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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC


CURSO DE FISICA LICENCIATURA

FRANCISCO ARAÚJO PINHEIRO

LANÇAMENTO DE PROJETEIS: Uma visão histórica e cotidiana.

Caxias
2015
FRANCISCO ARAÚJO PINHEIRO

LANÇAMENTO DE PROJETEIS: Uma visão histórica e cotidiana.

Monografia apresentada ao Centro de Estudos


Superiores de Caxias, Universidade Estadual do
Maranhão como requisito para a obtenção do título de
Graduado em Física Licenciatura.

Orientador (a): Prof. João Alberto Santos Porto

Caxias
2015
FRANCISCO ARAÚJO PINHEIRO

LANÇAMENTO DE PROJETEIS: Uma visão histórica e cotidiana.

Monografia apresentada ao Centro de Estudos


Superiores de Caxias, Universidade Estadual do
Maranhão como requisito para a obtenção do título de
Graduado em Física Licenciatura.

Aprovada em: / /

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________
Prof. João Alberto Santos Porto (Orientador)
Especialista em Fundamentos de Física
Universidade Estadual do Maranhão

_______________________________________
Profa. Esp. Olivia de Araújo Aragão Diniz
Especialista no ensino de Física e Matemática
Universidade Estadual do Maranhão

____________________________________
Prof. Juliermes Carvalho Pereira
Especialista em Física Atual Teoria e Prática
Universidade Estadual do Maranhão
A Deus, por ter me dado o dom da vida, à
minha família, em especial aos meus pais
que me apoiaram em todos os momentos de
minha existência.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter nos dado dom da vida, forças para lutar pelos objetivos
que almejamos e buscamos concretizar.
À minha família por ter sido alicerce, sem deixar abater pelas dificuldades
e obstáculos que surgem em nosso caminho, Especialmente à minha mãe: Maria do
Socorro por ter me guiado sempre no caminho do conhecimento.
Aos amigos e parceiros de curso que contribuíram para o
amadurecimento, incentivo e apoio moral para a conclusão deste trabalho deste
trabalho, em especial à meu amigo Auhelbiton Sergio.
Aos secretários e professores do departamento de Matemática e Física
do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC), pelo apoio e orientação na
construção dessa pesquisa. Em especial ao professor João Alberto Santos Porto,
pela grande força na conclusão desse trabalho.
“O que sabemos é uma gota; o
que ignoramos é um oceano.”
Isaac Newton
RESUMO

O Lançamento de Projéteis é um tema que esteve e continua presente nas vidas de


todos da sociedade mundial, pois sendo assim se trata do movimento ou lançamento
de qualquer corpo que possua orientação vertical ou horizontal na sua queda. O
presente trabalho possui uma abordagem histórica do tema, partindo dos primórdios
da humanidade seguindo uma linha progressiva dos fatos e necessidades que
fizeram o homem a desenvolver criações para a sua sobrevivência e conquistas de
território. Em seu desenvolvimento, procura-se mostrar a importância dos primeiros
pensadores, que indagaram sobre o que em sua época era um mistério em termos
de entendimento e compreensão. Com isso fortalecendo em termos de aprendizado
e informação sobre aqueles que contribuíram para o pensamento atual que todos
possuem. Em seu decorrer possui uma abordagem física e matemática sobre o
lançamento de projéteis, com a finalidade de demonstrar em uma linguagem
algébrica e numérica, que é de fundamental importância para a clareza do assunto.
Além exemplos de aplicações cotidianas, em diversos ramos da tecnologia,
diferentes épocas e objetivos diversos.

Palavras-chave: Lançamento de projéteis. Movimento. Aplicações cotidianas.


ABSTRACT

The launch projectiles, is a topic that has been and continues to be present in the
lives of all of world society, for being so it comes to the movement or release of
anybody that has vertical or horizontal orientation in its fall. This work has a historical
approach of the theme, starting from the dawn of humanity following a progressive
line of facts and requirements that made the man to develop creations for their
survival and territorial conquests. In its development, seeks to show the importance
of the first thinkers who inquired about what in his time was a mystery in terms of
understanding and comprehension. With this strengthening in terms of learning and
information about those who have contributed to the current thinking that everyone
has. In his course has a physical and mathematical approach on launching missiles,
in order to demonstrate in an algebraic and numerical language, which is of
fundamental importance to the matter of clarity. Besides examples of everyday
applications in various branches of technology, different times and different goals.

Keywords: Projectile launch. Movement. Historical evolution. Everyday applications


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Aristóteles ................................................................................................. 14


Figura 2 - Movimento de um projétil .......................................................................... 15
Figura 3 - Trajetória de um projétil ............................................................................ 16
Figura 4 - Hiparco...................................................................................................... 17
Figura 5 - Filoponos .................................................................................................. 18
Figura 6 - Avicena ..................................................................................................... 20
Figura 7 - Trajetória de um projétil lançado horizontalmente segundo Avicena. ....... 21
Figura 8 - Avempace. ................................................................................................ 21
Figura 9 - Trajetória de um projétil para Avempace. ................................................. 22
Figura 10 - Buridan.................................................................................................... 22
Figura 11 - Trajetória de um projétil segundo Buridan. ............................................. 23
Figura 12 - Albertoda Saxônia. .................................................................................. 24
Figura 13 - Lançamento de um projétil horizontalmente, (II) Obliquamente segundo
Alberto da Saxônia. ................................................................................................... 25
Figura 14 - Tartaglia. ................................................................................................. 25
Figura 15 - Trajetória de um projétil segundo Tartaglia ............................................. 26
Figura 16 - Galileu Galilei. ......................................................................................... 27
Figura 17 - Trajetória de projetil, segundo Galileu..................................................... 28
Figura 18 - Newton .................................................................................................... 29
Figura 19 - Duas bolas de golfe em movimentos distintos. ....................................... 31
Figura 20 - Lançamento de misseis por um helicóptero. ........................................... 33
Figura 21 - MUV e UM analiticamente. ..................................................................... 34
Figura 22 - Componentes da velocidade no movimento horizontal. .......................... 35
Figura 23 - Pintura rupestre....................................................................................... 38
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO. ..................................................................................... 13
2.1 Precursores do Estudo do Movimento e Lançamento de Projéteis. ............ 13
2.1.1 Aristóteles .................................................................................................. 14
2.1.2 Hiparco ...................................................................................................... 16
2.1.3 Filoponos ................................................................................................... 18
2.1.4 Avicena ...................................................................................................... 20
2.1.5 Avempace .................................................................................................. 21
2.1.6 Buridan ...................................................................................................... 22
2.1.7 Alberto da Saxônia..................................................................................... 24
2.1.8 Tartaglia ..................................................................................................... 25
2.1.9 Galileu Galilei ............................................................................................. 27
2.1.10 Isaac Newton ........................................................................................... 29
3.1 Lançamento horizontal de um projétil ............................................................. 32
3.2 Lançamento obliquo de um projétil no vácuo ................................................ 33
3.2.1 Movimento Vertical (MUV) ........................................................................ 34
3.2.2 Movimento Horizontal (MU) ....................................................................... 35
4 APLICAÇÕES ........................................................................................................ 38
4.1 Arco e flecha ...................................................................................................... 38
4.2 Catapultas .......................................................................................................... 39
4.3 Mísseis e foguetes ............................................................................................ 40
4.4 Canhões ............................................................................................................ 41
5 CONSIDERAÇÔES FINAIS ................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43
11

1 INTRODUÇÃO

O lançamento de projéteis é um assunto, muito discutido e utilizado no


desenvolvimento de muitos equipamentos tecnológicos, e que não está presente
somente nos assunto relacionados em casos de armas de fogo, pois como veremos,
projétil pode ter diversas formas e utilidades.
Desde o começo da humanidade, há relatos e pinturas rupestres em
cavernas, de que o homem se utilizava de armas e lançamento de objetos para que
pudesse realizar suas atividades de caçar animais para a sua alimentação e
sobrevivência. E com o passar do tempo, surgiu a necessidade de o homem formar
sociedade, então ele passou a buscar a expansão de território, assim dando origem
conflitos por disputas de terra com outros povos, assim surgia a necessidade de
mais armas; as mais comuns eram os arcos com flechas. Principalmente na Idade
Média, houve uma intensificação de conflitos, por riquezas, poder e motivos
religiosos, nesta época forma desenvolvidas armas de lançamento maiores e
capazes de derrubar muito inimigos e até mesmo muralhas.
O movimento de projéteis, foi o centro de muitos pensadores filósofos
desde a Grécia Antiga, pois o movimento era algo muito misterioso, ainda não
existia a compreensão da conhecimento do que era força e com o passar dos
tempos surgiram muitos princípios e teorias a seu respeito. Muito tinham seu próprio
ponto de vista sobre o assunto, além disso a maioria tinha receio de evidenciar seu
ponto de vista devido as teorias predominantes na época, mesmo assim tinham
defensores e críticos que através de estudos sobre o tema derrubavam paradigmas
e leis mal formuladas. Além de contribuírem para a compreensão mais aceita e
correta sobre o lançamento e queda dos corpos na natureza e como estão presentes
no cotidiano, aplicados em diversos setores e de vária formas.
O presente trabalho, foi fundamentado através de uma pesquisa
bibliografia sobre o tema abordado. Tem como objetivo principal a investigação do
tema (Lançamento de projéteis: uma visão histórica e cotidiana), relacionado com a
evolução do conceito de movimento e os modos em que ele ocorre. Tem-se,
também, como objetivos específicos, o estudo detalhado dos tipos de lançamento de
projéteis, esclarecimento do conceito de queda de corpos, compreensão dos fatos
histórico e precursores, analise analítica, análise física e suas aplicações cotidianas.
12

Visa esclarecer e diferenciar, o foco de estudo, assemelha-se com a


Balística Forense, que estuda os projéteis disparados por armas de fogo e seus
efeitos e consequências, são objeto de estudo de acadêmicos do urso de direito, no
ramo da perícia criminalística. Este trabalho diferencia-se, por ter uma abordagem,
voltada para os assuntos que se encaixam em um contexto físico, mesmo por se
tratar de um ramos balístico, porém voltado somente ao lançamento de corpos e
suas características.
13

2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO.

Desde os homens primitivos no período Paleolítico Superior (30.000 a.C à


10.000 a.C) é que se tem registros de ferramentas utilizadas para caça e atividades
do seu cotidiano. Nas pinturas rupestres de muitas cavernas são ilustradas a
utilização de lanças, lançamentos de objetos e flechas.

O período Paleolítico Superior apresentou ligeiro progresso Intelectual. O


homem de Cro-Magnon sabia contar e com ele surgem as primeiras
notações numéricas da história da Humanidade. Consistiam em vários
objetos, como por exemplo um propulsor de dardo ou azagaia com
entalhes, ou um dente de Veado com riscos horizontais feitos por um
instrumento cortante e usado como pingente. (BURNS, 1968, p. 25)

Não se tem uma certeza de como e quem inventou as armas e


ferramentas, mas acredita-se que com a evolução e socialização do homem houve a
necessidade de expandir-se. Assim foram travadas muitas batalhas para a conquista
de territórios. Batalhas estas que dizimavam muitas vidas, pois nelas eram utilizadas
armas de grande alcance com as temidas catapultas e bestas. Com o surgimento da
pólvora surgiram os canhões armas de grande porte que causavam muita
devastação no campo de batalha onde eram utilizados.
Naquela época, o canhão era pesadíssimo e não tinha mobilidade alguma.
Sua pontaria era deficiente e sua cadência de tiros não ultrapassava
algumas balas por dia. Basicamente, era uma ferramenta de sítio, feita para
destruir muralhas (ONÇA , 2005, p. 1)

Todas as armas citadas anteriormente partem de um princípio de


movimento e lançamento de corpos (projéteis); principio este que foi tema de estudo
de vários pensadores e estudiosos ilustre, que de tal maneira contribuíram não só na
área da Física, mas sim em todos os ramos em que se encaixa tal temática.

2.1 Precursores do Estudo do Movimento e Lançamento de Projéteis.

Muitos pensadores tiveram suas contribuições no estudo do movimento


de corpos: Aristóteles (384-322 a.C.), Hiparco (190-120 a.C.), Filopono (490-570),
Avicena (980-1037), Avempace (1095-1138), Buridan (1300-1358), Alberto da
Saxónia (1316-1390), Tartaglia (1500-1557), Galileu (1564-1642) e Newton (1643-
1727).
14

2.1.1 Aristóteles

Aristóteles de Estagira (384 a.C.-322 a.C) foi um filósofo grego


considerado como um dos maiores pensadores de todos os tempos. Suas reflexões
filosóficas acabaram por configurar um modo de pensar de que se estenderia por
séculos. É considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento
ocidental já que atuou em diversas áreas como física, ética, metafísica, psicologia e
outros.
Figura 1 - Aristóteles

Fonte: Flores,2013.

Dentre seus trabalhos, temos o “Física” que, nos seus oito volumes
discute como surge o movimento, o tempo e outras coisas relacionadas à natureza e
à sua existência.
Com relação ás quedas dos objetos, acreditava que os mesmos caiam
para se localizar corretamente de acordo com sua natureza; o éter, acima de tudo;
logo abaixo, o fogo; depois o ar, a água e por último, a terra. Isso está na sua
concepção de que o Universo seria delimitado por uma esfera na qual se
localizavam as estrelas.
Dentro da esfera existiam outras esferas (planetas conhecidos) que
giravam em torno da terra que era fixa no centro do universo (teoria geocêntrica).
Assim, por exemplo, quando uma pedra é arremessada para cima, a primeira parte
do movimento (subida) é do tipo violento, pois uma pedra por si só não pode realizar
este movimento.
Por seu lado a pedra, o movimento descida é do tipo natural. O conceito
de movimento natural é condicionado pela noção de espaço de Aristóteles e, por
conseguinte, a violar a lei de atração universal proposta por Newton.
15

Assim, todo o movimento que é contra a ordem natural, é violento.


Aristóteles argumentava que o movimento violento carecia da aplicação contínua de
uma ação (força/poder) exterior. O arrastamento de um objeto sobre a superfície
terrestre pode ser analisado à luz da teoria de Aristóteles, se considerar que o objeto
apenas se move quando é atuado pela força motriz (força de arrastamento) e que o
objeto fica imóvel quando aquela cessa então se está perante um movimento
violento.

Quanto à dificuldade que se coloca é que o movimento é mostrado na a


inserção; porque o movimento é a realidade do móvel porque medidas tem
a capacidade de se mover; dade e atuadores tem a capacidade de se
mover não é diferente hoje do que móveis, como o movimento tem de estar
presente para ambos. (ARISTÓTELES, 1995, p. 85, tradução nossa)

Porém, a mesma teoria não é capaz de explicar o movimento de um


projétil, uma vez que o movimento continua após o lançamento, não se verificando,
portanto, a condição necessária que uma força externa tem que atuar continuamente
sobre o objeto para que este realize um movimento violento.

Figura 2 - Movimento de um projétil

Fonte: Flores, 2013.

Aristóteles explica o movimento de um projétil através do meio (ar),


propondo duas abordagens distintas:
Numa primeira abordagem, o próprio ar que é deslocado à frente do
projétil movimenta-se para o lugar que o projétil deixa de ocupar à medida que se vai
deslocando e, por consequência, vai empurrando o projétil (teoria antiperístase);
16

Numa segunda teoria, Aristóteles defende que de alguma forma o meio


(ar) adquire uma força (a partir do lançador ou do próprio ar) capaz de empurrar.
Aristóteles atribui uma função dupla ao ar, por um lado sustem o movimento, e por
outro, opõe-se ao movimento (teoria antiperístase).
Assim, não seria possível o movimento de projéteis no vácuo, uma vez
que não havia meio para gerar o movimento violento. Aliás, Aristóteles advogava a
inexistência de vácuo na natureza.
Figura 3 - Trajetória de um projétil

Fonte: Flores, 2013.

Nas duas explicações de Aristóteles, a força externa que é exercida no


projétil diminui de intensidade ao longo do movimento, facto que explica a queda do
projétil ao fim da algum tempo. Para Aristóteles, o movimento natural e o movimento
violento acontecem separadamente (ou um ou outro!), sendo retilíneo o movimento
sublunar. Assim, o movimento de um projétil tem uma fase em que o objeto sobe
com movimento violento retilíneo, e outra em que o objeto desce com um movimento
natural retilíneo.

2.1.2 Hiparco

O astrônomo Hiparco de Nicéia (190-120.C.), discordando da dinâmica


aristotélica do movimento de projéteis, explica a situação pós-arremesso de um
móvel de uma maneira inteiramente diferente daquela concebida pelos seguidores
de Aristóteles. Para ele, o movimento se dá por meio de uma força transmitida ao
projétil pelo lançador. Essa força, absorvida pelo projétil, extingue-se gradativamente
à medida que ele se movimenta.
17

Figura 4 - Hiparco.

Fonte: Flores, 2013.

No caso de um objeto arremessado verticalmente para cima Hiparco


argumenta que:
a) A força projetora é a causa do movimento ascendente da pedra;
b) enquanto a força projetora é maior do que a tendência do objeto para
baixo (peso), o corpo sobe. O movimento para cima continua, porém cada vez mais
lento, com o decréscimo da força projetora;
c) o projétil começa a cair quando a força para cima é menor do que a
tendência do objeto para baixo. O movimento descendente do corpo, sob a
influência do seu próprio impulso interno (peso), ocorre cada vez mais rapidamente
com a contínua diminuição da força projetora, e da maneira mais rápida quando
essa força é inteiramente gasta.
Hiparco utiliza um argumento semelhante ao de Aristóteles para explicar a
aceleração dos corpos em queda, liberados a partir do repouso. Inicialmente,
considera um objeto mantido parado a uma certa altura em relação ao solo, por
exemplo, seguro entre as mãos de uma pessoa. Nessa circunstância, o objeto não
se movimenta porque a sua tendência natural para baixo é compensada pela ação
da pessoa sobre o mesmo.
Depois de solto, a força que o mantinha parado continua com o objeto.
Essa força, no entanto, à medida que o objeto cai, vai diminuindo, até se anular em
algum ponto da trajetória. A existência dessa força, combinada com o peso do
corpo, explica porque ele se movimenta de forma mais lenta logo que é liberado e
depois aumenta a sua velocidade, isto é, explica a aceleração do objeto.

Como efeito, Hiparco pensou que o movimento natural é mais rápido para o
fim porque não pode exercer a sua potência nativa; é por isso que se move
lentamente; mais tarde, quando essa força estranha e exterior pouco a
18

pouco desaparece, a potência natural restabelece-se e, de certa maneira


liberta de entraves, age mais eficazmente. É assim que os corpos aceleram
progressivamente a sua velocidade; processo absolutamente comparável
ao do arrefecimento da água muito aquecida e afastada do fogo. Com
efeito, a princípio esta arrefece de forma insensível e parece não fazer
qualquer progresso, mas quando o calor se fatiga, ela recobra a sua antiga
faculdade, arrefece mais rapidamente e, por fim, vai tão longe que acaba
por estar muito mais fria do que tinha estado antes do seu aquecimento.
(KOYRÉ, 1986, pp. 45-46)

A noção de força impressa, enfim, traz consigo um elemento novo nas


considerações sobre força e movimento. Enquanto que, para Aristóteles, a força que
impulsiona um projétil provém do próprio meio, sendo portanto externa a ele, para
Hiparco, a força responsável pelo seu movimento é uma força interna, ‘armazenada’
no projétil.

2.1.3 Filoponos

Filoponos (490-570), filósofo grego, foi um comentador da obra de


Aristóteles. Uma importante crítica medieval sobre as considerações de Aristóteles
de que um meio é necessário, tanto para sustentar como para oferecer resistência
ao movimento de um projétil, foi feita por Filoponos de Alexandria, no século VI.

Figura 5 - Filoponos

Fonte: Flores, 2013.

Ao rejeitar a antiperístases aristotélica como causa do movimento violento


de uma pedra ou flecha Filoponos assim se expressa:

Sobre esta suposição seria difícil dizer o que faz o ar, uma vez empurrado
adiante, mover-se de volta, isto é, ao longo dos lados da flecha, e depois
alcançar a traseira da flecha, voltando uma vez mais e empurrando a flecha
adiante. Pois, nesta teoria, o ar em questão deve realizar três movimentos
19

distintos: ele deve ser empurrado para frente pela flecha, então mover-se
para atrás e, finalmente, voltar e continuar para frente uma vez mais.
Todavia o ar é facilmente movido e, uma vez colocado em movimento,
atravessa uma distância considerável. Como então pode o ar, empurrado
pela flecha, deixar de mover-se na direção do impulso impresso, mas em
lugar disso virar, como por algum comando, e retraçar seu curso? Além
disso, como pode este ar, ao virar, evitar de ser disperso no espaço, mas
colidir precisamente sobre o entalho final da flecha e novamente empurrar a
flecha adiante e presa a ele? Tal visão é inteiramente inacreditável e chega
a ser fantástica (EVORA, 1988, p. 66).

Para Filoponos, o meio não podia ter função dupla, isto é ser ao mesmo
tempo promotor e resistência do movimento de um projétil. Assemelhando-se com
Hiparco, no que se trata de que o movimento de um projétil era causado por uma
força motriz que era transmitida para o objeto durante o arremesso. Esta força mais
tarde denominada de ímpeto e é interna ao projétil.
O meio, para Filoponos, apenas retarda o movimento de um corpo.
Contudo, a noção de que é necessária a presença contínua de uma força para a
manutenção de um movimento também é um lugar comum em seu pensamento. No
caso de não haver contato físico entre o movedor e aquele que se move, como na
situação pós-arremesso de um projétil, Filoponos, tal como Hiparco, argumenta em
favor de uma força impressa ao projétil pelo projetor, quando de seu lançamento. A
sua ‘lei de movimento’, expressa matematicamente, teria a forma:
𝜈 ∝ (𝐹 − 𝑅) (1)

Onde 𝜈 representa a velocidade do corpo, F a força que o desloca e R a resistência


ao seu movimento.

Divergindo mais uma vez de Aristotéles, Filoponos admite como possível


a existência de um movimento sem resistência. Nesse caso, sendo R=0, velocidade
e força aplicada resultam proporcionais, não havendo nenhum movimento
instantâneo, como julgavam os aristotélicos. No entanto, Filoponos submete-se à
concepção dominante de um mundo finito que exige que qualquer movimento seja
limitado em extensão. Assim conclui pela auto extinção da força impressa a um
projétil em movimento no vazio, embora não tenha argumentos para mostrar como
isso se daria.
20

Por outro lado, a diminuição da força impressa a um projétil em


movimento em um meio qualquer é atribuída à resistência do meio e à tendência
natural do corpo (isto é, sua inclinação em retornar para o seu lugar natural).
Filoponos também contestou Aristóteles sobre o que este afirmava em
relação aos tempos de queda de objetos de pesos diferentes, soltos de uma mesma
altura.

2.1.4 Avicena

Avicena (980-1037), filósofo árabe retoma a noção de força impressa a


um projétil ao ser arremessado, para ele, uma qualidade análoga ao calor dado à
água pelo fogo. Discordando da força auto extinguível de Filoponos, considera que a
força impressa a um projétil só pode ser consumida caso o corpo se movimente
através de algum meio. Em decorrência disso, conclui pela inexistência do vácuo,
que um objeto que nele se deslocasse manteria inalterada a força projetora inicial, o
que resultaria em um inadmissível movimento perpétuo em linha reta.

Figura 6 - Avicena

Fonte: Flores, 2013.

Avicena explica o movimento de um projétil arremessado horizontalmente


da seguinte maneira: inicialmente, o projétil move-se em linha reta, na direção em
que foi lançado; ele continua o seu movimento horizontal até que a força (horizontal)
que lhe foi impressa seja totalmente gasta. Quando isso acontece, o projétil para,
momentaneamente, e logo movimenta-se para baixo sob a ação do seu ‘peso
natural’. A trajetória do projétil, de acordo com Avicena, é a de um “L” invertido:
21

Figura 7 - Trajetória de um projétil lançado


horizontalmente segundo Avicena.

Fonte: Peduzzi, 2008.

2.1.5 Avempace

Avempace (1106-1138), filósofo árabe espanhol, protagonista na


discussão e divulgação da obra de Filoponos. Discorda da concepção aristotélica de
que a resistência é a causa da sucessão temporal do movimento de um corpo
enfatizada pela proporcionalidade inversa entre a velocidade e a resistência.

Figura 8 - Avempace.

Fonte: Flores, 2013.

Para ele, a velocidade de um corpo no vazio é necessariamente finita


porque, mesmo sem resistência, o corpo tem uma distância a percorrer,
gastando um certo tempo para isso. Seguindo Filoponos, citou o movimento
dos corpos celestes como exemplo de movimento sem resistência com
velocidade finita (CROMBIE, 1987)

O trabalho de Avempace nunca foi traduzido par o latim. Graças a


Averroes (1125-1198), que garantiu a circulação de seu trabalho, além de comentar
e defender as ideias de Aristóteles. A Lei do Movimento foi bastante ressaltada por
22

Averroes, que considera o vácuo uma obstrução inútil e igualmente destituído de


sentido auto movimento de um corpo via força impressa.

Figura 9 - Trajetória de um projétil para Avempace.

Fonte: Flores, 2013.

Num contexto aristotélico foram poucos os adeptos de Filoponos e


Avicena, dos quais se destacaram Tomás Aquino (1225-1274) e Roger Bacon
(1214-1294).

2.1.6 Buridan

Buridan (1300-1358), filósofo francês apresentou a teoria do ímpeto


(movimento repentino). A partir de novos questionamentos à dinâmica aristotélica
que esse francês põe em curso importantes ideias sobre o movimento dos corpos.

Figura 10 - Buridan.

Fonte: Flores, 2013.

Assim, menciona o caso de um pião que, ao girar, não muda de posição,


criticando a antiperístases, já que, segundo esta, só é possível o movimento de um
corpo se o que o move penetra no seu lugar (para impedir a formação do vazio).
Em um outro exemplo, Buridan discute o caso de uma embarcação que,
tendo recebido um impulso, continua a se mover contra a corrente de um rio por
23

algum tempo depois que o impulso cessa. Como o deslocamento se dá contra a


corrente, a força responsável pelo movimento teria de ser fornecida, segundo
Aristóteles, pelo ar. E no entanto diz Buridan:

(...) um marinheiro sobre o convés não sente qualquer ar atrás dele


empurrando-o. Ele sente somente o ar da frente resistindo (a ele). Além
disso, supondo que o navio mencionado estivesse carregado com grãos ou
madeira e um homem estivesse situado atrás da carga, então, se o ar tem
um tal impetus capaz de empurrar o navio adiante, o homem seria
empurrado muito mais violentamente entre aquela carga e o ar atrás dela.
(EVORA, 1988, p. 70).

Segundo Buridan, um projétil adquire um ímpeto quando é arremessado,


o qual produz o movimento. O ímpeto que fica armazenado no projétil, diminui de
intensidade por forças externas. Essas forças externas podem ser a gravidade ou
resistência do meio. Defendia que o ímpeto aumenta com a velocidade e com a
quantidade de matéria, que é uma abordagem à quantidade de movimento como
causa do movimento.

Figura 11 - Trajetória de um projétil segundo Buridan.

Fonte: Flores, 2013.

O ímpeto de Buridan:
a) Tem uma natureza permanente. Ele só pode ser dissipado por
influências externas, como a da ação da gravidade (entendida como a tendência de
um projétil em se dirigir para o seu lugar natural) e a da resistência de um meio. Em
decorrência disso, ele não acreditava na existência do vácuo, pois a permanência do
ímpetos levaria a um movimento perpétuo;
b) também se aplica a um movimento circular. Assim, cessada a causa do
movimento de uma roda (como a roda de um moinho, por exemplo), ela não para
imediatamente; continua girando um pouco mais até ser totalmente consumido o
ímpetos por ela adquirido quando em contato com o movedor. No caso do
movimento de um pião, a situação é análoga à da roda;
24

c) é proporcional à quantidade de matéria e à velocidade de um objeto.


Essa definição quantitativa lembra imediatamente o conceito de quantidade de
movimento da mecânica clássica.
Por se aplicar, tanto a um movimento retilíneo como a um movimento
circular (e no caso de entendê-lo como um efeito do movimento), o impetus de
Buridan difere da quantidade de movimento de Newton. Assim, ele inclui algo do que
se poderia chamar tanto de momento linear como de momento angular.
Ele também explicou sua teoria para um corpo em queda; segundo ele ao
começar a cair um objeto tem uma velocidade lenta e no decorrer do deslocamento,
ele adquire ímpeto e começa a aumenta sua velocidade, sob ação da gravidade em
conjunto com o ímpeto. Segundo KOYRÉ (1986, p.60), “ele está constantemente
unido à virtude movente”

2.1.7 Alberto da Saxônia

Alberto da Saxônia (1316-1390), filósofo alemão, foi aluno de Buridan e


deu contribuições na lógica e na física.
Figura 12 - Albertoda Saxônia.

Fonte: Flores, 2013.

Utilizou a Teoria do Ímpeto, para explicar o movimento de um projétil


lançado horizontalmente ou obliquamente. Para isso ele dividiu o movimento em três
etapas:
I) inicialmente, o projétil move-se em linha reta, na direção em que foi
lançado, porque o ímpeto que lhe foi implantado pelo projetor sobrepuja amplamente
o seu peso natural; (movimento violento).
25

II) com a continuidade do movimento, o ímpeto começa a ser


gradativamente dissipado, tanto pela resistência do meio como pela ação da
gravidade. Por esse motivo, o projétil se desvia da direção em que foi lançado e a
sua trajetória se encurva; (movimento violento e natural).
III) após ser totalmente consumido o ímpeto proveniente do movimento
violento, o projétil se desloca verticalmente para baixo. (Movimento natural).

Figura 13 - Lançamento de um projétil horizontalmente, (II)


Obliquamente segundo Alberto da Saxônia.

Fonte: Peduzzi, 2008.

2.1.8 Tartaglia

Tartaglia, pseudônimo de Nicollò Fontana (1500-1557), filósofo e


engenheiro italiano se refere ao movimento de projéteis como a nova ciência.
Segundo Flores, (2013, p.22) a balística foi amplamente desenvolvida em seu
trabalho. Fez interessantes considerações sobre o movimento dos corpo, segundo
Peduzzi (2008, p.65), “que não são suscetíveis de sofrer uma oposição sensível do
ar em seu movimento”. Para Tartaglia outros artefatos de chumbo, ferro e etc.,
poderiam ser usados como projéteis.
Figura 14 - Tartaglia.

Fonte: Flores, 2013


26

Apoiava-se na teoria do ímpeto dividida em três fases, porem questiona o


peso do corpo nas duas últimas fases. Como consequência, Tartaglia admite uma
trajetória curva na primeira fase do movimento. Porém, a curva é tão suave e
imperceptível que pode ser ignorada.
Tartaglia defende, portanto, que na primeira fase do movimento,
apresentada por Alberto da Saxónia, não pode existir somente movimento violento
em linha reta, exceto para lançamentos verticais. Segundo Tartaglia, o movimento
de um projétil é influenciado pelo peso em toda a sua amplitude, e que, por isso, o
afasta das trajetórias retilíneas.

Figura 15 - Trajetória de um projétil segundo Tartaglia

Fonte: Peduzzi, 2008.

Para Tartaglia, todo grave corpo pesado, em queda, afasta-se do ponto


de partida com um movimento cada vez mais rápido. Inversamente, quanto mais um
corpo grave se distancia do ponto em que foi lançado verticalmente para cima, mais
lento se torna o seu deslocamento. Seja em movimento natural ou em movimento
violento, um corpo “não pode ter uma mesma velocidade em dois instantes
diferentes de seu percurso”. Em ambos os casos, o móvel se desloca
aceleradamente em toda a extensão de sua trajetória.
Assim, não faz sentido, como queriam os aristotélicos, falar de acréscimos
significativos na velocidade de um corpo em queda apenas nos ‘estágios finais’ de
seu movimento, isto é, quando se aproxima de seu ‘habitat natural’. A velocidade do
corpo cresce sempre (explicado pelo mecanismo do ímpeto), sendo que é a altura
da queda que determina a maior ou menor velocidade que pode atingir ao chegar a
seu lugar natural.
Ao discutir a queda de um objeto em direção ao centro da Terra, vê-se o
quanto as concepções de Tartaglia diferem das aristotélicas:

A opinião de um grande número de filósofos [escreve ele], é a de que se


existisse um canal aberto de fora a fora através da Terra, passando por seu
27

centro, na qual um corpo pudesse se movimentar, esse corpo pararia


subitamente ao chegar ao centro do mundo. Mas essa opinião, segundo me
parece, não é exata. Longe de parar repentinamente ao chegar ao centro, o
móvel, animado que se acha de uma grande velocidade, ultrapassaria esse
ponto, como se tivesse sido lançado em um movimento violento, e se
dirigiria em direção ao céu do hemisfério oposto ao nosso, para, em
seguida, voltar na direção do mesmo centro, ultrapassá-lo novamente, ao
chegar a ele, em virtude de um movimento violento que, desta feita, o traria
em nossa direção, daí recomeçando ainda a mover-se em movimento
natural em direção ao mesmo centro, etc., diminuindo gradualmente de
velocidade até, enfim, parar efetivamente no centro da Terra. (TARTAGLIA
apud KOYRÈ,1982, p.110)

As considerações teóricas de Tartaglia de que a trajetória bidimensional


de um projétil é sempre curva, baseadas em sua ideia central de que há sempre um
pouco de gravidade afastando o projétil da sua linha de movimento tiveram pouca
receptividade no meio científico da época, pois eram por demais ousadas para
serem aceitas. Vale ressaltar que Tartaglia publicou diversas tabelas relacionando o
ângulo de elevação de um canhão com o seu alcance, a partir de dados empíricos,
constatando que o alcance máximo de um projétil lançado em solo horizontal é de
45°(graus).

2.1.9 Galileu Galilei

Astrônomo italiano considerado o pai do Método Científico e seguidor da


teoria do ímpeto, Galileu suas ideias foram desde Leonardo Da Vinci a Era Científica
de Newton. Segundo Strathern (1998, p.6) “Galileu podia ter se tornado o primeiro
e (último) grande mártir da ciência. Mas sabiamente fugiu a esse rótulo. Em vez
disso, preferiu jurar que havia entendido tudo errado – embora sabendo muito bem
que jurar nada tinha a ver com o assunto”.

Figura 16 - Galileu Galilei.

Fonte: Flores, 2013.


28

Galileu foi o primeiro a analisar de forma correta os lançamentos de


projéteis, através de estudos com um projétil de canhão; por esse motivo até hoje
esse tipo de movimento é chamado de movimento de projéteis. Discordando das
ideias aristotélicas. Segundo (PIRES, 2008, p. 116) “Dizia que Aristóteles era
ignorante em Geometria e tudo que escreveu sobre o movimento estava errado.”

Durante os primeiros anos do século XVII, Galileu realizou experiências


com pêndulos e explorou a sua associação com o fenômeno da
aceleração natural. Ele também começou a elaborar um modelo para a
descrição do movimento de corpos em queda livre. Esses estudos
envolviam medir o período de tempo necessário para que bolas
percorressem diversas distâncias em um plano inclinado. Uma
supernova observada em uma noite de 1604 em Pádua reacendeu
questões sobre o modelo aristotélico dos céus imutáveis. (HAWKING,
2005, p. 79)

Ele mostrou que o movimento de um projétil poderia ser analisado


considerando-se separadamente o movimento vertical e o movimento horizontal. O
movimento vertical é um movimento que possui aceleração é a aceleração da
gravidade. O movimento horizontal tem velocidade constante (desde que posamos
desprezar a resistência do ar). Com estes fatos Galileu chegou no Princípio da
Independência dos Movimentos.
O Princípio da Independência ou de Galileu diz que quando um corpo
realiza movimento composto, cada um dos seus movimentos simples acontece como
se os restantes não existissem, para demonstra isso ele utilizou o plano inclinado.
Figura 17 - Trajetória de projetil, segundo Galileu.

Fonte: Flores, 2013.


29

De fato foi Galileu que estudou com rigor o movimento de um projétil, o


qual descreve uma curva bem definida, como uma semi-parábola. Apesar de ter
demonstrado o fato da velocidade horizontal se manter constante, Galileu não sou
explicar a razão de sua constância, esse assunto só foi explicado mais afundo com a
obra de Newton.

2.1.10 Isaac Newton

Isaac Newton nasceu no dia de Natal de 1642, na sede do povoado de


Woolsthorpe, em Lincolnshire. Por coincidência, seu grande predecessor na ciência,
Galileu, tinha morrido pouco antes, no mesmo ano. Newton é considerado um dos
cientistas mais influentes na história da humanidade. Deu continuidade às ideias de
Buridan (1300-1358) e Galileu (1564-1642) no que se diz respeito ao estudo do
movimento de projéteis.
Figura 18 - Newton

Fonte: Flores, 2013.

Para Flores (2013, p. 25) “a principal diferença entre mecânica


Newtoniana e a teoria do ímpeto é que nesta última o ímpeto é a causa do
movimento e é interna ao projétil, ao passo que na mecânica Newtoniana a força é
externa e é necessária para que haja alteração do movimento.” Por outro lado,
Newton deu expressão física aos estudos experimentais e empíricos desenvolvidos
por Galileu, ao consolidar a perspectiva inercial do movimento através de uma
simples maçã ter caído em sua cabeça.
“Galileu não sabia explicar absolutamente tudo o que havia exposto, mas
Newton com seu estudo de ação de uma força sobre um corpo fechou esta lacuna
deixada pelo seu antecessor. A partir de então em casos como estes toma-se em
conta as três lei de sua autoria: primeira sendo a Lei da Inércia, a segunda sendo a
30

Lei da Dinâmica, e a terceira e última sendo a Lei da Igualdade da Ação e Reação.”


(FLORES, 2013, p. 25)
Isaac Newton na primeira lei do movimento ou Lei da Inércia, aonde
afirma que: todo objeto permanece em estado de repouso ou de movimento
uniforme numa linha reta, a menos que seja obrigado a mudar aquele estado por
forças imprimidas sobre ele.
Projéteis perseveram em seus movimentos, enquanto não forem retardados
pela resistência do ar, ou impelidos para baixo pela força da gravidade. Um
pião, cujas partes pela sua coesão são perpetuamente desviadas de
movimentos uniformes, não interromperia sua rotação, se não fosse
retardado pela resistência do ar. Os corpos grandes dos planetas e
cometas, encontrando menos resistência em espaços mais livres,
preservam seus movimentos, tanto progressivo quanto circular, por um
tempo muito mais longo (HAWKING, 2005, p. 460)

Com esses novos elementos incorporados é que podemos fazer um


estudo mais exato sobre Balística e o Lançamento de Projéteis, através deles houve
um grande avanço no desenvolvimento de componentes bélicos desde os mais
rudes até os mais atuais. Para Flores, (2013, p. 52) “Sua principal contribuição foi a
Lei da Dinâmica.” Segundo Halliday (2008, p.99)” A força resultante que age sobre
um corpo é igual ao produto da massa do corpo pela aceleração.
Originalmente, newton formulou essa lei relacionando com o que ele
chamou de Lei de Movimento, também conhecido como momento linear. Que
igualado com a força, fica como demonstrada simplificadamente na equação abaixo:

𝑑𝑝 𝑑𝑣
𝐹= = 𝑚 𝑑𝑡 (2)
𝑑𝑡

𝑣
Efetuando as simplificações fica: 𝐹 = 𝑚. 𝑡 , então obteremos a forma

que é mais usual em livros de ensino básico :

𝐹 = 𝑚. 𝑎 (3)
31

3 MOVIMENTO DE PROJÉTEIS

Quando jogamos um objeto para cima existe um conjunto de


componentes físicos presentes nesse ato, ao começar pelo corpo lançado, que
assume a nomenclatura de projétil. Segundo Young & Friedman (2008, p. 77) “Um
projétil é qualquer corpo lançado com uma velocidade inicial e que segue uma
trajetória determinada exclusivamente pela aceleração da gravidade e pela
resistência do ar. Uma bola de beisebol batida, uma bola de futebol chutada, um
pacote largado de um avião e uma bala atirada por uma arma de fogo são exemplos
de projéteis.”
Muitos autores tem seu próprio conceito; “Um projétil é um objeto em voo
após ter sido lançado ou atirado.” (KELLER, 1997, p. 68). Um projétil tem sua
trajetória curva, chamada de parábola, nessas condições é que são analisadas suas
componentes e propriedades. Dentre elas temos os mais importantes a se analisar
nesse tipo de movimento: velocidade, aceleração, altura máxima e alcance. Todas
essas propriedades podem ser analisadas horizontalmente e verticalmente, pois
esse tipo de movimento ocorre em duas dimensões sendo elas para motivo de
demonstração: x (para as componentes horizontais) e y (para as componentes
verticais), assim a natureza desse tipo de movimento é bidimensional, comprovando
o legado do Princípio da Independência de Galileu Galilei. Segundo Halliday, (2008,
p. 71)” No movimento de projeteis, o movimento horizontal e o movimento vertical
são independentes, ou seja, um não depende do outro.
Figura 19 - Duas bolas de
golfe em movimentos
distintos.

Fonte: Halliday, 2008


32

Na figura 19, temos o lançamento de duas bolas de golfe simultâneo,


muitos devem pensar que a bola lançada verticalmente irá cair primeiro do que a
bola lançada horizontalmente, porém as duas caem no mesmo instante, fato que
comprova novamente a independência dos movimentos. Explicava Galileu:

...então a particula móvel, que imaginavamos ser uma particula pesada, ao


passar pela beira do plano, adquirirá, além do seu movimento uniforme e
perpétuo, uma propensão para baixo devia ao seu peso; de modo que o
movimento resultante, que denomino projeção (projectio), se compõe de um
movimento uniforme e horizontal, e de outro que é vertical e naturalente
qcelerado. (GALILEU, 1954, p. 244 Apud KELLER, 1997, p.69)

Outra forma de demonstrar isso segundo Halliday, (2008, p. 71) ignora a


resistência do ar, pois o projétil ao ser lançado possuía uma velocidade inicial 𝑣0 que
pode ser escrita na forma:
𝑣𝑜 = 𝑣0𝑥 𝑖 + 𝑣0𝑦 j (4)
Ainda segundo o mesmo autor as componentes v0x e v0y podem ser
calculadas se conhecermos o ângulo 𝜃0 entre v0 e o semi-eixo x positivo:
𝜈0𝑥 = 𝜈0 𝑐𝑜𝑠𝜃0 e 𝑣0𝑦 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃0 (5)
Quando um projétil é lançado ele possuie aceleração na horizontal ax=0 e
aceleração na vertical ay=-g. Segundo Young, (2008 p.78) “horizontalmente, o
projétil exibe movimento de velocidade constante:sua aceleração horizontal é zero e,
portanro, percorre distâncias x iguais em intervalos de tempo iguais”. E na vertical .

No topo da trajetória, o projétil possui velocidade vertical igual a zero, mas


sua aceleração vertical continua a ser –g. O projétil exibe movimento de
aceleração constante em resposta à força gravitacional terrestre. Logo, sua
velocidade vertical varia em quantidades iguais durante inervalos de
tempos iguais. (YOUNG , 2008, p. 78 editado)

3.1 Lançamento horizontal de um projétil

Nesse tipo de movimento o corpo desloca-se em relação ao eixo de


componente x, ou seja horizontalmente e descreve uma trajetória árabólica em
relação à superficie da Terra. Segundo Ramalho (2007, p. 144) Esse movimento
pode ser considerado, de acordo com o proncipio da simultaneidade, como o
resultado da composição de dois movimentos simultâneos e independentes: queda
livre e movimeto horizontal.
33

Ainda conforme Ramalho a queda livre é um movimento vertical, sob a


ação exclusiva da gravidade. Trata-se de um movimento uniformemente variado,
pois sua aceleraçãose mantem constante (aceleração da gravidade). E o movimento
horizontal, é um movimento uniforme, pois não existenenhumaaceleração na direção
horizontal; o corpo o realiza por inércia, mantendo a velocidade vetorial inicial inicial
com que foi lançada.
Em cada ponto da trajetória, a velocidade resultantre do corpo, cuja
direção é tangente à trajetória é dada pela soma vetorial da velocidade horizontal
que permanece constante, e da velocidade vertical, cujo módulo varia, pois a
aceleração da gravidade tem direção vertical.
⃗⃗⃗ = ⃗⃗⃗⃗
𝑣 𝑣0 + ⃗⃗⃗⃗
𝑣𝑦 (6)
Assim, no lançamento horizontal, à medida que o corpo se movimenta, o
módulo de sua velocidade cresce em virtude do aumento do módulo da velocidade
vertical. Para termos noção desse tipo de lançamento,iamginemos um helicóptero
militar carregado com mísseis balístico, ao se aproximar do alvo o piloto resolve
soltá-los então esses missei irão descrever uma semi-parábola como ilustrado na
figura 20.
Figura 20 - Lançamento de misseis por um
helicóptero.

Fonte: Araujo, 2009.

3.2 Lançamento obliquo de um projétil no vácuo

Esse tipo de lançamento é, um pouco mais complexo em relação ao


lançamento horizontal, pois um corpo lançado com velocidade vetorial inicial v0, em
determinada direção horizontal formando um ângulo 𝜃, que é cahamo de ângulo de
tiro.Segundo Ramalho (2007, p.148), a distância horizontalque o corpo percorre
34

desde o lançamento até o instante em que retorna ao nível horizontal do lançamento


é denominada alcançe (A). O máximo deslocamento do móvel na direção vertical
chama-se altura máxima (H).
Este movimento que o corpo realiza é resultado da composição de dosi
movimentos independentes e simultâneos: um movimento vertical uniformemente
variado, que possui uma aceleração corrspondeneta a da gravidade, e um
movimento horizontal uniforme, pois não há aceleração na horizontal.
Figura 21 - MUV e UM analiticamente.

Fonte: Araujo, 2009.

3.2.1 Movimento Vertical (MUV)

Com base na figura 21, for considerado o eixo y como origem para o
lançamento orientado para cima, a aceleração escalar escalar vertical será: -g.
Segundo Ramalho (2007, p.148), se projetarmos a velocidade de lançamento
vetorial inicial ⃗⃗⃗⃗
𝑣0 na direção do eixo y, obteremos a velocidade inicial vertical v0y,
cujo módulo é dado por:
𝑣0𝑦 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃 (7)
Devido a ação da gravidade o módulo da velocidadevertical 𝑣
⃗⃗⃗⃗𝑦 , diminuirá
medida que o corpo sobe, anula-se no ponto mais alto, passará a aumentar á
medida que o corpo desce. Ainda conforme o mesmo autor: como o movimento na
direção vertical é uniformemente variado, valem as funções:
1
𝑦 = 𝑣0𝑦 𝑡 + 2 𝑡 2 (8)

𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑎𝑡 (9)
2
𝑣𝑦2 = 𝑣0𝑦 + 2𝑎𝑦 (10)
35

Segundo ele, nessas funções, como atrajetória foi orientada para cima, a
aceleração é: -g. Para se obter a aultura máxima do lançamento (H), pode-se ultilizar
a fórmula da seguinte dedução:
𝑦 = 𝐻 𝑒 𝑣𝑦 = 0 (11)
Substituimos a equação 10 na equação de Torricelli (9), temos:
2
𝑣𝑦2 = 𝑣0𝑦 + 2𝑎𝑦
2
0 = 𝑣0𝑦 + 2(−𝑔)𝐻
2
2𝑔𝐻 = 𝑣0𝑦
2
𝑣0𝑦
𝐻=
2𝑔
Mas:𝑣0𝑦 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃
Logo:
𝑣2
𝐻 = 2𝑔0 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 (12)

3.2.2 Movimento Horizontal (MU)

Nesse tipo de movimento a origem do movimento fica no eixo x e


orientado no sentido da velocidade horizontal ⃗⃗⃗⃗
𝑣𝑥 , dada pela pela projeção sobre o
eixo da velocidade de lançamento ⃗⃗⃗⃗
𝑣0 .

Figura 22 - Componentes da velocidade no movimento horizontal.

Fonte: Araújo, 2009.

Segundo Ramalho (2007, p.149) o módulo ada velocidade horizontal é


dada por:
36

𝑣𝑥 = 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃 (13)

Em qualquer ponto da trajetória em que esteja, a velocidade horizontal é


⃗⃗⃗⃗𝑥 é constante. Assim sendo um movimento uniforme, tem como
sempre a mesma:𝑣
função horária:
𝑥 = 𝑣𝑥 𝑡 (14)
Devido as características do movimento, além da sua velocidade um
ponto importante é a determinação do alcance máximo, que depende muito da
velocidade inicial v0 e do ângulo de tiro. Como feita na dedução segundo Ramalho
(2007, p.149):
Quando o corpo retorna ao nível de lançamento:𝑣𝑦 = −𝑣0𝑦 .
Logo, sendo 𝑎 = −𝑔, temos:
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑎𝑡
−𝑣0𝑦 = 𝑣0𝑦 − 𝑔𝑡
2𝑣0𝑦
𝑡=
𝑔
Durante esse tempo, o corpo avança horizontalmente a distância A
(alcance); assim: 𝑥 = 𝐴.
Como 𝑥 = 𝑣𝑥 𝑡,𝑣0𝑦 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃 e 𝑣𝑥 = 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃, vem:
2𝑣0𝑦
𝐴 = 𝑣𝑥
𝑔
2𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝐴 = 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃 (15)
𝑔

Por essa fórmula, constata-se que o alcançe máximo para o lançamento,


com dada velocidade voy, é obtido quando:
𝑠𝑒𝑛 2𝜃 = 1 (16)
2𝜃 = 900
𝜃 = 450
Esse ângulo determina o alcance máximo do lançamento para qualquer
outra situação. Segundo Halliday (2008, p.74) “O alcance é máximo para um ângulo
de 45°”. Esse alcance corresponde a quatro vezes a altura do lançamento.
𝐴𝑚𝑎𝑥 = 4𝐻 (17)
37

Além do alcance o 𝜃, tem papel fundamental na determinação da


trajetória do projétil. Ainda conforme Halliday (2008, p.74), a equação do caminho
percorrido pelo projétil (sua trajetória), pode ser obtida eliminando o t nas equações:
1
𝑥 − 𝑥0 = (𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃0 )𝑡 e 𝑦 − 𝑦0 = (𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃0 )𝑡 − 2 𝑔𝑡 2 , explicitando t, na
𝑥−𝑥0
primeira temos: 𝑡 = (𝑣 .
0 𝑐𝑜𝑠𝜃0 )

Substituindo uma na outra se obtém:


𝑥 − 𝑥0 1 𝑥 − 𝑥0 𝑥 − 𝑥0
𝑦 − 𝑦0= (𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝜃0 ) ( )− ( )( )
𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃0 2 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃0 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝜃0
Simplificando y0=0 e x0=0 obtemos:
𝑔𝑥 2
𝑦 = (𝑡𝑎𝑛𝜃0 )𝑥 − 2(𝑣 (18)
0 𝑐𝑜𝑠𝜃0 )

Como g, 𝜃0 e 𝑣0 , são constantes ela pode ser reduzida à forma


matemática da parábola:
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏𝑥 2 (19)
38

4 APLICAÇÕES

O lançamento de corpos, está presente em muitos feitos pela humanidade


e até mesmo do dia-a-dia de muitas pessoas, ou até mesmo de todas. Vai de um
simples ato de jogar um objeto para alguém ou uma bola de papel no cesto de lixo.

Figura 23 - Pintura rupestre.

Fonte: Flores, 2013.

O homem sempre utilizou–se de armas para conquistas, na antiguidade


fala-se muito da utilização de arcos, catapultas, fundas e os mais atuais misseis
aéreos, carregados em aviões militares.
Esteve presente em muitos campos de guerra, como a 1° Guerra Mundial
(1914-1918), 2° Guerra mundial (1939-1945) e numa das mais desenfreadas
corridas espaciais travadas pelos Estados Unidos(EUA) e a extinta União Soviética
(URSS) (1945-1991), que destacou-se pela corrida espacial.
Está presente em atividades esportivas, como arremesso de peso, tiro
olímpico, tiro com arco, dentre outros esportes

4.1 Arco e flecha

Para Edwards (2015, p.1) Os seres humanos vêm utilizando o arco e


flecha desde o início dos tempos, para caçar, guerrear e, nos tempos modernos,
como esporte. Foram encontradas pontas de flecha de pedra com mais de 50.000
anos na África, e o arco-e-flecha foi utilizado praticamente por todas as sociedades
na Terra. Houve muitas ocasiões nas quais o arco-e-flecha mudou o rumo da
história. Poucos esportes Olímpicos podem exibir essa grande herança.
39

Os arcos primitivos provavelmente eram curtos, utilizados para a caça nas


florestas. Os arcos eram utilizados dessa forma pelos índios americanos, na
Europa e no Oriente. Os egípcios foram os primeiros a desenvolver arcos
compostos (feitos de vários materiais diferentes), esticando intestinos de
carneiros para fabricar a corda do arco. Os arqueiros egípcios se
deslocavam sobre carruagens e devia ser uma visão espantosa eles
correrem através dos desertos, na cola dos exércitos inimigos. (SEED,
2015, p. 1)

Eles eram arcos normais ou em outro formato horizontal, desenvolvidos


pelos chineses cujo nome era besta, os arcos forma utilizados por muitos exércitos
na conquista de território e batalhas por poder. Ainda segundo SEED, Aníbal utilizou
arqueiros montados a cavalo em 260 a.C, na Hungria, Atila, o Huno conduzia seus
vasto exércitos.
Ainda hoje os povos indígenas utilizam esse tipo de armamento para a
obtenção de caça. No esporte destaca-se o tiro com arco.

Por causa do sucesso dos arcos longos, os ingleses passaram a utilizá-los


até a metade do século XVII, mesmo quando outros exércitos já utilizavam
armas de fogo. Entretanto, foi inevitável que o arco como uma arma de
guerra deixasse de ser utilizado quando pistolas e rifles se tornaram mais
precisos e confiáveis. Em vez de desaparecer, o arco-e-flecha se tornou um
esporte popular. Ele estreou nas Olimpíadas de 1900 em Paris, mas ficou
de fora da competição por muitos anos, pois não havia um conjunto fixo de
regras internacionais. Finalmente, ele retornou em 1972, em Munique, e
atualmente é disputado em quatro categorias nas Olimpíadas de Verão:
Individual Masculino, Individual Feminino, Equipe Masculina e Equipe
Feminina. (SEED, 2015, p. 1)

4.2 Catapultas

As catapultas foram armas bastante usadas para derrubar muralhas.

Em 1304, o rei Eduardo 1º da Inglaterra cercou o castelo de Stirling, na


Escócia. Lá resistiam os últimos guerreiros que, anos antes, haviam
apoiado a rebelião antiinglesa promovida pelo escocês William Wallace.
Sem conseguir demolir as sólidas muralhas, Eduardo 1º apelou. Ergueu um
engenho conhecido como trebuchet – uma máquina de atirar pedras,
parente gigante da catapulta. Por 10 semanas, um batalhão de 50 operários
cortou 20 grandes carvalhos para construir o monstro, ali mesmo, no local
do cerco. O colosso intimidou de tal modo os defensores que, antes mesmo
de ser concluído, fez com eles tentassem se render. Mas Eduardo queria
testar o “brinquedão”. Com pedras de 150 quilos, o rei inglês devastou as
40

muralhas e tomou o castelo, em um cerco como o do infográfico destas


páginas. Só aí aceitou a rendição. (ONÇA , 2015, p. 1)

Segundo Inhasz (2010, p.4) “Lançadores oblíquos, também chamados de


trebuchet, podem ser classificados de acordo com o conceito físico usado para
guardar e liberar a energia requerida para arremessar. As primeiras catapultas eram
de tensão, desenvolvidas no início do século IV a.C na Grécia.
Um membro sob tensão propele o braço lançador, muito parecido com
uma besta gigante. Subsequentemente, catapultas de torsão foram desenvolvidas,
como a manganela, o onagro e a balista, a mais sofisticada catapulta. As duas
primeiras têm um braço com uma estrutura suporte para o projétil. A parte de baixo
do braço lançador é inserida em cordas ou fibras que são torcidas, fornecendo a
força para propelir o braço. Essas catapultas se diferenciam pelo fato de o onagro
ter uma prolongação de sua haste.
A balista, que embora sendo mais complexa, foi inventada primeiro,
possuí dois braços que torcem duas molas paralelas e impulsionam um único projétil
que fica sobre uma barra direcional entre as molas, toda a máquina se apoia sobre
um eixo universal para flexibilizar a mira. Finalmente, o último tipo de catapulta é o
trabuco, que usa gravidade ao invés de tensão ou torsão para propelir o braço
lançador.
Um contrapeso caindo puxa para baixo a parte inferior do braço e o
projétil é arremessado de um balde preso a uma corda pendurada no topo do braço,
essencialmente como um estilingue preso a uma gangorra gigante. O contrapeso é
muito mais pesado do que o projétil”. Os estilingue, conhecidos como baladeiras
possuem o mesmo princípio das catapultas.

4.3 Mísseis e foguetes

Os misseis possuem um princípio de lançamento um pouco semelhante


aos foguetes em relação a proporção de lançamento, pois necessitam de energia
mecânica que resulta da combustão de determinado propelentes. São usados em
toda a maioria para fins bélicos.

Foram os chineses, acompanhados pelos mongóis e árabes, os primeiros a


usar foguetes como arma de guerra no século XII. Durante mais de 400
anos esforçaram-se por seguir regras de fabricação mais ou menos
estáveis, ignorando o motivo pelo qual o “vento violento” que saia da parte
41

posterior desses engenhos provocava o seu deslocamento para frente.


(GABRIEL, 2014, p. 28)

Os foguetes não possuem um contexto muito forte em relação aos


estudos de lançamento de projéteis, pois ele se encaixa na Terceira Lei de Newton
(Lei da Ação e Reação). Já o misseis possui uma variedade de emprego, se encaixa
perfeitamente na contextualização, menos os que possuem atração Infra Vermelha,
pois fogem das regras de queda de corpos, pois possuem propriedades e
componentes físicas mais complexas.

4.4 Canhões

O canhão depois da catapulta é a arma mais usada para destruição em


campos de batalha, porém o canhão possui um intervalo de disparo muito grande,
por isso realizava poucos disparos. Foi uma arma muito utilizada na época das
grandes navegações europeias.
Ele foi uma das maiores armas de todos os tempos, mas foi pouquíssimo
usado. Em 1934, Adolf Hitler deu uma missão para a empresa Krupp:
desenvolver uma arma capaz de romper a Linha Maginot, o conjunto de
fortificações que a França estava erguendo ao longo de sua fronteira com a
Alemanha e a Itália. O exército alemão nem precisou esperar a arma ficar
pronta para atacar a França, em 1940, contornando a Linha Maginot. Um
ano depois, a Krupp finalmente apresentou a encomenda de Hitler: um
canhão ferroviário de calibre 80 centímetros, um verdadeiro monstro nos
campos de batalha. Cadência de disparo: O Schwerer Gustav tinha
condições de efetuar um disparo a cada 30 ou 45 minutos. Penetração:
Dizia-se que a granada do Schwerer Gustav era capaz de penetrar em até
80 metros de concreto. Mas os testes revelam que, na realidade, o projétil
conseguia penetrar no máximo em 7 metros de concreto. Precisão: Cerca
de 20% das granadas caíam a uma distância de até 60 metros do alvo. Na
pior das hipóteses, o projétil caía a 740 metros do alvo. Alcance: O canhão
disparava granadas a uma distância de até 38 quilômetros. Os alemães
tinham o plano de desenvolver um projétil de longo alcance, capaz de voar
cerca de 150 quilômetros e atingir a Inglaterra a partir do continente
europeu. [...] (Gustav, 2007, p. 1)

Segundo Araujo (2009, p.1) Dá para dizer que o canhão é uma espécie
de revólver gigante: dentro dele, uma peça metálica (o martelo) bate numa munição
cheia de pólvora, causando uma explosão que cospe um projétil em direção ao alvo.
Os canhões possuem disparos retos e curtos, uma trajetória parabólica de
até 3km Projéteis da família dos canhões voam cerca de 11km de distância e
causam destruição num raio de 100 metros. Devido a essa característica é um dos
mais utilizados quando se trata da demonstração e estudo de lançamento de corpos.
42

5 CONSIDERAÇÔES FINAIS

O lançamento de projéteis, é um tema muito rico e de aplicações muito


vastas em diversos campos da ciência e tecnologia. Devido a esses fatos está
presente em projeto de aviões, foguetes, e instrumentos bélicos que marcaram os
cenários de guerra através dos tempos. Sem falar que teve fundamental importância
na evolução e sobrevivência do homem na antiguidade.
O presente trabalho serve como objeto de estudo para aqueles que
buscam conhecer as influências que o tema tem na história, além de conhecer de
forma objetiva os principais precursores a estudarem o movimento e seu
comportamento durante o seu lançamento, seu pensamentos, leis e princípios que
ajudaram a humanidade a adquirir esta concepção que temos atualmente sobre o
conceito de projétil e suas principais formas de aplicação, dentro do contexto
histórico e cotidiano.
As deduções matemáticas presentes nesta pesquisa, são de fundamental
importância, pois contribui para os que estudam em variados ramos da engenharia e
ensino acadêmico relacionado ao assunto possam ter uma concepção mais clara
sobre o que está relatado, no decorrer de toda essa pesquisa. As informações que
no entanto não foram discorridas com certa profundidade, é por não ter uma certa
coerência em relação ao objetivo geral do trabalho.
Conclui-se, que através de um apanhado histórico do lançamento de
corpos, é que se pode ter uma noção mais clara e conclusiva, do que ocorre em
situações correlacionadas com os fatos cotidianos, além entender com certa clareza
o resultado de muitos acontecimentos passados.
Enfim, através desta pesquisa, descobrimos que os assuntos sobre
lançamento de projéteis presente nos livros e meios de informação, são fruto de uma
lenta evolução de concepções de estudiosos, que certos ou erros são de certa forma
responsáveis pelo conhecimento e avanço tecnológico que possuímos hoje.
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REFERÊNCIAS

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