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é para todos: procuradores, deputados, ministros. Tem que ter regra.

Não é possível que uma autoridade pública dê uma hora


de palestra, receba R$ 50 mil e ache isso natural. Não é natural.

Eu acho que autoridades públicas não podem misturar a sua atuação com ganho de dinheiro. Mas isso não é crime, não é
ilícito, muitas autoridades fazem. É um posicionamento pessoal meu.

A partir dos diálogos, foi apontado um excesso de proximidade entre juízo e acusação. Um exercício que tem sido
feito é o de imaginar o cenário oposto: intimidade entre juízo e defesa. A sra. considera esse exercício válido? Não,
porque hoje os ministros do Supremo têm uma amizade com os defensores. Em eventos, em confraternizações. Defensores
famosos no Brasil inteiro vão praticamente passear no Supremo de bermuda.

A sra. se refere ao advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay [que esteve no STF usando bermuda em
2018]? Eu não vou pôr nome de ninguém [risos]. Mas as mensagens trocadas entre o juiz e o procurador ali me parecem
menos [graves] do que essas intimidades todas que a gente fica vendo.

Pelo meu gosto, as coisas seriam muito mais conservadoras, sem esse contato todo, essa proximidade toda. Mas,
infelizmente, não é o meu pensamento que vigora.

Nesse contexto, dizer que o Moro é suspeito é inconcebível. Ou muda a cultura para todo mundo ou… Desculpa, não dá para
ser só para ele.

O presidente Jair Bolsonaro manifestou apoio a Moro, mas disse que não existe “confiança 100%”. Qual é o nível de
confiança da sra. nele? Eu não o conheço pessoalmente. A confiança que eu tenho nele é a de alguém que o observa como
profissional há anos. Parece-me uma pessoa capaz, preparada, determinada, séria. Não tem por que não confiar.

Agora, eu acho meio infantil essa coisa de porcentagem, desculpa [risos].

A sra. tem se colocado contra decisões e falas de Bolsonaro. Não corre o risco de perder sua base eleitoral? Eu não
fui eleita por força do Bolsonaro. Eu fiz campanha para ele e o ajudei a se eleger. Deixei muito claro que o apoiava porque eu
era contra o PT. Eu nunca menti para ninguém. Minha fidelidade é ao país. E sigo fiel ao país.

Parte dos seus eleitores pode se arrepender do voto. Mas é um direito que a pessoa tem. Se o cidadão não quiser votar
mais em mim, quem perde é ele, não eu. Sou honesta, trabalho feito um cão. Estou sendo fiel aos meus princípios, ao que eu
julgo certo.

Se as pessoas que apoiam Bolsonaro querem o sucesso dele, têm que parar de aplaudir tudo.

Da FSP

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