, realizamos debates e estudos junto a
Direção Nacional, à Coordenação e Nacional, bem como remetemos o debate para as
instâncias estaduais as quais produziram rico debate que realimentou as discussões junto a
Coordenação Nacional.
O texto que temos em mãos é produto dos debates, uma sistematização, e ao
mesmo tempo procura provocar reexões sobre questões organizativas ainda não
denidas mas que nos desaam a dar repostas práticas e orgânicas.
A estudemos com espírito crítico, aberto, e com a criativa generosidade
revolucionária característicos das organizações que tomam a centralidade da
organização e da luta como mediações fundamentais e denidoras dos trabalhadores e
camponeses enquanto classe social portadora de projeto revolucionário de caráter
socialista.
O Surgimento do Agronegócio¹
No nal dos anos 90, passada a inviável experiência do primeiro governo FHC - de
acumulação de décits externos crescentes e contínuos, o Brasil vira “bola da vez” da
especulação nanceira internacional em 1999 - (crise cambial), o que forçaria o segundo
Governo FHC a reorganizar sua política econômica externa, tendo em vista gerar saldos
comerciais de divisas a qualquer custo. Aqui começa a reestruturação econômica da
economia do agronegócio, diretamente vinculada à expansão mundial das
“commodities”².
O agronegócio se reestrutura como pacto de economia (riqueza) política (poder)
com objetivo de otimizar a extração de renda terra e hegemonizar os sistemas de relações
políticas e ideológicas na sociedade brasileira. O bloco hegemônico articula os
latifundiários, a grande agroindústria transnacional, a grande mídia, o Estado e o capital
nanceiro como vanguarda do pacto de poder.
De forma sumária podemos descrever os aparatos políticos e ideológicos que, em
movimento, reestruturam o poder do agronegócio como sendo:
a – papel determinante do poder de Estado: através da ativação do sistema de
crédito público, do mercado de terras, da alteração de legislação; da desativação de
agências “guardiãs” da função social da terra (INCRA, IBAMA, FUNAI, MDA, ANVISA); do
desmonte de políticas sociais como PAA, PNAE; uso do PRONAF como principal veículo de
subordinação da agricultura camponesa às cadeias do agronegócio, e quando
necessário apoio militar ao agronegócio.
b – monopólio de representação política parlamentar: acentuação da relação
orgânica da bancada ruralista com agroindústrias transnacionais e o capital nanceiro
através do nanciamento privado de campanha resultando numa ampla bancada no
congresso nacional; e da elaboração de leis anticonstitucionais e permissivas ao avanço do
agronegócio (Liberação dos Transgênicos, Agrotóxicos, Legalização da Grilagem na
Amazônia, Código Florestal entre outras).
c – cooptação intelectual e acadêmica: cooptação de intelectuais, partidos e
círculos acadêmicos que exercem inuência no debate ideopolítico.
d – mídia: construção de uma densa rede nacional de comunicação do
agronegócio – canais rurais, agências de notícias e grandes grupos de mídia – em vistas de
popularizar o agronegócio como o porta bandeiras do progresso no Brasil.
IV – LEGADOS DE LÊNIN
As lutas espontâneas dos trabalhadores, lutas de caráter econômico e sindical, não
os levam a passagem a uma consciência política e revolucionária. O militantes
espontaneistas acreditam que as massas populares possuem conhecimento sobre a
estrutura e funcionamento do sociedade, dos fatores da conjuntura que os guiam
revolucionariamente.
É uma verdade que os conhecimento teóricos, políticos revolucionários, se erguem
sobre a chão concreto da luta de classes em cada período histórico. Por outro lado, nos
ensina a história, que as lutas dos trabalhadores no mundo inteiro, sejam elas no centro ou
na periferia do capital, não avançaram por si rumo a compreensão das leis da capitalismo e
na sua transformação revolucionária.
A política revolucionária, parte das lutas econômicas e aproveita-se dos lampejos de
consciência política que ela forja, para eleva-la à consciência revolucionária. Mas somente
isto não basta: as lutas econômicas oferecem possibilidades limitadas em dar-lhes caráter
político, daí resulta errôneo imaginar que é possível a mesma estrutura organizativa, da luta
econômica e social, desenvolver a consciência política.
É necessário uma organização que cumpra o papel de ser a vanguarda do
desenvolvimento político das massas. Uma organização que funcione com base na
unidade, disciplina, centralismo democrático, no trabalho prossional, e que tenha caráter
conspirativo, tornando-se uma educadora das massas difundindo através da organização
e da agitação e propaganda as ideias socialistas.
O Papel da Organização
A organização é o conjunto das mediações – formas organizativas – com a realidade.
Quanto maior o conjunto de mediações, ou seja, formas organizativas, desenvolvidas maior
é o grau de concreticidade/inserção da organização e mais apta está a interpretar o
movimento da realidade, manejá-la e transformá-la.
A construção da organização deve ser fruto de ação intencional e não fruto da sorte
e do acaso. A Plano de Construção deve selecionar as regiões, territórios, locais estratégicos
os quais a organização deve ter presença.
Outro aspecto é quanto os sujeitos, todos são importantes: mulheres, crianças, jovens,
idosos entre outros. Todavia a organização deve saber determinar em cada período quais
são sujeitos e quais formas especícas possuem centralidade para acumular forças. Não
determinar os sujeitos em nome de um democratismo – “todos os sujeitos são importantes” –
é renunciar a visão política na construção da organização.
A luta e a organização são os critérios políticos principal denidor da classe. Não
basta sermos numericamente expressivo, cumprirmos função econômica e social para com
a sociedade, possuirmos expressão cultural que marca a sociedade brasileira se não
elevarmos os interesses da classe a patamares organizativos que coloque os camponeses
como sujeito social e político em nível nacional.
Lênin nos ensinou que o proletariado desorganizado é o proletariado desarmado, o
ensinamento serve também aos camponeses, portanto, é preciso “armar os camponeses”.
Natureza política
1.As brigadas de juventude deve se construir como espaço privilegiado de ação
política da juventude do MPA;
2.As brigadas de juventude não são um grupo de agitação e propaganda, é o
espaço orgânico da juventude do MPA e camponesa;
3.As brigadas de juventude não se constituem numa instância do MPA, ela deve estar
vinculada a orientação política, tática e estratégica, do MPA;
4.As brigadas de juventude devem estar vinculadas estreitamente ao trabalho de
base e de massas;
Natureza organizativa
1.As brigadas não são uma instância, é o espaço orgânico de organização e ação
da juventude do MPA e da juventude camponesa em geral.
2.As brigadas de juventude estão ligadas diretamente ao coletivo de juventude que,
por sua vez, está ligado às instâncias de coordenação e direção do MPA;
3.A tarefa central do coletivo de juventude é formar brigadas de juventude nos
diversos níveis de nossa organização: municipal, regional, estadual e nacional;
4.O coletivo de juventude deve formular linhas políticas, métodos de trabalho,
apontar lutas, estimular as ações e acompanhar as brigadas de juventude;
5.As brigadas de juventude devem possuir autonomia relativa quanto às ações e
métodos de trabalho. Isto SIGNIFICA:
•Ações devem estar no quadro da estratégia e da tática do MPA.
•As ações devem ser estimuladas pelo corpo do MPA e não podem estar
presas a calendário pré-estabelecidos e esperar os uxos lentos do MPA. Neste sentido o
MPA deve aceitar que a formação de brigadas de juventude tornar-se-á em um polo de
tensão positiva da organização, impelindo-o a lutas segundo o calendário da conjuntura e
da oportunidade política.
6.As brigadas de juventude devem ser formadas por jovens da base do MPA, por
jovens camponeses que não estão organizados no MPA, por jovens que se simpatizam com
a luta social e política transformadora quer estejam nas escolas, cursos técnicos e nas
cidades. O grupo deve ter pers de militantes os mais variados possíveis e desenvolver as
mais diversas capacidades de ação.
7.Não é grupo de amigos, mas serve a fortalecer os laços de amizade,
companheirismo e disciplina. Não é grupo de estudo, mas exige a elevação do estudo
preparatório que antecede as ações. Não é um grupo “porra louca” que sai fazendo ações
sem preparo e orientação política, menos ainda um grupo que só reúne e nunca faz ações.
Método de Trabalho
1.O método de trabalho das brigadas de juventude devem combinar
simultaneamente, num mesmo processo, os seguintes elementos:
•Teoria revolucionária: preocupar-se com assimilação criativa da teoria
socialista.
•Tática e estratégia do MPA: o Plano Camponês.
•Itinerante: desenvolver alta capacidade de mobilidade, deslocamento, no
território (de uma comunidade a outra, de um município a outro, dentro do estado e
nacionalmente) e entre seus membros.
•Ações táticas: desenvolver ações com regularidades segundo as
possibilidades abertas pela conjuntura.
2. As reuniões das brigadas de juventude utiliza o método da análise planejamento
ação e avaliação/análise ajuste da linha planejamento ação.
3. Recuperar a agitação e propaganda como elemento chave da teoria da
organização revolucionária:
•Assimilamos aqui a contribuição do Levante Popular da Juventude que
estabelece os seguintes elementos para a agitação e propaganda, quais sejam, a saber:
a)Desaos e pressupostos para agitação e propaganda
1 - fomentar a formação política e ideológica da militância e da base.
2 - fundamental articular agitação e propaganda com a estratégia de trabalho de
base. A Agitprop não é um m em si, mas está relacionada com a política mais ampla de
cada organização e com sua estratégia e mensagem.
3 - construção do poder popular, pela crítica contra-hegemônica e empoderamento
da juventude e da classe trabalhadora.
4 - Construção dos valores socialistas de solidariedade e coletividade, principalmente
através do exemplo pedagógico, da disciplina e do compromisso com a vida do povo.
“É preciso que a agitação e propaganda esteja vinculada à estratégia,
para que não se torne somente um grupo artístico, um apêndice da
organização, e sim algo que perpassa a estrutura. A agitação e propaganda é
tarefa de toda a organização, e não de um grupo autônomo, com linha
política própria. Ela tem que se territorializar, tem que servir para potencializar o
trabalho de base, para crescer, para multiplicar o grupo, para fazer
articulações” (Sistematização do I Curso Nacional de Agitprop - LPJ).